Os 120 Dias de Sodoma

Os 120 Dias de Sodoma Marquês de Sade




Resenhas - Os 120 Dias de Sodoma


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Clio0 13/01/2012

Não é um livro para fracos, talvez nem para fortes.

Não recomendo esse livro a ninguém porque não tenho certeza do que exatamente ganhei com a experiência de lê-lo. Se você é um estudante de psicologia ou história da sexualidade, em algum momento vai passar por Sade.

O Marquês de Sade se tornou conhecido pelo erotismo de seus escritos, seu ódio e ativismo contra muitas convenções sociais e, principalmente, pela sua devassidão - com certeza, levada ao extremo aqui.

Primeiramente, essa não é a obra final. Sade não pôde editar e publicar esse livro, então, o que temos aqui é um manuscrito refeito, repleto de notas alegadamente do próprio autor. A exatidão e minúcia no planejamento do livro são mais do que suficientes para lhe dar uma nota razoável, visto que a grande maioria dos autores não se dá ao trabalho nem de escrever as próprias palavras.

Contudo, a coisa para por aí.

Sade não é e nem nunca foi um grande contista. Suas histórias são simplistas ao ponto do tédio e, fora a labuta em torno das perversões, não tem grande interesse em elevar o enredo a qualquer outra coisa; não é seu objetivo.

Reluto em me referir ao estilo toda vez que leio um livro traduzido... nunca sei se estou julgando o estilo do autor ou a habilidade linguística do tradutor. Portanto, tendo como base unicamente a tradução, afirmo que é divertido o uso de frases e palavras que hoje já não usamos para descrever as mesmas coisas... por exemplo, o uso da palavra “esperma” para indicar a lubrificação feminina.

O teor político-filosófico de Sade, que grita em seus outros escritos muito mais que o erotismo, é apresentado aqui de uma forma mais prática, ou seja, não há grandes divagações sobre questões como sociedade ou religião. Ao contrário, toda a crítica é descrita no formato de atos violentos: incesto, profanação, sodomia, estupro, cropofilia, etc... cite um ato que vá ou foi contra as convenções – quaisquer que sejam elas - , e o marquês provavelmente o descreveu nesse livro.

Nunca encontrei uma boa definição da diferença entre erotismo e pornografia, então não vou tentar definir esse livro com elas. Em minha opinião, a melhor palavra para descrever Sade em qualquer situação é perturbador, o sentido fica a critério de quem lê.
Sally.Rosalin 20/02/2015minha estante
Ótima resenha.


@pedro.h1709 28/12/2020minha estante
Interessante posição.


Everton Vidal 13/04/2021minha estante
Ótima resenha. É um dos poucos livros que abandonei.


Ginete Negro 30/05/2021minha estante
Quanto ao livro per se, creio que o maior problema é o autor não ter podido finalizá-lo a contento, pois a quarta parte só tem esboços das cenas que seriam retratadas.

No mais, é Sade... Já meio que sabemos o que vamos encontrar, independentemente de qual seja o livro. Essa é uma leitura repulsiva pelas cenas, um tanto enfadonha pelo estilo, mas tem seu lugar na literatura.




Silas-sama 06/05/2023

Alerta!
Como podem ver não comentei nada sobre essa obra e por mim continuaria assim, até chegar nos comentários finais do tradutor com uma positiva e abrangente nota sobre o todo, seguem alguns parágrafos do tradutor:

"Os artistas e pensadores que se reuniam em torno do surrealismo. Estes frequentaram sua literatura com vivo interesse.

Todas as nossas aspirações foram essencialmente formuladas por Sade, o primeiro a considerar a vida sexual integral como base da vida sensível e inteligente?. Batizado de ?divino marquês?, o criador de Justine se tornou referência fundamental na arte de Man Ray, Hans Bellmer e André Masson, na escrita de Georges Bataille, Michel Leiris e Octavio Paz, assim como no teatro de Antonin Artaud e no cinema de Luis Buñuel, além de muitos outros que não se cansaram de exaltar a violência poética de sua imaginação desvairada.

