Renato Russo

Renato Russo Carlos Marcelo




Resenhas - Renato Russo


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San 17/03/2021

Ótima leitura
Gostei muito do livro.
Bem informativo.
Além de conhecer a história do Renato e Legião Urbana, também conhecemos o momento político e musical do decorrer do tempo.
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Andre_Sch 02/11/2009

O livro é acolhedor, repleto de depoimentos bem distribuídos e de presente vem arquivos de imagens. Contém um pouco mais do trovador solitário, suas angústias e a maneira que surgia suas belas canções.
O sucesso, o isolamento, as conquistas, drogas, o alcoolismo entre outras coisas que o grande líder da Legião passou em sua vida e nos lugares onde percorreu.

“E nossa história
Não estará
Pelo avesso assim
Sem final feliz
Teremos coisas bonitas pra contar
E até lá
Vamos viver
Temos muito ainda por fazer
Não olhe pra trás
Apenas começamos
O mundo começa agora, ahh!
Apenas começamos.”
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Rosabel Poetry 10/06/2021

Que falta faz as palavras de Renato escritas por ele mesmo
Admito, não só reconheço como também admiro o trabalho e dedicação de anos que Carlos Marcelo teve ao construir essa obra que de modo geral é interessantíssima. Contudo, achei que as informações de história política, história da música, a história de Renato e algumas excessões que nem me arrisco a adivinhar de quem eram, ficaram embaralhadas. Para quem teve contato com a ditadura militar e os grandiosos movimentos musicais que vem se seguindo desde 1960 é nostálgico e cativante, mas para o público atual fica um pouco confusa essa troca de assunto repentina de uma frase para outra.

É fato que Legião tem ligação com tudo isso, porém, o próprio título ressalta "RENATO RUSSO - O FILHO DA REVOLUÇÃO" dando a entender a mudança no mundo pelo ídolo. O livro mostra o mundo antes de Russo e acaba pecando em mostrá-lo durante e depois. O impacto do artista. Chegando até a ignorar assuntos relevantes como a passagem da história da banda por 1989 sem mencionar a existência do filho do vocalista, que por sinal só é citado vários capítulos após o ano de seu nascimento.

Há passagens de contos dentro dos capítulos que apesar de terem conexão com a banda não se mostram relevantes ou interessantes o suficiente para estarem ali, é quase como se alguém tivesse contado sobre o Renato ao autor em troca do seu nome aparecer no livro (não estou dizendo que aconteceu, é apenas a impressão que tive).

O fato das notas terem sido postas no final dificulta a leitura pois quando se encontra uma frase com marcação é preciso pular então até às últimas páginas para saber do que se trata. Esse quisito também atrapalha na questão dos versos em inglês, para aqueles que não dominam o idioma é complicado confirmar certa expressão aqui ou ali sem ter que recorrer as notas que estão muito longe da página atual.

A cada vez que leio algo escrito pelas mãos do próprio Renato Russo sinto uma profundidade de emoções que não consigo ver transpassadas nessas folhas. Lamento com todo meu coração que não tenhamos uma autobiografia do mesmo, sinto que ela seria maravilhosa.
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jcmulatinho 21/09/2009

O livro é muito bom, detalhista, e muito bem sucedido em sua tentativa de situar o contexto histórico do surgimento e ascenção do Renato. O problema é que ele termina cedo demais, durante a turnê do 3º disco. Quem quiser continuar de onde este parou, deve correr para a biografia escrita pelo Dapieve, que está longe de ser detalhista como esta, mas vai até o fim.
Andrea 04/06/2013minha estante
Dapieve?
Pode me informar mais sobre esse livro?
Grata.


Andrea 04/06/2013minha estante
ah ok!!O Trovador Solitario.
Perdoe-me.




paloma 06/01/2022

Sou apaixonada por biografias, “Renato Russo: o filho da revolução” une meu amor por biografias e também por legião urbana e Renato Manfredini Junior. Já assisti alguns documentários sobre a vida do cantor e sobre a legião, bem como fiz leituras de reportagens disponíveis pela internet, mas ainda não tinha tido um contato mais íntimo e detalhado com sua vida e obra. Dessa forma, deixo aqui minhas impressões sobre esta, que com certeza expandiu meu conhecimento acerca da vida e carreira do poeta.

