Aione 29/07/2013Embora eu tivesse lido apenas dois livros de Kristin Hannah antes de iniciar a leitura de Jardim de Inverno, eu já a tinha como uma de minhas autoras favoritas e, agora, posso fazer essa afirmação com ainda mais certeza.
A primeira coisa que me chamou a atenção em Jardim de Inverno foi a forma de como as personagens me incomodavam. Cada uma a seu modo, tanto Meredith quanto Nina e Anya, ou Mamãe, apresentam barreiras ao redor de seus sentimentos que as impedem de expressá-los em muitos momentos. Assim, eu me sentia angustiada ao vê-las tomarem certas atitudes por conta desse distanciamento que tentam manter.
A narrativa de Kristin Hannah é envolvente desde as primeiras páginas. Mesmo sendo construída em terceira pessoa, o que normalmente causa certo distanciamento entre as personagens e o leitor, é fácil se envolver com a história, principalmente porque o mistério que a rodeia faz com que o leitor se sinta instigado a devorá-la para poder compreendê-la.
Foi o mistério, sem dúvida alguma, que mais me prendeu na trama. Ainda que eu tivesse os meus palpites, eu não estava certa sobre ele e me sentia extremamente curiosa para entender os motivos que levaram Anya a agir com tanta frieza com suas filhas durante toda a vida delas. E, ao mesmo tempo em que vamos compreendendo essa história, Meredith e Nina vão descobrindo mais tanto sobre a mãe quanto sobre elas próprias, e acompanhar esse processo de autodescoberta foi, certamente, mais um ponto positivo da obra.
Ao mesmo tempo em que a história presente é cativante, o aparente conto de fada – a fonte de todo o mistério do enredo - contado por Anya para as filhas é igualmente envolvente. Também, foi o ponto em que, acredito, a autora mais precisou se basear em pesquisas para poder fornecer um relato verossímil e, certamente, ela foi feliz nesse quesito. Algumas passagens me deixavam chocada pelas dificuldades envolvidas, e esse sentimento aumentava ainda mais quando eu pensava que, muito provavelmente, milhares de pessoas enfrentaram situações semelhantes na época em questão.
Foi impossível chegar ao final sem ser acometida pelas lágrimas. E, também, a autora conseguiu me surpreender com uma reviravolta completamente inesperada, o que acarretou em ainda mais lágrimas derrubadas. Se eu já havia achado a história como um todo bem construída e bonita, ao seu final, eu a considerei como extremamente bela e tocante.
"(...) E talvez assim as coisas devessem ser, a forma como a vida se desdobra quando você a viveu o suficiente. Alegria e tristeza eram parte do pacote; o truque, talvez, fosse permitir-se sentir tudo, mas agarrar-se à alegria um pouquinho mais, porque nunca se sabe quando um coração forte pode desistir."
Aos que gostam de tramas que envolvem temáticas familiares, bem como pitadas de romance, drama e, também, de fatos históricos, Jardim de Inverno é um prato cheio, ainda mais por ser construído pela ótima narrativa de Kristin Hannah.
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