Confissões de um Jovem Romancista

Confissões de um Jovem Romancista Umberto Eco




Resenhas - Confissões de Um Jovem Romancista


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preta velha 24/03/2024

O eco dos segredos
Este livro contém informações e ensinamentos valiosíssimos para quem consome, escreve e/ou pesquisa ficção e funciona também para quem nunca leu nada do eco, porque os textos são autoexplicativos.

o autor discorre ainda sobre clássicos da literatura universal e as notas de rodapé enriquecem a leitura.

súper recomendo.
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Joy 22/10/2023

Primeiro contato com a escrita de Umberto Eco e desde o começo me encantou o humor e a maneira que ele consegue se comunicar com o leitor. Esse livro é específico é um compilado de trabalhos em que ele reflete sobre o papel do autor, do leitor, das construções sociais e os significados atribuídos aos personagens de ficção. Ele aproveita o espaço para falar sobre sua experiência como autor e leitor, sobre as técnicas que buscou utilizar para escrever seus romances. O começo e o meio do livro são bastante envolventes, mas quando chega na discussão sobre as listas, confesso que acho que o autor se empolgou um pouco e ali a leitura se tornou um tanto maçante, talvez porque eu ainda não tenha descoberto tanto interesse em listas quanto ele.
Outra coisa que chamou minha atenção foi a maneira em que o autor fala sobre a semiótica, conseguindo encontrar sempre um espaço para relacioná-la com a discussão.
É um bom livro para começar a conhecer a produção de Umberto Eco, ainda mais quando há o interesse não só pelo autor mas também por discussões como literatura moderna, dentre outras.
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Letícia 25/01/2023

As listas e o romancista
Fiquei muitas vezes divagando juntamente com o Umberto Eco. E ao ler o livro, me suscitou fazer uma lista com as obras que ele cita no livro. Será que alguém já fez?
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Gladston Mamede 23/10/2020

É bem árido. É bem técnico. Nada próximo de autoajuda para jovens escritores ou coisa que o valha. São análises semióticas - e Eco era professor de Semiótica e Linguística - muito interessantes, mas áridas. Boas para quem se dedica à Teoria Literária, Semiótica, Semiologia, Linguística, Letras.
aannabellonaa 24/10/2020minha estante
Olá, esta é aanna gentilmente, volte para mim Por favor, por uma razão especial, estou esperando por você
(aannabellonaa@gmail.com)




Erica 13/10/2020

Um escritor minucioso
Neste livro, Eco compartilha com o público um pouco de seu processo criativo e se mostra um autor extremamente cuidadoso e detalhista, apreciador dos pormenores da língua e aguçado observador da realidade.
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Ana Luiza 25/01/2020

Não é para qualquer um
Confissões De Um Jovem Romancista foi uma leitura interessante e bem diferente do que eu esperava. Muito mais técnico do que eu imaginava, honestamente, algumas partes são difíceis de acompanhar para quem não é um consumidor assíduo e aprofundado em teorias acadêmicas sobre literatura moderna. E para quem ainda não leu as obras de Eco, prepare-se para ler muito spoilers.

Um ponto positivo da obra é que ela conta um pouco sobre a carreira literária do autor e é bem inspirador saber que, em um mundo que tanto valoriza os gênios precoces, uma pessoa no alto de seus 50 anos é capaz de publicar um bestseller internacional. Eco também fala um pouco sobre seu processo de escrita e isso é sempre proveitoso. Dos ensaios, o primeiro, “Escrever da esquerda para a direita” foi o que mais gostei, talvez por ser o menos acadêmico de todos. O terceiro ensaio, “Alguns comentários sobre os personagens da ficção” é bastante complexo, mas traz reflexões interessantes sobre como personalidades completamente inventadas podem impactar tanto os leitores e a cultura, como se fossem pessoas reais.

A linguagem do livro, por mais que bem-humorada, é acadêmica demais em alguns pontos e torna a leitura arrastada. O último ensaio, “Minhas listas”, é honestamente exasperante. O ensaio é um sem fim de páginas sobre a minuciosa arte de se fazer listas fictícias com exemplos inacabáveis, sendo que esse é um recurso pouco apelativo para o leitor contemporâneo e, logo, se realmente é necessário abordá-lo, não se deveria gastar mais do que cinco páginas.

