Resenhas - Os anjos bons da nossa natureza

Daniel432 15/11/2022

Eles Trabalham Para Nós
O livro é grande e pesado (para ler e carregar!!) mas o assunto é bastante interessante.

O autor, apoiado em inúmeros autores e pesquisadores predecessores, procura mostrar-nos que, ao contrário do que pensamos, a violência diminuiu ao longo do tempo, em que pese haver momentos em que ela recrudesce. Ele, inclusive, cita o fato de tendermos a pensarmos que no passado as coisas eram melhores.

E o que fez com que a violência diminuísse?? Bom, melhor você ler o livro pois são vários fatores que contribuíram e eles mudam com o passar do tempo, claro depois de deixarem sua contribuição. Um pequeno, e não exaustivo, resumo engloba mudanças nos costumes (deixar de comer com as mãos, maior preocupação com a higiene, maior controle dos sentimentos), o desenvolvimento do comércio (onde é melhor ter vizinhos com quem comercializar do que eliminá-los para obter benefícios somente uma vez) e a genética evolutiva aprimorando os nossos anjos bons.

Somente no último capítulo o autor enumera os anjos bons que, mesmo sem nossa plena consciência, trabalham para melhorar nossa vida, reduzindo as chances de sofrermos algum tipo de violência.

A leitura desse livro no atual momento vivido pelos brasileiros faz-me perceber o quanto regredimos em termos de tolerância com a diversidade, a empatia foi relegada ao segundo plano e a violência gratuita e desnecessária aumentou. Basta ler as notícias!!

De fato, os anjos bons trabalham para nós e nem percebemos, mas também há aquelas pessoas que se esforçam para dificultar a vida desses anjos.

Você discorda?? Claro, fique à vontade para tanto. Leia o livro e tire suas conclusões!!

Bruce 26/06/2022

Divulgação científica de ótima qualidade
Não concordo com algumas posições epistemológicas do autor, como seu posicionamento claramente mais nature que nurture dentro dessa dicotomia clássica, mas com essa ressalva devo dizer que aprovo esse trabalho pesado que fez para seu argumento sobre a gradativa diminuição da violência pela humanidade. São levantados argumentos históricos e antropológicos para além de sua especialidade, que é a teoria da mente e a neurobiologia, que enriquecem a análise sobre o fenômeno. Muitas vezes passeei por comentários e observações que absolutamente discordo, mas reconheço que são pontuais face ao trabalho como um todo, extremamente bem feito e elogiável.

minefreitas 17/01/2022

Um livro denso, grande, alguns momentos foram chatos pra mim (a parte das estatísticas rs), mas eu acredito que foi um dos livros mais importantes que já li. Foi minha primeira leitura do Pinker, eu sou apaixonada por ele! Me ajudou a compreender que as coisas estão melhorando, de um modo geral, e também as suas razões chaves para que a violência diminua em uma sociedade são justamente o que falta no brasil, como por exemplo a certeza que as leis serão aplicadas igualmente à todos. O autor volta bastante no tempo pra nos mostrar que essa ideia de que estamos vivendo o "fim dos tempos" é muito equivocada, e nos mostra que atualmente expandimos nosso círculo de empatia até para além de nós mesmos abrangendo agora os animais por exemplo.

Polly 18/08/2021

A violência diminuiu.
O livro apresenta uma ampla pesquisa com base em registros históricos para provar que a violência diminuiu. Coisas que antes eram práticas comuns, hoje são consideradas absurdas. Apesar de nem todas as pessoas e sociedades se encontrarem no mesmo grau de elevação. O que justifica alguns desvios de conduta.
O livro é dividido em vários capítulos e aborda a violência de diversas formas: entre países, entre homens, política, religiosa, contra mulheres, crianças, animais, dentre outras.
Levei um ano para completar a leitura, pois algumas passagens são descritas com uma riqueza de detalhes tão grande, que tive que dar alguns intervalos para digerir as informações. Mas no geral, é muito interessante e não deixa apagar a chama da esperança de que que as coisas parecem desandar, mas que em breve se tornarão melhores que antes.

