Em busca de um final feliz

Em busca de um final feliz Katherine Boo




Resenhas - Em Busca de um Final Feliz


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Ida 09/11/2014

Em busca de um Final Feliz
O livro Em busca de um final feliz, mostra a fiel realidade pelas quais passam algumas das pessoas que vivem na miséria.

A jornalista e escritora Katherine Boo, escreveu seu livro a partir de uma realidade vivenciada por ela mesma, foram 03 anos e meio de observações, entrevistas, filmagens, reportagens, investigações e constatações, o resultado do seu trabalho, é este livro, uma história real com personagens reais.

A narrativa do livro, foi desenvolvida a partir de relatos de alguns moradores de Annawadi, uma favela que fica a pouco mais de 200 metros do Aeroporto Internacional de Mumbai na Índia, uma área contemplada por luxuosos hotéis que, assinala ainda mais a grande desigualdade social de um país com uma das maiores economias do mundo em contra partida sendo um dos países de maior miséria, fome e abandono social.

Neste contexto, Katherine Boo, desenvolve seu livro narrando o cotidiano desses moradores, o ponto de partida do livro é a família de Abdul Hakim Husain, são no total 11 pessoas e Abdul um jovem que passa todo o seu tempo no trabalho de reciclagem de lixo, vive numa busca incessante pela sua sobrevivência e da sua numerosa família. Conhecemos adiante Asha Waghekar, uma mulher que a partir de contatos dentro e fora da favela, foi gradativamente ocupando uma certa função para os moradores da favela, com seus contatos com um partido político, denominado Shiv Sena, ela passa a desenvolver diversas atividades de assistencialismo social para seus vizinhos, na verdade tudo que era realizado dentro e fora da favela tinha um valor a ser pago e Asha estava feliz por entrar nesse negócio, pois assim poderia ajudar principalmente sua própria família.

Asha tem uma filha, Manju, a única jovem na favela que cursa uma faculdade, orgulho para sua mãe, na qual quando a mesma não está estudando fica em casa realizando os afazeres domésticos enquanto sua mãe mantém seu assistencialismo nas ruelas de Annawadi. Outra moradora retratada é Fátima, a Perna Só. Ela, é uma mulher deficiente, que vive com o marido e duas filhas pequenas, uma pobre mulher, mais uma dentre tantas pessoas desafortunadas desse pobre bairro, uma pessoa mergulhada em sua própria ignorância e sufocada pela miséria que consumia não somente a ela, mas a todos, busca a todo custo chamar a atenção de seus vizinhos, sua frustração por sua deficiência a faz ter atitudes estranhas e questionadoras por todos que a conhecem, a não aceitação da sua deficiência e a inveja que ela nutre, principalmente pela família Husain é latente e com certeza a conduzirá a não ter um final feliz.

Dentre estes personagens reais comentados acima, ela nos apresenta muitos outros, que completam um quadro de disparidade social gritante e deprimente, a história de Abdul, Asha, Manju e da Perna Só, são apenas uma breve introdução de uma triste realidade que assolam a tantas pessoas espalhadas por todo este mundo e que estão entregues à própria sorte. Ao se falar de um final feliz, o que essas pessoas sentem e pensam a respeito?

O contexto da miséria é muito mais complexo, desumano e devastador, Katherine, no decorrer de seus relatos, mencionam como a polícia, a política, os órgãos públicos, judiciários, carcerários, hospitais, etc..etc, enfim, todos, envolvidos numa corrupção de proporções inimagináveis, onde a bomba maior explode sempre do lado dos mais fracos e para a explorada e abandonada Annawadi, com certeza não seria diferente.

Contudo, finalizo dizendo que o livro é sim uma ótima leitura, nos faz pensar e analisar as questões sociais que afligem a tantas pessoas pelo mundo afora, e principalmente nos conduz a uma breve reflexão do nosso papel dentro dele.
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Ericona 11/10/2014