De Simone de Beauvoir a Roland Barthes, de Maurice Blanchot a Michel Foucault, de Albert Camus a Jacques Lacan, o contingente de leitores, tradutores e exegetas excedeu em muito as fronteiras francesas para precipitar a atenção de espíritos como os de Theodor Adorno, Samuel Beckett, Alberto Moravia, Pier Paolo Pasolini, Herberto Helder ou Yukio Mishima."

Sim, esse livro é horrível, pesado, ele não TEM GATILHOS, ele é O GATILHO, o pai de todos, o antro da maldade, insanidade e absurdo, NÃO É EXAGERO, e sabendo disso, NÃO LEIAM o resto da resenha!

Mas, se até Simone de Beauvoir leu e gostou.

Essa obra é necessária, críticos adoraram a imaginação do autor (por mais que tenhamos quase certeza que esse ? #$%!& tratou de cometer muitas das atrocidades aqui mencionadas), tem a análise sexual, psiquiátrica (compararam ele com FREUD kk, se alguém poder me explicar a lógica disso), desse livro, a época em que foi escrito e saber que NADA ANTES OU DEPOIS FOI MAIS FANTASIOSO E PESADO.

Realmente tem o seu lugar, com uma meia dúzia de coisas notáveis, essa obra e seu autor, o Marquês de Sade, são tão icônicos que a palavra que temos hoje, sádico, sadismo, etc, veio deles.

Só não desisti no início, sla, primeiras 30pgs após me sentir muito mal e ter até ânsias de vômito, primeiro pq sou ruim de dropar coisas q começo, segundo pq qnd ia dropar vi aq q mais pessoas tinham lido KKK então não era uma obra tãaoo horrenda assim. A escrita é boa até, costumo dropar qnd a história e a escrita são um porre.

Ficou curioso -.-? Tabo, o livro tem machismo, amputação, assassinatos ou pior: genocídio, coprofagia, parricídio, necrofilia, tortura, zoofilia, estupro, pedofilia, incesto, e tudo mais de ruim q vc pensar o autor deu um jeito de enfiar aí dentro ._.

Obviamente é tudo ficção mas msm assim n deixei de bloquear instintivamente boa parte do q li, e como td trauma, foi automático, só pensei nisso agr, escrevendo aq kk, esqueci boa parte, q bom.

Aos que aqui chegaram, infelizmente, ainda curiosos, boa sorte.
Layla.Ribeiro 06/05/2023minha estante
Vc assistiu o filme italiano que foi inspirado nesse livro?


Maria19865 07/05/2023minha estante
No livro serial killers da dark site, fala sobre o Marquês de Sade e menciona o livro dele


Silas-sama 07/05/2023minha estante
Assisti kkkkk, acho q só o primeiro momento, foi por meio dele que conheci o autor e o livro. E você, Layla?

Interessante Billy. Você gostou desse livro?


Maria19865 07/05/2023minha estante
O livro é bem interessante, tem muita informação e também bem descritivo em alguns momentos. Por falar sobre serial killers, assassinos e psicopatas, a leituta fica bem pesada


Layla.Ribeiro 07/05/2023minha estante
@Silas, eu assisti por isso também tive curiosidade em ler, você achou o filme fiel ao livro? Acredite, depois dessa sua resenha fiquei com muito vontade de ler e já comecei a ler a introdução.


Silas-sama 12/05/2023minha estante
Obrigado Billy!

Eita q arretada vc em Layla, o filme é fiel sim mas muito leve kkk, ele só faz resumir por alto, as atrocidades do livro não podem ser reproduzidas nem por animação que vai levar ban, imagina um filme live action kkk, o povo iria trucidar


Silas-sama 18/05/2023minha estante
Layla, qual filme você assistiu? Um antigo ou um novo dos anos 2000? Assisti esse último recentemente por curiosidade e amei kkk, com bons atores, enredo cativante, deu-me outra impressão e interpretação do Sade, acho que todo mundo deveria ver esse filme antes de qualquer outra coisa dele kkk, é realmente um filme bem feito.

