Nath @biscoito.esperto 04/11/2015Deuses não sangramOkay, vou ser sincera: eu comecei a ler O Espadachim de Carvão pensando que o livro seria uma droga. Eu, particularmente, não sou muito fã desse tipo de fantasia muito... fantástica, então eu já pensava que era o tipo errado de livro para mim. Adoro o Affonso Solano, adoro o Matando Robôs Gigantes, adoro quando ele aparece no Nerdcast, mas eu tinha expectativas bem baixas em relação a este livro.
O livro é curto, pouco mais de 250 páginas. É muito bem acabado, excelente diagramação, a capa é espetacular e os desenhos que iniciam cada capítulo são maravilhosos. Mas eu tinha medo que a beleza do livro acabasse por aí.
Comecei a ler o livro e pensei: ótimo, minhas expectativas estavam corretas. Confesso que não estava entendendo bulhufas e, após ler três capítulos, eu gentilmente coloquei o livro de volta na estante e pensei: quem sabe outra hora?
Essa outra hora chegou dois meses depois, quando decidi tomar vergonha na cara e ler o livro. Recomecei. Não estava entendendo muita coisa. O autor criou um universo complexo governado por quatro deuses, e esses deuses tinham conexões fortes com as criaturas que viviam em Kurgala antes de se exilarem. No mundo, além dos humanos, existem vários tipos diferentes de criaturas, com características, nomes e habilidades diferentes. Mas Adapak, nosso personagem principal, é único. Não existem outras criaturas como ele, pois ele é filho de um dos quatro deuses de Kurgala. E agora ele está sendo perseguido por criaturas que querem matá-lo, e ele precisa fugir.
Confesso que, a partir da metade do livro, quando comecei a entender quais criaturas eram quais, comecei a entender qual era a mitologia do mundo e como a narrativa ia funcionar, amei o livro. O Affonso escrevia capítulos intercalados entre o presente – a fuga de Adapak – e o passado – contando momentos importantes da infância de da adolescência de Adapak. Eu adorava os flashbacks pois eles nos explicavam muito sobre o universo da história e os deuses, e comecei a gostar das cenas que se passavam no presente por causa da ação e das relações com o passado.
Gostei do livro. A escrita do Affonso é ótima, a pesar de ele ter criado um mundo complexo e não ter explicado bem. Acho que, numa futura edição, um glossário ou anexo explicando quais são as criaturas, suas características, habilidades e aparência ajudaria muito. E algo falando dos deuses, também.
Fora isso, não tenho nada do que reclamar. A ação do livro é de tirar o fogo – aquela cena no barco, maluco, que cena incrível – e as cenas de aventura, aprendizado e romance foram espetaculares. O Affonso é um escritor genial, só poderia ter explicado melhor seu mundo, para que nós, leitores, não ficássemos tão perdidos.
De qualquer forma, espero pelo próximo livro =D
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