Em Busca de um Final Feliz, livro que levou o maior prêmio literário dos Estados Unidos, o National Book Award, na categoria não-ficção. Katherine é uma jornalista investigativa, muito bem conceituada por seu trabalho extremamente honesto e bem feito. Segundo as minhas pesquisas, Boo ganhou um Prêmio Pulitzer no ano 2000, pela sua cobertura sobre o estado lastimável dos locais públicos que tratam de deficientes intelectuais. Ainda não tive oportunidade de conhecer esse trabalho dela, mas tive, felizmente, contato com o seu livro de não-ficção sobre a vida, a morte, a esperança e uma outra gama de sentimentos sobre os moradores da Annawadi, uma das muitas favelas indianas. Livro cedido a mim pela Editora Novo Conceito, parceira do blog. Não é a mais populosas da Índia nem a mais pobre, de acordo com o que pesquisei, no entanto a dura realidade vivida por seus moradores é tão contundente quanto qualquer outra, de qualquer outro local.
Katherine retrata a realidade dos moradores de Annawadi tal como ela via, sem maquiagem, sem eufemismo, mas, em compensação, com muita sensibilidade. Os moradores de Annawadi, uma favela escondida, por trás do aeroporto e hotéis luxuosos de Mumbai, visualizavam a disparidade do luxo que era ostentado bem "nos seus narizes" e, no fundo, se imaginavam saindo da miséria e ter a chance de desfrutar, mesmo que em uma dose menor, toda aquela vida glamourosa que se dava a poucos metros deles. Boo tem o dom de captar até mesmo o que não pode ser captado pelo olhar ou a lente da sua câmera fotográfica.
Entre tombos na lama do esgoto a céu aberto de Annawadi, nas suas horas de filmagem do cotidiano da favela, e repetidas entrevistas com os moradores do local, Boo construiu uma história que causa comoção, compadecimento, ira e revolta.
Pode-se verificar que aqueles moradores vivem no limite: ignorados pelo sistema corrupto, pelo governo que, além de não garantirem o mínimo possível para que eles tenham uma vida digna, no sentido de terem os seus direitos assegurados, de moradia, saúde e segurança, ainda os extorque ao máximo. Devido a essa corrupção desmedida e cruel, os moradores passam a ver nos outros um rival, alguém que também deve ser extorquido, porque vence o mais esperto, ganha as batatas quem tirar maior vantagem dos outros. E quando digo isso, não os culpo, porque eles não conheceram outra vida. É o meio pelo qual eles entendem que podem sobreviver, que podem resistir num sistema tão implacável. Destroem-se uns aos outros não pelo prazer de serem cruéis, mas sim porque entendem, que, por tudo que já viveram, é o único modo de seguir adiante.
É difícil "manter-se gelo" (se vocês lerem, entenderão essa expressão usada por Abdul) quando fazem de tudo para que você derreta e seja mais um deles. É difícil ser bom e justo quando o sistema massacra tudo, com sua sanguinolenta (usarei agora um termo muito usado pela minha amiga Jaci, do blog Uma Pandora e Sua Caixa) política.
Por tudo que disse aqui, creio que vocês puderam perceber que não é um livro fácil, no sentido de ser uma distração do cotidiano, abstração dos problemas ou coisa que o valha. É um livro extremamente válido, por jogar na nossa cara uma realidade que muitas vezes a gente conhece, na teoria, mas que não paramos para pensar de verdade e denunciar, seja por meio de um livro, seja por meio de um movimento de revolta, de exigência de mudanças. Ninguém quer viver à margem da sociedade, porque é duro, é cruel, é impossível, é deprimente. As pessoas querem ter oportunidades, querem ser vistas como gente. Porque, pelos relatos de Boo, a maior parte dos moradores de Annawadi se sentem à parte do mundo. Cada um deles, por consequência do modo bruto e nada amistoso como são tratados pelo sistema policial local, calcula a sua vida como sem importância alguma. Durante o livro, temos a tristeza de conhecer como funciona o policiamento de Mumbai. As coisas funcionam à base de ameaças, de extorsão e morte.
Fátima, a annawadiana de uma perna só, extremamente vaidosa e tão carente de afeto e atenção. Por um momento a detestamos por ela culpar e castigar quem não tinha nenhuma culpa pela sua desolação e mazelas. Porém, ao mesmo tempo, se formos analisar a sua infância e toda a sua vida, de maneira cautelosa, podemos entender, ainda que minimamente, as suas ações. Quando digo entender, não digo que isso justifica fazer o que ela fez. Porém, não podemos colocar as "Fátimas" da vida num poste e linchá-las até a morte. Esse não é e nunca será o caminho. Abdul, um menino retraído, que não conhecia nada da vida a não ser um trabalho, precisou conhecer os outros lados da vida e ampliar a sua visão de mundo em decorrência de uma terrível injustiça pela qual passou. A vida às vezes lança peças em nós que verdadeiramente não são justas, porém, de um modo louco e inexplicável, nos faz crescer e maximizar o que conhecíamos por vida. Asha, mulher que deixou que seu coração fosse ressecado pelas as suas vivências na infância e adolescência, o que a tornou uma mulher extremamente racional e inescrupulosa. Manju, filha de Asha, cheia de sonhos, mas, sempre que as suas asas parecem surgir, é impedida de voar por não ter ousadia de peitar o sistema e o que quer que seja para ser quem ela quer ser. Sunil, um garoto inteligentíssimo, que tanto queria ser feliz, sair da favela, para ter uma condição melhor de vida. Acabou que esse menininho passou por maus bocados, trilhou por caminhos tortos até poder voltar ao caminho correto, ainda que seja o caminho mais rechaçado pelo sistema regente em Mumbai.
Poderia falar com mais detalhes de cada um dos personagens. Todos, à sua maneira, me tocaram e ficaram em minha memória. A miséria, a fome, o trabalho incessante, que dava um lucro tão pouco, mas tão pouco, que mal dava para aquela gente se alimentar.
Katherine falou de favela, de pobreza, mas, sobretudo, de seres humanos, que, ainda que destituídos de riquezas materiais, tentam preservar um fiapo de esperança em dias melhores em seus corações e, principalmente, são inteligentes, criativos e dão o seu jeito de sobreviver em meio ao caos.
Esse livro de não-ficção é indicados para mim, para você e para todos que não temem conhecer uma realidade dolorosa, mas, principalmente, real e que precisa ser mudada. Não porque ser pobre é feio. Não há nada de errado em ser pobre, a não ser pela pobreza, pela falta de oportunidades, pela luta desumana para sobreviverem. A pobreza deve ser combatida porque todos, todos sem exceção, merecem ter seus direitos garantidos. Os governantes nos devem isso. É uma tarefa difícil? Sem dúvida, especialmente quando a corrupção impera. Nós também temos a nossa parcela de culpa pela corrupção e desmandos do governo imperar. Quando nós nos dermos conta da força que temos, e, unidos, lutarmos contra quem não quer mudar a nossa realidade, talvez possamos fazer um mundo melhor.

