Desde que conheci o livro ano passado no Goodreads fiquei curiosa para ler. Primeiro porque era um dos poucos distópicos com avaliação tão alta no site conhecido por suas resenhas ácidas. Por isso fiquei exultante quando soube que a Prumo lançaria o livro no começo desse ano. Veronica Rossi nos apresenta uma distopia única, com um enredo sedutor e um desenvolvimento perfeito de ambiente, personagens e relacionamentos humanos.
A sinopse introduz bem o conceito dos núcleos e dos reinos, que são a única distração que restou para aqueles que vivem neles. Ária está preocupada com a mãe, não tem notícias dela faz mais de uma semana e os boatos sobre uma tempestade no núcleo que ela estava como a se espalhar. Para descobrir algo ela combina de sair a noite com sua amiga e o filho de um dos guardiões. O pai dele é chefe da segurança e ele deve ter alguma informação sobre Nirvana. Só que ao se desconectar do olho mágico que usam para acessar os Reinos as coisas saem do controle. Ária assiste pasma seus colegas perdem o controle e é salva por um Selvagem que estava na ala destruída do núcleo. Para ocultar o acontecido o guardião joga Ária no desolado mundo exterior. Ela está desolada e mal sabe como sobreviver quando no meio de uma tempestade de Éter é salva pelo mesmo selvagem que a salvou no núcleo. Perry está em uma jornada própria. Acredita que suas ações no dia anterior levaram os habitantes do núcleo a sequestrar seu sobrinho. Expulso de sua própria tribo planejava trocar de lugar com Talon, mas ao encontrar Ária e descobrir que o olho mágico tem algo que interessa ao Guardião os dois se aliam e partem em busca de alguém para consertar o dispositivo. Ela precisa chegar a Nirvana, ele encontrar o sobrinho.
É a partir dessa união improvável que surge uma das jornadas mais interessantes e bem construídas que li nos últimos tempos. Veronica Rossi nos apresenta personagens tão reais e um relacionamento tão humano e palpável que fica impossível não se envolver com a história de Ária e Perry. A narrativa é dividida entre os dois protagonistas e um dos pontos que merece destaque é a diferença entre as vozes narrativas. São poucos os autores que conseguem dividir a narração sem esbarrar no problema de vozes similares demais.
A linha de evolução de ambos é outro mérito de Rossi que nos presenteia com o amadurecimento de Ária e a desconstrução emocional de Perry. Dos diálogos a impressões visuais, tudo tem um ar sedutor e a dinâmica que se forma entre Ária e Perry é única, repleta de estranheza e beleza. A maioria das vezes a principal curiosidade nas distopias é o mundo e como ele chegou a aquele ponto, mas aqui a interação de Ária e Perry absorve o leitor de tal forma que todo o resto é secundário. O choque de costumes e vidas tão diferentes é belamente explorado, e as análises que os dois fazem uns dos outros é extremamente crível, repleta de comentários diretos, nu e crus das sensações. Assim como a ligação e a admiração que eles constroem um pelo outro ao longo da história.
Aliado a esse fator temos pequenas partes da trama central da trilogia, as mudanças genéticas, a tecnologia que tirou dos habitantes do núcleo o senso da realidade e as mudanças genéticas naturais que ocorreram em algumas pessoas que vivem no exterior. Adorei o conceito dos sentidos super apurados. Olfativos, audis, videntes, etc e fiquei curiosíssima para saber mais sobre o que aconteceu para a atmosfera ser transformada de tal maneira. As tempestades de Éter é uma coisa fantástica, a ideia da autora de usar o elemento descrito pelos gregos, considerado o quinto elemento por alguns físicos e alquimistas foi brilhante. A comparação que Ária faz do céu revolto em éter com a famosa tela de Van Gogh, "A Noite Estrelada" foi pontual e perfeita. Espero ver uma explicação mais clara do que aconteceu para o céu se transformar...
Leitura agradável, com ritmo envolvente e que prende o leitor pela bela narrativa e pelas sensações vívidas que a história e a relação dos personagens transmitem. A edição da Prumo está ótima, com uma diferente que me surpreendeu, mas que eu gostei de ver ao vivo, uma diagramação boa e marcações bonitas. Adoraria ver a (...)
Leia o final do último parágrafo aqui: http://www.cultivandoaleitura.com/2013/04/resenha-sob-o-ceu-do-nunca.html
Never Sky - Veronica Rossi
1- Sob O Céu do Nunca
2- Through The Ever Night
3- Into The Still Blue