Em resumo, Confissões De Um Jovem Romancista é um livro para poucos e eu não sou uma dessas pessoas. Meu interesse pela arte da escrita é puramente pessoal, então um livro tão acadêmico foi decepcionante. Ainda assim, eu sempre defendo que o conhecimento acadêmico/científico deve ser expressado de forma que qualquer leigo entenda, então esse livro peca duas vezes. Para quem quer realmente se aprofundar em um estudo técnico e completo da literatura e da escrita, Confissões De Um Jovem Romancista tem muito a contribuir. Para o leitor comum que se interessa pelo assunto, como eu, talvez não seja a obra mais recomendada.

LEIA A RESENHA COMPLETA E VEJA FOTOS DO LIVRO NO BLOG:

site: https://www.mademoisellelovesbooks.com/2020/01/resenha-confissoes-jovem-romancista-umberto-eco.html
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fabio.ribas.7 20/12/2019

Confissões de um jovem romancista - Umberto Eco
“Confissões de um jovem romancista”, de Umberto Eco, é uma armadilha. Não leia! São quatro ensaios que fisgam você, leitor desavisado, com o intuito de fazer com que você se apaixone pelo autor (ou se apaixone mais ainda) e fazer com que você deseje descontroladamente ler seus romances (ou reler)!

Reler seus romances... Durante a leitura encantada desse pequenino livro de apenas 152 páginas, dei-me conta que nunca lera os romances de Umberto Eco. Apenas lera seus textos técnicos de Semiótica e linguística. Nunca? Claro que li. Há muito tempo, li Baudolino e a A misteriosa chama da Rainha Loana. Mas... nunca li mais nada de seus romances. Nem o primeiro e mais famoso deles, O nome da rosa. Vi o filme. Mas nunca li o livro! Como pode ser?

A lista dos romances de Umberto Eco (sequestrada na wikipedia) começa no O nome da rosa (Il nome della rosa, 1980), seguido de O Pêndulo de Foucault (Il pendolo di Foucault,1988); A ilha do dia anterior (L'isola del giorno prima, 1994); Baudolino (Baudolino, 2000); A misteriosa chama da rainha Loana (La misteriosa fiamma della regina Loana, 2004); O Cemitério de Praga (Il cimitero di Praga), 2011; e seu último romance, O número zero, 2015.

Da lista do parágrafo anterior, apenas li dois livros e o livro que apresento aqui, uma explicação deliciosa de como eles foram urdidos pelo autor, dá essa vontade doida de parar tudo o que a gente está fazendo e colocar em dia essa lista de romances. Que vergonha confessar aqui a minha queda nessa armadilha... Já baixei O nome da rosa no meu kindle... Meu Senhor, sinto que estou iniciando uma longa jornada de leitura nos romances do meu professor de semiótica predileto! Ai, preciso organizar meu tempo em listas, citar meus segundos, minutos, somar as chances, meus ensejos, ocasiões e oportunidades e tomar a decisão prazerosa de acordar uma hora mais cedo e dormir uma hora mais tarde! rsrsrs

Mas quais os livros de Umberto Eco que eu li? Como disse, exatamente aqueles que tratam da semiótica. A lista é bem maior dos escritos dele nas áreas da filosofia, linguística e arte (lista sequestrada da wikipedia):