O nome é Contos Proibidos do Marquês de Sade, assisti ele dublado completo no site com x KKK, altos filmes piratas lá. O ator que faz Coringa está nesse filme, dentre outros conhecidos.




Layla.Ribeiro 27/11/2023

Livro irreverente, não recomendável.
É preciso avisá-los que este livro não é para ser lido por qualquer leitor, por mais que possa causar a curiosidade até mesmo você que esteja lendo essa leitura, não leia, mas se mesmo assim você quer conhece-lo sugiro inicialmente assistir a adaptação desta obra, que é só a pontinha do iceberg, caso ache que deva prosseguir com a leitura leia a Introdução, o próprio autor nos avisa: "E agora, amigo leitor, prepare o seu coração e o seu espírito para o relato mais impuro que jamais foi feito desde que o mundo existe, pois livro semelhante não se encontra nem entre os antigos nem entre os modernos." Arrisco a dizer que nem os moderno deste século e ele estava certo porque você vai encontrar cenas altamente misóginas, pedofilia, incesto, torturas, assassinatos, coprofagia, blasfêmias com objetos sagrados, fetiches dos mais inimagináveis para nós e muita merda, no sentido mais literário da palavra.
O livro é divido em 04 partes, que remetem a 04 meses (120 dias) e cada mês é referente aos relatos de uma prostituta (chamadas pelo nosso narrador de "Historiadoras") que vai narrar a cada dia uma ou várias estórias de libertinagem na qual presenciou em sua vida e em seguida os protagonistas utilizarão da narração como inspiração para seus atos celerados contra os demais personagens.
Apesar da Bizarrices relatas, Sade sabe conduzir uma narrativa de forma prender ao leitor, utilizando de fórmulas como ocultação de algumas informações e acontecimentos no castelo com a promessa do narrador de revelar aos poucos de acordo com os próximos relatos da mesma ou de outra "historiadora" .
Ao passar dos dias as exposições ficam mais pesadas e perturbadoras, porém achei muito interessante como o autor utiliza dos diálogos degenerados dos protagonistas para levantar reflexões filosóficas acerca dos fetiches. Por se tratar de um rascunho feito às pressas durante a prisão de Sade e ele jamais ter encontrado posteriormente ficando assim inacabado, os três seguintes meses são apenas guias sobre quais seriam os relatos e sua correlação entre os já descritos e anotações de como ele organizaria para a versão final. O que eu achei uma pena, pois apenas as compilações utilizada de forma crua deixou o texto mais bem indigesto do que já é.
Obviamente Sade teve o intuito de chocar com esse livro, e conseguiu, senti várias emoções ao ler, mas ele soube escancarar a realidade perversa, que muitos finge ignorar, ele denuncia a classe dominante vil e sem escrúpulos, tanto que os protagonistas são um duque, bispo, magistrado e um bancário, ademais que os libertinos presentes nos contos das historiadora pertencem a mais alta sociedade francesa, pessoas que têm em comum além do dinheiro, a influência e principalmente a impunidade em suas mãos. Sade expõe o que tem de mais ruim da humanidade e dificilmente acho que outro artista consiga ser além do que Sade foi.
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Felipe Mello 15/05/2021

Primeiro Livro Que Abandonei Na Minha Vida!
Foi praticamente impossível de continuar. Quando eu percebi que o seu torturante prólogo(de setenta e três páginas) era nada mais, nada menos do que um grande pervertido(e doentio) dossiê dos seus quatro asquerosos personagens, esposas, filhas, vítimas, local, regras e planejamento... percebi que a minha vida era muito curta para se burramente desperdiçada com esta pérola que alguns chamam de livro. 
Paris 10/08/2021minha estante
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

