Pausa Para Pitacos 16/12/2015
Crazy.
Resenha postada por Fabi Carvalhais, em Pausa Para Pitacos.
Sara Montezuma é tudo aquilo que uma adolescente rebelde deve ser. Inconsequente, cheia de si, desobediente e dramática. Seu pai, o Dr. Haroldo, faz tudo o que pode para por limites na filha, mas a verdade é que essa palavrinha não existe no vocabulário da Japa.
Quando todos pensam que não há mais o que aprontar na escola, Sara é pega pulando o muro, e, pra piorar, com um cigarro nas mãos. Depois de tantas travessuras como tomar banho de roupas íntimas na piscina infantil do colégio, nada mais pode ser feito a não ser expulsá-la. Seu pai, sem saber o que fazer com a filha e também com medo de perdê-la para o mundo, decide que devem se mudar de São Paulo, a fim de afastar a filha de encrencas. Estava decidido.
Após uma breve viagem à Campos do Jordão para resolver um problema na casa que eles costumam passar as férias, o doutor recebe uma proposta de emprego bem tentadora, e resolve que é para lá que eles vão se mudar. Sara fica um tanto reticente no início, mas depois começa a ponderar suas opções. Em Campos ela poderia dirigir o carrão do pai mesmo sem carta de motorista... pode conhecer turistas gatinhos e ainda aproveitar o clima agradável de lá. Pode continuar a beber todas sem nem pestanejar. Voltar viva para casa seria ainda mais simples. Então, #PartiuCampos.
Logo quando chega ela já faz novos amigos. Conhece Diego, um carinha forte e com olhos encantadores. Um peguete potencial, no fim das contas. Logo de cara vai para a casa de campo em que Diego e seus amigos estão hospedados... e bebe até não poder mais! Bebe muito, se envolve com Diego, consegue armar um barraco com um casal da casa, e sai como se nada tivesse acontecido. A partir de então, sua vida desregrada volta à tona! Bebedeiras, festas, sexo e tudo o que ela tem direito!
Mas, mesmo com tantas distrações, sua cabeça continua em Sampa. Ela ainda não se recuperou da perda de seu padrinho Joel, ainda sente como se tudo não passasse de um pesadelo. E, para piorar, agora ela estava longe de sua madrinha Vitória e de Gabriel Bosi, filho de seus padrinhos, um garoto que a tira do sério, mas por quem nutre um sentimento ambivalente, algo que não entende. Até que eles também se mudam para Campos.
Vitória estava tendo dificuldades para aceitar a morte trágica do esposo, e Bosi também estava tendo seus dias ruins, pois além da dor de perder o pai, ver sua mãe cada dia mais deprimida também não ajudava muito. Por isso, para que pudesse cuidar de Vitória, Haroldo os convida para morar em Campos. Vitória aceita, e Bosi passa por cima de todas as suas vontades e desejos com o intuito de ver a mãe bem, mesmo que isso signifique ter que conviver com Montezuma no mesmo teto até que sua casa fique pronta.
As coisas já estavam ruins antes da chegada da madrinha e de Bosi, mas a permanência deles tão próxima a si só deixaram Sara ainda pior. Sabe-se lá porque, mas ela conseguiu se superar. As loucuras da garota ultrapassaram aquilo que, para nós, parece ser impossível. Mas ela queria se divertir a todo custo, e para tanto, conseguiu destruir a todos ao seu redor. Como? Eu te conto.
Sexo, drogas e rock 'n roll.
Além de destruir os nervos e apreços de todos a sua volta, ela destruía a si mesma cada vez mais. E o resultado disso?... Leia pra saber.
A cada dia que passa Sara bebe mais. Transa mais. Se droga mais. Se afunda mais. Dentre todas as suas loucuras, se envolver com Rômulo, o traficante da cidade, filho do prefeito e bad boy, foi a pior delas. Seu relacionamento com o garoto mudou a vida da maloquete completamente, fazendo com que ela se cegasse para a ajuda que vinha de todas as partes... principalmente, de Bosi.
Ah, Bosi!
Um vegetariano boa praça que parece com um daqueles moleques aguados criados em apartamento, mas que depois se mostra diferente. Ele é estudioso, verdadeiro e gente boa! Seus defeitos? Guardar suas mágoas e dores para si. Ser vegetariano, pois, vamos confessar pessoal! Uma pessoa que resiste a uma picanha ao ponto só pode ter sérios problemas! Mas, o pior de seus defeitos, a pior dor, e o seu pior problema, é amar Sara Montezuma.
Sara desperta todo tipo de sentimento que se pode sentir por um ser humano. De carinho à repulsa! Ela me fez ter vontade de socar a cara dela, de sacudir e falar "ô minha filha, cê é doida!?", de dar um abraço, de pagar uma dose de vodca para que ela desabafasse e se sentisse melhor.
Cheguei a conclusão de que todos temos um Sara dentro de nós. Uns, a prendem em jaulas com mil e uma trancas. Outros, deixam que ela dê um passeio e se mostre de vez em quando... e tem aqueles que a deixam livre para que toque o terror por onde passa! Por essas e outras que, por mais que eu tenha sentido repulsa por ela tantas vezes por conta das suas atitudes, eu a compreendi. Tudo tem um porque.
Em alguns momentos a narrativa se torna um pouco cansativa, pois os atos de Sara já são previsíveis, sabemos que ela vai fazer merda! Mas, ainda assim, não deixamos de torcer por ela. Os personagens secundários foram bem traçados e têm grande participação na trama, apesar de a protagonista ser daquelas que rouba a cena mesmo quando não se trata da mesma. Mas no geral, é um ótimo livro! Ele te ensina a ter coragem, a não desistir. A buscar novos recomeços independente do tamanho do seu erro, do tamanho do seu sofrimento. E, sem dúvida, ver um personagem crescer é algo gostoso por demais.
Mas, já aviso. Se está em busca de um conto de fadas, baby, Tudo o que ela quer não é para você.
Aceite meu conselho. E esse mesmo conselho também é dado pela autora. Quem avisa, amigo é.
site: http://pausaparapitacos.blogspot.com.br