Helder
12/10/2013PsicoticoUm dos livros mais sensacionais e mais psicóticos que já li.
Normalmente costumo dar uma passada na sinopse do livro ao fazer uma resenha, para que a pessoa que passar por aqui, possa saber de que se trata o livro, além de ler minha opinião. Porém desta vez não vou falar nada da sinopse deste livro para permitir a você que está lendo esta resenha que seja surpreendido como fui por esta leitura. E recomendo: Não leia mais nenhuma resenha sobre ele. Vá direto ao livro.
Vamos então tentar focar somente na minha opinião sobre Garota Exemplar.
Tinha lido poucas coisas sobre este livro e acreditava que era um livro de suspense, porém ao começar a ler achei que tinha me enganado, pois estava mais para uma comedia romântica de Hollywood : Amy, a fofa, ama seu marido, que é um canalha idiota, aparentemente porque perdeu seu emprego e ficou um cara amargo. Mas sabemos que no fim eles voltarão a se amar e viverão felizes para sempre. Certo??
Este talvez fosse o livro 1, e seguiria assim se fosse algo de Danielle Steel, Nicholas Sparks (Nesse caso algum deles morreria no final) ou Emily Giffin e muitos outros livros feitos especialmente para mulheres e que tem se multiplicado nas livrarias.
Mas ai chega o livro 2. E toda a “fofura Danielle Steel Nicholas Sparks” da autora desaparece e levamos uma enorme rasteira quando vemos o quanto fomos enganados. E ai só me resta aplaudir a capacidade desta autora, que até agora para mim era uma grande desconhecida e que a partir de agora me terá como fiel leitor.
É difícil imaginar o trabalho da autora para montar esta estória. Imagino uma sala com um quadro cheio de post it. Só assim é possível contar a mesma estória, por dois pontos de vistas tão diferentes. E nos fazer amar e odiar tanto os personagens, como se estivéssemos numa montanha russa.
E além de ser um quebra cabeça perfeito o seu texto ainda é ótimo e extremamente cínico
“Na noite anterior, insone e nervoso, eu entrara na internet e assistira a Hugh Grant no programa de Leno em 1995 se justificando com o país por ter estado com uma prostituta. Gaguejando, vacilando, se remexendo como se não coubesse em sua própria pele. Mas sem desculpas: “Acho que na vida você sabe o que é uma coisa boa a fazer e o que é uma coisa ruim, e eu fiz uma coisa ruim... E aí está.” Cacete, o cara era bom — ele parecia constrangido, nervoso, tão abalado que você sentia vontade de pegar na mão dele e dizer: Amigo, não é tão grave assim, não se torture por causa disso. Que era o efeito que eu queria. Vi o vídeo tantas vezes que corria o risco de usar um sotaque britânico.” (pag 737 da vs digital)
“Meus obrigados sempre saem com bastante dificuldade. Não costumo distribuí-los. As pessoas fazem o que devem fazer e depois esperam que você as encha de palavras de gratidão — são como empregados de iogurteria que esperam gorjeta.” (Pag 753 na vs digital que eu li).
“O calor era violento. Clima de mangas de camisa, era como minha mãe teria descrito, sempre mais preocupada com o conforto de seus filhos do que com o termômetro. Clima de mangas de camisa, clima de casaco, clima de sobretudo, clima de parca — o Ano em Agasalhos. Para mim este ano seria clima de algemas, depois possivelmente clima de macacão de penitenciária. Ou clima de terno de funeral, pois eu não planejava ir para a cadeia. Eu me mataria antes.” (pag 811 na vs digital que li).
E ai vem o livro 3. E então pensei: É crueldade demais. É falta de vergonha na cara demais. É psicopatia demais. De Emily Griffin pulamos para Stephen King ou pensando em cinema, saímos de Nora Ephron para Hitchcock.
E o livro fecha de uma maneira que me deixou sem folego e com muita raiva. E confesso que não gostei muito, pois no fim o mal triunfou. E não venha me dizer que a vida real é assim. Difícil de acreditar em relacionamento tão insalubre. Até ali eu dava 6 estrelas para o livro. Como não acredito que aquela convivência pudesse ser possível, vou ficar só na nota 5 mesmo.
A última frase de Nick para Amy é perfeita, mas o mesmo vale para ele.
Tenho pena de Nick, porque toda manhã ele tem que acordar e ser Nick.
Leiam, leiam, leiam!!!!