Obra aberta (1962)
Diário mínimo (1963)
Apocalípticos e integrados (1964)
A definição da arte (1968)
A estrutura ausente (1968)
As formas do conteúdo (1971)
Mentiras que parecem verdades (1972) (coautoria de Marisa Bonazzi)
O super-homem de massa (1978)
Lector in fábula (1979)
A semiotic Landscape. Panorama sémiotique. Proceedings of the Ist Congress of the International Association for Semiotic Studies (1979) (coautoria de Seymour Chatman e Jean-Marie Klinkenberg).
Viagem na irrealidade cotidiana (1983)
O conceito de texto (1984)
Semiótica e filosofia da linguagem (1984)
Sobre o espelho e outros ensaios (1985)
Arte e beleza na estética medieval (1987)
Os limites da interpretação (1990)O signo de três (1991) (coautoria de Thomas A. Sebeok)
Segundo diário mínimo (1992)
Interpretação e superinterpretação (1992)
Seis passeios pelos bosques da ficção (1994)
Como se faz uma tese (1995)
Kant e o ornitorrinco (1997)
Cinco escritos morais (1997)
Entre a mentira e a ironia (1998)
Em que creem os que não creem? (1999) (coautoria de Carlo Maria Martini)
A busca da língua perfeita (2001)
Sobre a literatura (2002)
Quase a mesma coisa (2003)
História da beleza (2004) (organização)
La production des signes (2005 em francês)
Le signe (2005; em francês)
Storia della Brutezza (2007). Em Portugal, traduzido como História do feio, e, no Brasil, como História da Feiura.
Dall'albero al labirinto. No Brasil, como Da Árvore ao Labirinto (2007)
A vertigem das listas (2009)
Não contem com o fim do livro (2010) (co-autoria de Jean-Claude Carrière)
História das Terras e Lugares Lendários (2013)

Se eu não me engano, da lista acima, li apenas os livros que estão em destaque. Parece que citei pelo menos 4 listas só neste meu texto: 1) a lista dos romances escritos por Umberto Eco; 2) a lista dos romances que li; 3) a lista dos ensaios escritos; e, finalmente, a lista dos ensaios que li. Obviamente, que surgem outras duas listas negativas aqui, pois para cada lista criada do que li, subentende-se uma outra feita dos que não li. Poderia fazer mais listas: 1) os romances que quero ler de Umberto Eco; 2) os romances que não faço questão de ler (mentira, esta lista não existe); 3) os ensaios que anseio desfrutar; 4) os ensaios que jamais lerei (mentira, esta lista também não existe, a não ser que eu morra antes de cumprir a tarefa). Que outras listas posso fazer? Dos ensaios que li, quais que mais gostei? Isto seria uma outra lista também.

Enfim, por que estou fazendo isso? Por que estou criando essas infinitas listas? O último ensaio do livro “Confissões de um jovem romancista” é precisamente sobre o prazer do autor em ler e fazer listas. E devo confessar: é uma delícia viciante! Boa leitura!

site: https://www.facebook.com/fabio.ribas.7 https://kiestoulendo.blogspot.com/
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Sérgio 07/12/2019

Quando li estes ensaios do grande escritor Umberto Eco, me senti pequeno diante de tanto conhecimento e desenvoltura com as palavras. A precisão e o cuidado de seus textos, a pesquisa em seu trabalho, tudo fascina. E um capítulo bem interessante é onde ele descreve sua paixão por listas, coisa típica de mentes excêntricas. Quando o mundo perdeu Umberto Eco, perdeu com ele muito conhecimento.
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Gabriel.Tesser 05/07/2019

Umberto Eco foi um dos grandes que me inspirou a viver em diferentes universos e peles, tentando descrever parte de como se enxergar o mundo, mesmo que um monastério ou um museu. Além de mestre em semiótica, escreveu seu primeiro romance aos 50 anos, que virou filme estrelado por Sean Connery, e agora, virou série. Ainda farei um post exclusivo sobre O Nome da Rosa. Sobre Confissões de um Jovem Romancista, basta dizer que ele comenta seu estilo peculiar e enfático sobre listas, retórica de semiótica, sobre personagens que acreditamos que existiram e sobre disciplina. Completa em muito a quem desejar saber mais sobre escrita.
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@retratodaleitora 26/06/2018

Esse é um livro de não-ficção do escritor italiano Umberto Eco (1932-2016); um grande filósofo, teórico e bibliófilo, mantedor de uma coleção com mais de 30 mil exemplares, obras raríssimas e de grande valor histórico, intelectual e monetário. No livro A Memória Vegetal (Record, 2010) Eco faz um estudo sobre a importância do livro na evolução das civilizações e o mundo da bibliofilia, no qual ele viveu e contribuiu muitíssimo durante boa parte de sua vida. E agora, mesmo depois de sua morte aos 84 anos, essa sua contribuição no universo literário é e será, sem dúvidas, objeto de estudo de diversas pessoas ao redor do mundo.

