Quando recebi as opções de livro desse mês estava inclinada a pedir outro, fora da lista, mas eu estava com muitos livros grandes para ler e a possibilidade de sair da minha zona de conforto literário animou algo dentro de mim. Já tinha ouvido falar do sucesso do filme de David Cronenberg e decidi arriscar. Estava na hora de ler algo diferente. E realmente foi isso que aconteceu. "Cosmópolis" é um livro para poucos. Difícil de ler, repleto de alegorias e com um tom sátiro que ora funciona muito bem e ora torna a narrativa chata.
A história de Eric se passa no ano 2000 e em apenas um dia. Eric é brilhante, detalhista e se tornou um prodígio no setor financeiro com suas previsões de mercado e uso de teorias matemáticas para examinar padrões e prever o comportamento da economia e por consequência das bolsas de valores. É odiado e amado por seu talento. Em um dia particularmente quente e confuso Eric passa o dia em sua limusine no trânsito de NY. A última previsão dele parece estar errada e já perdeu milhões antes mesmo de o dia chegar à metade, mesmo assim não ouve os conselhos que recebe. É com esse fundo que acompanhamos a confusão que é a história de Cosmópolis. No caminho Eric passa por diversos lugares e faz diversas coisas dentro da limusine. É nesse cenário que conhecemos um personagem estranho, complexo, desligado de qualquer humanidade, obcecado com sua saúde e que já perdeu o prazer pelo que faz. Ganhar dinheiro e acertar suas previsões virou mero jogo. No transcorrer do dia, diversos acontecimentos e encontros interferem ainda mais no emocional de Eric.
A narrativa é estranha e o ritmo é como um fôlego longo alternado com quebras rápidas. Os pensamentos do personagem no meio dos diálogos transforma o livro e algumas passagens são muito malucas. Não estou certa que compreendi muito bem o protagonista. A maioria dos seus diálogos são inteligentes e filosóficos, mas não fazem sentido. Ele vive alheio a relações emocionais verdadeiras. De todas as conversas ficou a impressão que ele fala sozinho, sabe tão alheio as outras pessoas. O autor consegue lá em 2003 de uma sociedade muito parecida com a atual. No transcorrer do dia Eric vai acumulando observações sobre as ruas lá fora. O fluxo da cidade, as pessoas, e sobre ele mesmo. Não é um tipo de narrativa que agrada a muitos e não funciona muito bem na construção de uma trama sólida. Tanto que o livro acontece mesmo é na parte final. Ali alguma coisa é construída para chegar aquele desfecho.
É uma leitura que se você distrair um minuto tem que voltar e ler de novo o trecho. Estou muito curiosa para assistir ao filme e ver como ficou afinal o filme foi elogiado pela crítica e o livro também é um sucesso de crítica. Uma (...)
Termine de ler em: http://cultivandoaleitura.blogspot.com.br/2012/06/resenha-cosmopolis.html