Tiago Doreia 07/06/2021Ótima leituraLi esse livro em dupla com uma amiga, e como a escolha foi minha, a resenha ficou por conta dela. Espero que gostem.
?Minha terceira leitura em dupla ?
Como de praxe, segui com a leitura sem ler a sinopse, ou qualquer coisa relacionada ao desenrolar da história, gosto de seguir assim para não ter nenhuma ideia preconcebida.
Se pudesse descrever esse livro com uma palavra seria: instigante
A história gira em torno de um menino de 10 anos chamado Alex. Uma das coisas que mais me chamou atenção foi a sensibilidade da autora em fazer com que pudéssemos sentir um misto de emoções por todos (ou quase) todos os personagens. Foi muito duro ver o desenvolver de vida de uma criança de forma tão sofrida, porém, mesmo com todos os pesares, ele possuía a habilidade de ver a vida de uma forma doce e frágil.
Alex cresceu em um lar disfuncional, sua mãe teve uma vida trajetória de vida bem difícil, fazendo com que ela desenvolvesse alguns transtornos, vendo esse montante de sofrimento e após a ?perda? traumática de seu pai, ele assumiu o papel de protetor na relação.
É absurdo pensar que ele começou a agir assim aos 7 anos, idade a qual esperamos que uma criança só faça traquinagem e estude.
Por um segundo você consegue imaginar uma criança em formação de identidade, sem bagagem de vida tendo que socorrer várias e várias vezes quem, na teoria, deveria apenas exercer a função de cuidar e te amar? É estarrecedor.
Mesmo em meio ao caos, Alex sempre foi uma criança adorável, muito inteligente, com um humor e uma criatividade absurda para sua idade, seu diário sempre fora tão bem escrito e tão detalhado que não parecia ser obra de uma criança. Uma de suas maiores tristeza era o fato de não ter amigos, até que encontra (ou melhor, começa enxergar) Ruen ? o demônio, que acaba representando o que ele tanto queria, um amigo, uma companhia ? não necessariamente boa, afinal, após esse ?encontro? as coisas começam a desenrolar. A relação dos dois é muito duvidosa, Ruen não usava sua influência para boas coisas, era muito inteligente e persuasivo, chegando a colocar o Alex no limite, do que era certo ou não.
Outros dois personagens super importantes foram Anya e Michael.
Anya era uma psiquiatra infantil, que mais parecia uma psicóloga, a mesma teve um evento marcante em sua vida que a levou a escolher essa profissão. Seu papel de avaliação foi bem pontual, afinal, estamos falando de uma criança que via demônios. Preciso colocar um adendo, pois, me preocupei muito em como a influência de seu caso mal resolvido poderia afetar o de Alex. Mas também cabe a ressalva que, a crença descrente foi um fator muito importante no decorrer da história.
(Preciso de mais um adendo para incluir Ruen, pois, houveram momentos super marcantes entre ele x Anya x Alex, o que me fez questionar várias vezes: Ruen era real, ou não? Afinal, como ele conseguia ter tantas informações tão pessoais?)
Já Michael era um profissional de assistência que acompanhou o histórico do Alex por anos, foi um dos meus personagens favoritos.
O final foi muito empolgante e emocionante, então deixo um trecho que nos marcou:
?Com relação ao Alex, eu não estava tão certa de que suas chances haviam acabado. Eu tinha certeza que, apesar de tudo, Alex tinha todas as chances do mundo.?
Em todo decorrer da história o que ficou pontual para nós foi: Ruen era real ou apenas fruto de uma psicose desencadeada por um evento traumático? Vai saber... O fato da autora ter deixado essa questão em aberto foi o que mais gostamos, afinal, deu margem para uma ótima discussão.
OBS: Cooke, sua sensibilidade foi incrível, amei o fato de ter chamado a responsabilidade para si caso alguma informação sobre as questões mentais fosse descrita de forma errada. Te respeito.
Leitura e resenha em parceria com ??