Coisas que ninguém sabe

Coisas que ninguém sabe Alessandro D'Avenia




Resenhas - Coisas Que Ninguém Sabe


14 encontrados | exibindo 1 a 14


Manuella_3 20/02/2014

Coisas nossas e de todos nós
Coisas que ninguém sabe
Alessandro D’Avenia – 378 páginas – Bertrand Brasil

De antemão, quero avisar aos futuros leitores de ‘Coisas que ninguém sabe’: não é um livro cheio de ação e aventura, não dá para ler todo de uma vez. É um livro para ser saboreado lentamente, apreciado. Daqueles que pedem pausas, entre suspiros. Porque encerra reflexões, convida o leitor a pensar na vida, nas dores, nos valores, nos amores... (pode ser assim mesmo, rimando, porque também é poético). É leitura recomendada para quem quer a profundidade das palavras, quem aprecia a construção perfeita das frases, quem gosta de divagar no pensamento do autor. E como ele é criativo! Não do tipo que inventa coisas. Mas que as recria, dá significados novos, olha profundamente para algo que se vê todo dia e mal se percebe. Tinge o habitual com nuances novas, ternas.

A narrativa, em terceira pessoa, alterna três personagens, embora Margherita seja a principal. Ao longo do livro há citações em italiano, traduzidas no rodapé ou na fala da avó de Margherita. O título do livro também é uma expressão recorrente na leitura, tanto para fechar um pensamento do autor, uma dúvida da personagem ou para instigar o leitor

Margherita é uma adolescente que vai iniciar o Liceu (equivalente ao nosso ensino médio) na Itália. Está apreensiva com os novos amigos, a nova escola e, principalmente, com as dificuldades que marcam a passagem da infância para a adolescência. A dor se apresenta à nossa menina: o pai saiu de casa, sem explicações.

'Gostaria (...) de esquecer todas as dores da vida. Mas não é possível esquecer amores e dores. Talvez porque coincidam com a vida.' (p. 320)

Giulio é um adolescente da nova escola de Margherita, mais velho e, como dizem por estas bandas, foi ‘talhado na dor’. Não tem família, usa a solidão como couraça para se proteger das crueldades da vida.

'Quem conhece a dor reproduz-lhe o eco por toda a vida, como as conchas fazem com o mar.' (p. 29)

O Professor (assim mesmo, sem nome) é um apaixonado pela literatura e se refugia nos livros para não enfrentar a realidade. Adulto, mas negando-se a crescer. A namorada, por quem é apaixonado, quer casar, formar uma família. Apresenta aos alunos a Odisseia de Homero e, assim, desperta a coragem de Margherita...

'- Demonstra-me, as palavras não bastam. Nem mesmo as belas. Não é a poesia que faz um amor, professor, mas o contrário!' (p. 141)

Personagens secundárias dão uma cor incrível à vida de Margherita, como a amiga Martha, o irmão Andrea e a avó Teresa (minha preferida).

D’Avenia conta uma história sensível e emocionante, em que as personagens vão amadurecendo gradualmente, experimentando a dor, o amor e o medo, correndo riscos. No encontro entre elas as descobertas são transformadoras, cada uma acrescentando algo especial. Assim, cria personagens tridimensionais, tão humanizadas pelas tentativas de acerto em busca da felicidade.

‘(...) onde a dor se esconde, cresce a madrepérola da vida.' (p. 131)

É sobre a vida que o livro fala, sobre nossa relação com o outro e com nós mesmos. Como aprendemos com as experiências, sejam boas ou más. Usando metáforas ao longo da prosa, como a da formação da pérola, que só se forma após a provocação do predador, reflete conosco que é preciso experimentar a vida em sua plenitude, mesmo sendo um processo tão doloroso quanto valioso. Dá espaço para que cada um imagine, reflita, (re)construa suas questões pessoais. São as ‘coisas que ninguém sabe’, coisas nossas e de todos nós.
Euflauzino 20/02/2014minha estante
é querida manu, há livros pra se aventurar e outros pra se refletir. gosto de ambos, porém o que realmente me chama a atenção é aquela frase que você lê, relê, pensa, refaz o caminho, retorna ao parágrafo e não consegue sair de lá por causa da beleza, porque lhe toca fundo. muitas vezes a resignificação é mais preciosa que a criação, porque na criação temos a novidade, na recriação temos a criatividade.
e tem mais, o psicológico, as relações interpessoais, tudo me chama a atenção, me faz refém. então por que não me jogar de cabeça numa leitura assim? se já sorvi cada palavra sua, cada parecer, cada pedacinho de pensamento seu jogado por aqui. este livro já está na mira e a culpa é sua!