Entre as obras mais conhecidas do autor estão O Nome da Rosa, Baudolino e O Pêndulo de Foucault. Eco vendeu dezenas de milhões de exemplares como romancista, mas também compartilhou muito de seu processo de escrita, sua relação com os livros e com a ficção em muitos ensaios e pequenos textos que são referencia em universidades e cursos (já me deparei várias vezes com seu nome no curso de Biblioteconomia) internacionalmente.


"[...] aprendi que um romance não é apenas um fenômeno linguístico. Na poesia, é difícil traduzir as palavras porque o que importa é o seu som, assim como seus significados deliberadamente múltiplos, e é a escolha das palavras que determina o conteúdo. Numa narrativa, temos a situação contrária: o universo que o autor construiu, os acontecimentos que nele ocorrem é que ditam o ritmo, o estilo e até a escolha das palavras. A narrativa é governada pela regra latina, "Rem tene, verba sequentur" - "Prenda-se ao tema e as palavras virão" -, ao passo que na poesia a formulação deve ser mudada para: "Prenda-se às palavras e o tema virá." (p. 15)


Quem me conhece (acompanha o Uma Leitora Voraz) sabe que sempre que tenho a chance leio as primeiras obras de um autor de renome - ou mesmo seus livros de não-ficção, ensaios e contos - antes de ler as obras pelas quais são conhecidos. No caso de Umberto Eco, nunca tinha lido os romances dele, por isso quando surgiu a oportunidade de ler Confissões de um Jovem Romancista, onde ele fala sobre seu processo de escrita, pesquisa e estudos sobre a literatura, não pensei duas vezes.

Este livro é composto de quatro ensaios: Escrevendo da esquerda para a direita; O autor, o texto e os intérpretes; Algumas observações sobre os personagens fictícios e Minhas listas, nesta ordem. Esses ensaios foram parte de um programa de palestras sobre literatura moderna da universidade Emory, de Atlanta.


"A ficção dá a entender que talvez nossa visão do mundo real seja tão imperfeita quanto a visão que os personagens fictícios têm o seu mundo. Por isto é que os personagens fictícios bem-sucedidos tornam-se supremos exemplos da "real" condição humana." (p.79)


Talvez se eu tivesse lido O Nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault teria aproveitado mais o livro, uma vez que o mesmo é recheado de spoilers sobre esses dois títulos e muitos outros da literatura mundial, como Anna Kariênina e Madame Bovary. São spoilers de momentos decisivos em ambos os livros e, como não li nenhum desses, fiquei um pouco chateada e muito perdida com as referências. De qualquer forma, Eco foi um grande escritor, pesquisador e bibliófilo. O Nome da Rosa é uma obra extremamente relevante da literatura de mistério e adorei conhecer um pouco sobre o processo de escrita e de pesquisa do autor na construção dessa narrativa e outros títulos seus.


"Não faço parte desse bando de maus escritores que afirmam escrever apenas para si mesmos. As únicas coisas que os escritores escrevem para si mesmos são listas de compras, que os ajudam a se lembrar do que comprar, podendo então ser jogadas fora. Tudo mais, inclusive os róis de lavanderia, são mensagens destinadas a outra pessoa. Não são monólogos, são diálogos." (p. 24)


As duas últimas partes do livro, sobre personagens fictícios e a relação leitor/personagem/autor, e sobre listas, onde Eco vai desde a definição do termo até usar como exemplos obras e figuras importantes. Foram talvez os ensaios que mais me agradaram no livro.

Leitura recomendada para quem já tem algum conhecimento sobre o autor e suas obras. Agora preciso me aventurar em seus romances...

site: http://umaleitoravoraz.blogspot.com/2018/06/resenha-confissoes-de-um-jovem.html
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Yuri Rebouças 14/06/2018

ESCREVER UM LIVRO NÃO É QUALQUER COISA
É inegável que o Umberto Eco foi um dos autores mais geniais da nossa época, e os dois romances que eu li (Número zero e O nome da rosa) foram suficientes para me tornar um grande admirador do seu trabalho.

