jota 06/03/2012AntoniaOutra vez vou citar Harold Bloom em minhas resenhas. Para ele, Willa Cather é uma das maiores escritoras da literatura norte-americana do século XX, rivalizando até mesmo com seu contemporâneo William Faulkner.
Se Faulkner é o escritor do sul dos EUA, Cather é quem melhor trata da vida no oeste americano do final do século XIX e início do XX. Mais do que o bastante conhecido A Morte Vem Buscar o Arcebispo, Bloom destaca como obras fundamentais da autora, Minha Ántonia (1918) e Uma Dama Perdida (1923). Mas pouca coisa de Carter foi traduzida no Brasil, infelizmente; apenas dois romances e um livro de contos, por aí.
Em Minha Ántonia (o acento é por conta do modo como o pai pronunciava o nome da filha), vamos encontrar as histórias de Jim Burden, garoto americano do Nebraska e narrador do romance, e de Antonia Shimerka, imigrante tcheca um pouco mais velha que ele, de forte personalidade, e que se torna sua grande amiga para o resto da vida.
Nada de muito extraordinário acontece nesse livro. O encantamento vem por conta da poesia em forma de prosa que Cather destila de modo direto e limpo. Um simples paisagem, por exemplo, é descrita com lirismo tamanho que, mais do que apenas um quadro da natureza, temos então algo que reverbera fundo na vida dos personagens. E dos leitores, por consequência.
Só mesmo lendo Minha Ántonia para desfrutar tal prazer.