nenos 25/06/2023
“Some people are willing to watch the world burn, as long as it fits in their agenda.”
A bolsa está longe de ser um local acolhedor onde as pessoas se reúnem não com a intenção de tentarem ser mais espertas, mas com a tarefa honesta de analisar valores intrínsecos como sócios de empreendimentos. É compreensível quando o público pensa sobre a Bolsa como um reduto de marginais que prevalecem sob os olhares complacentes das autoridades. Até nos cassinos do Velho Oeste existiam os profetas com suas análises que extrapolam cálculos fidedignos, no intuito de disseminar chauvinismos do Novo Mundo. Mas o mercado não é um cassino do Velho Oeste, e mesmo que fosse, sabemos que a casa sempre ganha.
Sr. Decio Bazin, ex-jornalista do jornal Estado de S. Paulo, investidor e corretor, participou do mercado acionário Brasileiro em uma época ainda estrutural e concomitante com o império Graham-Newman, ou seja, onde o misticismo ainda reinava. Em sua narrativa, ele nos traz diversas reflexões sobre o comportamento usual da época para com os acontecimentos e, por mais que não cita como referência no livro, refina o value-investing de Ben Graham com seu método de identificar o preço justo através dos dividendos.
O autor disserta veemente sobre “a única motivação”, os dividendos. Segundo ele, com a amálgama de álgebra elementar e conhecimento de mercado, há um preço justo em função do dividendo para se obter um resultado financeiro acima de títulos. Os dividendos, ou seja, os rendimentos da empresa partilhadas entre os sócios, são referenciais previdenciários que constituem uma grande parte da renda norte-americana enquanto o cenário pitoresco da macroeconomia nunca se concretiza.
Diferente de outros segmentos, na selva dos investimentos não há um ouvidor para atender de modo civilizado as reclamações legítimas e, segundo o autor, um dos personagens influentes como a imprensa, só dá espaço para fatos escandalosos, cria heróis, arruína reputações e dissemina verborragias com sofismas com aparência de seriedade como se a Bolsa fosse uma espécie de termômetro instantâneo da vida econômica e política do País. O que não é.
Desconstruindo os mais diversos sofismas, Sr. Décio aprofunda nos personagens atuantes da bolsa que são: O manipulador, especulador, especulador novato, investidor institucional (fundos de pensão e seguradoras) e investidor pessoa física. Os manipuladores, por exemplo, são personagens magnânimos com poder de criar condições que advém de um grande capital como o caso Naji Nahas, o megaespeculador conhecido por “Quebrar a bolsa” do Rio de Janeiro.
O que nos leva ao último questionamento: O sistema político e jurídico era de todo consolidado para que se contenha apenas os lunáticos e com capacidade de interligar os mais amplos escândalos financeiros com a aplicação do direito adquirido, ato jurídico perfeito e a coisa julgada? Os últimos relatos marcantes do livro dizem sobre os que atrapalharam o mercado, os detratores, que são: A imprensa, o Governo, a CVM e a própria Bolsa.
A ofensiva do autor para com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) diz sobre um órgão que não tem moral para moralizar. Uma comissão que se revelou extremamente burocrática, um Offspring da Securities & Exchange Comission (SEC) criada para impedir práticas escusas na época do regime militar, porém, submetida à vontade discricionária do ministro da Fazenda, ou seja, longe de atingir a maioridade para agir com independência e imparcialidade com seus inquéritos conhecidos por regredir a nossa própria lei.
Link dos meus highlights: https://drive.google.com/file/d/1mp748NNAlN-DMgCPXvTLvf6VXzMTwslh/view?usp=share_link
Ofensiva contra a CVM: https://drive.google.com/file/d/1rNWpn6Ki7I9rOLhGeT5LWjoWY86t9XWR/view?usp=sharing