Eu já conhecia o seu trabalho antes mesmo de ler os livros porque na minha adolescência o filme O Nome da Rosa estava com um grande hype e era usado como material didático no ensino fundamental, e lembro perfeitamente que achei incrível aquela história de monges sendo envenenados — eu não vou dizer como tudo acontece, mas se você ainda não leu O nome da rosa... LEIA! —. Tive que relê-lo alguns anos depois com um pouco mais de bagagem intelectual para entender a trama e os seus muitos detalhes históricos, porque na primeira leitura eu achei o enredo parecido com o estilo do Dan Brown e esse pensamento me acompanhou durante todo o tempo, uma referência da minha cabeça jovem daquela época e como percebi mais tarde, absurda.

Mais do que uma simples biografia, Confissões de um jovem romancista é o relançamento da obra antes publicada pela Cosac, apresentando um registo das experiências do autor que foram recolhidas durante todos os 38 anos de carreira, o que de acordo com as suas palavras não era tanto tempo assim. Com esse pensamento Umberto Eco dá o título à obra, afinal, apesar dos seus 80 anos de idade, ainda se considerava um jovem no meio literário. Modesto, não?

Eu tinha acabado de ler o Romancista como vocação do Haruki Murakami, outra ótima obra biográfica descrevendo os processos de escrita, experiências literárias e obstáculos durante esse longo — e árduo — caminho que obviamente varia de escritor para escritor, e foi uma experiência interessantíssima pôr os pontos de vistas desses dois autores lado a lado com as suas obras e literaturas completamente distintas.

A primeira coisa que percebemos ao conhecer o processo de criação do Umberto Eco é que ele era extremamente perfeccionista, tão detalhista que passava anos e anos colhendo detalhes e amadurecendo uma ideia antes de começar a colocá-la no papel. Ele não queria simplesmente escrever livros, mas sim oferecer obras ricas e intrincadas que fossem lembradas e principalmente importantes, preenchendo-as com as referências do seu vasto conhecimento histórico.

Eu nunca fui um leitor ávido de biografias ou não-ficção, mas recentemente me abri para esse gênero e confesso que estou adorando todas as obras que li até agora. Como autor, foi magnífico conhecer os pensamentos de outro escritor e os seus processos criativos; e como leitor, não existem palavras para descrever a importância de se conhecer melhor alguém que contribuiu tanto para a literatura como o Umberto Eco.

site: www.yurireboucas.com
Elias Oliveira 16/06/2018minha estante
Umberto Eco. Um nome a ser lembrado e celebrado.


Yuri Rebouças 17/06/2018minha estante
Sem dúvidas Elias!




Alexandre Kovacs / Mundo de K 21/05/2018

Umberto Eco - Confissões de um jovem romancista
Editora Record - 154 Páginas - Tradução de Clóvis Marques - Lançamento: 02/04/2018.

Somente quando estava próximo a completar 50 anos, Umberto Eco (1932-2016) conseguiu tempo para finalmente escrever o seu primeiro romance, O nome da rosa, publicado em 1980 e que viria a se tornar um dos raros casos de sucesso mundial de vendas e qualidade literária, talvez impulsionado pela adaptação para o cinema. O fato é que o italiano Umberto Eco, que já tinha uma carreira consolidada nos meios acadêmicos como filósofo e linguista, além de bibliófilo nas horas vagas, tornou-se repentinamente um romancista de sucesso.

Confissões de um jovem romancista é composto por quatro ensaios incluídos como parte do programa de palestras Richard Ellmann sobre Literatura Moderna, na Universidade Emory, em Atlanta, Estados Unidos. Apesar do conhecimento enciclopédico do autor, assim como a sua extensa produção acadêmica e teórica na área de semiologia, o texto é acessível e muito bem-humorado, recomendado para escritores e leitores da boa literatura em geral, embora seja difícil definir o que seja tal coisa.

