A Conquista do Acre

A Conquista do Acre Pimentel Gomes



Resenhas - A Conquista do Acre


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><'',º> 14/12/2017

"Embora o livro de Pimentel Gomes se constitua numa narrativa que flui agradavelmente, sem maiores exigências feitas ao leitor, certo preciosismo verbal e alguns torneios de frase mais sofisticados fazem supor a frequentação dos clássicos pelo Autor, decerto grande leitor, assim como é possível identificar a inspiração que bebeu na obra de Euclydes da Cunha, outro apaixonado da Amazônia, que ambos conheceram pessoalmente e de modo aprofundado.
Desde logo, percebemos que o autor emprega o artifício literário de instituir um narrador em discurso direto, criando uma personagem nascida na Serra da Meruoca e que, convidado a partir para a aventura dos seringais amazônicos, enuncia na primeira pessoa os acontecimentos que desdobram a trama da história.
Entretanto, com bastante frequência, o autor esquece esse dispositivo literário e desliza para o discurso indireto, em que as digressões culturais, as reflexões quase didáticas e pormenorizadas de aspectos das cidades, da natureza, etc., revelam o professor e pesquisador por baixo da pele do ficcionista.
Efetivamente, surpreendemos um tom explicativo que percorre toda a narrativa e onde o autor não consegue se ocultar. Ou ainda, ao criar circunstâncias pouco verossímeis, quando o simples sertanejo da Meruoca, descrito no início da obra, no decorrer da viagem, ao passar por Belém, faz descrições precisas de coisas existentes aí e das quais não tinha conhecimento, ou se interessa por visitar o Museu Goeldi de História Natural. Estranho matuto!
Insisto no fato. A toda hora, sobretudo nas descrições da paisagem amazônica que sendo descoberta no longo percurso rio acima, o autor se trai na fala do narrador e personagem central - Guilherme Aroeira. É interessante assinalar que nesses deslizes o leitor surpreende os méritos do intelectual de valor que havia em Pimentel Gomes, ao mesmo tempo que isso revela alguma falha do ficcionista. E uma dessas falhas reside na riqueza do léxico que o escritor põe na fala do narrador, dificilmente capaz de tal proeza. Enfim, além dos fatos apontados, a precisão das referências e informes geográficos e outros, mais uma vez desvelam o estudioso, que tudo anotava, escondido na pele de sua personagem.
Por vezes, porém, o didatismo explicativo reduz o encanto e a vivacidade da narrativa. Por outro lado, o autor atinge, noutros momentos da narrativa, páginas de uma beleza extraordinária. Sua ousadia em se aventurar em terreno tão difícil e a generosa iniciativa dos que decidiram reeditar essa obra densa e bem articulada só merecem o reconhecimento dos
leitores."

Trecho do artigo de EDUARDO DIATAHY B. DE MENEZES

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Wenceslau_Teixeira 14/03/2019minha estante
A primeira edicao deste livro e de 1964

Gomes, R.P., 1964. A conquista do Acre, 1 ed., Melhoramentos, São Paulo.




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