Manuella_3 20/02/2014minha estante
Hahaha, é tão bom ser culpada por coisas boas! Valeu, Rodolfo!


Renata CCS 17/03/2014minha estante
Mais um para a minha lista de futuras aquisições!




Maria - Blog Pétalas de Liberdade 21/12/2020

Resenha para o Blog Pétalas de Liberdade
A história é narrada em terceira pessoa e nos apresenta Margherita, uma garota que acaba de completar 14 anos e está nervosa por começar a estudar no liceu (na Itália, o liceu começa no nosso oitavo ano).

Além da ansiedade pela escola nova, Margherita também precisará lidar com o fato de que seu pai, de quem ela era muito próxima, sai de casa sem dar explicação.

Andrea, seu irmão mais novo e que tem cinco anos, se refugia nos desenhos que faz. Eleonora, a mãe, parece não ser capaz de explicar o motivo de o pai ter ido embora. A avô Teresa tenta ajudar com suas histórias, flores e comidas.

Margherita faz uma nova amiga na escola, Marta. Lá, também conhece Giulio, um garoto mais velho, órfão e meio rebelde.

E há um professor novo que pretende ler a Odisseia, clássico poema de Homero, com a turma. Esse professor era apaixonado pelos livros e namorava Stella, mas estava passando por problemas no relacionamento por ter medo de se casar.

Inspirada pelo personagem do livro que o professor lia para a turma e pelos conselhos da avó, Margherita quer ir atrás do pai, trazê-lo de volta. Será que ela conseguirá?

Alessandro D'Avenia é autor de um dos meus livros favoritos, então aproveitei o Kindle Unlimited para ler os outros dois livros anteriores dele. "Coisas que ninguém sabe" não superou "O que o inferno não é", mas foi mais fácil para mim gostar mais dele do que de "Branca como o leite, vermelha como o sangue" (que já resenhei aqui para vocês), talvez por Margherita ser um pouco mais branda e mais doce que o Leo, protagonista de "Branca como o leite, vermelha como o sangue".

Em comum, além do fato de ambos estarem no liceu e serem adolescentes, os protagonistas dos dois livros se revoltam na escola, com seus professores/mentores, quando não obtém as respostas que desejam para as dores da adolescência que sentem.

Mas, em "Coisas que ninguém sabe", há um número maior de personagens do que em "Branca como o leite, vermelha como o sangue", e cada um deles traz seus dilemas e medos, que os outros personagens nem sempre percebem. Afinal, há tantas coisas que ninguém sabe...

Gostei de como é mostrado que os livros podem tocar uma pessoa e inspirá-la, como aconteceu com Margherita, e também da mensagem de que não podemos usar os livros para fugir da vida, como fazia o professor.

Porém, há muitos parágrafos onde o autor para de falar dos personagens e começa a fazer divagações sobre a vida, fazer descrições que não estão necessariamente ligadas ao enredo, e isso me cansou um pouco (fui até procurar se tinha isso em "O que o inferno não é" mas não tem).

Entre 50 e 75% o enredo ficou mais envolvente, mas senti que ficou faltando uma cena onde um determinado acidente fosse melhor explicado. Acho também que o passado de Giulio poderia ter sido melhor desenvolvido, a "cura" dele e de seu coração.

"O que o inferno não é" continua sendo meu livro favorito entre os três do autor, mas recomendo "Coisas que ninguém sabe" para quem gosta de livros onde o poder da literatura move os personagens, de livros que mostrem adolescentes crescendo e que fale sobre famílias enfrentando suas dificuldades.

site: https://petalasdeliberdade.blogspot.com/2020/07/resenha-livro-coisas-que-ninguem-sabe.html
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José Carlos 18/08/2021

Sem pretensão, li, e me surpreendi!
Que livro fantástico, poético, delicioso de ler! Adquirido devido a minha compulsão por promoções, peguei para ler sem nenhuma pretensão! E que leitura! Lógico que já fui atrás de outras obras do autor!
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Yasmin 06/06/2013

Escrita poética, cheia de sentimentos e uma visão única do mundo.