site: http://ericaferro.blogspot.com.br/2014/04/resenha-em-busca-de-um-final-feliz.html
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Nica 01/07/2013

Em Busca de um Final Feliz
Em Busca de um Final Feliz não é um romance, não é um documentário, não é um relatório de Sociologia, é um pouco de tudo isso. Katherine Boo, jornalista americana, passou quase quatro anos em Mumbai, na Índia, fazendo uma pesquisa social nas favelas daquela cidade, mas especificamente na favela Annawadi. Foi um longo, delicado e minucioso trabalho que rendeu um livro de não ficção, com fatos autenticamente verdadeiros, e personagens com seus nomes e relatos reais. Além de utilizar-se de registros e documentos públicos, Katherine Boo participa do dia-a-dia da favela, conheceu todos os personagens citados e através de seus relatos, fotos e gravações, pôde, no final, copilar tudo num relato emocionante. Porém, a jornalista permitiu que seu leitor pudesse confundir sua leitura com um comovente romance, ao utilizar argumentos na narrativa que por vezes induziam a conflitos e diálogos. Por fim temos um livro emocionante e perturbador. A vida como ela é no Século XXI.
Annawadi foi escolhida para seu trabalho pela localização. A favela está ao lado do aeroporto internacional de Mumbai e tem como vizinho um luxuoso hotel, no entanto, não é a maior ou a mais miserável daquele país. Annawadi choca por sua sujeira, abandono e por ter um convívio tão íntimo com uma sociedade domesticamente sadia. Classes sócias diferentes convivendo dentro do mesmo caldeirão. Os três mil moradores que formam esta favela trabalham basicamente na coleta de lixo daquela região e cada palmo do espaço de coleta é disputado com a vida. Mentira, promiscuidade, assassinatos, suicídios, corrupção, injustiça fazem parte do dia-a-dia de um povo que, entre o lixo e um rio poluído, deparam com enormes paredes de outdoors com anúncios de bens jamais alcançáveis. Mas o que importa em Annawadi é a sobrevivência. Para piorar qualquer problema que se possa imaginar, ainda existem as castras e as diferenças religiosas, pois os muçulmanos são discriminados onde quer que estejam, mas dentro de um país com a maioria hindu, a crise se torna inimagináveis. Apesar de todos os problemas que enfrentam, tanto os externos quanto os internos, a maioria do povo ainda conta com a esperança de um dia melhor.
Dentro desse microcosmo os problemas sociais e políticos são tão graves quanto os problemas da metrópole aos quais os annawadianos fazem parte. Eles são o lixo, a escória, o descarte de uma sociedade que cresce e se fortalece diante do mundo globalizado. Ante dessa imensidão, os annawadianos são refém da fome, da violência, da corrupção, da poluição, da falta de saúde, da escassez de escolas... você conhece esse tema? Bem parecido com os nossos! Sim, estamos em plena globalização e os problemas de alguns países parecem os mesmos. Assim como a Índia, o Brasil também tem seus problemas sociais seriíssimos e a gente tem que, antes de tudo, olhar para o próprio umbigo.

site: http://www.lereomelhorlazer.com/2013/06/em-busca-de-um-final-feliz-katherine-boo.html
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Rafa 17/08/2014

Esse é um romance de não-ficção, escrito pela jornalista Katherine Boo, sobre os anos em que ela morou em Annawadi, em Mumbai na Índia. Annawadi é uma espécie de favela ao lado do aeroporto de Mumbai, onde várias pessoas buscam a sobrevivência como podem.

O pano de fundo é a história de Abdul e sua família, que foram acusados de colocar fogo em Perna Só, outra moradora da vila e sua vizinha. Abdul mantém sua família através de seu negócio como catador de lixo, separando-o para reciclagem. Com esse negócio ele consegue dar um padrão de vida para sua família que em muito supera a média dos outros moradores, inclusive, eles sonham em comprar um terreno afastado dali e recomeçarem a vida de maneira mais digna.

Perna Só, ou Sita, é uma moradora de Annawadi também. Ela tem uma deformidade na perna, o que trouxe inúmeras consequências para a sua vida, como dificultando um casamento futuro. Ela acaba se casando com um bêbado, porém, fica amargurada com a vida e inveja a família de Abdul. Talvez por isso que ela tenha colocado fogo em si mesma e acusado os vizinhos.

Esse é o pano de fundo básico da história, porém, conhecemos ao longo da história alguns outros moradores da favela. Como Asha, que é uma espécie de política da região, que tenta subir na vida através da corrupção, desviando verbas que deveriam ir para a educação. Sua filha, Manju, que ao contrário da mãe, acredita em um mundo melhor, tenta ser uma mulher seguidora das regras da religião e ensina as crianças vizinhas. Ou Sunil, menino órfão que tem que cuidar de sua irmã e flerta entre seguir sendo catador ou se tornar ladrão.

