otxjunior 17/11/2020Velocidade, Dean KoontzUm dia conseguirei abstrair o tempo que levei para ler um livro ao avaliar sua qualidade, mas hoje não é este dia. Achei que pudesse ser ressaca literária, mas tem algo no ritmo de Velocidade, de Dean Koontz, que vai de encontro ao que o título parece sugerir. Porque independente do fato de alguns capítulos (todos eles curtos) terminarem de maneira marcante e do escritor, que não conhecia, ter seus momentos inspirados, não dava vontade de ler. O que certamente não é algo de mais positivo que posso dizer a respeito de um thriller. Dito isso, a trama é satisfatória, com uma bela conclusão que resvala em interessantes aspectos morais da condição humana, magistralmente colocados por seu autor, famoso no gênero de horror.
Acompanhamos basicamente Billy Wiles numa espiral de pesadelo quando se vê pressionado por um serial killer a tomar decisões que ocasionam a definição de suas próximas vítimas num verdadeiro jogo, ou performance, diabólico. O jogo, do meio para o fim, passa para o de gato e rato quando Billy contra-ataca com particular agudeza em sua busca frenética à identidade do assassino. A parte o uso contido de celulares e Internet, o estilo old school do escritor me remeteu aos anos 80, o que pode ser explicado pela reclusão autoimposta do protagonista.
Amargo e seco, Billy se destaca dentro da figura do inocente perseguido, popularizado por Alfred Hitchcock, por não ser tão inocente assim e principalmente pelo papel do acaso em seu passado sombrio. Quanto ao futuro, pode-se dizer promissor enquanto ele se torna principal agente dentro de seu núcleo, o que contrasta com as previsões pessimistas de seus conterrâneos, de animais humanizados e homens perdendo lutas contra máquinas.
Outra característica é o desconforto quase que físico de algumas passagens mais fortes, que, bem, só para os mais fortes mesmo. Forte, sóbrio, pesado, sólido, apenas adjetivos que eu não associaria imediatamente com algo veloz. Eu seguramente não li voando.