Quando solicitei o novo livro do autor italiano Alessandro D'Avenia não fazia ideia do que esperar. Já tinha ouvido muitas críticas positivas ao primeiro livro do autor e outros tantos comentários ansiosos pela nova história, mas jamais imaginei gostar tanto de um livro. Não pela história, que é até comum, mas pela escrita única e poética permeada por referências literárias e reflexões. Estou encantada com a capacidade de recriar, reimaginar e enxergar o cotidiano de forma tão única. Sentimentos e palavras de forma nunca vista antes.

Margherita está entrando no primeiro ano do liceu, algo como o começo do ensino médio, porém na Itália o liceu possui quatro anos, portanto um ano antes do daqui. Cheia de medos e temores, afinal um novo colégio, novos amigos, novos professores e novas experiências podem ser assustadoras na sua idade. Ela não se sente segura para enfrentar aquele mundo e tudo piora quando na véspera do começo das aulas seu pai deixa uma mensagem na secretária eletrônica avisando que não voltará para casa. Simplesmente partiu sem se despedir e sem explicações. Margherita se sente traída e abandonada por todos. E o começo das aulas não poderia ser mais incomodo, fora de hora e errado. No contra ponto temos a história do professor, que começa a dar aulas no colégio de Margherita. Apaixonado por livros ele acha mais fácil se entender com as páginas do que com Stella, a namorada que quer casar. Entende o amor nos livros, mas não consegue transpor os próprios medos na realidade e permitir-se amar. Fechando a ponta tem Giulio, três anos mais velho que Margherita e acostumado a solidão. Fechou-se para o mundo quando a mãe morreu, observador e solitário encontra-se fascinado pela dor tão transparente no rosto e nos gestos de Margherita.

Um trio de protagonistas improváveis e um desenrolar simples em belas palavras. Esse é o ponto de partida da história contada por D'Avenia. De uma maneira sensível e desconcertante o autor nos leva a uma imersão completa nos dramas dos personagens de sua história. Toda a narrativa é permeada de sentimentos, por pensamentos sutis e metáforas profundas sobre tudo, sobre as tantas perguntas da vida que são sem respostas. A vida através dos olhos de três pessoas singulares em momentos únicos de suas vidas. A sensação é de estar presenciando o momento que antecede a descoberta. Aliada a belas descrições e um ambiente vívido a trama segue um ritmo linear, subjetivo e cheio de clareza, que entrelaça leitor e personagens numa linha de pensamento e análise. A beleza da dor, do amor, de enxergar o mundo com outro olhar, mais claro e sincero. E essa capacidade do autor de ligar ambos é fascinante.

Os personagens são marcantes e impressionam pela complexidade tímida. Gostei bastante da forma despreocupada com que o autor fala dos assuntos. Uma narrativa tão poética, repleta de referências literárias e ligada de forma tão afetuosa a Odisseia, mas que conquista o leitor. É tocante, chegando a um nível de profundidade pouco visto, mas que fica com o leitor de forma tão simples. O autor consegue captar o momento de forma tão única, algo que poderia ser descrito como o momento em que nos damos conta que certas perguntas só terão respostas se vivermos. Três personagens interligados não pelo caminho, mas pelos erros, medos e acertos do momento à parte em que vivem

Leitura agradável e gratificante, com um final ótimo, uma narrativa inesquecível e reveladora. Fiquei surpresa com Alessandro D'Avenia já nas primeiras páginas. Um autor que merece sua atenção e que recria vidas comuns e cotidianas de forma singular. A edição da (...)

Termine o último parágrafo em: http://www.cultivandoaleitura.com/2013/06/resenha-coisas-que-ninguem-sabe.html

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fred 11/05/2017

Sensibilidade e realidade
Um livro espetacular, com grandes descrições e metáforas para uma vida inteira... Ele nos apresenta situações do cotidiano de uma forma que todos vivemos mas poucos refletem. O livro nos vai levando pouco a pouco até a alegria de viver, mesmo nessa vida cheia de coisas que ninguém sabe...
Cris 19/05/2019minha estante
Vou começar a leitura no meu kindle. Obtida pela resenha


Cris 19/05/2019minha estante
Vou começar a leitura agora no meu kindle. Obrigada pela resenha.




