bruno 15/09/2023
Obviously,doctor, you've never been a thirteen-year-old girl
Os suicídios das irmãs Lisbon deixaram marcas indeléveis no bairro em que moravam, mesmo anos terem passado a memória das meninas permaneceu intacta nesse grupo de garotos: tudo que elas foram e não foram, suas peculiaridades e o efeito que tinham nos antigos moradores do bairro. Assim eles decidem se juntar para achar um motivo para as cinco garotas Lisbon terem tirado a própria vida.
Desde a primeira página notamos que ninguém conhece as meninas de verdade, nós sabemos tanto quanto eles. Tudo que eles sabem sobre elas são idealizações deturpadas e uma aura sacra criada em torno delas. Estava me incomodando o fato de, além da Lux, nenhuma irmã ter um grande desenvolvimento, porém ficou claro para mim que isso foi proposital par que passasse a ideia de que elas eram vistas como uma só entidade, pois era descrito que para muita gente elas eram a mesma pessoa, que não conseguia diferenciá-las.
Toda essa veneração me fez questionar o quanto eles se importam de verdade com elas, o que me fez concluir eles se importam de verdade com a ideia criada das meninas, tudo que elas representam. Para mim ficou bem claro depois do breve relacionamento da Lux e do Trip, que depois que eles ficaram ele falou que se cansou dela, que foi basicamente onde ele percebeu que ela era só uma garota comum e todas as suas obsessão e idealizações por ela se esvairam. Isto explica, também, o fato dos garotos terem demorado tanto para tentar ajudá-las, eles só conseguiram manter a imagem delas imaculada enquanto estivessem distantes, a partir do momento em que adentrassem a casa elas se tornariam reais e a fachada da perfeição desapareceria.
Simplesmente amei a escrita, a forma como o autor conseguir criar uma atmosfera nostálgica nos fazendo sentir parte desse grupo de meninos ficando obcecado pela meninas Lisbon, mesmo as descrições das meninas serem bastante vagas são precisas e complementam perfeitamente a história. Um grande ponto pra mim foi a criação da casa como personagem como se ela também estivesse passando por tudo que as meninas estavam passando, se deteriorando mais e mais a cada acontecimento.
Os garotos verem os suicidos como algo egoísta só evidencia o quanto eles não as entendiam e nunca conseguirão entendê-las. Eu senti como se as cinco meninas fossem coadjuvante de suas próprias vidas onde tinham que viver em cárcere em um lar negligenciado e abusivo. No final, não é uma história sobre as garotas e sim sobre os meninos que se apaixonaram pela ideia delas, onde nunca encontraremos as peças para montá-las outra vez.
"We could never understand why the girls cared so much about being mature, or why they felt compelled to compliment each other, but sometimes, after one of us had read a long portion of the diary out loud, we had to fight back the urge to hug one another or to tell each other how pretty we were. We felt the imprisonment of being a girl, the way it made your mind active and dreamy, and how you ended up knowing which colors went together. We knew that the girls were our twins, that we all existed in space like animals with identical skins, and that they knew everything about us though we couldn't fathom them at all. We knew, finally , that the girls were really women in disguise, that they understood love and even death, and that our job was merely to create the noise that seemed to fascinate them."