Os 120 dias de sodoma, Marquês de Sade
Nota: LEITURA ABANDONADA! - O autor é muito conhecido por sua escrita libertina, tendo publicado obras bem controversas. Tanto isso é verdade que o termo sadismo tem origem justamente no seu nome. Como nunca havia lido nada do autor, resolvi começar por Os 120 dias de sodoma, uma de suas obras mais comentadas. No entanto, além de ser um dos mais conhecidos, acho que acabei escolhendo o mais pesado de todos - e bota pesado nisso! Escrito em 1785, quando o autor estava preso na Bastilha, o enredo pode ser assim resumido: quatro homens nobres decidem se isolar por 120 dias em um castelo com mais 46 pessoas, dentre eles 16 jovens sequestrados (entre 12 e 15 anos), em busca de um prazer no seu modo mais extremo. Eu sabia que havia escolhido um livro polêmico, ou seja, eu não estava esperando uma leitura leve ou um romance mais tradicional... Mas o que encontrei foi apenas uma descrição do quanto doentia a imaginação do ser humano pode ser. O autor narra detalhadamente cenas de pedofilia, necrofilia, tortura, assassinato - e a lista vai longe… Precisa ter um bom estômago para conseguir ler a obra inteira, sem pular algumas das descrições mais fortes. E além do próprio conteúdo problemático, senti falta de um enredo melhor construído, que não se limitasse à mera descrição de cenas, para - talvez - tornar a obra menos repugnante. Por curiosidade, um pouco antes da revolução francesa, quando conseguiu sair da prisão, o autor achou que os manuscritos haviam se perdido e não conseguiu terminar sua obra. Tanto isso é verdade que, apesar do título, só há 30 dias efetivamente narrados (os demais foram deixados em forma de roteiro). Marquês de Sade morreu sem saber que sua obra foi reencontrada e, posteriormente, publicada. Ou seja, da quase metade que li, achei uma obra superestimada e não consegui compreender o que a torna um clássico da literatura... Mas como acho que escolhi o mais pesado de todos, pretendo dar uma nova chance ao autor. Alguém recomenda alguma obra de Marquês de Sade? E quem aí conseguiu terminar esse livro?

site: https://www.instagram.com/book.ster
Amanda 08/03/2020minha estante
De fato você escolheu um livro muito pesado do Marquês de Sade.
Quando fui comprar essa obra a vendedora me perguntou se eu tinha lido alguma coisa do Saúde e respondi que não. Ela me aconselhou a não começar por este livro e me indicou Infortúnios da Virtude.
Achei o livro ótimo e recomendo.




Fred 06/10/2022

Graças a Deus, terminei
O alívio nem é tanto pelo conteúdo da história que é nojento sim em vários aspectos --embora não me chocou como chocou uma galera que resenhou aqui-- O alívio é pq eu já não aguentava mais a repetição de fatos que eram narrados mudando só uma coisa ou outra. Da metade pro fim (fim do livro e não dá história, já que a mesma não foi concluída -graças a Deus-) a história era basicamente um sendo obrigado a cagar na cara do outro enqdo um terceiro masturbava ambos. ?
Outra coisa que não ajudou muito aqui é que o autor me pareceu querer chocar o leitor desde o início e o problema disso é que quando você chega lá na frente, você já está tão acostumado com a brutalidade dos fatos que não te impacta mais, ficando chato, massivo.
Eu não esperava gostar dessa leitura, li mais pelo autor ser quem é e pra tentar entender um pouco sobre sua fama de sádico.
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Anderson 28/08/2020

O retrato mais cruel e impuro da humanidade
?Ávida por assassinatos e crimes, a natureza impõe sua lei para inspira-los e fazer com que seja cometidos, e a única lei que imprime no fundo de nossos corações é nos satisfazer. Pouco importa às custas de quem.?