Essas histórias são verídicas e apuradas pela autora desde 2008, através de documentos indianos e depoimentos dos moradores. Seu relato, além da história chocante, vão além. Eles retratam a politicagem, a corrupção, a religião e costumes.

Ao longo do livro, até eu perdi a esperança de um final feliz para aqueles personagens, aquelas pessoas. Alguns desistem da luta e eu, através da leitura, fiquei numa apatia sinistra. Ao mesmo tempo em que os personagens pareciam deixar de se importar, eu também me senti assim. São situações tão diferentes da realidade que eu convivo, que não puderam passar batidas, deixaram marcas.

Além de uma história muito emocionante, esse livro tem um valor cultural excepcional. É um retrato daquela sociedade. É um convite para pensarmos nos limites capitalistas, em preconceitos e na eterna luta por justiça social e inclusão.

site: http://arrastandoasalpargatas.blogspot.com.br
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Aninha 04/05/2014

"Ser pobre em Annawadi ou em qualquer favela de Mumbai, era ser, invariavelmente, culpado de uma coisa ou outra."

Katherine Boo, redatora da revista The New Yorker, um dia se apaixonou por um indiano e, apesar de na época já ter feito reportagens sobre comunidades pobres nos EUA, não conhecia a realidades dessas comunidades na Índia.

Por isso, decidiu viajar para Mumbai e relatar o dia a dia dos moradores de Annawadi, uma favela com 3 mil moradores, que fica próxima ao aeroporto internacional de Mumbai.



A vida na favela não é fácil: falta água, falta emprego, as crianças vivem mordidas por ratos, há inveja, fofoca e maledicência. Ninguém pode confiar plenamente no outro, seja na vizinhança, seja em sua própria casa. Os suicídios são comuns e as mortes sem investigação policial, idem. É um mundo cão, num país em ascensão econômica, que ainda registra "um terço da pobreza e um quarto da fome no planeta."

O ponto de partida é o suicídio de Fátima, a Perna Só, que culpa seus vizinhos de tê-la espancado momentos antes de decidir pôr fim à sua vida.

Abdul, um garoto que "tinha 16 anos, ou talvez 19" que comprava e vendia lixo reciclado, seu pai e sua irmã vão parar na cadeia por causa disso, apesar de não haver provas contra eles. Pelo contrário, a própria filha da vítima os inocentou. Mas, o que conta é quem pode pagar e subornar mais, quem tem cacife e conhecidos na polícia e na política. Enfim, vence quem se submete a esse esquema sujo e corrupto do mundo.



"Perceber como o mundo funcionava, além das mentiras, era para ele uma armadura." (pág. 61)



Além da família de Abdul Husain, muçulmana, conhecemos a família de Asha, líder da favela, que capitaliza o que pode com as desgraças dos vizinhos. Casada, mãe de 3 filhos, ela ainda ganha algum dinheiro na noite, com policiais corruptos. Sua filha, Manju, dá aula para as crianças que não podem frequentar a escola regular



Há ainda Sunil, Rahul, Meena, Zehrunisa, Mirchi, Kalu... que não são apenas nomes diferentes para nós acidentais, mas são personagens reais, que carregam seus sonhos e tem suas histórias de vida relatadas com muita sensibilidade. Histórias que aconteceram entre Novembro de 2007 a Março de 2011 e foram presenciadas em sua maioria pela autora.

O resultado é comovente e, com certeza, irá provocar muitas lágrimas para quem acompanhar tudo até o fim.

Imperdível.









site: http://cantinhodaleitura-paulinha.blogspot.com.br/2014/05/em-busca-de-um-final-feliz.html
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Guigui 08/04/2014

A corrupção nua e crua.
Acabei de ler o livro Busca de um Final Feliz, e conforme ia lendo o livro tive dimensões diferentes sobre os diversos problemas que afetam aquele país e seus habitantes. Mas quando comecei a analisar seus problemas políticos, judiciais e sociais, vi que é exatamente igual o Brasil, tem vários trechos do livro que quase me esqueci de que se tratava da Índia e não do Brasil mais um em particular me chamou atenção esta voltado para questão politica, judicial e social.Como o caso das Ongs que desviam dinheiro das verdadeiras causas, vendas de apartamentos, tráfico e corrupção de todos os aspectos. Vereadores de diversas cidades (Sumaré) que fazem as benfeitorias apenas quando estão próximos das eleições, títulos eleitorais que se tornam moedas de trocas e em locais que a pobreza é mais gritante, pois ali seus poder de compra de votos sera bem maior.
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PorEssasPáginas 24/06/2013

Resenha Em Busca de um Feliz - Por Essas Páginas
Resenha original no blog Por Essas Páginas: http://poressaspaginas.com/resenha-em-busca-de-um-final-feliz

Quando decidi ler Em Busca de um Final Feliz, eu esperava um livro de não-ficção padrão, talvez na forma de relato jornalístico. Porém, o que encontrei foi um livro sensível, em que acompanhamos a vida de pessoas reais, seus pensamentos e aspirações, tudo isso tão bem descrito que a sensação é que estamos acompanhando um romance e seus personagens. Porém, em nenhum momento, devemos esquecer que essas pessoas – inclusive com seus nomes verdadeiros – são de carne e osso; elas realmente passaram – e passam – pelos tormentos de uma Índia miserável e corrupta que, muitas vezes, rouba-lhes as esperanças.

