Manassés Vieira 03/03/2021
Há momentos em que é preciso decidir-se
Num mundo em ruínas, o Restabelecimento aparenta ser a única solução plausível para manter as pessoas contidas e a esperança de melhora, mas essa organização sequer cumpre o que prometeu.
Juliette se vê "presa" novamente dessa vez no Ponto Ômega, uma resistência que promete melhoras reais, entendimento e refúgio para outros iguais a Juliette.
Já fazia tempo desde a leitura do primeiro livro e até então o meu gosto amaduresceu, logo, eu não estava esperando muita coisa desse livro não, vou admitir, e acho que isso foi a melhor coisa que pude fazer por mim.
A escrita da Tahereh Mafi é sensacional, já tinha me esquecido completamente disso. Ela é diferente, poética e torna tangível todos os sentimentos e pensamentos da personagem que muito provavelmente sofre de ansiedade (pelo menos era assim que eu me sentia enquanto lia). Você sente a loucura de Juliette no começo e também sente sua melhora conforme o desenvolver da história, e isso funcionou demais pra mim.
Os capítulos curtos também foram do meu agrado. Ajudou bem mais a fluir a leitura, eu sentava pra ler e não queria largar de jeito nenhum, quando dava por mim já tinha lido mais do que devia. Nem vi a hora passar.
Mas, nem tudo são flores. O romance adolescente da história me irritou bastante (sim, eu sei que é uma distopia YA, mas isso não muda o fato de ter me incomodado). Às vezes sentia que as indecisões da personagem sobre seus interesses românticos eram superficiais demais, ou vinham em horas que não fazia sentido algum, era tudo muito imaturo. Há cenas quentes também, mas nada que aumente a faixa etária do livro.
No geral, foi uma leitura que me surpreendeu bastante. Não estamos falando de uma distopia que traz uma super crítica inovadora e ponderada à sociedade, mas de uma ficção distopia cheia de romance, drama, aventura e ação. Feita pra divertir, um entretenimento de qualidade.