@aprendilendo_ 08/11/2020
Resenha de Drácula
Popular na cultura moderna, o vampiro, ser sobrenatural caracterizado pela macabra sede por sangue, existe há séculos nos contos da humanidade, sendo a mitologia eslava aquela responsável por criar os elementos presentes nos seres descritos em livros e filmes do séc. XXI. No entanto, apesar de seus primórdios serem tão antigos, a verdadeira ascensão do mito teve seu real início com a publicação do grande clássico, Drácula, escrito por Bram Stoker e divulgado em 1897. Nesse contexto, por meio de relatos e cartas dos protagonistas, a história conta como um grupo de pessoas lidará com o rei Nosferatu quando, de forma abrupta, suas vidas passam a ser afetadas diretamente pelo monstro imortal.
Com um início devagar e muito descritivo, a obra começa com um intuito certo, causar sensação de estranheza e incompreensão no leitor. Sinal disso é a criação aqui de um Drácula, diferentemente do que se possa pensar, muito mais macabro do que realmente imponente. Tal característica é aprofundada por dois pontos essenciais, a forma ponderada pela qual os fatos são revelados, e o elemento da narrativa feita por meio das cartas e diários dos personagens, pois com esse fator, nos tornamos presos à ignorância de cada sujeito sobre os acontecimentos estranhos e à temporalidade do ocorrido. Assim, como as epístolas descrevem apenas o passado e ficam restritas aos saberes do indivíduo, o leitor, após cada capítulo, deixa de se perguntar apenas “o que vai acontecer? ”, e passa a igualmente questionar “o que aconteceu? ”. Como consequência, o ambiente excêntrico e as dúvidas sobre alguns ocorridos tornam a obra algo extremamente instigante e contagioso, nos aproximando da sensação de desamparo e incerteza dos personagens em cada cena.
No decorrer do livro, a característica vagarosa perde a vez para um desenvolvimento acelerado, permitindo cada vez mais lacunas para o leitor imaginar por si os ambientes góticos dos capítulos. Aqui, aquela prisão aos conhecimentos temporais de cada personagem é utilizada de forma inteligente quando, por meio de uma intercalação crescente entre os relatos de cada um, o autor começa a dar uma sensação de ação e caçada enquanto, de forma sútil, cria no leitor um sentimento de presságio, como se a todo momento algo estivesse prestes a acontecer. Sobre os personagens, novamente a escolha da narrativa em formato de relatos traz consigo um acerto fundamental para a obra. Por meio das cartas, a relação de empatia com os sujeitos tende a aumentar e torna-se difícil não nos apegarmos a nenhum, afinal, com cerca de nove indivíduos recorrentes, Bram apresenta uma multiplicidade cativante de personalidades para todos os gostos.
Com uma charmosa ambientação gótica e um bom uso do sobrenatural, Drácula impressiona em sua diversidade, seja narrativa, seja de personagens. Afinal, consegue, ao mesmo tempo, entregar um belo romance, um tenso suspense, um macabro terror e uma bela aventura. Ótimo livro, vale a pena a leitura.
Nota: 8,5
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