O livro é um retrato de uma mente doente do início ao fim, se algum dia vocês já se perguntaram "o que sobra com a retirada total da moral e ética?" esse livro te responderia facilmente com os relatos que são dados em cada página. Marques de Sade escreveu esse livro no século XVIII e ainda não existe um período histórico em que esse livro poderia fazer algum sentido, não consigo recomenda-lo para ninguém. Nesse viés, O livro contém cenas cruéis de pedofilia, machismo, necrofilia, assassinato, mutilação, estupro e homofobia. Sade demonstra um relativismo quase que extremo ao dizer que não há nada fundamentalmente bom e nada fundamentalmente ruim e sendo assim, não deve deixar de fazer algo que o agrade e o diverte só por que alguns o criticam. Com isso, o autor em alguns momentos de dirigia diretamente ao leitor e nesses momentos, é fácil notar o quanto ele se divertia ao imaginar que estaria chocando cada pessoa que se deparasse com os seus manuscritos. Além disso, Sade demonstra seu descontentamento o tempo todo com a igreja católica, ora punindo as mulheres que eram pegas rezando em algum lugar do castelo, ora quando relata cenas de sexo defecando em crucifixos ou enfiando hóstia no ânus e na vagina de alguns personagens do livro. Se por algum momento, alguém questiona se toda polêmica por trás dessa obra e ache que é uma hipérbole, nesse caso, convido a começar a ler o livro. A frieza do autor e a excitação por crimes e pelas coisas mais nojentas do universo é algo que eu nunca irei compreender. Ademais, se levarmos em conta o contexto histórico da França no momento em que esse livro foi escrito, a coisas ficam ainda pior, pois não é muito difícil encontrar relatos de pessoas, -principalmente figuras políticas da nobreza-, que tinham afinidades grandes com os gostos de Sade, retrato de uma sociedade em que fingia estar moldada em bons costumes e com alto grau de censura. É necessário ler essa obra com um olhar muito crítico e ter muito cuidado para não absorver aquilo que se encontra por aqui. Não leiam! 
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31/05/2020

Não é pra qualquer um
Pra um livro escrito há mais de duzentos anos, ele é surpreendentemente fácil de ler.

Imagino que pra chegar a um título como Os 120 dias de Sodoma, o leitor já deve ter previamente alguma curiosidade pelo tema ou pela mente a quem o termo "sadismo" é atribuído. E isso é importante, porque esse livro não seria uma boa escolha de leitura para quem quer só passar o tempo. Não que essa leitura não pudesse ser feita dessa forma, mas porque a leitura é significativamente mais proveitosa quando o leitor procura saber mais sobre o Marques de Sade, e as extrapolações da sua obra pra outro campos além da literatura, como a psiquiatria, filosofia e até pedagogia. Dito isso, recomendo que aos que querem ler Os 120 dias de Sodoma, que comecem pelo posfácio, pois ele pode esclarecer alguns pontos importantes sobre a obra e não dá spoiler nenhum.

Também é interessante pensar um pouco sobre o contexto histórico em que o livro foi escrito, pois os quatro libertinos, personagens principais do livro, representam figuras das mais altas classes de poder da França à época em que o livro foi escrito, e não é por acaso. Isso diz muito sobre a posição política do autor, que usa essas posições sociais e econômicas dos protagonistas como críticas à sociedade da época.

De volta à história em si: a linguagem é extremamente fácil e fluida, é possível ler esse livro em dois dias (se o leitor tiver estômago e não precisar de pausas para respirar entre uma narração e outra). No entanto, por vezes achei um pouco enjoativo pois as paixões narradas ficam um pouco repetitivas.

As paixões vão dos relatos mais banais aos mais cruéis, dignos de Deep Web. Chegar a dar um alívio pelo fato do Marques não ter desenvolvido todas as narrativas das paixões citadas no livro.

Curiosamente, nas últimas partes, das paixões criminosas e paixões assassinas, diversas paixões narradas são vistas em desenhos infantis como Piu piu e Frajola, Coyote e Papa Léguas, Tom e Jerry e etc. É interessante prestar atenção nesse fato e pesquisar sobre o sadismo na psicologia e pedagogia.