Em primeiro lugar, apesar do volume e quantidade de material reunido nesta obra de Carlos Marcelo, não acredito que seja ainda a biografia completa e definitiva sobre Renato. Ainda sim, isso não desmerece o valor desse livro. Temos um relato detalhado sobre a vida de Renato desde seu nascimento (1960) até meados de 1988 (poucos anos antes de sua morte). Diferente do que se espera, esse livro traz um panorama geral do cenário brasileiro, seja ele político ou cultural durante os anos citados, não somente sobre a vida do compositor. É traçado uma linha cronológica que relaciona a vida do jovem poeta com os acontecimentos históricos da época que com certeza tiveram grande influência sobre sua formação pessoal e acadêmica. Nesse sentido, para àqueles que assim como eu, gostam de história o livro é um bálsamo, pois relaciona o surgimento de movimentos culturais com o cenário político nacional e internacional.

O livro é divido em 8 capítulos. No primeiro, há uma imersão entre os anos de 1960 e 1970 onde Carlos leva o leitor a conhecer com riqueza de detalhes o cenário brasileiro, com foco para o estabelecimento de Brasília como capital nacional. Nesse sentido, a família Manfredini são apenas atores coadjuvantes da narrativa.

Já no segundo capítulo, o leitor é levado a vivenciar o diagnóstico de epifisiólise, as cirurgias e a recuperação do primogênito da família Manfredini. Paralelo a narrativa acerca dos acontecimentos da vida de Renato, o leitor é contemplado com uma narrativa rica acerca dos acontecimentos políticos e culturais no Brasil, bem como a morte de Juscelino e o surgimento do movimento Punk, que teve grande influência sobre o estilo adotado por Júnior, o que causou espanto e certa preocupação para Carminha (mãe de Renato), uma vez que o jovem passou a andar com roupas rasgadas e cheias de alfinetes pelo planalto central.

No terceiro capítulo o leitor conhece o início e a curta vida da Aborto Elétrico, banda composta por Renato e mais dois amigos e que teve seu fim devido a desentendimentos entre Renato e Fê Lemos. Foi durante a vida da Aborto que nasceu o clássico “Que País É Esse?”. Ademais, no panorama geral, houve a transição para o governo Figueiredo, a revogação do AI-5, a anistia e o assassinato de John Lennon, fato último que causou grande impacto na vida de Renato, grande fã do cantor. O capítulo ainda retrata um encontro entre André Pretorius e Renato que ajuda o amigo a gravar uma fita para sua namorada (Virginie Rio Branco) que estava na Inglaterra, durante esse encontro, o nome “Legião Urbana” é citado pela primeira vez.
“"Entre uma música e outra, Renato e André brincam, imitam vozes, fazem piada. Demonstram cumplicidade. André menciona uma disciplina escolar. O nome da primeira aula da disciplina? Urban Legion."”

O capítulo quatro está ambientado nos anos 80, com ênfase maior para vida e carreira de Renato, mas sem deixar de lado a relação com contexto histórico da época. Russo começa a trabalhar como jornalista, sai definitivamente da Aborto Elétrico e inicia sua carreira como trovador solitário, onde se apresentava no bom e velho "voz e violão", o que não dura muito, pois um tempo depois surge a Legião Urbana. Durante o capítulo é abordado a construção das diferentes formações da banda até a notícia que a Legião Urbana havia sido contratada por uma grande gravadora, fato que termina o capítulo.

O capítulo cinco aborda o cenário político brasileiro inflamado pelo movimento “Diretas Já” e sua sequente rejeição no congresso. Paralelo a isso, Carlos narra as dificuldades durante a agravação do primeiro disco da Legião Urbana, que precisou da incorporação de Renato Rocha como baixista, uma vez que Renato Russo se encontra impossibilitado por ter cortado os pulsos em um momento de desentendimento familiar.