Sophia 27/12/2019

abandonei
chato. Apesar da situação da protagonista ser bem dramática de certa forma ser justificável suas ações imaturas (ainda mais pela idade), existem outros personagens que conseguem ser mais chatos que ela. Ela tem uma avó que as vezes fala coisas sensatas e outras só fala abobrinha. O professor é um chato metido a cult. O outro personagem bad boy de olho claro é chato e que gera o total de 0 interesse. Dessa história o personagem menos odiado é o Andrea, o irmão mais novo da protagonista principal e o unico que mal aparece.

As vezes parece que o autor sabe o quanto a menina é chata, porque ele abusa da paciência do leitor tentando enfiar aquela amiga doida e sua família mais doida ainda goela abaixo do leitor. Nada de interessante... tempo e dinheiro perdido
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Manuela do Prado 18/01/2022

Um livro para quem curte animes slice of life ("fatia da vida") somado ao drama da transição para a vida adulta. Coisas que ninguém sabe, do escritor do aclamado "Branca como leite, Vermelha como sangue" aborda o dilema de Margherita que, as vésperas do liceu (espécie de ensino médio italiano), vê sua vida abalada pela partida repentina do pai.

O livro mistura as perspectivas de Margherita junto à personagens secundários que, em algum momento, contribuem para a jornada da protagonista: o encontro do primeiro amor, a busca pelo pai desertor, os conflitos de identidade com os novos eventos da adolescência, a estabilização do relacionamento abalado com a mãe.

O autor, que no decorrer da jornada da personagem, mistura um amontoado exagerado de provérbios italianos, conselhos sobre a existência e indicações literárias forçadas, torna um livro que poderia sem tanto mais curto quanto menos dramático em uma experiência literária arrastada e preguiçosa- a leitura se torna enfadonha depois da primeira centena de páginas.

Não acho que seja de todo ruim, apenas, talvez, uma experiência que melhor abrace leitores com o perfil semelhante ao da protagonista ou sensíveis ao estilo de narrativa trabalhada por Alessandro

site: @viveprale
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Ratinha de Biblioteca 22/05/2023

Poesia em forma de Prosa
Que história linda! Não é estruturada, com tudo contado tintim por tintim. Por isso, o ritmo é lento e acompanhamos o fio de várias histórias.
A personagem principal é Margherita, uma jovem de 14 anos que acaba de entrar no liceu (espécie de ensino médio com cinco anos de duração). Além da mudança de ambiente, Margherita precisa lidar com a separação dos pais, que ela não entende. O pai simplesmente os abandonou, a ela, a mãe e Andrea, seu irmão de cinco anos.
Achei que se tratasse de um infanto-juvenil, mas há as histórias de Eleonora (mãe de Margherita) e seu marido; Teresa (avó de Margherita) e seu amado Pietro; o professor de Margherita e sua amada Stella; Marta, amiga de Margherita do liceu e sua família de mais seis membros e Giulio. O rapaz de olhos transparentes de tão azuis e cabelos pretos que irá ajudá-la a atravessar o mar em busca de sua Ítaca. Ok, não entendeu! O livro faz referência a vários outros livros, numa intertextualidade muito poética. "O Pequeno Príncipe" e "Odisseia" são os mais presentes. Não há spoilers, apenas referências a personagens e cenários. Mas, se não leu nenhum deles, talvez te desperte a vontade de ler. Ou reler, como é o meu caso! Afinal, terminamos o livro com a certeza de que "Deus criou o homem para o escutar contar histórias".
Margô 11/06/2023minha estante
Ótimo comentário Cíntia!! ????????


Ratinha de Biblioteca 12/06/2023minha estante
Obrigada, Margô! ?? Este livro é inspirador! ?


Margô 12/06/2023minha estante
????????




Jacqueline 14/05/2013

publicada originalmente em http://www.mybooklit.blogspot.com.br
D'Avenia é doutor em Letras Clássicas, professor e roteirista. Seu primeiro romance entitulado: Branca como o leite, vermelha como o sangue, foi aclamado pela crítica e teve seus direitos vendidos para o cinema.
Coisas que ninguém sabe, seu segundo livro, chegou em minhas mãos em um momento oportuno. Estava precisando de uma leitura profunda, que pudesse transmitir uma mensagem que ficaria gravada um bom tempo na minha mente, me fazendo refletir, e foi examente este o efeito que a obra teve sobre mim.