Para quem não saber se vai aguentar a leitura, pode começar por procurar o filme Saló, ou os 120 dias de Sodoma, do Paolo Pasollini, disponível no youtube. É difícil adaptar essa obra ao cinema, mas o filme é surpreendentemente fiel ao livro, embora seja equivalente a apenas um centésimo do que se passa no livro.

Por último, quero dizer que apesar de ser um livro forte e pesado, não ser um leitura pra qualquer um, é o único livro que eu li na minha vida que me fez ir da risada ao asco e repúdio, passando por todos os gradientes de sensações e sentimentos possíveis. É simplesmente impressionante o que o Marques de Sade faz em Os 120 dias de Sodoma.

Não recomendo nem deixo de recomendar o livro, acho que cada tem que saber o próprio limite do que consegue ou não ler. Mas caso escolha ler, leia o posfácio primeiro, não fique apenas na narrativa, pesquise mais e aprecie a imensidão dessa obra que resistiu ao tempo, não por acaso.

site: www.capaecorte.com
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Ramiro.ag 18/02/2024

"Não tenho a menor necessidade de constranger meus instintos a fim de agradar a um criador."
"Foi da natureza que os recebi, e eu a irritaria se a eles resistisse; se me deu os maus, é que, a seu ver, tornavam-se assim necessários."

Eu descreveria e experiência de ler este livro da seguinte forma: cada página que passava a sensação era de que eu estava cometendo um crime só de LER a história, eu fiquei esperando a polícia federal invadir minha casa a qualquer momento, e iria com eles sem nenhuma relutância achando merecido.

Mas enfim, não vou entrar em detalhes na narrativa absurda, grotesca e vil, caso alguém se interesse em ler vai descobrir por conta própria, os abismos que ela esconde. Mas avisado está, inclusive o autor mesmo avisa várias vezes sobre a natureza da história, então o leitor se arrisca pela própria sorte, ou pela curiosidade, que foi meu caso.

"E agora, amigo leitor, prepare o seu coração e o seu espírito para o relato mais impuro que jamais foi feito desde que o mundo existe, pois livro semelhante não se encontra nem entre os antigos nem entre os modernos."

Apesar dos pesares, o livro em si tem muito valor, sobretudo no domínio da psicologia, de onde emerge o termo "sadismo", em alusão à obra de Sade. Esta narrativa, assim como outras do mesmo autor, serão utilizadas como ferramentas para a exploração das profundezas da mente humana, visando a compreensão e classificação de seus distúrbios e perversidades, particularmente os de natureza sexual. No contexto de "120 Dias de Sodoma", tais atos repugnantes não são encarados como desvios morais, mas como impulsos naturais que não devem ser subjugados; são analisados e debatidos com sobriedade e gravidade, pelos próprios personagens, os quatro libertinos, adornados por um viés filosófico.

"Não há nada fundamentalmente bom e nada fundamentalmente mau; tudo é relativo, dependendo de nossos costumes, opiniões e preconceitos."

Sinceramente, não acho que tudo que foi narrado aqui tenha sido apenas fruto da imaginação de Sade, tanto pela rapidez com que foi escrito, quanto pelos minuciosos detalhes, sugerem que o autor tenha vivenciado grande parte dos eventos, ou ao menos tenha tido acesso a relatos verídicos. Essa constatação toca em um ponto sensível e crucial, levando-nos a uma profunda reflexão e utilizando a obra como um espelho das muitas atrocidades perpetradas pelo homem ao longo da história, com destaque para aquelas ocorridas dentro das Igrejas. As práticas mais perversas frequentemente se ocultavam por trás de uma fachada moralista.

"Mas, quando uma sociedade inteira comete as mesmas faltas, é corrente perdoá-las."

Muitos assuntos delicados são abordados de maneira crua aqui: a fragilidade dos laços familiares, os abismos do vício, a trivialidade da existência, o prazer como eixo condutor das ações humanas, os conceitos de moralidade e imoralidade, a estratificação social e o tédio da alma.