Edu 01/03/2021

Pesquisa profunda
Bastante completo, o autor te dá vários dados, estatísticas, estudos, comparações, é uma pesquisa incrível mesmo. Também compartilha as suas conclusões e os motivos delas, bastante embasados. Sempre deixa claro de onde cada informação está vindo e o seu contexto. Acaba ficando um pouco cansativo em alguns tópicos, quando ele quer fazer algum comentário ou alguma conexão com outros dados, mas ainda assim é tudo bastante interessante. Recomendo.

Éverton 31/12/2020

Não seja enganado pelo sensacionalismo
Quase todo mundo tem a impressão e até a certeza que a violência só tem piorado no mundo. Os jornais e mídias têm cada vez mais poder de cobertura e mais audiência quando o assunto se trata de violência. Violência é uma coisa ruim e todos sentimos repulsa, mas somos atraídos para esses assuntos, seja por medo da situação ou compaixão pela vítima. Mas ao contrário do que todos imaginam, a violência tem diminuído bastante através do tempo. Várias formas de violência eram mais aceitas antigamente e as formas modernas de combate à violência inexistiam. Ainda falta muito para vivermos num mundo de paz, especialmente em países com democracias mais pobres e com instituições que não funcionam direito. Mas mesmo esses países, a violência também tem diminuído no geral. A violência existe a ainda nos preocupa bastante. Mas temos que ser otimistas. Cada geração nossa está ficando mais segura. Não devemos cair na onda de sensacionalistas que coloca o medo que a violência como plataforma para ter audiência e poder político. Temos que encarar a violência de forma racional, pois é assim que ela diminuiu e é assim que vai continuar diminuindo.

Charles 14/03/2020

Livro bom
A ideia base deste livro é que a violência vem diminuindo ao longo do tempo. Pinker traz um arsenal denso de estatísticas e história usando sua erudição para comprovar sua tese, ele faz um trajeto demorado, explicando de início o processo civilizador da humanidade que foi o começo da pacificação e o processo recivilizador que foram os primeiros passos para o declínio da violência. Posteriormente o autor vai falar sobre a criação e influência dos direitos humanos e direitos civis no processo de pacificação mundial.
Após a trajetória mais histórica de sua análise ao chegar na pg 648 ele começa entrar mais em questões ligadas a psicologia da violência na qual ele mostra os motivos para a violência, tópicos explicados com lucidez e bases teóricas sólidas, que são estas: dominação, predação, vingança, ideologia e sadismo. Posteriormente ele traz o conceito que chama de "anjos bons" que seria as bases psicológicas para praticar o "bem" ou para frear nossa violência que são: a empatia, moralidade, autocontrole e a razão.
No capítulo final ele vai mostrar quais são os 5 elementos que, na visão dele, realmente contribuíram para a queda da violência e vai apontar os pseudoresponsaveis pelo declínio da violência.

Paulo A.A 03/07/2019

Demorei um ano mas terminei :)
É um livro bem grande, demorei um ano para lê-lo pois tive vários hiatos na sua leitura quase abandonando várias vezes porque ele tem muitos, mas muitos argumentos super interessante mas contrabalanceados com leituras muito monótonas mas no final valeu a pena e me ofereceu bastantes pontos de vistas novos.

É um livro científico, levantando argumentos e citando estudos e experimentos que os corroboram, as vezes de forma detalhada demais, o que para o leitor comum que quer uma leitura mais simples e didática isso pode desmotivar.

Depois da persistência que tive para chegar ao final deste livro vou tentar retomar o "Rápido e Devagar: Duas formas de Pensar" que abandonei pelos mesmo motivos que fiz vários hiatos neste ... mas daqui alguns meses.