O Capítulo seis traz o lançamento do primeiro disco da Legião Urbana e sua aclamação pela crítica, sendo coroado no final do ano como o melhor disco do ano por uma renomada revista de rock. Paralelo a isso está o lançamento dos primeiros discos do Capital Inicial e da Plebe Rude, acontecimentos que trazem efervescência para o cenário do rock nacional. O capítulo retrata também a gravação do segundo disco da Legião urbana.
“Se no primeiro disco o conteúdo é majoritariamente político, o segundo vem envolto no lirismo. Antes, a explosão; agora, a introspecção. A capa é ainda mais clean do que a da estreia, nada de fotos nem grafismos. O que era branco ficou ocre. Renato continua a cantar a necessidade do enfrentamento, mas passa a destacar os conflitos nascidos na esfera da intimidade. Sexo, amor, ciúmes, amizade, desilusão. As letras mencionam as promessas desfeitas, os planos estilhaçados, as dores do crescimento, a juventude em estado febril. No encarte, um casal se abraça na praia; na música, um casal se encontra no parque. Dois.”
Ao se dar conta que novas músicas demorariam ainda um tempo para emergir e almejando uma pausa nos shows, gravação de álbuns e uso de drogas, o terceiro disco é gravado em 1987 em apenas duas semanas de outubro. Esse CD reúne músicas da época da Aborto Elétrico, do trovador solitário e do início da Legião Urbana. Diferente de “Dois”, a reação ao disco pela crítica não é unânime, mesmo assim, as vendas decolam e o LP chega ao primeiro lugar das paradas, com 240 mil cópias vendidas.
Ao rebater críticas que diziam que o álbum regravando músicas antigas era apenas para ganhar dinheiro, Renato afirma: “"Tenho pavor de me repetir. Não estou a fim de falar de enchentes, AIDS, governo. Quero cantar canções de amor. Já desisti de fazer músicas para salvar o mundo. Eduardo e Mônica estão divorciados.”"

“"Estou superfeliz. Esse vai ser o show da minha vida!”". Era assim que Renato se referia ao fatídico show de 18 de junho de 1988, no Estádio Mané Garrincha, que abalou a relação da banda com sua cidade de origem. Esse evento tem grande destaque no livro e ocupa todo o sétimo capítulo, uma vez que o Autor do livro, Carlos Marcelo, presenciou o evento.

O oitavo e último capítulo do livro trata de forma superficial a vida do Cantor e compositor em seus últimos anos de vida. Retrata a relação de Renato com Rafael Borges que se tornou grande amigo e esteve presente nesses anos. Traz a entrevista concedida ao Correio Braziliense um mês antes do lançamento de “O descobrimento do Brasil”, sétimo álbum da banda, e a participação do programa de Jô Soares para divulgação do CD. Nessa entrevista Renato fala um pouco mais sobre sua dependência química e faz comparações a Kurt Cobain (Nirvana), que cometeu suicídio naquele mesmo ano (1994). Em outras oportunidades, para exemplificar sua dependência e o “caminho” que estava seguindo, Renato volta a citar Kurt como exemplo. O capítulo ainda aborda de forma superficial sobre os últimos shows realizados pela Legião Urbana, a relação de Renato com os companheiros de banda e as excessivas cobranças em busca de “perfeição”, as gravações dos discos solos e seu isolamento progressivo devido ao agravamento de sua doença. Renato era portador de AIDS desde 1989. Nesse período de isolamento, Renato está mais debilitado, deprimido, melancólico e isso é refletido em sua obra. O capítulo ainda faz menção aos últimos meses do cantor. A visita de Dado, sua ida de Brasília para o rio e uma das última ligação de Carminha (sua mãe) para Renato (seu pai) que acompanhava o filho, no dia 09 de outubro de 1996, com o intuito de adiantar sua ida ao rio, marcada para o dia 11. Renato então, conceda demovê-la dessa pretensão e no dia 11, pouco mais das 2h da manhã Carminha recebe a ligação de seu marido informando sobre o falecimento de Junior.

O epílogo relata de forma breve os anos seguintes a morte de Renato, seja acontecimentos históricos no Brasil, seja acontecimentos em sua família e com relação a sua obra. Em 1997, o encontro da família Manfredini em Curitiba, que contou com parentes de toda parte do globo e ainda penetras: fãs, atraídos pela possibilidade de se aproximar da família do ídolo.
“Todo mundo cantou, todo mundo dançou. A tristeza saiu um pouquinho.”
A chegada às lojas de “Uma outra estação”, primeiro disco da Legião Urbana que Renato Russo não decidiu a ordem das faixas. O lançamento de mais um CD póstumo, quando Renato completaria 50 anos, em 2010. Duetos. E é nesse CD que se encontra uma faixa inédita, “Celeste”, um dueto entre Renato e Marisa Monte gravado em fita de forma caseira em 1993 e que até meados de 2009 estava guardada com Marisa. Diferente das outras faixas do disco que foram feitas através da tecnologia, “"Esse é um dueto verdadeiro, não é um dueto mórbido”."