A jovem Margherita, de 14 anos, está para começar seu primeiro ano do Liceu (que corresponde ao nosso Ensino Médio). O que seria uma experiência totalmente nova e empolgante, se torna uma complicada tarefa após receber uma mensagem do pai que resolveu ir embora sem dar nenhuma explicação. A menina que antes era alegre e cheia de esperança, se entrega a uma dor pungente que a levará em uma jornada rumo à maturidade. Em seu caminho, ela irá se deparar com uma amiga que está sempre disposta a levantar seu astral, um dedicado professor que irá lhe encorajar a ir em busca de seu pai, e um garoto solitário de olhos quase brancos, e cabelos negros, que não possui nada a perder.

Alessandro possui uma narrativa carregada de sensibilidade e singeleza, que revela o interior dos personagens de modo magistral.
O livro é narrado em terceira pessoa, e o autor acertou em escolher este tipo de narrativa, pois assim temos uma visão mais ampla da vida de todos os personagens. A história de Margherita é peça central, porém, acompanhamos o dilema do professor que se encontra temeroso de levar seu relacionamento adiante, e também a mudança visível na vida de Giulio, um rapaz solitário e frio que encontra nos olhos de Margherita uma tristeza que o leva a questionar sobre a sua própria tristeza e solidão. A vida dos três personagens se entrelaça de um modo irreversível, modificando suas certezas para sempre.

Continue lendo em: http://mybooklit.blogspot.com.br/2013/05/resenha-coisas-que-ninguem-sabe.html#.UZI9dFdeBb8
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Psychobooks 20/05/2013

Classificado com 4,5 estrelas no Psychobooks

www.psychobooks.com.br

Eu já tinha ouvido falar de Alessandro D'Avenia na época que foi lançado no Brasil seu primeiro livro 'Branca como leite, Vermelha como sangue', mas infelizmente não tive a a oportunidade de ler o livro. Então minhas expectativas estavam um pouco altas para a leitura de 'Coisas que Ninguém sabe', a capa me conquistou e a sinopse (o pouco que li) pareceu bem interessante.

- Enredo

Margherita tem 14 anos e vai começar uma nova etapa em sua vida, o liceu (equivalente ao ensino médio). Temerosa por não conhecer ninguém na nova escola e deixar para trás a infância, ela sente estar andando em uma corda bamba como a maioria dos adolescentes. Mas seu mundo cai após escutar a mensagem de seu pai na secretária eletrônica, informando que ele não voltará para casa.
Destroçada pela separação dos seus pais, Margherita irá buscar forças na sabedoria de sua avó, em seus novos amigos e encontrará a solução dos seus problemas em Odisséia de Homero, apresentada por um professor apaixonado por livros.

- Personagens e Narrativa

A narrativa é feita em terceira pessoa, sob o ponto de vista de diversos personagens, mas principalmente por Margherita, o professor e Giuliano.

O professor é um jovem sonhador, apaixonado por livros, mas que não consegue, ou não tem coragem, para se entregar ao amor em sua verdadeira forma. Ele prefere comprar livros a pagar seu aluguel e foge sempre que alguém tenta lhe tirar da sua zona de conforto.
Giuliano tem os olhos frios de um adolescente que teve uma infância nada feliz. Aos poucos, vamos conhecendo sua história e motivações. É o personagem que mais me conquistou, a partir de sua fragilidade ele aprendeu a se virar sozinho e crescer como pessoa, tornando-se um indivíduo digno.

Não pense que por ter personagens jovens, essa será uma leitura superficial, muito pelo contrário. Com uma escrita única, repleta de elementos poéticos, o autor irá usar temas como a descoberta do amor, decepção, amizade, família e crescimento pessoal, para criar devaneios filosóficos que irá estimular o leitor a repensar alguns conceitos.
Esse é um daqueles livros para se ler com calma, tranquilidade e ser surpreendido pela beleza das palavras e o significado delas. Um ponto interessante é que em meio a tantas referências de obras de peso como Odisséia, o autor também cita músicas e filmes atuais como Pearl Jam e Hitch, conselheiro amoroso. Essa mistura, confere à história um toque realista, deixa os personagens mais críveis e tridimensionais. O autor também encontrou o equilíbrio perfeito nas ações dos personagens, nem tudo são flores ou trevas e para toda ação, existe uma reação, que nem sempre é a esperada.

