Ana Luiza 22/05/2013
Resenha do blog Mademoiselle Love Books - http://mademoisellelovebooks.blogspot.com.br
“Poesia é o que se perde na tradução”, disse Robert Frost e citou Iuri Abreu na introdução desse livro. “Perdidos na Tradução” não é um livro de poesia, mas muitos dos tradutores dos filmes citados são verdadeiros artistas. Alguns se mantiveram fiéis aos nomes originais, outros fizeram boas traduções e adaptações, mas muitos criaram verdadeiros monstros bizarros.
Não é de hoje e não é apenas no cinema, as traduções bizarras ou mal feitas assombram a todos nós. Quem nunca ficou bravo por ver aquele perfeito título de livro ser mal traduzido, quem nunca riu dos palavrões cabeludos traduzidos para coisa como “bobinho” e “chato” e, o pior de todos, quem nunca foi enganado por um título de filme? Dizem que não devemos julgar um livro pela capa, então será que não devemos julgar um filme pelo título? Dever, não devemos, mas vamos ser honestos, sempre o fazemos. Já comecei assistir filme com título aterrorizante que se revelou um besteirol tosco e também com título de comédia, mas que se mostrou um filme de drama.
Intrigado com as, muitas vezes estranhas, traduções, o autor pesquisou e reuniu em um livro só todos os tipos de pérolas. Divido em cinco partes, “Perdidos na Tradução” traz os mais diversos filmes, novos e antigos, e as respectivas traduções. Além de mostrar o pôster, nome original, tradução literal, tradução brasileira e portuguesa, o autor comenta as escolhas, debatendo o que teria levado os tradutores a elas. Abreu não critica apenas, ele também demonstra como algumas escolhas foram sábias e como outras foram pensadas apenas visando o lucro.
Na primeira parte, “A Maldição do Subtítulo”, vemos como muitas vezes os nomes são complementados como informações desnecessárias, uma espécie de estratégia para convencer as pessoas a verem o filme. O pior, como vemos, é quando eles deixam o título original e colocam um subtítulo em português, meio que explicando do que o filme se trata. A segunda parte, “Poesia Pura”, vemos como títulos ganham traduções cheias de inspiração, mas que no final acabam confundindo (e enganado!) a quem vai ver o filme. Na terceira parte, “Liberdade Total”, estão os títulos mais criativos e bizarros, que fogem completamente do original e trama do filme. Esses são aqueles que nos fazem rir (para não chorar) e os que mais enganam. A quarta parte traz os títulos “Fiéis ao Original”, que mantêm palavras ou significados parecidos com os originais, o que como vemos, nem sempre é bom. A última e quinta parte, “Entregando o Jogo”, mostra os títulos que preferem não deixar dúvidas e deixam claro sobre o que o filme é.
Em meio a tantos nomes, que vão de ridículos, a poéticos e a bizarros, é impossível não rir ou se perguntar o que se passa na cabeça dos tradutores. Tanto aqui quanto em Portugal, vemos como esses profissionais podem cair em verdadeiras ciladas ao fazer uma tradução mal feita ou mal pensada. Com muito bom humor, “Perdidos na Tradução” nos ensina que definitivamente não devemos julgar um filme por seu nome e que é sempre bom ler a sinopse ou ver o trailer antes de assistir algo, apesar que às vezes eles também nos enganam. Quero parabenizar o autor pela ideia criativa para seu livro, e sugerir que faça um “Perdidos na Tradução 2”, com as pérolas das traduções literárias. Agradeço a editora pela oportunidade de ler o livro, foi uma leitura diferente e divertida que recomendo para os amantes de cinema, que também já foram enganados pelas más traduções.
A editora fez um belíssimo trabalho com o livro. A edição conta com detalhes simples, mas relacionados a cinema e que deram um toque especial ao livro. Adorei o detalhe na numeração das páginas e no início de cada parte (fotos em http://mademoisellelovebooks.blogspot.com.br/2013/05/resenha-perdidos-na-traducao-iuri-abreu.html#more). Outra coisa que amei foi a capa, as ilustrações dos personagens de filmes famosos (que aparecem no livro) ficaram lindas. Entretanto, apesar de ter acertado em muitos detalhes na edição, a editora deixou passar um erro gritante. Na página 249, onde o autor comenta a tradução do filme “Possuídos”, originalmente “Fallen”, a foto que supostamente deveria ser do pôster do filme, na verdade, é do livro Fallen, de Lauren Kate, que não tem absolutamente nada a ver com o filme.
Autora da resenha: La Mademoiselle
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