Pri 02/07/2016O amor ajuda a superar traumasEcho Emerson agora é considerada a esquisita da escola. Ela já fez parte do grupo dos populares, com muitas amigas, beleza, inteligência e talento de sobra, e um namorado legal. Até que algo aconteceu, ela passou um tempo sem ir à escola, e, quando voltou, passou a se esconder em blusas de manga comprida, mesmo em dias de calor, e se afastou de todos, inclusive de suas amigas e de seu ex-namorado. Ninguém sabe o que realmente ocorreu naquele dia, nem mesmo Echo. Porém, as marcas do acidente, físicas e psicológicas, não permitem que ela esqueça um só dia o quanto ela precisa descobrir. Tudo que ela queria era poder voltar a ser normal.
"Confiar. Por que não me pede para fazer algo mais fácil, como provar a existência de Deus? Até Deus tinha desistido de mim.
— Eu já perdi uma parte da minha mente. Não posso confiar a você o que sobrou."
Noah Hutchings faz parte do grupo dos drogados e excluídos da escola. Ele gosta do seu ar de badboy e da reputação que tem com as garotas, e faz questão de que as coisas permaneçam assim. Ninguém lembra, mas ele já foi como os outros caras da escola: praticava esportes, tirava boas notas, era alguém com um ótimo futuro pela frente. Mas não mais. Sua vida nunca vai voltar a ser como antes, então ele precisa manter a pose de durão e aguentar alguns meses até a formatura, quando finalmente vai poder pedir a guarda dos irmãos e tentar reunir sua família novamente.
"— Porque crescer significa fazer escolhas difíceis, e fazer a coisa certa nem sempre significa fazer o que faz a gente se sentir bem."
Echo e Noah são duas pessoas completamente diferentes, mas ao mesmo tempo muito parecidas; ambas com seus traumas, medos e objetivos que os mantêm seguindo em frente, tudo o que desejam é que a vida voltasse a ser como era há dois anos. Parece improvável que seus caminhos se cruzem, mas a sra. Collins, a assistente social clínica dos dois, acaba tornando isso possível quando decide que Echo deve ser monitora de Noah.
"— Nunca fica melhor — eu disse. — A dor. As feridas cicatrizam e você nem sempre sente que tem uma faca atravessando seu corpo. Mas, quando você menos espera, a dor aparece pra te lembrar que você nunca mais será a mesma."
No início, nenhum dos dois fica muito satisfeito com essa situação. Mas conforme vão se conhecendo, não resistem à atração inegável que sentem um pelo outro, e percebem que ninguém mais é capaz de compreender como o outro se sente tão plenamente. Juntos conseguem se sentir como pessoas normais novamente, e talvez assim a vida possa melhorar e seus objetivos sejam alcançados mais rapidamente.
"Entre beijos frenéticos, sussurrei as palavras 'Eu te amo'. Porque eu amava. O Noah me escutava. Ele me fazia rir e me sentir especial. Ele era forte, aconchegante, cuidadoso e... tudo. Eu o amava. Mais do que jamais tinha amado alguém na vida."
Echo e Noah são dois personagens traumatizados, cada um por seus próprios motivos. Isso os torna pessoas mais difíceis de lidar, mais hesitantes em manter relacionamentos e interagir com novas pessoas. Gostei muito da forma como tudo começou, como eles foram obrigados a conviver e como isso foi mudando suas vidas aos poucos. O romance foi surgindo devagar e não foi algo forçado como ocorre em muitos livros por aí. A Echo é uma garota forte, apesar de eu achar que ela ficou fazendo um drama exagerado em certos momentos do livro. Mas nunca passei por nenhuma situação parecida com a dela, então é difícil dizer como reagiria no lugar dela. O Noah é muito fofo com a Echo, o que me fez perdoar o jeito idiota dele. Sério, ele me irritou muitas vezes. Ele gosta de fazer o papel do cara babaca e isso foi chato em algumas partes. Mas, como eu disse, foi perdoável, até porque ele tem a razão dele para agir assim.
A narrativa é em primeira pessoa, dividida entre entre os pontos de vista do Noah e da Echo. Só senti falta dos capítulos serem nomeados, ou pelo menos numerados, já que o início é indicado apenas pelo nome do personagem que o narra.
"O pior tipo de choro não era o que todo mundo podia ver — os gemidos, as roupas rasgadas. Não, o pior tipo acontecia quando sua alma chorava e, não importava o que você fizesse, não havia consolo. Algo murchava e se tornava uma cicatriz na parte da alma que sobrevivia."
A história é muito gostosa de ler, até porque o foco do livro não é só o romance dos personagens. Também aborda seus traumas, como afetam suas vidas no presente e suas visões para o futuro, e como é difícil para eles confiarem nas pessoas e aceitarem que precisam de ajuda. É bem bonito como tudo vai evoluindo, e os segredos que ambos escondem contribuem para um ar de mistério e drama no enredo. É aquele romance que tem de tudo um pouquinho, que é muito bom de ler. Portanto, recomendadíssimo por mim! ;) A única coisa que continuo achando estranha é o nome da Echo. Sério, eu não colocaria esse nome na minha filha nem mesmo se eu fosse apaixonada por mitologia grega. haha
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http://www.sigolendo.com.br/2016/06/cheiro-de-livro-novo-no-limite-da.html