Aspectos do Romance

Aspectos do Romance E. M. Forster




Resenhas - Aspectos do Romance


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regifreitas 06/12/2020

ASPECTOS DO ROMANCE (Aspects of the novel, 1927), de E.M. Forster; tradução Maria Helena Martins.

Este é um dos clássicos sobre criação literária, fruto das conferências proferidas pelo autor no Trinity College, da Universidade de Cambridge, em 1927. É uma leitura importante para quem deseja conhecer os mecanismos de construção de um romance, embora muitos dos argumentos de Forster já estejam datados.

Uma das suas principais contribuições, aceitas e utilizadas até os dias de hoje, são os conceitos de personagem “plana” e personagem “redonda”. Já a crítica mais recorrente a este trabalho é a falta de diversidade nos exemplos trazidos pelo autor. Embora ele cite Dostoiévski e Tolstói, a grande maioria dos exemplos elencados por Forster para ilustrar suas ideias vêm de obras e autores de língua inglesa: James Joyce, Emily Brontë, D.H. Laurence, só para citar alguns.

Hoje existem obra mais completas e atuais, entretanto, vale a pena conhecer como um dos documento histórico sobre o assunto.
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Paulo Sousa 25/05/2020

Aspectos do romance, de E. M. Foster
Leitura 25/2020
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Aspectos do romance [1927]
Orig. Aspects of the novel
E. M. Foster (UK, 1879-1970)
Globo, 2005, 323 p.
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?É preciso ler os livros (o que é um infortúnio, porque isso leva tempo); é o único modo de descobrir o que eles contêm? (Posição no Kindle 549/15%).
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É sempre bom, no intervalo entre romances lidos, ler sobre o ofício da literatura. Gosto de buscar entender os mecanismos por trás da escrita, suas motivações, objeto e meios pelos quais se dá a composição. Quase sempre, nessas leituras, além de aprender um pouco mais como valorizar os livros por algum viés, acabamos por nos deparar com ótimas listas de sugestões para ler.
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Ano passado li o livro do James Wood, ?Como funciona a ficção?, um bom texto onde o autor traça em dez capítulos elementos para a construção do texto literário. Não é um livro muito acessível no quesito didático, mas apresenta um interessante olhar pelo modo como a ficção é feita.
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Nesse campo, meu queridinho mesmo é o fabuloso ?Para ler como um escritor?, da americana Francine Prose, e que li no já distante ano de 2016. É uma obra cara para mim, não porque eu queira ser escritor, seu público alvo primário, mas por possuir uma forma bem acessível e nada academicista de apresentar o texto literário e a forma como apreciar esse texto de forma mais integral, enxergando os elementos por trás da intenção do autor. Prose mostra com detalhes os elementos que fazem diferença no texto, a beleza da musicalidade, os detalhes na escolha da palavra, coisas que leitores quase nunca se atentam. Ler com tanto apuro é quase uma tarefa hercúlea de tão lenta, ainda mais a dinâmica alucinada que nos obriga a correr sempre e, por consequência, a ler mais rápido, o que, na visão da autora, não é bom para o processo de ler para obter prazer. Sempre revisito o livro de Prose, ao acaso, capítulos e passagens esparsas, ou mesmo a magnífica e esclarecedora entrevista que a autora dá no fim do livro.
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Não posso dizer que o livro de E. M. Foster, que acabo de ler, esteja no nível do de Prose. Talvez entre ela e Wood. Nele, o autor britânico expõe uma espécie de conferência dada em Cambridge, e que aborda em oito capítulos os aspectos do romance que considera relevantes: estória, pessoas, enredo, fantasia, profecia, padrão e ritmo.
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Na obra o autor diz não ter a pretensão de ser ?científico?, daí o título ?aspectos?, dando ao leitor alguns olhares diferentes para o romance, o que, a meu ver, e apesar de fazê-lo num esforço de apresentar sua tese em uma linguagem mais simplista, ainda me pareceu bastante intrincado. Não que o livro seja ruim, é muito bem escrito. Mas, Foster peca em não expandir a apreciação de sua análise para outros integrantes da série ?A? da literatura. Apesar de citar Tolstói e Dostoiévski, os dois maiores romancistas russos, Foster se debruça quase que absolutamente a autores ingleses ou de língua inglesa, como as irmãs Brontë, Henry James e Herman Melville. Aqui ou ali uma referência à literatura clássica antiga.
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Comum a este tipo de publicação, o leitor é brindado com trechos de livros os quais são analisados e que acabam motivando posteriores procuras destes autores. É quando é possível ir montando as famosas e infindáveis listas de livro para ler, que são engordadas com as sugestões ali dadas, o que no livro de Foster encontramos à larga.
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Sim, valeu a pena ter lido, até porque quanto mais aberto for o entendimento dos mecanismos de formação da ficção, talvez sirva para leituras mais apreciadas e mais produtivas. Apesar de que, eu mesmo não leia como um crítico, um analista ou mesmo um aspirante a escritor. O faço pelo prazer mesmo, porque a vida é curta demais para ler academicamente. Segue o baile!
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jota 08/05/2019