Neto.Antunes 09/09/2016

Complexo
É um livro que possui texto científico, de maneira que a leitura é pesada e lenta, às vezes até cansativa. O autor busca, através de dados estatísticos e gráficos, confirmar a sua tese inicial: a violência vem diminuindo ao longo da história.
Por ser um texto científico acaba sendo complexo, até porque há citações de métodos de pesquisa, bem como análise estatística que não é de conhecimento comum.
Muito indicado para quem estuda o campo das ciências sociais.

Ricardo Silas 07/04/2016

Os anjos bons da nossa natureza
O nosso Pálido Ponto Azul, como foi a Terra apelidada por Carl Sagan, se transformou em um lugar pior do que era séculos atrás? Se antenarmos a nossa televisão nos jornais policiescos, veremos matérias de crimes corriqueiros, como homicídios cruentos, estupros e extorsões mediante sequestro. O sangue de vidas inocentes, que todos o dias escorre pelos noticiários, nos dá a sensação de que o mundo é um péssimo lugar para quem almeja a paz. Steven Pinker, psicólogo evolucionista de destaque na ciência contemporânea e diretor do Centro de Neurociência Cognitiva do MIT, defende em seu livro Os anjos bons da nossa natureza que a atual geração, desde a queda do Muro de Berlim, tornou-se a mais pacífica da história da humanidade.

A ideia parece conclusivamente absurda, mas, por traz das nossas percepções superficiais sobre a violência, existe um coquetel de sensacionalismo midiático, ignorância científica e histórica. Ou seja, uma visão de mundo baseada no que a televisão informa é, de modo geral, um engodo. Se julgamos o Brasil ou todo o planeta como um purgatório infestado de demônios e hitleres, é porque as cenas de crimes de sangue são mais difíceis de apagar da memória, pois elas vêm acompanhadas por um sensacionalismo quase sempre explosivo. No âmbito psicológico, o que pensamos sobre a violência é constituído por um senso comum incompatível com os dados estatísticos ou análises de rigor científico. Pergunte ao seu avô ou avó se, na época em que eles nasceram, a vida era mais sossegada e menos perigosa, e você ouvirá um sim nostálgico e melodramático. Existe razão nisso?

Qualquer pessoa se sentiria capaz de esmagar essa ideia invocando as Grandes Guerras Mundiais que afogaram o século XX em um mar de cadáveres, o Holocausto nazista em toda a sua crueldade sem precedentes, ou somente afirmando o que nossos pais e avós não se cansam de repetir: no meu tempo, a qualidade de vida era melhor. Decerto, as experiências pessoais de quem nasceu na década de 50 possuem o seu valor, mas para pendurar as pesquisas de Steven Pinker no mural da vergonha, precisaríamos de informações mais sofisticadas. Os anjos bons da nossa natureza é a obra que desvenda a história da violência em meio ao universo humano.

Começando pela Idade da Pedra, quando nossos ancestrais praticavam a arte rupestre, as medidas mais recorrentes para solucionar problemas entre tribos rivais e conflitos entre indivíduos não eram a diplomacia ou o diálogo. Aquele que empunhasse um porrete e rachasse o crânio do seu oponente venceria a debate. Ao menos é isso o que os pesquisadores constataram em perícias de ossadas humanas encontradas na África e em outros locais primitivos, a maioria delas relacionadas a mortes violentas. Nessa época, as chances de alguém ser vítima de um crime sangrento eram extremamente maiores do que as chances atuais. Para medir essa probabilidade, Pinker utiliza uma fórmula tradicional que calcula quantas pessoas, em cem mil, morreram por razões violentas no período de um ano. Isso põe em xeque a compreensão que temos da humanidade em seu estado natural, contrariando o caráter rousseniano da nossa espécie. Entretanto, nem tudo se resume à máxima hobessiana de que o homem é o lobo do homem.