Apesar da possibilidade detalhada de conhecer um pouco mais sobre as peculiaridades da personalidade desse que é considerado um dos maiores artistas brasileiros, a obra, ainda sim, é permeada por fases obscuras, que não foram tão aprofundadas, sejam seus relacionamentos amorosos, o nascimento de seu filho Giuliano, seja o vício em drogas que culminou em internação (evento citado, mas não aprofundado), seja a progressão da sua doença nos últimos anos de vida. A partir dos anos 1989, até sua morte (1996) o livro é um verdadeiro borrão superficial, onde não é possível de fato ter clareza sobre os acontecimentos acerca da vida de Renato.

Ainda sim, recomendo muito a leitura dessa biografia, pois é possível ter conhecimento sobre muitos detalhes da sua obra e carreira, como letras e canções “inéditas”, ou que foram modificadas ao longo do tempo. Reflexões acerca da personalidade de um gênio da música brasileira. E para além do Renato Russo, conhecer um pouco mais sobre Renato Manfredini Junior. Carlos Marcelo realizou um trabalho primoroso, digno de Renato Russo.


Sobre a edição:
Livro em capa dura, com diagramação muito boa, folhas de papel de boa qualidade e levemente amareladas. Reunião de fotos em papel apropriado que enriquecem muito a leitura do livro (deixando a desejar somente nas legendas que fazem falta para orientar o leitor). O livro é fruto de verdadeira pesquisa e dedicação. Grande presente aos fãs, sejam eles fãs de Renato, da Legião, ou simplesmente do rock nacional.
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Virgílio César 09/07/2020

Não me agradou muito. O autor perde muito tempo falando de política, cinema, ditadura, Brasília entre outros assuntos não pertinentes a banda. Entendo que ele desejava mostrar fatos que influenciaram Renato Russo, mas deixou o livro muito chato.
KauanGama 24/07/2020minha estante
Pois é, eu estou lendo ele no momento e percebi isso. O autor atira milhares de informações que ocorrem durante a ditadura, mas parece perder o foco quando é para falar sobre o Renato.




Felipe1503 28/03/2021

Biografia de Renato Russo
Foi muito bom poder reviver a trilha sonora da minha adolescência, relembrando da Legião Urbana.
O livro é um baita trabalho de pesquisa que o autor fez com maestria. Dei 4.5 porque o início é muito arrastado....o autor fala demais do momento brasileiro dando uma de historiador, acrescentando detalhes demais que ao meu ver foram desnecessários.
No mais o livro é genial.
Conta sobre o início do rock brasiliense, a chegada do movinento Punk no Brasil e a explosão do rock nacional nos anos 80.
Fala de técnicas de gravações e produção utilizada pela Legião e nos discos solos do Renato.
Conta detalhes de shows lendários e turnês da Banda. Histórias engraçadas e outras tristes.
Aborda os problemas de Renato com a dependência química e suas crises de depressão e ansiedade...o que faziam dele uma pessoa quase insuportável de se conviver.
No mais valeu muito a pena. Tanto que li pelo kindle mas ja solicitei o livro físico por uma troca aqui no skoob.
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Felipe 28/07/2009