"Estas conferências intitulam-se 'Confissões de um jovem romancista' — e caberia perguntar por que, já que me encaminho para meu 77º ano. Acontece que publiquei meu primeiro romance, 'O nome da rosa', em 1980, o que significa que comecei minha carreira de romancista há apenas 28 anos. Assim, considero-me um romancista muito jovem e certamente promissor, que até agora publicou apenas cinco romances e publicará muitos outros nos próximos cinquenta anos. Esta obra em andamento ainda não foi concluída (caso contrário não estaria em andamento), mas espero já ter reunido experiência suficiente para dizer algumas palavras sobre a maneira como escrevo. Em sintonia com o espírito das Palestras Richard Ellmann, devo me concentrar em minha ficção, e não em meus ensaios, embora me considere um acadêmico por profissão, e um romancista apenas amador." (Pág. 7)

O título do primeiro ensaio: "Escrevendo da esquerda para a direita", é uma referência a uma resposta jocosa que Umberto Eco costumava dar para alguns entrevistadores desavisados quando lhe perguntavam: "Como você escreveu seus romances?". Nesta parte, Eco descreve a importância do esforço em detrimento da "inspiração", na sua opinião uma palavra ruim que "é usada por autores manhosos para parecerem artisticamente respeitáveis" ou ainda citando o clássico provérbio: "a genialidade é 10% inspiração e 90% transpiração". Sempre fazendo comparações com os processos criativos de seus próprios romances, ele declara com grande sinceridade que "não faz parte desse bando de maus escritores que afirmam escrever apenas para si mesmos. As únicas coisas que os escritores escrevem para si mesmos são listas de compras". Realmente me parece muito pouco provável que um romance, seja ele qual for, possa prescindir da experiência de interpretação de cada leitor.

Na segunda parte, "O autor, o texto e os intérpretes", Eco nos fala sobre as diferenças entre a intenção do autor, a intenção do leitor e a intenção do texto. Utilizando como exemplos obras consagradas da literatura como "Finnegans Wake" de James Joyce, ele fala sobre os limites da interpretação para concluir que "todo ato de ler é uma complexa transação entre a competência do leitor (o conhecimento do mundo adquirido pelo leitor) e o tipo de competência que determinado texto postula para ser lido de um modo 'econômico' — significando uma maneira que aumente a compreensão e o prazer do texto, e que seja corroborada pelo contexto (...) Entre a inatingível intenção do autor e a contestável intenção do leitor, há a transparente intenção do texto, que refuta interpretações insustentáveis."

No terceiro ensaio, "Algumas observações sobre os personagens fictícios", Umberto Eco tenta explicar como podemos considerar Hamlet mais real do que nosso porteiro e chorar pelo triste final de Emma Bovary ou Anna Karenina. Ele utiliza a seguinte citação de Alexandre Dumas: "É prerrogativa dos romancistas criar personagens que matam os personagens dos historiadores. O motivo é que os historiadores evocam meros fantasmas, ao passo que os romancistas criam gente de carne e osso". Afinal, por que sentimos tamanha aflição por pessoas que nunca existiram? Uma interessante comparação de Eco pode nos ajudar a entender este processo: "Se há ilusões de ótica, nas quais vemos determinada forma como maior que outra, apesar de saber que têm exatamente o mesmo tamanho, por que não haveria também ilusões emocionais?".

"A verdadeira lição de 'Moby Dick' é que a Baleia vai para onde Ela quer. A natureza irrefutável das grandes tragédias decorre do fato de que seus heróis, em vez de escapar de um destino cruel, mergulham no abismo - que cavaram com as próprias mãos —, pois não têm ideia do que os espera; e nós, que vemos claramente para onde estão indo tão cegamente, não temos como detê-los. Temos acesso cognitivo ao mundo de Édipo, e tudo sabemos sobre ele e Jocasta — mas eles, apesar de viverem num mundo que depende parasitariamente do nosso, nada sabem a nosso respeito. Os personagens fictícios não podem se comunicar com as pessoas do mundo real. (...) Não é uma questão assim tão extravagante quanto parece. Por favor, tente levá-la a sério. Édipo não é capaz de conceber o mundo de Sófocles — caso contrário, não acabaria casando com a mãe. Os personagens fictícios vivem num mundo incompleto, ou — para ser mais duro e politicamente incorreto - 'deficiente'. (...) A ficção dá a entender que talvez nossa visão do mundo real seja tão imperfeita quanto a visão que os personagens fictícios têm do seu mundo. Por isto é que os personagens fictícios bem-sucedidos tornam-se exemplos da 'real' condição humana." (Págs. 78 e 79)