Mas a ideia central do livro está posta: apesar de não existir uma garantia da paz, a violência está diminuindo rapidamente. Hoje, por exemplo, são raras as pessoas que apreciam um espetáculo de tortura de hereges, bruxas, negros, indígenas e homossexuais. A escravidão, de algo sancionado pelo cristianismo católico e pelas monarquias, passou a ser execrada por todas as pessoas dotadas de um pingo de civilidade. Maridos não mais podem tratar suas esposas como bonecas infláveis, tampouco podem espancar os próprios filhos sob o pretexto do castigo. Ditaduras e autocracias foram fraturadas e substituídas por repúblicas democráticas que, embora em sua imperfeição, ainda são alternativas melhores ao retorno indesejável de reis e imperadores napoleônicos. E mesmo que a tecnologia tenha nos dado o poder da destruição, nem as Grandes Guerras Mundiais foram piores que certas guerras do passado.

Os números apontados no livro levam em conta a população de cada época tomada como objeto de estudo, descobrindo-se que, caso a Segunda Guerra Mundial ocorresse com a mesma taxa de homicídios das guerras tribais entre caçadores-coletores, o massacre seria não de 20 ou 30 milhões de mortes, mas sim de, proporcionalmente, 2 bilhões de mortes, ou mais. Isto porque, se morreram mais pessoas no século XX, é porque o contingente demográfico era mais elevado. O mesmo cálculo é utilizado para responder a seguinte questão: quais as chances de você sofrer uma agressão no século XXI e no século XII? Estatisticamente, agradeça por ter nascido nesta época, e não em outra.

Muita coisa mudou e, em cada canto onde os nossos olhos podem ver, há uma transição notável da barbárie entre grandes Estados, com suas ameaças de dinamitar o mundo com bombas nucleares, para a diplomacia e soluções pacíficas, envolvendo, inclusive, o surgimento de entidades internacionais, como a ONU e seus diversos setores.

O cardápio de atos cruéis realizados por seres humanos é quase infindável. Poderíamos elaborar uma longa lista de épocas, lugares e situações onde o predomínio da maldade se edificou, como no terrorismo das potências ocidentais contra o Oriente Médio e vice-versa. No entanto, na maioria desses espaços houve um processo de pacificação e de civilização que tirou as pessoas do instinto conflituoso e deu-lhes mais autocontrole e educação. Dos impulsos que colocam o ser humano no caminho da truculência, os quais foram explicados por Steven Pinker, estão a predação, dominação, vingança, sadismo e ideologias quaisquer que sejam; e, em sentido oposto, temos o autocontrole, os tabus e a moralidade, o senso de justiça e a empatia, que inibem nossas tendências à agressão desenfreada. Cada um desses elementos, ora ocultos e ora arreganhados, formam uma mistura que dificulta a definição da natureza humana.

Existe também uma soma de outros fatores que empurram para baixo os índices de violência, especialmente nos lugares onde a democracia encontrou solo fértil para espalhar suas raízes. A divulgação científica, a alfabetização, a revolução histórica dos direitos humanos, e também o feminismo, o comércio internacional e o contato com diferentes culturas e o movimento dos direitos dos animais são exemplos substanciais. Tal como foi estudado, mulheres mais participativas na política, quando começaram a reivindicar um tratamento mais justo, contribuíram com o advento de sociedades menos turbulentas. O desconforto de muitos críticos começa a borbulhar quando somos forçados a encarar os números relacionados à religião, e descobrimos que ela, seja qual for, nem de longe pode ser tratada como um forte redutor da violência mundial.

Ainda é cedo para fazer prognósticos, mas podemos dar como certo que, ainda que a nossa vida seja rodeada por certa insegurança, o mundo é um lugar menos hostil para se viver. A violência pode perdurar até o último capítulo da nossa história, porém ela não é maior do que o desejo de bilhões de pessoas inclinadas à paz, e não à guerra. Saiba de que lado você quer estar.