Devo dizer que encontrar um livro de não-ficção escrito dessa forma essa foi uma grata surpresa e tornou a leitura muito mais interessante.

Em outras resenhas eu já disse que acredito que alguns livros caem em nossas mãos para serem lidos na horas certas. Tive essa mesma sensação enquanto lia Em Busca de um Final Feliz. Esse livro mostra, de maneira sensível, porém objetiva, a realidade de uma das muitas favelas de Mumbai. A Índia é um país em franco desenvolvimento, que vende uma imagem maquiada de um país muito melhor do que é na verdade. O seu governo trata as favelas e seus habitantes miseráveis como um câncer em meio a um lugar maravilhoso, quando na realidade são eles que minam as oportunidades dessas pessoas. Para quem está bem, ou seja, tem uma casa decente para morar, está bem alimentado e tem realmente oportunidades, é muito fácil culpar essas pessoas pela sua própria má sorte. Porém, é muito diferente quando você está na pele dessa gente, sem chances de melhorar ou, ainda, com suas poucas chances sendo abatidas pelo sistema.

Sunil raramente ficava com raiva quando descobria as razões secretas por trás do comportamento das pessoas. Perceber como o mundo funcionava, além das mentiras, era para ele uma armadura.

É impossível não fazer uma conexão, em maior ou menos grau, dessa Índia maquiada com o nosso Brasil, principalmente no momento histórico em que vivemos. O quanto de gente, nesse exato minuto, pode estar sofrendo as privações semelhantes às das pessoas descritas nesse livro de Katherine Boo? Nós também temos favelas, falta de oportunidades, comunidades carentes e pessoas – não personagens, mas sim pessoas, vivas e reais – que passam fome, miséria, desesperança. É fácil e até natural identificar, nos “personagens” de Boo, pessoas que conhecemos ou que, um dia, deparamo-nos na televisão, nos jornais ou até mesmo nas esquinas.

Mas, em seu estado de espírito atual, pequenas afrontas adicionadas a grandes decepções tornariam-se uma provação.

Mas mesmo que não pensemos nessas pessoas – o que é impossível – com certeza qualquer leitor vai se identificar com um ou outro personagem de Annawadi e, apesar de seus defeitos – pois sim, o relato de Katherine Boo é incrivelmente fiel -, você também vai se pegar entendendo porque aquelas pessoas algumas vezes cometem erros. É pela sobrevivência, é para pura e simplesmente sobreviver em meio a um sistema cruel que não facilita para ninguém. De fato, você vai se pegar se apaixonando por essas pessoas, torcendo e chorando por elas. É de partir o coração acompanhar Abdul, um rapaz verdadeiramente honesto, ter aos poucos suas esperanças transformadas em menos que o lixo em que trabalha. É triste ver Sunil se corromper, Manju desistir de seus sonhos, Meena sucumbir perante a vida que lhe foi imposta. Nós acompanhamos Asha e certamente não concordamos com o que ela faz, mas entendemos. De fato, a única que eu não consegui sentir compaixão foi Fátima, a Perna Só, mas isso foi porque suas atitudes foram além de cruéis e mesquinhas; porém, sim, até ela é possível compreender. Eu poderia citar vários personagens aqui e o que senti ao acompanhá-los, mas acho que a melhor coisa que faço é insistir para leiam e vocês mesmos os conheçam, façam parte da sua vida, por meio desse livro.

Porém, os favelados raramente ficavam com raiva juntos, nem mesmo das autoridades aeroportuárias. (…) Ao contrário, indivíduos sem força culpavam outros indivíduos sem força por aquilo que não tinham. Às vezes, tentavam destruir uns aos outros. Algumas vezes, (…) destruíam a si mesmos no processo.

A frase acima é talvez a minha preferida no livro. Ela é extremamente verdadeira e nos faz refletir em inúmeros graus. Conversando com o meu pai sobre o livro – e meu pai já viveu essa realidade quando jovem -, ele confessou que sentia que vivendo no morro jamais conseguiria ser alguém. Havia essa energia negativa, essa raiva dos outros que impedia a ele e sua família de prosperarem, por mais que trabalhassem duro e se esforçassem. Ele me disse que as pessoas frequentemente culpam as pessoas erradas, geralmente outros tão fracos e sem oportunidades quanto eles, apenas porque essas pessoas tem alguma perspectiva melhor – ou porque você acha isso. É mais fácil culpar quem está mais próximo e é tão frágil quanto você. Culpar gente poderosa é difícil. E é assim, dessa maneira, com essa desunião, que essas pessoas não conseguem se ajudar, fazer algo por si e pelos demais. Como pode existir tanta gente pobre no mundo e essa gente não conseguir algo com tamanha vantagem numérica? A resposta é a desunião. E aí eu volto à reflexão sobre o momento que vivemos aqui no Brasil: somente unidos conseguiremos fazer algo de bom, não apenas para um, mas para todos. O que os grandes lá em cima, os poderosos e os governos querem é exatamente a falta de união de seu povo. Um povo que não é unido é pouco representativo; um apenas jamais conseguirá lutar sozinho.