“Renato Russo: o filho da revolução” de Carlos Marcelo. Agir (2009), 416 páginas.
Devo confessar que não é preciso muito para me agradar quando o assunto é Renato Russo. No entanto, trata-se de uma ótima biografia de parte da vida do cantor e compositor que muitos de nós admiramos tanto. Esta não é a única boa biografia de Renato Manfredini Júnior, Arthur Dapieve (que assina a orelha deste livro) já lançara pela Ediouro (2006) o delicioso “Renato Russo: o trovador solitário”, no entanto, o livro de Marcelo é superior em número de páginas, detalhes, fotos e na construção do contexto histórico, porém o livro de Dapieve supera o de Marcelo devido a abordar toda a vida de Renato . Dois aspectos podem decepcionar o leitor, como eu me decepcionei ao pegar o livro o olhar o seu tamanho tem-se a impressão que se trata de uma biografia definitiva da vida e carreira de Renato: primeiro diz respeito ao período que o livro aborda que vai desde o nascimento até o ano de 1988, os outros anos de vida de Renato são apenas citados sem nenhum detalhe que empolgue o leitor; o segundo é que o livro não é só sobre Renato Russo e a Legião Urbana, ele é mais geral, inclui todo o movimento de roqueiros de Brasília que levou as chamadas bandas dos anos oitenta, sendo a vida de Renato o foco principal de apenas alguns capítulos, mas não de todo o livro. Feitas estas ressalvas, o livro é de uma leitura agradável, daquelas que provocam o leitor a esticar sempre a leitura por mais cinco minutos, e apesar do tamanho o livro acaba sendo lido com facilidade e muito prazer.

Aos que se interessar em ler “Renato Russo: o filho da revolução” fica um conselho, leia com calma, sem pressa. Só desta maneira será possível se deliciar com a grande quantidade de fotos durante a narrativa, com letras originais e que nunca foram gravadas, mas que os fãs da Legião Urbana identificam trechos de futuros clássicos da banda e muitos outros registros fotográficos, muitos deles coloridos. A quantidade de detalhes trazidos pelo autor, tanto em relação aos acontecimentos do período, mas principalmente em relação à vida de Renato pode ser entediante para os não admiradores do cantor e compositor, porém para que os que o admiram, desfrutar da quantidade de detalhes de sua vida é um deleite, detalhes como a reprovação no vestibular da UnB e as discussões após as aulas da faculdade de jornalismo na CEUB são apreciados em cada detalhe pelos legionários.

O livro se divide em sete capítulos. No primeiro Carlos Marcelo nos leva aos lances políticos-culturais do Brasil nas décadas de 1960 e 1970, com especial atenção para a construção e os primeiros anos da capital federal. Em um dado momento a narrativa é tão envolvente que até se esquece sobre o tema principal do livro, pois a vida da família Manfredini é apenas um detalhe na descrição dos anos de ditadura militar e de como se construiu o ambiente sócio-político-cultural em que Renato Russo cresceu.

No segundo capítulo, aborda o período entre o diagnóstico de epifisiólise, as cirurgias, o erro médico, a recuperação, amizade com Hebert Vianna e termina com o encontro com os irmãos Lemos (Flávio e Fé). Mais uma vez, os acontecimentos na vida da família Manfredini e de seu primogênito (Renato) são detalhes na ótima descrição do período, meados da década de 1970. Como pano de fundo, acontecimentos marcantes no Brasil da época, como a morte de Juscelino e seu enterro em Brasília e a abertura política lenta, segura e gradual do governo Geisel. Outros que marcaram todo o mundo, como o surgimento do movimento punk. Este movimento teve grande influência na vida de Renato, transformado o menino até então nerd em um fã de roupas rasgadas e cheias de alfinetes, cabelos coloridos e músicas de três acordes.

No capítulo três começa a descrição da carreira artística do cantor, com a fundação por eles e mais dois amigos do mítico Aborto Elétrico, em janeiro de 1979. Em outubro do mesmo ano o primeiro show e a gravação em fita cassete onde estavam às canções que virariam clássica, “Que país é este?” e “Metrópolis”. No Brasil a transição para o governo Figueiredo, a revogação do AI-5 e a anistia. No mundo, o assassinato de John Lennon causa impacto em Renato. O Aborto Elétrico não teve vida longa devido as tensões entre Renato e o baterista da banda, Fê Lemos. Primeiro uma briga em um show e depois uma discussão por causa de uma letra de Renato, “Química”.

