Uma Passagem Para a Índia

Uma Passagem Para a Índia E. M. Forster




Resenhas - Uma Passagem Para a Índia


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otxjunior 10/08/2012

Uma Passagem para a Índia, E. M. Forster
Tarefa ingrata avaliar esse livro. Sou muito fã do Forster e Uma Passagem para a Índia é considerado seu melhor trabalho por muitos críticos e figura entre as principais obras do século XX. Além disso, foi adaptado para o cinema com direção de David Lean, que, por sinal, é um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Portanto, minhas expectativas eram altíssimas. Felizmente não fiquei nem um pouco decepcionado.
No final da década de 1920, Adela Quested, uma rica inglesa liberal, parte para a Índia, então sob domínio britânico, em companhia de sua futura sogra, a fim de encontrar Ronny Heaslop, seu noivo, e decidir-se sobre se casar e morar naquele país. No afã de conhecer a "Verdadeira Índia", ambas fazem amizade com o Dr. Aziz, um afável médico indiano. Durante uma excursão, em que o Dr. Aziz as leva para conhecer as Cavernas de Marabar, algo estranho então acontece e Adela acusa Aziz de tentar violentá-la.
A leitura é trabalhosa, mas vale o esforço. Em muitos momentos avançava para o glossário de termos hindus ou retornava algumas páginas para acompanhar com mais atenção os diálogos, os quais representam um importante papel na obra, estabelecendo as diferenças culturais entre indianos colonizados e os colonos ingleses. Nesse vaivém, Forster encanta o leitor com passagens de prosa incomparável. Seu retrato das relações sociais na Índia britânica é complexo e interessante. Os personagens, em sua maioria, são muito marcantes, principalmente a intensa Sra. Moore. Dessa forma, torna-se fácil a total imersão nessa Índia de cores vivas, cheiros exóticos e conflitos interculturais. Como numa viagem real ao subcontinente indiano, antecipei as saudades ao término de tão instigante leitura e devo regressar a Chandrapore em outras oportunidades.
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Leila 30/12/2023

Uma Passagem para a Índia, do autor E. M. Forster, é uma obra que apresenta uma abordagem inicialmente familiar sobre o choque cultural entre colonizador e colonizado. Contudo, o livro surpreende ao evoluir para uma narrativa mais intensa e intrigante, rompendo com a monotonia inicial e oferecendo uma visão mais profunda da complexidade das relações entre as culturas.

A primeira metade do livro pode ser considerada, cansativa e previsível, ao retratar a tradicional narrativa de um país oprimido pelo colonizador. A sensação de "mais do mesmo" pode desestimular inicialmente, mas é justamente nesse ponto que a trama toma um rumo inesperado, revelando-se um mergulho nas nuances culturais e nas tensões sociais entre indianos e britânicos.

É após a metade da obra que a trama se transforma, oferecendo uma reviravolta que instiga o leitor a continuar a leitura. A introdução de elementos misteriosos adiciona camadas à trama, criando uma atmosfera de suspense que mantém o interesse e aguça a curiosidade. Essa guinada narrativa não apenas quebra a monotonia inicial, mas também permite uma exploração mais aprofundada das relações entre os personagens e a sociedade retratada.

A abordagem de Forster destaca-se ao equilibrar a intensidade da narrativa com a exploração cuidadosa das questões culturais em jogo. Ao apresentar a cultura indiana de maneira autêntica e multifacetada, o autor proporciona ao leitor uma visão rica e complexa da Índia, destacando a diversidade cultural e desafiando estereótipos.

Ao final da leitura, é possível reconhecer Uma Passagem para a Índia como uma obra que transcende as expectativas iniciais. A trajetória da trama, do convencional ao surpreendente, oferece uma experiência enriquecedora ao leitor, proporcionando não apenas uma visão crítica das relações coloniais, mas também uma imersão na riqueza e na complexidade da cultura oriental, representada de forma exemplar pela cultura indiana.

