Marina.Cotrim 05/02/2018Esse livro se beneficiaria muito daquela regrinha básica do cinema (aplicada nos melhores livros também): mostre, não conte.
Primeiro, somos apresentados a uma personagem moderadamente interessante, uma senhora de meia idade que vai tirar férias sozinha em Paris. Em seguida, descobrimos a premissa do livro: o irmão dela pediu que ela aproveitasse a viagem para ir atrás do sobrinho, que estaria na cidade há algum tempo, sem dar sinais de que voltaria para a casa dos pais.
O que se segue é uma vã tentativa de justificar o porquê de Bea (a tia) se envolver tanto nessa história. Afinal, ela não vê o irmão há anos e a relação entre eles é péssima. Pra piorar, ele é incapaz de se comunicar com ela sem grosserias.
Eventualmente, tomamos conhecimento do ex-marido de Bea, que aparentemente teve um impacto tremendo na vida dela. Na verdade, pelo que nos é contato no livro, a vida dela se resume a se apaixonar por ele, casar, ser abandonada e passar o resto da vida pensando no ex-marido. Entretanto, não fica claro como isso influenciou no envolvimento dela com a história do sobrinho (ok, o marido era arrogante, o irmão também, mas só). Também não é apresentada nenhuma explicação para o fato de ela ser tão suscetível a eles.
Quanto ao trabalho dela, só é mencionado para que possamos ver o quanto os personagens masculinos o desprezam.
Conforme ela vai se envolvendo no caso do sobrinho Julian, inúmeros outros personagens aparecem. Como são basicamente caricaturas, a autora, de maneira totalmente artificial, faz com que a vida deles gravite em torno de Bea, e vice-versa.
Quando descobri que ela se inspirou no romance de Henry James, Os Embaixadores, só pude deduzir que o desejo de fazer uma releitura era tão grande que ela ignorou todo o resto.
A impressão final é de que sobrou discurso e faltou conteúdo.