Maria - Blog Pétalas de Liberdade 05/01/2016Amor eternoEm Para sempre, a autora usa as histórias de Nelson e Suzana e de Antônia (filha do casal) e Daniel para discutir a ideia dos amores eternos. Nelson se encantou por Suzana desde a primeira vez em que a viu, eles se casaram, tiveram filhos e se amavam, até que surgiu uma mulher bem mais jovem e a relação do casal desandou. Antônia, vendo a situação que os pais vivenciavam, tentou resistir ao sentimento que nutria por Daniel, mas o amor falou mais alto. Um amor forte, ainda assim, insuficiente para evitar os problemas que surgem em todo relacionamento com o passar dos anos.
"Mas de qualquer modo, com ou sem eternidade, o fato é que esse amor pode não ser considerado tão eterno assim, porque, afinal de contas, começa. Quer dizer, não tem vida eterna - porque antes ouve um momento em que não existia. E nem sempre nesse início dá para se saber que é amor - quanto mais se é para sempre e outras categorias ligadas a essa ideia." (página 7)
Quem não quer um amor que dure para sempre? Encontrar alguém especial, amar em todos os aspectos e até o fim da vida! Por mais que alguns não digam, essa ideia e essa busca pelo amor eterno está presente em nossa sociedade: no cinema, nos livros, na poesia, na música... Mas, infelizmente, o que vemos na vida real são relacionamentos que não são felizes para sempre. É assim desde antes do milênio passado e parece que continuará sendo assim (a diferença é que, nos dias de hoje, quando uma relação não dá mais certo, há a possibilidade da separação).
"Na vida real e moderna, entre pessoas que domesticaram as emoções primitivas porque se querem educadas e civilizadas, o caminho que resta ao sofrimento da rejeição é ser lentamente purgado em impotência, vivido como luto da perda, entregue ao tempo. Na esperança que o tempo aja logo, de que a traição deixe de clamar por justiça, de que o amor afinal não seja eterno e não resista tanto assim, de que a dor seja aplacada ou capaz de se transformar simbolicamente em qualquer outra coisa mais suportável, antes que só lhe reste virar doença fatal." (página 88)
Já havia lido outros livros da autora na época do colégio (Bisa Bia, Bisa Bel é um dos meus preferidos), mas já fazia muito tempo e eu não tinha certeza sobre como era a escrita da autora. Fluida, boa de se ler; Ana Maria Machado não ganhou o Prêmio Hans Christian Andersen à toa! Ela realmente sabe usar as palavras para defender suas ideias, usa trechos de outras obras para exemplificar seus argumentos.
Qualquer um que já tenha se apaixonado ou tenha ouvido a história de algum apaixonado, certamente vai se identificar e concordar com a forma que a autora descreve o amor, e também a dor de um coração partido, mas essa, quem já viveu entende melhor.
"E cada amante rejeitado tem que fazer do coração tripas e descobrir sozinho um jeito de se purgar e expelir o que antes o alimentava. Desta vez, sem a ajuda dos poetas românticos, tão fecundos na hora das promessas de eternidade...
(...)
Não, não era nos poetas que Susana devia buscar consolo. Não encontraria. Voluvelmente, estavam sempre celebrando os amores novos." (página 89)
Por mais que eu saiba como é a vida real, foi impossível não torcer para que a próxima página trouxesse a esperança de um final feliz, de uma redenção para alguns personagens. Ao fim da leitura, não só eu, mas também outros leitores devem ter ficado torcendo para que os relacionamentos amorosos de suas vidas sejam diferentes, sejam para sempre. Acho que é algo que já está enraizado dentro de nós.
Creio que a mensagem final da autora seja a comprovação de que o amor é para sempre, não importa quantas décadas se passem, sempre haverá pessoas se encontrando, se apaixonando e desejando que aquele amor dure para sempre. Talvez não seja eterno, talvez não seja até o fim dos dias, mas foi amor!
Sobre a parte visual, a capa é simples e segue o padrão de capas da editora, mas eu gostei e achei bonita. As páginas são amareladas e com uma textura porosa. A diagramação é boa: com marges grandes, espaçamento e fonte de bom tamanho. É um livro pequeno, que pode ser lido em um dia.
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