Nesse livro, com pesar, descobrimos o quanto a sociedade pouco se importa com o ser humano. O livro s encerra com uma enorme ironia que, infelizmente, acontece diariamente. As pessoas, principalmente os pobres, os carentes, as minorias, são vistas pela sociedade e pelos governos como um mero estorvo, uma mancha impura e incômoda em um mar de perfeição. O ser humano é desvalorizado. E aí a gente percebe o quanto esse mundo ainda tem que melhorar. E, para que ele melhore, só há um lugar para começarmos: nós mesmos.
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Angela Grazi 21/06/2013

Em Busca de um Final Feliz #Pocket Libro
Esse livro é um relato real dos moradores de Annawadi, uma favela que fica ao lado do Aeroporto Internacional de Mumbai. O lugar formou-se pelas pessoas que construíram o Aeroporto, quando terminaram seu trabalho, decidiram fazer do resto daquele terreno, suas moradias. Annawadi cresceu e se tornou uma favela com mais de 3.000 moradores.

O livro gira em torno de Abdul Husain, um catador de lixo que sustenta toda sua família com seu trabalho, pois seu pai – Karam tem tuberculose e não pode ajudar a sustentar a família. Ele mora em um barraco com mais 9 pessoas, mas seu negocio com o lixo começa a prosperar na favela e ele consegue se destacar um pouco dos demais (Algo bem insignificante se você for colocar na balança).

Mas a paz da família tem seus dias contados, pois Fátima, conhecida como Perna Só acabou atirando fogo nela mesma e acusando a família Husain do crime. Agora a matriarca da família, Zehrunisa luta para tirá-los da cadeia e prova a inocência. Mas, os policiais pedem propina para retirar a acusação contra eles.

Paralelamente ao drama da família Husain a autora também introduz outros moradores da favela em sua narrativa e acaba contando um pouco de suas vidas. A autora Katherine Boo morou durante quatro anos em Annawadi e relata nesse livro o dia a dia das pessoas que lá vivem. Assim podemos perceber a realidade pobre e miserável da Índia, que chega a nos revoltar devido a tamanha desumanidade de corrupção. Ao decorrer da leitura, pode-se notar a tamanha desigualdade social, pois a favela se encontra ao lado do Aeroporto e é vizinha de grandes hotéis luxuosos. Um livro muito bom que nos faz olhar para outras realidades.

"Os eventos contados nas páginas anteriores são reais, assim como o são todos os nomes". p.279

http://www.pocketlibro.blogspot.com
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ricardo_22 03/06/2013

Resenha para o blog Over Shock
Em Busca de um Final Feliz, Katherine Boo, tradução de Maria Angela Amorim de Paschoal, 1ª edição, Ribeirão Preto-SP: Novo Conceito, 2013, 288 páginas.

Para um jornalista de verdade não basta apenas noticiar fatos que acontecem no dia a dia de uma sociedade. Em alguns casos é preciso viver na pele todas as dificuldades e as vitórias encontradas ao longo de uma vida, e também perceber o que o ser humano é capaz de fazer em busca de seus ideais. Com esse intuito que Katherine Boo, vencedora do Prêmio Pulitzer, viveu durante quase quatro anos em uma favela da Índia, o que a auxiliou na escrita de Em Busca de Um Final Feliz.

Apesar do título poético, o primeiro livro da redatora da revista The New Yorker não pode ser considerado um livro para inspirar seus leitores. A intenção da autora foi escrever sobre a realidade dos moradores de Annawadi, uma favela que está ao lado de um grande aeroporto e de luxuosos hotéis em Mumbai, cidade mais importante da Índia.

Ao melhor estilo livro-reportagem, Katherine Boo faz um relato de tudo o que vivenciou enquanto permaneceu ao lado dos moradores dessa favela, não se focando apenas em histórias felizes, o que passaria uma falsa ideia aos leitores, muito menos destacando apenas os males que de alguma forma facilitaria a venda de seu livro. Ela não queria isso e sim mostrar a realidade de um povo sofrido, mas que acima de tudo queria ir em busca de um final feliz.

“Abdul cumpriria seu dever e estaria quase feliz por fazê-lo. Esconder-se era algo que pessoas culpadas costumavam fazer; ele era inocente e queria a verdade estampada em sua testa. Então, o que mais lhe restava fazer a não ser submeter-se às autoridades oficiais, à lei, à justiça? Conceito que seu conhecimento limitado de história nunca tinham lhe dado razões para acreditar, mas nos quais ele pretendia acreditar agora” (pág. 26).

Mesmo com uma ótima escrita, a escolha dos personagens retratados por Boo pode ser considerada uma das principais qualidades do livro, que, além disso, é narrado de forma romanceada e felizmente possui uma estrutura agradável, onde acompanhamos todo o desenrolar de uma história. Por ser a observadora, e consequentemente a narradora, Boo não determinou qual o lado certo ou errado de todas as histórias que presenciou. Ela apenas relatou tais histórias.

Em cada um desses relatos, conhecemos um pouco da história de vida das pessoas, que sabemos desde o início: são reais. Ao mostrar a personalidade de todas as pessoas que tiveram suas histórias contadas, a autora possibilita ao leitor descobrir o que move os desejos de cada um dos moradores, que como todos, possuem sonhos, seja de construir uma família, estudar para garantir um futuro melhor, ou simplesmente ajudar os demais a também terem um futuro melhor.