"Esse fastio que então sentimos é apenas o sentimento de uma alma saciada à qual a felicidade desagrada porque acaba de cansá-la"

É assustador ler esse livro e ver que, aos poucos, você acaba se acostumando com tudo que acontece. O que provocou uma reação visceral em um primeiro encontro, ao acontecer muitas outras vezes, não te causa o mesmo sentimento, e muitas vezes passa como se não fosse nada, como algo trivial. Esse fenômeno, quando você para para pensar, causa arrepio e medo, já que é descrito no livro e usado como base principal.

"Um excesso leva a outro; a imaginação, sempre insaciável, logo nos leva à última etapa, e, como ela fez esse percurso endurecendo o coração, este, mal chega ao fim, já não tem as virtudes de outrora, já não reconhece senão uma. Acostumado a coisas mais profundas, ele se livra prontamente das primeiras impressões frouxas e sem doçura que o inebriaram até então, e, como sente que a infâmia e a desonra serão a sequência de seus novos gestos, para já não ter de temê-las começa a se familiarizar com elas. Mal as afaga, já as ama, porque têm a ver com a natureza de suas novas conquistas, e ele já não muda."

Enfim, não é uma leitura fácil, revira o estômago e te faz querer parar em muitos momentos, é a crueldade desenfreada, a busca pelo prazer sem ética, é uma incursão em território proibido. Reconheço a importância do livro, mas não é uma leitura que vou recomendar a ninguém, e quando perguntarem vou me fazer de desentendida e fingir que nunca li.

"Faça o mesmo aqui: escolha o que quiser e deixe o resto, sem reclamar desse resto só porque não tem o dom de agradar-lhe. Pense que agradará a outros, e seja filósofo."
maltchik/ 14/04/2024minha estante
Sobre a Polícia Federal, tive o mesmo pensamento ?




Nay Botelho | @Umsonhodeleitura 27/08/2021

O LIVRO MAIS DIFÍCIL QUE LI NA VIDA.
Eu como leitora sou muito acostumada a ler os assuntos mais obscuros mas até eu me estranhei com essa leitura, com certeza você tem que ter muito estômago ou muita falta de imaginação para conseguir, confesso que pensei em abandonar a história várias vezes, larguei a leitura pois não aguentava mais ler... Insisti e posso dizer, valeu muito a pena, após longas discussões com as pessoas consegui entender o propósito do livro, foi dificílimo dar nota após ver a história do autor e do livro mas, consegui balancear aspectos técnicos e o tanto que o livro conseguiu mexer comigo, e sinceramente ? Sempre lembro dele mesmo meses após a leitura porém, não indico a leitura se você já não estiver MUITO acostumado com o assunto, até para os de estômago forte como eu ainda é um pouco demais.
Israel.Venancio 27/08/2021minha estante
Concorso muito contigo, discutindo com amigos disse que esse é um livro que reune tds as filias e parafilias humanas. Além das críticas sociais. É como olharmos o nosso "Retrato de Doria Gray", encarar a Medusa. Talvez o maior horro que o livro provoque em nós, seja a possibilidade de encontrarmos écos dos nossos desejos alí representados... sem falar no gore, as ultimas cenas, superaram minha ideia de inferno.


Felipe Lopes 03/07/2022minha estante
Parece ser uma leitura desafiadora. Parece-me que a história se repete todo dia no nosso meio social. Já me deparei com alguns casos pesados, na experiência profissional. Vou dar uma chance ao livro e ver o que se pode extrair.




Marina 22/07/2009

Eu estava com boas expectativas para este livro e me decepcionei MUITO. Tanto que eu nem consegui terminar de ler. Lá pela página 150 fiquei de saco cheio e só dei uma passada de olho rapidamente pelas páginas seguintes (por isso considero que abandonei).

