Aione 06/03/2015O Guardião foi, de longe, o livro mais diferente de Nicholas Sparks que já tive a oportunidade de ler e, embora a maior parte disso se deva ao suspense presente entre as páginas, senti diferença na narrativa desde os primeiros parágrafos.
Confesso que o livro demorou muito a me envolver e duvidei que pudesse vir a me agradar. A narrativa em terceira pessoa, embora abranja visões de diferentes personagens e, assim, possibilite a compreensão de diversos cenários e uma abordagem mais ampla da trama, me pareceu um tanto quanto superficial no início do enredo.
Julie tem um passado de vida bastante complicado e é de se esperar que isso tenha um impacto significativo em sua vida. Contudo, achei que tudo foi abordado muito superficialmente e simplesmente para dar uma história à personagem, sem que isso tivesse ligações com sua personalidade atual. Ainda, a forma de como é narrada a maneira de como ela e seu falecido marido se conheceram e, assim, desenvolveram um relacionamento, soou para mim pouco convincente.
Não bastasse estar pouco envolvida com essas personagens, meu envolvimento foi igualmente fraco na primeira metade da trama. Não consegui criar um vínculo com o romance criado por Sparks, e, ainda que tivessem sido dados vários indícios do suspense intensificado na segunda parte do livro, achei os primeiros capítulos bastante monótonos. Senti falta, acima de tudo, da sensação de envolvimento e conforto que suas obras costumam me despertar, bem como foi uma pena não ter me sentido realmente tocada.
Contudo, conforme o thriller começa a dominar as páginas, foi quase impossível me desgrudar delas. Ainda que eu tenha previsto boa parte das ações descritas, senti junto de Julie e das demais personagens toda a aflição vivenciada e torci pela resolução dos acontecimentos, buscando as revelações definitivas do caso.
Nicholas Sparks desenvolveu o medo de Julie com maestria e conseguiu transmitir com exatidão ao leitor todas as sensações necessárias em um thriller, algo ainda mais admirável considerando-se que o autor é conhecido por seus tocantes romances.
Também, merece destaque o motivo do título da obra, abertamente elucidado nas páginas finais. O significado assumido me agradou imensamente, e esse sim me pareceu um dos momentos mais belos do enredo.
Em sua nota ao final, Sparks declarou ter tido extrema dificuldade ao criar O Guardião porque seu objetivo principal era de criar um romance e fazer do thriller seu segundo patamar. Pela minha experiência, infelizmente, senti que o romance deixou bastante a desejar, e foi somente pelo thriller que minha avaliação final acabou sendo positiva. Aos fãs do autor, a leitura vale a pena especialmente por divergir tanto de suas habituais.
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