spoiler visualizarMax 28/08/2023
He made it. And so will you.
Esse é meu livro favorito de todos os tempos, li duas vezes em português e foi uma ótima experiência ler em inglês pela primeira vez. Acho que o legal de analisar essa obra é que da pra pensar em detalhes que são mostrados apenas no filme, já que o Stephen produziu e dirigiu.
Logo na primeira página, o Charlie já é bem transparente "I want you to know that I am both happy and sad and I'm still trying to figure out how that could be." e acho que os próprios primeiros capítulos dão uma visão ampla das camadas do Charlie: sim ele é feliz e triste, ele tinha um melhor amigo que se suicidou e apesar de tudo ele sabe se defender lutando.
Uma coisa que só percebi relendo, foi o fato da mãe do Charlie ficar "quieta", ele menciona isso algumas vezes falando "and my mom was quiet", como a mãe dele não se intromete nas coisas, mesmo que ela esteja presente na cena.
Outra coisa é como o Charlie leva tudo pro literal, ele leva as coisas que falam pra ele extremamente a sério, como se fosse uma regra, tipo quando o Bill falou que as pessoas que pensam muito usam isso como modo de "não participar na vida" e a partir desse momento tem várias e várias vezes que o Charlie menciona estar tentando participar. Ou até mesmo quando a Sam falou pra ele não pensar nela daquela forma e durante o restante do livro o Charlie tá tentando parar de gostar dela. Ele também é muito sincero, toda aquela cena do verdade ou desafio é vergonhosa demais de ler/assistir, principalmente porque ele podia ter mentido, mas ele preferiu a escolher desafio a noite toda só pra não contar a verdade (e no final não adiantou mesmo assim).
Gosto do jeito que ele descreve as coisas, como quando ele vai falar sobre uma foto da Sam e ele diz "If you listen to the song Asleep, and you think about those pretty weather days that make you remember things, and you think about the prettiest eyes you've known, and you cry, and the person holds you back, then I think you will see the photography", acho muito poético tentar transformar uma foto em um sentimento.
Durante a leitura, aos poucos a gente vai percebendo as ideações suicídas do Charlie, as vezes é uma coisa mais implícita como ele falando que finalmente entendeu o poema, outras vezes já é explícito, como logo que ele começa a ter um ataque de pânico quando a Sam toca nele e ele diz "i felt like i wanted to die". Tem também alguns momentos que ele menciona dormir por mil anos ou não querer existir.
A relação do Charlie com a Candice tem uma grande evolução durante o livro, no começo muitas vezes senti muito hostilidade da parte da Candice quando ela falava que odiava o Charlie e que ele era uma aberração, mas acho que desde a parte que ele leva ela pra clínica, a relação deles dá uma alavancada e a Candice começa a ser mais aberta e carinhosa, dando abraços e beijos.
E finalmente, tia Helen. O Charlie realmente faz você sentir que ela era uma tia maravilhosa e te faz simpatizar com ela, até o momento que ele percebe o abuso e faz você se sentir traído por ter confiado tanto. O impacto que as palavras dela deixaram na vida do Charlie são muito grandes, principalmente quando você lê ele falando que ela disse pra ele só chorar por coisas que importassem e aí você assiste o filme e na cena da revelação ele repete sem parar "para de chorar", meio que como se ele pensasse que aquilo não era motivo suficiente pra ele chorar. No começo do livro o pai do Charlie fala "not everyone has a sob story, Charlie, and even if they do,it's no excuse" e acho que isso é a frase perfeita pra descrever a tia Helen. Ela teve sim uma vida horrível, ela era uma pessoa traumatizada, mas isso não dá nenhum direito pra ela fazer o que ela fez. Acho também que é de muita maturidade do Charlie não culpar ela no final e perceber que ele não é do jeito que é por causa dela. Uma das coisas que ele disse e que mostra os dois lados da história foi "even if we don't have the power to choose where we come from, we can still choose where we go from there" e isso mostra os lados da moeda, ele e a tia Helen passaram pela mesma coisa, mas diferente dela, ele escolhe quebrar o ciclo.
we accept the love we think we deserve.