Na conclusão, o ensaio "Minhas listas" trata do poder das palavras e da retórica da enumeração com exemplos que variam da poesia de Wislawa Szymborska até a Ilíada de Homero, passando novamente por trechos dos próprios romances de Umberto Eco, tais como: O nome da rosa, O pêndulo de Foucault, A ilha do dia anterior e Baudolino. Enfim, um livro carregado de erudição, mas que se lê com muito prazer, em um fenômeno parecido com o daquele professor que conhece tão bem a matéria que acaba passando a impressão de simplicidade. Uma obra dedicada não somente aos romancistas em busca do texto perfeito, mas a todos aqueles apaixonados pela magia da ficção, como eu e você!
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Coruja 01/09/2013

Se está dando tudo certo em minha viagem (lembrando que deixei todas as postagens desse mês programadas enquanto bato perna pelo mundo...), enquanto vocês lêem essas linhas, estou em Florença, na Itália. Assim, nada mais justo que falar do meu amado e idolatrado Eco – já que segui mais ou menos o tema dos países por onde passava para escolher que livros resenhar esse mês.

Confissões de um Jovem Romancista é um pequeno livro de ensaios sobre temas de que Eco já falou em outros volumes (e talvez por isso eu tenha passado pela impressão de déjà vu mais de uma vez enquanto lia. Estão lá sua ‘receita para escrever romances’, suas questões de interpretação literária, seu amor puro e simples pela literatura.

O título é uma brincadeira com o fato de que Eco é um ‘jovem’ romancista, uma vez que só começou a escrever romances após os cinqüenta anos e ao publicar esse livro pela primeira vez, estava começando na carreira (como professor, ensaísta e crítico literário, ele já tinha bastante experiência na bagagem).

Li o volume de uma sentada só, rindo-me sozinha das ironias do autor especialmente em resposta a perguntas de jornalistas (“Como o senhor escreve seus romances?” “Da esquerda para a direita”). Admirei-me com algumas de suas referências (mas não fiquei surpresa quando ele começou a falar de Finnegans Wake... eu ainda lerei esse livro só para entender essa fixação do Eco), de como ele se estrutura para escrever (e povo acha que eu é que sou paranóica com pesquisa pré-história...) e descobri também que aquilo que chamo de ‘palavras cruzadas literárias’ tem um nome: chama-se ironia intertextual e metanarrativa.

Fiquei me sentindo extremamente pós-moderna quando vi a explicação dele sobre o assunto e como ele faz de propósito essas coisas exatamente como uma piscadela para seus leitores. Mais do que nunca, vou ficar me sentindo como se tivesse compartilhado uma piada secreta com meus autores favoritos toda vez que perceber uma dessas ironias intertextuais – especialmente agora que fiquei na cabeça com a imagem de que a interpretação de um texto é também um jogo entre autor e leitor.

Dos quatro capítulos do livro, o terceiro foi o mais ‘inédito’ para mim, em termos do que eu conheço sobre Eco – e foi também meu capítulo favorito. Ele explora aqui a questão de como nós, como leitores, nos deixamos levar pelo texto, por vezes incapazes de diferenciar fato de ficção: é o que acontece ao nos emocionarmos com a morte de Anna Karienina e Madame Bovary; é o efeito Werther do livro de Goethe (que é provavelmente uma das influências mais bizarras que a literatura já teve na História...), é o visitar roteiros que personagens fictícios, dizer “eu estive na cela de Edmond Dantès” (a cela e até o buraco cavado pelo abade Faria existem, ainda que os personagens não tenham existido...) ou na farmácia em que Leopold Bloom comprou seu sabonete de limão. Paramos de pensar no texto que lemos, Eco escreve, e falamos dos personagens como se fossem gente real.

Aliás, essa é uma experiência que eu sempre tenho nas reuniões do clube do livro: os debates a que nos propomos nos fazem falar dos personagens como se os conhecêssemos em carne e osso – somos íntimos de seu cotidiano e ele são mais reais para nós do que autoridades e celebridades do nosso mundo.

É um livro de leitura rápida, mas muito gostosa – uma conversa de pé de alpendre com um escritor que ainda que seja um jovem romancista, já começou pelo topo, com uma história e um estilo fascinantes; alguém que vale à pena ouvir, que nos convida o tempo todo ao debate, a ter nossas próprias idéias e nossas próprias interpretações.

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2013/08/para-ler-confissoes-de-um-jovem.html
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