MartinsDe'Aries 19/12/2013
O INFINITO CAOSMOS DE DELEUZE E GUATTARI
Os filósofos Deleuze e Guattari escrevem que "pedimos por um pouco de ordem", por uma linha de segurança para assim chegarmos a formar uma opinião que nos defenda como um guarda-sol das intensas ondas de Caos. No âmago das formulações humanas há a vontade da ordem e da lógica na existência, a ânsia de concatenar idéias em uma linearidade de espaço e tempo que impeça a fantasia de engendrar suas bestas celestiais na realidade; essa vontade colocou-nos na corda guia, porém, estática, como a forca segura de um morto suspenso, parado. Será necessário construir novas variáveis que possam guiar nossa existência frente ao infinito que, nesse instante, impregna todo o espaço pensável, como a imensidão do incolor. Pensar sem pontos de referência incomoda.
Buscando criar sistemas seguros, onde a repetição implica uma ordem correspondente entre passado presente e futuro, por isso para a espécie humana, adquirir conhecimento sobre a vida é construir um manto que nos impeça de sentir os ventos gélidos da incerteza, a vertigem que insurge quando não se tem mais "o em cima" e "o embaixo" o ar se torna frio e rarefeito. Encontrar a correspondência entre as repetições é a busca para formar uma noção, uma opinião, uma espécie de guarda-sol que nos proteja, que nos de opiniões prontas como diz Deleuze e Guattari. As opiniões são feitas de toda essa busca por um ponto de origem, por uma série fixa, desejo de segurança.
O cientista, como o artista e o filósofo, mergulham no caos infinito, nos vórtices violentos do pensamento, da imanência de desse espaço caótico, a-formal. Retiram do caos suas criações, sem se perder nesse grande oceano revolto do pensamento. O artista, o cientista e o filósofo, embora vivam inerentes a uma comunidade que tem como esteio opiniões prontas, noções já formuladas, que os próprios membros dessa sociedade não conhecem a gênese da criação das noções utilizadas para subsídio, para segurança da vida.
A arte, a ciência, a filosofia vão de um encontro violento a opiniões prontas, a tudo aquilo que se torna obsoleto; o filósofo, o artista e o cientista, mergulham completamente no caos, abrem uma fenda no guarda-sol para que possa passar um pouco do caos, de ar novo, daquilo que tenciona o pensamento obrigando-o a alçar novo voo esse mar caótico do infinito e a trazer dessa rapina uma nova iguaria!
Essa luta contra o Caos é o que nos torna combatentes pelo saber, essa luta, pensam os autores, implica afinidade com o inimigo, porque outra batalha se faz necessária, um "combate contra" a opinião, essa que outrora tentou nos proteger do Caos.
Efetuar destruições para que possa ser visto algo que estava encoberto pelos clichês, que estava imerso na penumbra das opiniões; produzir essas destruições é o que faz o Artista, o Cientista e o Filósofo, mesmo quando parecem lutar contra si mesmo, sabendo que inúmeras opiniões nasceram de perspectivas científicas, mas que se cristalizam, tornam-se estáticas; a afinidade com o caos acaba por empreender uma batalha contra as opiniões prontas, imóveis, que semelhantes à água parada, acabam por definhar e apodrecer.
ARTE. CIÊNCIA. FILOSOFIA. POESIA. CAOS. INFINITO.
Fragmento da pesquisa sobre os Filósofos Deleuze e Guattari.
Trabalho de Conclusão de Curso. FILOSOFIA. De Áries, Felipe Martins.
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