Nica 28/11/2013UAU.Essa é a melhor palavra para definir esse livro. Quando comecei a leitura, ele ainda não era isso tudo, mas ao passo que a autora foi construindo a eletrizante história de Ária e Perry, ficou impossível parar de ler.
Sob o Céu do Nunca é o primeiro volume da trilogia Never Sky e um romance distópico repleto de elementos fantásticos. Veronica Rossi criou um novo mundo dentro das cúpulas, que seriam uma espécie do que sobrou do antigo mundo em que eles viviam. Dentro desses núcleos, as pessoas viviam como em hospitais, controladas, com cores mornas, nada de verde ou amarelo ou rosa. Tudo era muito cinza. Porém, nos chamados Reinos, mundos virtuais onde as pessoas se conectavam com um olho de vidro, a vida era diferente. Colorida. Divertida.
Além dos moradores de Quimera, núcleo onde Ária mora no início da trama, temos os Selvagens ou Forasteiros, sobreviventes de uma batalha entre povos (algo que fica implícito no livro e baseado no meu entendimento), que são os verdadeiros seres humanos a partir da premissa que eles ainda possuem seus sentidos normais, ou seja, ouvem, sentem, cheiram, veem com seus próprios olhos e não por imagens criadas. Eles se tornam meio que super humanos, com seus sentidos mais aguçados assim como suas habilidades. Normalmente, cada um dos forasteiros desenvolve um super sentido.
Perry é um dos nossos protagonistas e faz parte dos Selvagens. Eles se dividem em tribos. O que achei demais, pois temos grupos de todos os jeitos e gostos – canibais, inclusive. Para o povo de fora das cúpulas, a vida também não é fácil. Eles vivem com medo das tempestades de Éter, cada vez mais frequentes e devastadoras. A fome é algo bem presente e assustador. Perry tem o dom da visão (vidência) e do olfato. Ele é considerado por muitos e tem tudo para se tornar o Soberano de Sangue de alguma tribo.
Perry é um cara de personalidade forte, destemido, que sabe o que quer e que não tem medo do perigo, do desconhecido, que não se deixa abater e que teria tudo para ter sua própria tribo. Aliás, uma das batalhas mentais de Perry é justamente essa. Ele vive com seu irmão Vale - um Soberano de Sangue e por isso líder de sua tribo -, e seu sobrinho Talon, uma criança frágil e que definhava conforme os dias passavam. Era só por causa dele que Perry ainda “respeitava” o irmão. Até tudo mudar...
Quando Ária e seus amigos decidem se aventurar, sair de Quimera para “se divertir”. Ária, na verdade, vai mais com a intenção de encontrar alguma informação ou pista de sua mãe, Lumina, que não dá notícias há alguns dias. (A mãe dela era cientista e foi levada para outra cúpula para realizar uma pesquisa médica).
E é exatamente nessa aventura, onde os caminhos de Perry e Ária se cruzam, e as coisas nunca mais serão as mesmas para qualquer um deles.
"- As nuvens se dissipam? – Perguntou ela.
- Completamente? Não. Nunca
- E quanto ao Éter? Ele some em algum momento?
- Nunca, Tatu. O Éter nunca some.
Ela olhou pra cima.
- Um mundo de nuncas sob o céu do nunca."
Perry e Ária são de mundos completamente diferentes. Cada qual condicionado e ensinado a temer o outro. O que leva a uma improvável e interessante conexão entre eles, criando um vínculo tangível para nós leitores. Um vínculo que é construído e sentido ao longo da narrativa. Eles precisam um do outro muito além do que para encontrar respostas sobre a vida. Eles precisam ser a esperança um do outro.
Ah!!! Não posso deixar de falar sobre Roar. Amigo de Perry e apaixonado pela irmã do mesmo, Liv, que foi dada em casamento para outro Soberano de Sangue, como Vale, por conta da precária situação da tribo em relação à comida. Roar se mostra um verdadeiro nobre, sempre bem humorado e procurando ver o lado bom das coisas. Ele é o melhor amigo que Perry e Ária poderiam ter. Espero poder ver mais sobre ele e sua situação com Liv no próximo livro. Deu peninha dele, gente!
A autora construiu personagens tão cativantes, com um enredo de tirar o fôlego, que nos envolve de tal maneira que se torna impossível parar a leitura, uma vez que Perry e Ária te conquistam. Ambos têm personalidade forte. São guerreiros natos – mesmo que Ária não saiba disso no começo da trama. Ambos são sobreviventes. Juntos, se tornam algo transcendental, único, lindo. Sabe aquele casal que se completa naturalmente? Que além de rolar a química do amor, rola a química da amizade - que para mim é essencial em um relacionamento? Mas nem tudo são flores... E, às vezes, a vida nos impõe decisões que estão além de nós.
Foi incrível ver o crescimento de Ária como pessoa. A maneira como ela vai se tornando cada vez mais humana, tirando de si a superficialidade que Quimera lhe impusera a vida toda. A maioria das pessoas se apaixonou por Perry e não compreendeu bem Ária. Eu não. Acho que ela foi e é a grande personagem de Sob o Céu do Nunca. Ela nos faz lembrar que podemos mudar se quisermos. Basta agarrarmos as oportunidades quando elas aparecem. À primeira vista, Ária era teimosa, mas quem não é quando confrontado?
Sob o Céu do Nunca, uma história intrigante e com personagens bem concretizadas, que se torna leitura obrigatória e altamente satisfatória, deixando no leitor um gostinho de quero mais. Mal posso esperar pela continuação, que tem previsão de lançamento esse ano ainda nos EUA. (E a autora ainda é brasileira, galerinha!!!! Um arraso! Parabéns pela bela diagramação e revisão do livro, Prumo!)
Resenha postada no blog Drafts da Nica - PROIBIDA a cópia parcial ou integral
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http://www.nicasdrafts.com.br/2013/10/resenha-sob-o-ceu-do-nunca-veronica.html