Enfim, quando estava para desistir da leitura, ela me pegou e segui em frente e apesar de não ter nenhum personagem empático, é um bom livro e valeu a pena o tempo dispendido.
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JuRs 15/05/2011

Fanática
O que dizer do autor E. M. Forster que já não foi dito? Sou fanática por ele. Li toda a sua obra publicada tanto em inglês como em português. Aliás, sou assim. Quando gosto de um autor, quero conhecer tudo o que ele já escreveu.
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Luigi.Schinzari 12/11/2020

Sobre Passagem para a Índia, de E.M. Forster:
Não faz parte da tradição educacional brasileira estudar tão a fundo a história indiana. Para a massa, aliás, o país vai pouco além do tema das castas, a mixórdia de religiões e crenças que existe lá e o suntuoso tamanho da população, atualmente com seu 1,3 bilhão de pessoas. Mesmo não sendo um relato histórico, Passagem para a Índia (A Passage to India/1924), romance do autor inglês Edward Morgan Forster (1879-1970), é, além de suas qualidades literárias, um tratado sobre uma parte fulcral da trajetória do milenar país asiático -- sua colonização britânica --, e transporta às páginas os conflitos étnicos entre europeus e indianos, entre as crenças destes e as muitas existentes dentro da própria Índia.

O foco narrativo paira sobre um núcleo misto de personagens e o decorrer de suas relações: Cyril Fielding, professor inglês que vive na Índia há alguns anos e, diferentemente de boa parte de seus compatriotas, é muito receptivo aos povos indianos; Dr.Aziz, um médico muçulmano que se encontra em um entrave jurídico por conta de um mal-entendido da parte da jovem inglesa Adela Quested, moça que foi a Índia junto a Sra. Moore com a intenção de casar com seu filho, Ronny Heaslop e muito curiosa pelo país e sua sociedade, que o acusa, em certa parte da trama, de tê-la abusado enquanto aquele servia como guia pelas grutas de Marabar (local fictício que retrata fisicamente o choque entre as culturas britânica e indiana).

Traçada essa linha base, as relações entre essas personagens e uma gama derivada delas vai se desenvolvendo nos limiares das fronteiras demarcadas pelo homem como forma de impedir o convívio entre povos, classes e etnias diferentes.
E.M. Forster, tendo vivido por uma parte de sua vida na Índia por conta, inicialmente -- pois voltaria lá após a Primeira Guerra Mundial -- de um emprego como preceptor de um jovem que lá vivia, experenciou a tensão e o clima que ali havia, vivencia essa que está espalhada por cada página de sua obra. O autor tem a leveza de descrever as paisagens indianas com uma maestria encontrada em autores como Turguêniev e Dickens, narrando por várias passagens as cores, os sabores, o clima febril e as belezas naturais indianas; alia a sua bela visão sobre as paisagens as duras críticas feitas, geralmente guiadas mais pelos diálogos do que pela própria narração, a frieza e impessoalidade das relações entre ingleses e indianos, com as sutilezas das conversas gerando reações crescentes que podem ou não explodir em uma evasão emocional e verborrágica.

Há, para Forster, barreiras que vão além da física, e, mesmo perpetuando isso, as próprias personagens têm conhecimento desse fato e dos limites que suas relações poderão alcançar. É interessante notarmos que as castas indianas, característica amplamente reconhecida de parte de sua cultura, é nada relevante para essa demarcação interpessoal: as divisões estão entre hinduístas e maometanos como Aziz; entre ingleses como Fielding, que querem ultrapassar essas fronteiras, e Ronny Heaslop, que firma seus pés em estigmatizar o povo indiano como verdadeiros selvagens descontrolados; entre cristãos e islâmicos; e por aí se segue os confrontos que impedem, futilmente, como acredita Forster, do convívio -- e não apenas a tolerância -- entre esses polos.

Outro tema abordado por Forster é a injustiça imediata para com os indianos por conta de uma elite britânica que vive no país asiático, retratada na prisão e esforço tremendo por parte de Ronny e seus convivas em condenarem o Dr. Aziz pelo possível abuso da Srta. Quested, relatado por ela sem muita convicção e com provas rasas, causando uma rixa que assume tons revolucionários pelas ruas de Chandrapur (cidade em que a maior parte da história se passa) e demonstram o caráter arbitrário dessa porção inglesa cega em seus preconceitos e o calor caótico que tal acusação vai assumindo pela tensão entre as relações íntimas das personagens e pelo falatório popular. É quando culmina a tensão das fronteiras e o retrato em que elas mais se excitam e fortificam, restando apenas a histeria coletiva por ambas as partes e a razão fugindo de suas mãos em prol do radicalismo que o momento favorece -- trace você, leitor, o paralelo que quiser com situações midiáticas recentes.