Forster para sempre...
Além de ótimo ficcionista – dele li Passagem Para a Índia, Maurice, Um Quarto com Vista e Howards End - , E. M. Forster (1879-1970), publicou em 1947 este livro de teoria literária, reunião das palestras por ele ministradas no respeitado Trinity College, em Cambridge, cerca de vinte anos antes (1926-1927) e que acabou se tornando um clássico.

É verdade que Aspectos do Romance trata sobretudo de livros e autores ingleses, mas volta e meia comentários são feitos sobre importantes obras estrangeiras como Em Busca do Tempo Perdido, de Proust, Os Irmãos Karamazov, de Dostoievski, Moby Dick e Billy Budd, de Melville e Guerra e Paz, de Tolstoi, romances que Forster admirava bastante, entre outros lembrados no volume.

Depois do longo e esclarecedor prefácio de Luiz Ruffato – A Poética do Romance de Forster -, em que o autor brasileiro destaca os principais pontos do livro, temos a (também longa) Introdução do organizador, Oliver Stallybrass, que conta como surgiu este volume. Em seguida, desfilam pelas páginas comentários sobre obras de Daniel Defoe, como Robinson Crusoé e Moll Flanders, Grandes Esperanças e A Casa Soturna, de Charles Dickens, A Vida e as Opiniões do Cavalheiro Tristram Shandy, de Laurence Sterne, Adam Bede, de George Eliot, além de referências aos conhecidos Walter Scott, Henry James, James Joyce, Virginia Woolf, entre outros.

São vários autores e muitas as obras citadas por Forster para explicar o que ele entende por aspectos do romance, título do livro. Sete tópicos são tratados com destaque, ilustrados com trechos ou citações daqueles autores para que fique bem claro cada um desses pontos, a saber: A Estória (em vez de simplesmente história, como estamos acostumados), Pessoas (os personagens), O Enredo, Fantasia e Profecia e Padrão e Ritmo.

Muitas vezes Forster dá sua interpretação para determinado trecho de um livro com a finalidade de ilustrar o aspecto que está tratando, também pode fazer um pequeno resumo da obra e algumas vezes nem mesmo se furta de contar como ela termina ou o que acontece com determinado personagem. Como ocorre com Os Embaixadores, de Henry James, somente para citar uma obra que ainda não li.

Bem, e vale a pena ler Aspectos do Romance? À primeira vista o livro parece ser interessante apenas para estudantes de literatura e especialistas em teoria literária. Mas para um leitor que tenha lido algumas das obras tratadas por Forster – e muita gente leu os livros de Defoe, Dickens, os clássicos russos e mesmo um volume de Proust – o interesse vai crescendo a cada página, ainda que nem sempre fique lá muito claro para o leitor comum um ou outro ponto de vista do autor. Mas sim, sempre vale a pena ler Forster, teorizando sobre literatura ou nas páginas de seus inesquecíveis romances. Principalmente neles.

Lido entre 27/04 e 07/05/2019.
Paulo Sousa 20/05/2020minha estante
Depois de ter lido o excelente livro de Francine Prose, estou inclinado a ler este, ainda mais por seu review...


jota 20/05/2020minha estante
Pois é, Paulo, vale a pena ler, sim. E se você se referiu a Prose de Para Ler Como Um Escritor, penso que o livro dela é mais palatável do que o do Forster.


Paulo Sousa 20/05/2020minha estante
Pois eu já iniciei o livros do Foster. Bora ver no que vai dar...


Paulo Sousa 20/05/2020minha estante
E, falando da Prose, é este livro mesmo. Já o reli duas vezes e sempre tenho a impressão de que não sei ler mesmo! Rsrs


jota 21/05/2020minha estante
Entendo. Convenhamos que ler como um escritor é uma tarefa + fácil para um autor do que para um leitor. Mas vamos sempre em frente...




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