Bem, o livro começa com uma introdução longa demais, apresentando cada um dos personagens. E são MUITOS personagens, tantos que, eu quase nunca sabia quem era quem (e sinceramente, nem fazia muita diferença já que ali todos eram meros objetos sexuais). A história me pareceu mecânica demais, do tipo: "A fodeu com B, D chupou E, F masturbou X" e assim por diante. Era sempre assim, por isso ficou repetitivo e a narrativa é extremamente enfadonha. Além disso, tem cropofagia/coisasnojentassemelhantes demais ( tá, é óbvio que eu sabia que ia ter, mas não imaginava que fosse 99,9% do livro).


Enfim, não recomendo mesmo. Para livros eróticos com tema bdsm recomendo "A história de O", bem melhor.
Carlos Patricio 06/09/2012minha estante
Era sempre assim, por isso ficou repetitivo e a narrativa é extremamente enfadonha. Além disso, tem cropofagia/coisasnojentassemelhantes demais ( tá, é óbvio que eu sabia que ia ter, mas não imaginava que fosse 99,9% do livro).

ASSINO EMBAIXO. PERFEITA RESENHA. ESSE LIVRO É SUPERESTIMADO DEMAIS...




Vinicius Vitor 27/01/2023

NUNCA CHEGUEM PERTO DESSE LIVRO!
Não leiam Sade, não especulem ler Sade, não recomendo 120 dias de Sodoma pra ninguém.
Enfim se você quiser que sua saúde mental seja preservada, deixe esse livro o mais longe possível de você.
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Carolina 16/07/2021

Os 120 dias de wtf???
Finalmente li isso aqui e posso fazer algumas considerações.
Antes de fazer isso, dei uma olhada nas resenhas desse livro aqui no Skoob e existe um grande consenso de notas 0,0 e algumas poucasde 2,0 pra cima. Eu tava em dúvida sobre avaliar esse livro ou não, mas cá estou.

× Esse livro é o puro gatilho! Cada letra que tem nesse livro exala gatilhos muito fortes.

× Você tem que ter muita coragem pra terminar ele, não é um livro fácil pois envolve uma série de atos de violência contra crianças e mulheres que você se questiona o pq de ler isso.

× Tirando as partes horríveis (que seria basicamente o livro todo) a narrativa e a forma que foi escrito são massantes, chatos, tediantes e muito muito repetitivos, são sempre a mesma ladainha, mas quando chega no fim dos primeiros 30 dias (são 4 meses de história) os próximos meses foram encurtados , as histórias que são contadas todos os dias, viram resumos o que ajuda a conclusão do livro ser mais rápida, mas ao mesmo tempo continua na mesma lentidão e repetição.

× O marques gosta de causar um "suspense" sempre guardando a informação do que aconteceu com as crianças quando elas são levadas para quartos individuais com algum dos velhos e diz que não se pode contar o que aconteceu com ela ainda, que irá contar mais na frente e no fim das contas não fala nada (o que levando em consideração a história, é ótimo pois não precisa de mais gatilho) mas do ponto de vista narrativo é péssimo pois não precisava disso, era só dizer que não contaria.

× Por fim, é uma história sem pé nem cabeça, com personagens psicologicamente perturbados num nível extremo, que acham super coerente e normal a prática de pedofilia, incesto, coprofagia, mutilações, assassinato, punições, etc. Esse livro consegue erradiar mais radioatividade que as próprias usinas de Chernobyl, e não sei como pode ser considerado um clássico literário.
Felipe Mello 18/07/2021minha estante
"Esse livro consegue erradiar mais radioatividade que as próprias usinas de Chernobyl, e não sei como pode ser considerado um clássico literário." Resumiu perfeitamente não só esta pérola, como o próprio Marques de Sade, nesta frase. Bravo!


Paris 10/08/2021minha estante
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk




Litchas 11/05/2021

Nunca foi tão difícil ler um livro. É realmente bizarro. Um bom estudo sobre a perversão, sobre até que ponto pode ir o ser humano e ainda obter prazer com isso. Sade se dedicava a escandalizar, é realmente um traço notável. A escrita em si não é muito elaborada, porém compreensível, visto que escreveu na prisao, com poucos recursos e sem poder revisar o texto. Tem um certo peso histórico.
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