Manassés Vieira 18/01/2024
A cidade de Acigam permanece fechada por muralhas há tempos. Boatos de uma resistência comerciante, que visa abrir as muralhas, começam a incomodar o reino, porém Leran Yandel se vê numa encruzilhada bem pior: A revolução é muito mais profunda do que parece, o governo não somente quer controlar os comerciantes, como acabar com os magos que usam a causa comerciante como cortina de fumaça para encobrir a verdadeira rebelião. Ao terminar seus estudos no ensino básico, Leran terá de escolher entre viver uma vida pacata em Acigam, ou juntar-se a rebelião por liberdade.
Devo dizer que a releitura desse livro foi bastante surpreendente pra mim. Acompanho Supernova desde sua primeira versão, que o autor lançou de forma autônoma. Naquela época, Supernova já era uma leitura emocionante, mas agora está em outro nível! Renan Carvalho amadureceu muito bem a sua escrita.
Quando comecei a ler, fiquei um pouco desapontado por conta da escrita simples do autor, devo ser sincero, mas isso, aos poucos, foi se mostrando algo positivo, pois a leitura não se tornou cansativa para mim em nenhum momento. Mas fiquei surpreso mesmo ao ver que, conforme o personagem ia amadurecendo, a escrita aparentava amadurecer também. O que foi um incomodo no começo, no final tornou-se uma boa surpresa.
Se em sua primeira versão os embates já eram bons e recheados de magia, nessa versão definitiva tivemos um upgrade sensacional. O autor fez a tarefa de casa e traz muita movimentação política, sabendo atrelar perfeitamente com as movimentações fantasiosas, dando um aspecto único para essa distopia. Fiquei surpreso ao ver o quanto a trama amadureceu de um lançamento para outro (o que já era de se esperar, afinal, foram dez anos entre os lançamentos).
Gostei da magia que foi desenvolvida no livro, onde as personagens conseguem controlar os elementos com base em emoções e através de combinações de emoções e afinidades, chegar a subcontroles (ou subdobras, pros fãs de Avatar). A forma como essas habilidades foram sendo usadas ao decorrer da história foi muito legal, tornando interessante ver como cada personagem lidava com as habilidades que possuia.
Em relação as personagens, gostei muito da maioria dos que foram apresentados. Leran Yandel, nosso personagem principal e narrador, é um menino bem carismático, porém às vezes me incomodava um pouco o lado protetor que ele tinha, principalmente em relação a irmã dele, mas entendo o sentimento. Gostei muito da Judra e de todo o plot envolvendo a personagem. Gostei da Lua também, apesar de sentir que faltou espaço para que ela se desenvolvesse melhor... É algo que quero ver nos próximos livros.
A forma como as coisas vão sendo reveladas ao longo da história e como alguns plot twist estão colocados foi algo que me animou bastante, mesmo já conhecendo o rumo que a história levaria (afinal, eu já havia lido uma versão antiga dela). Achei essa nova versão muito mais empolgante, animada, e até mesmo violenta. Quase chorei em alguns momentos com as mortes de personagens que eu já estava apegado. Renan parece não ter piedade na hora de matar suas personagens! Cuidado ao se apegar a alguém!
A única coisa que me decepcionou, de fato, foram as ilustrações. Quando fui ver o artista que havia feito elas e vi que foram geradas por IA, algo dentro de mim morreu. Mas entendo que as discussões a cerca disso na época em que o livro foi produzido não estavam tão avançadas como estão hoje, então eu deixo essa passar (com a mão na minha consciência de artista, aliás, fica a dica aí hein Renan, to aberto a orçamentos!!!)
Enfim, Supernova foi uma releitura muito importante e impressionante pra mim. Foi incrível acompanhar os 10 anos de saga que foram desde a publicação do primeiro livro, pra essa republicação com os demais volumes da série. Gosto de ver esse cenário sendo fomentado no Brasil e sempre vou estar disposto a apoiar para que surjam mais autores nacionais publicando ótimas histórias como essa! A leitura é altamente recomendada para aqueles que gostam de fantasia e distopia!