Em meio aos entraves raciais e sociais, Forster nos apresenta uma leitura poderosa em sua mensagem e bela em sua escrita, com um pano de fundo enriquecedor por mostrar, com cuidado e muita pesquisa por parte do autor, as minúcias de cultura e dos povos indianos. Não à toa, Otto Maira Carpeux (1900-1978), um dos maiores críticos literários de nosso Brasil, citou Passagem para a Índia como: o maior livro, o mais verdadeiro que se escreveu sobre a questão indiana. É romance universal ao expressar o macro, as relações humanas, em um microcosmo, a situação da Índia britânica; é refinado em sua escrita ao saber expressar as críticas sem jamais cair em grosserias banais, requerendo do leitor os olhos e a sensibilidade para captar o que quer passar, como uma troca por sua escrita elaborada e muito embasada. Passagem para a Índia, por fim, é elegante ao juntar as qualidades literárias ao tom cético e questionador, com observações filosóficas e jamais pragmáticas; não irá saciar a ânsia por resoluções nos conflitos culturais e sociais entre nações e povos, mas com certeza expor-lá-alas de uma forma magistral em uma obra-prima da literatura ocidental.
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Sinésio 31/08/2010

A literatura é de qualidade, mas não me identifiquei com o estilo do autor.
Narrativa arrastada, algumas vezes difícil de compreender o que de fato está se passando.
Mas dá para apreender algo sobre o relacionamento entre indianos e britânicos, no período em que a Índia era colônia da Inglaterra. E duvido que esses sentimentos, na sua essência, não tenham permanecido.
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Cezar 08/07/2015

Índia
Uma leitura que me envolveu do início ao fim. Aborda não só a questão do contraste de culturas, mas relações humanas num aspecto bem mais amplo, e incrivelmente de amizade. Emoções humanas permeiam todo o romance. Muito elucidativo sobre a história do Império Britânico, ethos inglês e mistérios da Índia.
Keli 30/07/2015minha estante
Nossa deve ser legal mesmo :)




Maitê 26/01/2018

Forster consegue me surpreender a cada livro, nunca é o que eu espero, e ele navega entre gêneros com uma facilidade incrível. Nesse livro ele nos traz um drama politico/judiciário, no qual os personagens estão inseridos na Índia governada pelo Império Britânico, duas culturas totalmente diferentes sendo forçados a coabitar um espaço. Não existe vilões ou mocinhos, são pessoas normais errando e as vezes aprendendo com seus erros em momentos difíceis.
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Jaciara44 13/09/2020

Frase preferida: "No espaço as coisas se tocam, no tempo as coisas se afastam".
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Rudi 17/02/2021

Índia resiste
A complexidade das relações humanas ampliada por um choque de culturas e de relações colonizador e colonizado.
Há urgência de uma nova tradução e um glossário (ou notas explicativas)
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laura201 02/04/2023

Adorei ver a forma como Forster retrata a Índia colonizada pelos ingleses e como era a intenção entre indianos e ingleses e até mesmo os recortes que ele faz entre religiões indianas.
indo para uma parte mais cômica, o dr aziz e o sr Fielding tem muita química.
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camaziabento 01/09/2022

Reviravoltas
Por intermédio de um romance com fortes traços do realismo, em ?Uma passagem para a Índia?, Forster retrata, de maneira ficcional, o período de colonização britânica em alguns territórios indianos que ocorreu no século XIX, quando a Companhia das Índias Orientais passou a pertencer à coroa da Inglaterra.  

A escrita é direta e convencional, contudo, traz elementos da cultura indiana, o que a difere da maioria das obras que retrataram o período de colonização no país. O autor incorpora misticismos, aspectos religiosos e culturais do povo indiano, tudo através de um narrador que ora parece ser indiano, mas em outros momentos apresenta traços xenofóbicos dos ingleses. 

Inclusive, esse parece ser o tema central da obra, xenofobia e racismo. Algumas falas das personagens inglesas me chocaram pela violência, mas para quem nunca vivenciou uma situação em que um racista se revela, essa é uma maneira de vivenciá-la (por mais ignóbil e incomparável que seja com a realidade) pela catarse. 

As personagens são realistas, mudam de ideia e de sentimentos como qualquer ser da vida real, o que, particularmente, me atrai em qualquer personagem ficcional, sinto-me representada quando a moral da personagem não é estática. 

Indico a leitura, só adianto, esteja preparado(a) para fortes reviravoltas. 
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JosA225 31/12/2023

Passagem Para a Índia
Uma estória de mentira, onde uma senhora inglesa acusa um morador local de crime de assédio sexual. Com o passar do tempo é descoberta a mentira. Os colonizadores pisando nos colonizados.
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