- Concluindo

Leitura mais que recomendada, na verdade, a melhor do mês de abril (época em que li a obra). Vale salientar que não é uma leitura para qualquer um, com sua escrita poética e escassez de cenas de ação, não irá agradar àqueles que procurar uma leitura rápida e despretensiosa Mas se o que você procura é algo para refletir, com palavras que foram usadas de uma forma única, esse é o livro certo para você.
Obs: fiquei com uma vontade imensa de começar a ler Odisséia.

"Um livro pode conter todo o caos do mundo, mas suas páginas são costuradas juntas e numeradas. O caos não foge dali. (...)"
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Milla 11/03/2014

Uma beleza estranha
Coisas que ninguém sabe é uma leitura difícil, apesar de ser juvenil, o autor usa de uma linguagem cheia de metáforas, erudita e extremamente poética (não gosto!). Não é o meu tipo favorito, me afetou, mas não me arrebatou. D'Avenia me ganhou na construção dos personagens e na forma que desenvolveu sua trama. Transformando o comum em especial.

Margherita, aos 14, está a começar o liceu (ensino médio) quando recebe a notícia que seu pai foi embora de casa. Agora, está em crise. Mas aos poucos junta em si coragem, incentivada pela avó, um professor e um colega da escola, a empreender-se numa viagem em busca do pai.

Há uma beleza estranha na lenta composição e exposição dos fatos.

Primeiro, não se sabe por que e para onde partiu o pai de Margherita. É um livro dramático e em crise como tende a ser essa fase da vida das pessoas. Margherita é difícil de simpaticar, há na personagem um lado que causa encanto de identificação e repulsa de impaciência no leitor. Ela é exatamente como são as meninas de quatorzeanos que chegam nessa zona de conflito interno que não é nem a infância nem a adolescência. Somando ao fato de ter sido abandonada pelo pai (quando um homem vai embora, ele trai mais sua filha do que sua esposa), de estar iniciando uma nova fase na escola (que inclui toda a disputa pelas menininhas buscando sua autoafirmação) e de estar descobrindo o novo amor (um grande mistério e aventura), o autor consegue construir com perfeição essa personagem em seus questionamentos e crises.

Os outros personagens também são bem feitos. Seu irmão com a ingenuidade de uma criança de seis anos, Marta como a amiga de uma família completamente diferente, que usa das abstrações do horóscopo para se proteger das inseguranças dessa fase; a própria mãe não tem respostas a oferecer aos seus filhos e, além de cuidar da própria dor, precisa ampará-los. A avó foi a personagem que menos gostei e mais me deixou impaciente o tempo inteiro, cara vez que ela aparecia eu fica estressada. Outro personagem sensacional é o professor de latim/italiano que não segue o que prega.

Um livro lindo e delicado, que exige muito do leitor por não ser nem um pouco banal, por conter elementos comuns, por mostrar beleza no cotidiano, nas inquietações de cada um.

site: http://www.amorporclassico.com/2014/03/coisas-que-ninguem-sabe-alessandro.html
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Cris 22/06/2019

A princípio leitura poética de um drama adolescente. Uma família estruturada se vê sem o pai que simplesmente sai de casa sem dar explicação a ninguém. A filha adolescente Margherita se refugia em sua dor de saudade do pai ......busca ajuda com sua melhor amiga Marta. Encontra o primeiro amor . E a procura de seu pai sofre um grave acidente.
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Maiara 03/02/2020

null
Margherita, um pouco em colapso pelo início das aulas no Liceu, faz uma nova amiga e uma "paixonite". Logo depois descobre que seus pais se separaram, sem motivo explicado, e ela culpa a mãe. Ao mesmo tempo, é contada a história do professor que ama a profissão e a literarura, mas tem medo de um relacionamento mais sério. Também é apresentada a história de Giulio, a "paixonite", ele é órfão, vive com rancor e a dúvida do motivo de ter sido abandonado, e com toda essa rejeição acabar sendo um "bad boy". E é claro que o casal vai fazer uma viajem do nada...
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