E por se passar em um país rico culturalmente, encontramos muitas citações referentes a essa cultura, desde a disputa entre hindus e muçulmanos, que é fortemente lembrada, até mesmo a divisão entre castas e a própria desigualdade social, apesar de a Índia ser um país que cresce a cada dia e ter inclusive a 10ª maior economia do mundo, que só não é mais significativa devido à imensa população. E como a favela é o principal cenário, é impossível não encontrar situações que infelizmente existem nesse e em outros tipos de ambientes, como subornos e propinas, seja para serviços ou simplesmente mentiras.

Mais em: http://www.blogovershock.com.br/2013/06/resenha-156-em-busca-de-um-final-feliz.html
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Anacris 19/06/2013

Escrito para me fazer chorar...
O livro retrata a história real de várias famílias que sobrevivem nas favelas de Mumbai e ao longo do livro eu percebi que Mumbai não fica tão distante assim de onde moro (infelizmente).

Katherine nos mostra de uma forma diferente como é a vida de pessoas que para a “sociedade” não deveriam existir; mas que batalham para criar seus filhos e sobreviver com o que vem do lixo e porque não dizer no lixo também?!

É impossível não se comover com Abdul que a meu ver se tornou um adulto com a responsabilidade de sustentar a família muito antes de ser criança.

Como não se revoltar com o esquema de corrupção que envolve todas as pessoas que tem poder e o usam para arrancar dinheiro dos mais pobres? Identifiquei centenas de Ashas e Fátimas que fazem parte do nosso dia a dia.

Em Busca de Um Final Feliz me fez pensar se a história realmente se passa em outro país, outro continente e não aqui no Brasil em uma favela qualquer.

Depois que eu li Em Busca de Um Final Feliz de Katherine Boo, lançado pela Editora Novo Conceito; eu chorei, chorei muito.
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Aline/Blog SLMP 14/10/2013

Histórias reais
Livro: Em busca de um final feliz
Autora: Katherine Boo
Editora: Novo Conceito
Número de Paginas: 288

Sinopse: Em Busca de um Final Feliz, de Katherine Boo, é um livro brilhantemente escrito. Através de uma forte narrativa, descobrimos como é o dia a dia dos moradores de Annawadi, uma favela à sombra do elegante Aeroporto Internacional de Mumbai, na Índia. A história de seus habitantes nos faz rir e chorar, porque “o que é celebrado neste livro não é o que poderíamos chamar toscamente de ‘o encanto da lama’, mas a riqueza das pessoas que — para o bem e para o mal — compõem um tronco social que está cada vez mais presente no nosso mundo moderno”. (Zeca Camargo, em prefácio a esta edição).
O leitor vai se apaixonar por Sunil Sharma, o menino catador de lixo que quer ficar rico, por Manju, a moça mais bonita da favela, que quer ser professora, e até pela tresloucada Fátima, a Perna Só, que só quer um pouco de atenção.

Resenha: Este é o primeiro livro de Katherine Boo, jornalista americana que passou um longo período na Índia fazendo uma pesquisa social nas favelas de Mumbai, mais precisamente na favela Annawadi, lugar escolhido para seu trabalho. Lá, ela acompanhou de perto os dramas vividos por seus personagens.

Localizada ao lado do aeroporto internacional de Mumbai, Annawadi é formada por três mil moradores, que em sua maioria ganham o sustento da família coletando lixo. Ao se verem também diante de tantas situações precárias, muitas crianças se incluem nessa lista de catadores, deixando de lado os estudos, ainda que de baixa qualidade, pelo trabalho pouco lucrativo feito minunciosamente.

Esse livro traz uma narrativa brilhante sobre a vivência dos annwindianos que lidam dia após dia com injustiça, corrupção, assassinatos e diferenças religiosas entre mulçumanos e hindus que dividem o mesmo espaço.

“O que estava acontecendo em Mumbai estava acontecendo em outros lugares também. Em uma era de capitalismo de mercado global, as esperanças e queixas eram universalmente concebidas, o que levava a uma situação difícil comum a todos. Os pobres não se união, competiam entre si por lucros tão escassos quanto breves. E esta luta na cidade baixa era apenas uma marola no contexto da sociedade como um todo.” (pág. 268)

Esse é um livro maravilhoso, que trás histórias reais, com pessoas reais, em situações reais de sobrevivência. É triste, mas me acalmou pensar que, apesar de enfrentarem todos os dias as injustiças daquela região, algumas daquelas pessoas sempre estiveram e ainda buscam um final feliz.

“O pai de Abdul tinha desenvolvido um hábito irritante de falar sobre o futuro como se fosse um ônibus:
− Está passando rápido e você pensa que vai perdê-lo, mas então você diz espere, talvez eu não vá perdê-lo, só tenho que correr mais rápido do que eu já corria antes”. Só que agora estamos todos cansados e humilhados, portanto, quão rápido podemos realmente correr? Você tenta pegá-lo mesmo quando você sabe que não vai alcançá-lo, quando talvez fosse melhor deixá-lo ir embora...
Abdul não queria fazer parte dessa loucura. Felizmente rinha trabalho correto para fazer. De manhã bem cedo ele começava, humildemente, conversando com os supervisores nas grandes favelas industrias.
− Alguma coisa para levar para os catadores?” (Pág. 27)

MIcaela Oliveira
Colunista do blog: http://sobrelivrosemaisumpouco.blogspot.com.br/
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Isabel 09/06/2013

Me perdoem por parafrasear de forma torta, mas a internet não é tão confiável neste caso e sou péssima para decorar o que quer que seja. De qualquer maneira, o poeta disse que há poesia até no elevador, então não existiria, de fato, o tal “encanto da lama”, que leva estrangeiros ao pagamento de somas altíssimas por um tour em um morro carioca?