No capítulo quatro, finalmente é dedicado o foco na vida de Renato Russo, porém ainda existe o contexto histórico no Brasil, a eleição direta para governadores em 1982. Sobre Renato, o início de sua carreira como jornalista, a saída definitiva do Aborto Elétrico e o início da fase como Trovador Solitário, em companhia exclusiva de seu violão no palco dos shows. A idéia da Legião Urbana e o convite a Marcelo Bonfá para assumir as baquetas da banda. Primeiro show da Legião em Patos de Minas acaba com a quase prisão de todos. Este primeiro show não contava ainda com Dado, os outro dois integrantes eram Paraná e Paulista. Após vieram vários shows no Distrito Federal. Paraná sai da banda devido à divergência com Bonfá. Renato convida Ico Ouro Preto para seu lugar, não fica muito tempo sendo substituído por Dado Villa-Lobos que não sabia tocar guitarra quando Renato o convidou. Estes convites para guitarristas da Legião causam irritação em Dinho Ouro Preto (irmão de Ico) que pleiteava a vaga de guitarrista da banda, ele mais tarde entraria para os vocais do Capital Inicial no lugar da irmã de Fê Lemos, Helena. Legião se apresenta pela primeira vez em São Paulo para um público de cinquenta pessoas. O capítulo termina com a notícia que a Legião Urbana fora contratada por uma grande gravadora.

No capítulo cinco os percalços da gravação do primeiro disco, que incluiu a incorporação do baixista Renato Rocha devido a impossibilidade de Renato Russo tocar seu baixo devido a sua tentativa de cortar os pulsos. O contexto histórico também tem grande destaque com o evento das “Diretas Já” e sua rejeição no congresso. No final do capítulo, após brigas constantes com a gravadora, o primeiro disco fica pronto.

No capítulo seis, o lançamento do primeiro disco e sua recepção boa pela crítica e público, a volta de Renato para o Rio e o lançamento dos primeiros discos da Plebe Rude e do Capital Inicial. No contexto histórico, a eleição de Tancredo no colégio eleitoral, sua morte, a posse de Sarney e a morte de Médici. O ano da Legião é coroado com a escolha de seu primeiro disco como o melhor do ano pela principal revista especializada em músico dos anos oitenta. Ao final a gravação do segundo disco e do terceiro em apenas duas semanas, que incluíram músicas do Aborto Elétrico e dos tempos do trovador solitário.

No último capítulo, a descrição do grande show em Brasília em 1988 o estádio Mané Garrincha que foi um desastre para a Legião e abalou a relação da banda com a sua cidade de origem. O show tem grande destaque no livro, além deste capítulo final também o prólogo o aborda, devido ao autor ter sido um dos muitos espectadores presentes ao estádio e que saíram decepcionados com a banda.

No epílogo é narrado sem grandes detalhes o período entre 1988 e a morte de Renato em 1996, que ocasionou o suicídio de um fã na Bahia.

Ao final fica uma dúvida: será verdade que a vida imita a arte? Pois, fica impressão que lemos um romance saído da criatividade de um escritor. Porém, como nós somos testemunhas oculares de muito do conteúdo narrado, sabemos que Carlos Marcelo foi o mais fiel possível aos fatos. Vale à pena a leitura, seja por Renato, seja por Carlos Marcelo, seja por conhecer mais do Brasil, das bandas dos anos oitenta e do mundo da segunda metade do século XX. Chama a atenção a falta de legendas nas fotos. Mesmo que sua fonte seja citada ao final do livro, nem todas são descritas e várias não têm seu contexto explicitado, o que é uma pena, pois estes detalhes deixam os leitores com água na boca sobre a origem de algumas fotos, e se decepcionam ao não terem sua curiosidade saciada pelo escritor. Não é a esperada biografia definitiva de Renato Manfredini Júnior, mas trata-se que uma excelente biografia do início da vida e carreira de Renato Russo e um ótimo retrato do contexto e história das bandas de Brasília dos anos oitenta.

Kaléu Caminha 03/08/2009minha estante
Felipe, comprei o livro e te agradeço pela resenha que me ajudou muito na escolha..



Abraços.


Mara Vanessa Torres 19/10/2009minha estante
Resenha muito bem articulada. Recomendo.


Daniel 27/10/2016minha estante
Estou terminando a edição revista e ampliada, de 2016, e gostei bastante. Só achei uma pena que a riqueza de detalhes diminua bastante a partir do show quase catástrofe de Brasília em 1988. O que é dito sobre os discos As Quatro Estações, o V e O Descobrimento do Brasil é muito rápido, em poucas páginas... Destoa do resto do livro, tão detalhado.
Achei também que pouca atenção foi dada à homossexualidade do RR, aos seus relacionamentos, à repercussão daquela entrevista à revista BIZZ onde ele se assumia gay... Enfim. Mas o saldo foi bem positivo.




