Camis 15/08/2013O conto da Meg Cabot era o que eu mais aguardava, principalmente porque, dentre as quatro, essa é a única autora da qual eu já tinha lido algo antes. Além disso, sendo uma releitura de A Bela e a Fera, meu conto de fadas favorito, eu estava esperando algo que me fascinasse. O conto não atendeu todas as minhas expectativas, mas também não posso dizer que não foi bom. É claro que o amor entre os personagens surge do além, como em todos os contos de fadas, mas esse foi o ponto que mais me decepcionou na leitura, já que eu esperava algo moderno e não tão clichê. Mas, afinal, o príncipe da Branca de Neve beijou uma defunta desconhecida no meio do mato e ninguém reclamou, certo?
Já Princesa Pop da Paula Pimenta foi uma surpresa deliciosa. Não tinha lido nada da Paula antes, mas já tinha ouvido falarem bastante dela, e esse conto que a autora criou definitivamente foi um incentivo pra que eu me aventurasse em seus outros livros no futuro. Esse realmente foi o tipo releitura que eu estava esperando, um conto de fadas realmente moderno. Todo o enredo é bem desenvolvido, os personagens não se apaixonam da noite para o dia, e o principal: a vilã tem potencial. Cintia, a DJ Cinderela, é realmente o que se espera de uma princesa nos dias de hoje: antenada, com opiniões próprias, decidida, e forte. Se ela fosse protagonista em um conto de fadas antigo, com certeza Cintia vestiria uma calça, montaria no cavalo, e mataria o dragão. O príncipe viria em segundo plano.
Entre os dois contos está bem óbvio que meu favorito é Princesa Pop. Não que a Meg não tenha criado uma narrativa legal (na verdade achei a maneira de escrever das autoras bem parecidas), no entanto, Paula Pimenta soube desenvolver melhor seu conto e o tema do livro. Creio que a Meg pecou mesmo no amor instantâneo entre o casal, afinal, no mundo de hoje, mulheres sabem diferenciar amor à primeira vista e amor ao primeiro encontro. Se apaixonar após só olhar o cara é uma coisa, se apaixonar após ter uma boa conversa que durou minutos, mas que pareceram horas, é completamente diferente.
Para mim a Lauren Kate foi a que mais “viajou” na hora de escrever. Em Conto de Fadas Moderno, ela se prendeu demais na parte “de Fadas” e, praticamente, esqueceu da parte “Moderno”. É claro que eu não deveria exigir que a estória fosse realista, já que estamos falando da Bela Adormecida, mas ainda assim a autora criou um enredo sem pé nem cabeça, cheio de pontos fracos e falhos. A parte em que Bela é apresentada ao seu povo e os anjos a abençoam (e um deles a amaldiçoa) é tão semelhante ao conto original que me fez pensar em “ctrl + c, ctrl + v”. E, quando finalmente entra o “príncipe” na estória, e pensamos que a coisa vai mudar, Lauren me vem com aquela cena parecidíssima com a última de cena do primeiro filme de Nárnia. Sabe quando os quatro irmãos já estão adultos no final do filme, e eles saem pra andar a cavalo, mas acabam se embrenhando entre as árvores e, de repente, já estão saindo do guarda-roupa outra vez? Pois é. É exatamente assim que acontece no conto da Lauren, e, por mais que o príncipe de meia tigela que a Lauren criou seja um garoto do século XXI, ele age quase como se aquilo fosse uma coisa normal. Fala sério, o garoto passa o conto inteiro apaixonado por outra, e quando olha para a princesa pela primeira vez já jura amor eterno e esquece da ex em 1 segundo? E como se não bastassem as fadas, os anjos, o príncipe bocó e a viagem para outro mundo, a autora ainda me coloca um unicórnio no meio. Espere. Pra falar a verdade, acho que o unicórnio é o único personagem de que gostei nesse conto.
Já o último conto, de outra autora brasileira, a Patrícia Barboza, pra mim, seguiu o mesmo padrão que o primeiro conto, da Meg Cabot. Ele nem se aprofunda demais como o da Paula Pimenta, nem fica raso demais como o da Lauren Kate. Esse conto me fez lembrar de pedaços da estória da Rapunzel que eu já nem lembrava mais, como a cena em que a princesa chora nos olhos do príncipe, o que demonstrou que a autora soube puxar todos os detalhes do conto original para a sua releitura sem precisar fazer um “copia e cola”. O único ponto em que achei que a Patrícia pecou foi na hora de criar uma vilã, que no caso é a madrinha da Camila (minha xará!). A autora não soube criar um motivo convincente para a madrinha a prender na “torre”, e também não soube fazê-la realmente ser má, apenas, rigorosa.
Pra mim, dentre todos os contos, o da Paula Pimenta foi de longe o que mais me agradou e convenceu. Lauren Kate me decepcionou extremamente nesse livro e, se tive que dar 3 estrelas para o livro, foi com certeza graças ao conto dela. O contraste entre esses dois contos é bem grande, fazendo com que os outros dois, o da Meg e o da Patrícia, acabem ficando equiparados no meio termo. Infelizmente, encontrei alguns erros de revisão, mas eles são razoáveis. Em compensação, a diagramação e a capa criadas pela Editora Galera Record ficaram excelentes, fazendo da leitura algo bem mais agradável.
PARTE 1:http://nolimitedaleitura.blogspot.com.br/2013/08/maratona-o-livro-das-princesas.html
PARTE 2: http://nolimitedaleitura.blogspot.com.br/2013/08/maratona-o-livro-das-princesas-parte-2.html