louise118 09/05/2024
Simplesmente Lady Day.
Billie holiday vai muito além de uma lenda do jazz?e a sua voz foi e sempre será muito mais do que um instrumento. é uma força da natureza, um apelo à importância da liberdade e das emoções na arte. esse livro e algumas das suas canções originais são prova disso. essa mulher não abria a boca para cantar se não sentisse a letra e se não a experimentasse em si, verso por verso.
ao longo de toda a história tão real que ela traça viva e cruamente nessa autobiografia, passado e presente se mesclam e alguns elementos sempre permanecem inalterados ao longo de suas vivências? a opressão racista dos EUA, os linchamentos, a constante sombra de um sistema de leis injusto que a assombrou durante toda a vida e afetou não só sua carreira como sua própria dignidade como ser humano.
me comovi muito com o penúltimo capítulo quando ela fala sobre o seu sonho mais grandioso, o de ajudar crianças sem famílias que foram rejeitadas por suas origens e cor de pele. o sonho de liberdade, de emancipação, que para uma mulher preta era infelizmente um luxo inalcançável quando deveria ser um direito humano básico. muito tocante a forma como ela aborda a dependência das drogas e alerta aos leitores sobre o quanto isso destruiu sua vida.
uma vida marcada por conflitos, injustiças, e acima de tudo negligência constante mesmo estando sobre um palco ao ser observada por muitos olhos?e ainda assim ela lutou até o fim, e carregou sua paixão pela música consigo. um legado que jamais será apagado e que pertence à dona de uma voz que jamais poderia ser comparada à nenhuma outra.
?Não há Cadillacs nem casacos de vison e já tive alguns ? que me façam esquecer tudo isso. Tudo o que aprendi nesses lugares e com essas pessoas está resumido nessas duas palavras. Precisamos de ter sempre qualquer coisa para comer e de um pouco de amor nas nossas vidas, para podermos sobreviver condignamente. Tudo o que sou e tudo o que quero da vida tem a ver com isso.?