Ainda que protegidos por redomas de cercas elétricas, muros altos e indiferença, creio que qualquer brasileiro possa afirmar com certeza – o encanto da lama, que exalta pobreza como algo belo, é uma ilusão. Um alívio, portanto, ter Zeca Camargo reafirmando isso na sua introdução a Em busca de um final feliz.
Em uma análise rasa, os “personagens” (que na verdade são pessoas reais, que passaram por diversas entrevistas com a autora) de Katherine Boo não deveriam saber que sua vida é tão ruim assim: assim como não pensamos no fato de que estamos imersos em ar porque assim sempre estivemos, nenhum deles conhece uma vida melhor para parâmetro de comparação.

Mas ah, a desigualdade social! Não é um problema só brasileiro, e desce amarga pela garganta dos habitantes da favela de Annawadi, onde a história se passa. Mesmo com resquícios de um sistema de castas milenar, todos eles querem sim “subir na vida”. Não há nenhuma ilusão de riquezas sem fim ou estrelato em Bollywood, e sim de coisas aparentemente singelas (para o leitor) como uma casa sem infiltrações, um emprego com uniforme bonito e diploma universitário.

Na versão de Annawadi da selvageria capitalista, alguns se dão melhor do que os outros: a família de Abdul, mulçumana, prospera aos poucos com um negócio de catação de lixo. A pequena reforma na casa (que não será mais invadida por dois palmos do lago de esgoto no meio da favela) atrai a atenção e a inveja da vizinha Fátima, a Perna-Só, ridicularizada por todos graças a sua deficiência.

No Brasil, a perspectiva de alguém ser condenado por “incitar suicídio” parece ridículo, mas na Índia (onde mulheres são, diariamente, incentivadas a se matar após a morte de seus maridos, não se tornando assim um “peso financeiro” para as famílias dos mesmos) isso é bem real e complicado. Fátima se auto-imola, acusando seus vizinhos de a levarem a tal ato, condenando então Abdul e nos levando para um passeio no intrincado sistema de corrupção indiano. Não que eu ache que devemos comparar esse tipo de male, mas se me permitem cair nesse erro, a nossa corrupção soa como brincadeira de criança ao lado da praticada pelas autoridades da Índia.

Isso nos leva a Asha, uma das grandes benfeitoras da favela – membro de um partido político, a mulher faz de tudo para ascender socialmente, levando para seus esquemas a sua filha Manju, que sonha em ser professora. A ambição de Asha é tragicômica, tão intensa e desesperante que não é possível torcer (contra ou a favor) desta mulher.

Quase todas as resenhas de Em busca de um final feliz que li continham uma pequena nota de estranhamento pelo livro ser encaixado em não ficção: o nível de detalhe é tamanho que não há como desconfiar de pinceladas ficcionais da autora. Katherine Boo, porém, passou meses e meses em Annawadi, entrevistando repetidamente os moradores sobre o ocorrido com a Perna-Só, justificando então a sua prosa fluida e cheia de certezas.

Utilizando-se de um material tão cru, seria quase impossível (e trágico) acusar a autora de artificialidade ou falta de verossimilhança – não, Em busca de um final feliz é genial em trazer todos os envolvidos não à vida (porque eles de fato a tem) mas sim ao lado do leitor, como se nós fossemos um intrometido chato espiando pelas frestas entre as portas da favela.

Existem algumas divagações com as histórias não muito relacionadas aos núcleos principais, mas tudo se relaciona e se torna interessante e essencial. Só há um grande problema em Em busca de um final feliz, que diminui exponencialmente a nota inicialmente merecida pelo livro: a frieza.

Sim, a narrativa é extremamente fria e impessoal. Eu não queria o estilo emocional de Nicholas Sparks sugerido pela tradução do título, subtítulo e capa, mas um pouco mais de aproximação para com aqueles que fizeram parte de sua vida por meses e meses seguidos faria bem a Katherine Boo. Como qualquer livro que trata da pobreza e da miséria, Em busca de um final feliz é recheado de situações degradantes, mas o tom distante com que elas foram narradas fez com que essa manteiga derretida assumida derramasse uma quantidade incrivelmente pequena de lágrimas no decorrer da leitura.

A coisa de fato bela na obra de Katherine Boo é a força de seus personagens, tirada sabe Ganesha de onde. Mas há algo diferente que torna o livro de Katherine Boo sobre a dura vida em uma favela em Mumbai atraente: é o encanto da humanidade, aflorado quando sua existência em si já é uma situação limite, sem necessidade de seqüestros, vilões malignos ou apocalipses para tal. Não: o antagonista já é o próprio “destino”, se é que ele existe.

Se há poesia na dor? Sim, há. Mas esse é um tipo de verso que ando dispensando – pelo menos na vida real.
Publicada originalmente em distopicamente.blogspot.com
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