Matheus 14/08/2021

em partes incrível, mas às vezes fica bem enfadonho. me incomodou a diagramação. a pesquisa e panorama que dá sobre a música no brasil é tudo.
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boemica 05/02/2023

tire suas mãos de mim, eu não pertenço a você.
Entre minhas algumas leituras deste ano, essa foi a obra em que mais me demorei até o presente. Eu lia uma página, pesquisava datas, nomes, bandas e especialmente músicas, colocava pra tocar, escrevia algo em meu diário e suspirava de saudade. Colocava o livro de lado e vivia um pouco mais, como se precisasse de um respirar pra conseguir seguir sem cair na irritação seguida da tristeza.

Por que tão cedo, Renato? Por que tão rápido? Eu ainda tenho tanto a querer descobrir.

Renato Manfredini Júnior foi um cantor, compositor, produtor e uma infinidade de tanto mais, mas acima de tudo era e permanece sendo um filho de Brasília, um romântico e um homem brilhante. Ele é Renato Russo, a inspiração eterna de qualquer jovem que fale de rock nacional. Dono de uma discografia excepcional tanto em solo como com a Legião Urbana, Júnior fora ? me arrisco a dizer ? uma das personalidades mais marcantes do Brasil, e um ídolo nacional para todo jovem que busque uma visão de compreensão e acolhimento em meio a seus anos mais difíceis.

O livro inteiro respira o nosso país nos anos 70s, 80s e 90s, mas com um toque de irrealidade ? não fantasia, irrealidade como um sentimento ? e até certa nostalgia, como se pudéssemos adentrar os blocos de Brasília, o cinema, a sala de aula, os estúdios e toda a existência de Renato e dos que estavam em torno.

O Filho Da Revolução não é somente uma obra extremamente bem feita, é também um artefato para fãs do Renato, da Legião e do rock nacional como um todo. É uma coleção de memórias de toda uma vida, breve, intensa, saudosa, que nos envolve e nos insere na trajetória de um trovador solitário.

Em suma, o mundo sempre foi pequeno e burro demais para a grandeza e genialidade de Renato.
amamjx 15/02/2024minha estante
Falou tudo e um pouco mais!
Renato é atemporal. ?




Neto.Antonelli 06/07/2020

Passos do Líder de uma Legião
Renato nasceu junto com a Cidade de Brasília, mas se conheceram quando já tinham alguma história, quando então passaram a se transformar.

Os militares no poder, o MPB com hegemonia e os jovens sem voz e sem representação.

Com inspiração de fora, uma geração de jovens passou a se expressar e mudar o mundo com música, reflexão e mensagens que tínhamos que ouvir.

Um cara genial, mas um tanto quanto difícil.

Essa é a história de Renato Russo e tantas coisas que o influenciaram. Como fã, uma nostalgia gostosa de saber.
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book.joys por Joyce Urbano 09/07/2020

Letras e documentos descobertos pelo autor revelam aspectos pouco conhecidos da trajetória do artista - paixões, angústias, sonhos e confissões. A obra conta com mais de cem entrevistas, incluindo depoimentos de Dado Villa-Lobos, Dinho Ouro Preto, Herbert Vianna, Millôr Fernandes, Ney Matogrosso, Tony Bellotto e vários amigos anônimos. Edição especial com ensaio inédito sobre a música Faroeste Caboclo. Perfeito demais!!
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Marcia 09/05/2020

Renato Forever
Mais que uma biografia , esse livro é uma verdadeira aula de história da construção de Brasília , do regime militar e da formação de diversas bandas que ainda atuam na nossa música .
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gustavv 05/09/2021

Todo fim de leitura me deixa meio desanimado, mas esse teve um efeito melancólico que eu , até então , desconhecia .
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Lays130 24/08/2020

Conhecer um pouco mais sobre a vida desse artista que é t ao importante pra música brasileira com certeza é um privilégio, mas o esplendor desse livro fica por conta de todo contexto histórico que é muito bem descrito.
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