O Livreiro de Cabul

O Livreiro de Cabul Åsne Seierstad




Resenhas - O Livreiro de Cabul


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Daniel Moraes (Irmãos Livreiros) 11/11/2021

O livreiro de Cabul, de Åsne Seierstad
“O livreiro de Cabul”, escrito pela jornalista norueguesa Åsne Seierstad, publicado pela Editora Record, é um livro intenso, doloroso, indigesto, porém, necessário para nossa cultura contemporânea, principalmente após o retorno do Talibã ao poder.

Åsne Seierstad foi enviada para Cabul na primavera de 2002, para cobrir a guerra dos soldados ocidentais contra o regime do Talibã. Lá ela conheceu o afegão Sultan Khan um livreiro que provocou boas impressões na jornalista, por conta de sua postura culta e de pensamento liberal, algo raro no Afeganistão.

Sua paixão pelos livros, onde os vende e mantém seu sustento, levou Sultan Khan a ser preso e torturado pelos talibãs e seus livros foram queimados, por conter informação que não condiz com a tradição afegã.

Todavia, Sultan espera poder montar um belo acervo sobre a história do Afeganistão e a partir de seus volumes, transformar-se em uma Biblioteca Nacional. Esse é seu sonho. Essa é sua luta.

Através dos relatos impressionantes da jornalista que viveu por três meses coletando informações da cultura afegã, o livro surpreende pelo realismo que a obra apresenta: a riqueza de informações é abundante. Desde a beleza do casamento afegão à extrema pobreza da população e toda sua cultura conservadora é retratada com maestria no livro.

“No Afeganistão, mulher apaixonada é tabu. É proibido pelos conceitos de honra rigorosos do clã e pelos mulãs. Mulheres jovens são, antes de mais nada, um objeto de troca e venda.“

A cultura e a sociedade afegã, impacta quem não conhece de fato o que passa na sociedade opressora e recém-saída do Talibã, quando a jornalista vivenciou os temores da população, que na obra, escrita em 2002, era supervisionada pelos Estados Unidos.

Quando o Talibã assumiu o poder em Cabul, em setembro de 1996, dezesseis decretos transmitidos pela Rádio Sharia. Uma nova era estava começando:

1) É proibido às mulheres andar descobertas;
2) Proibição contra a música;
3) É proibido barbear-se;
4) Oração obrigatória;
5) É proibido criar pombos e promover rinhas de aves;
6) Erradicação das drogas e de seus usuários;
7) É proibido soltar pipas;
8) É proibido reproduzir imagens;
9) Estão rigorosamente proibidos jogos de azar;
10) É proibido usar corte de cabelo no estilo americano ou inglês;
11) São proibidos empréstimos a juros, taxas de câmbio e de transações;
12) É proibido lavar roupa à margem dos rios;
13) Música e dança são proibidas em festa de casamento;
14) É proibido tocar tambor;
15) É proibido a alfaiates costurar roupas femininas ou tirar medidas das mulheres;
16) É proibida a prática de bruxaria.

Com intuito de ressaltar a data, o Talibã retornou ao poder em 2021, após o presidente americano John Biden autorizar a retirada dos soldados estado-unidenses, por se tratar que o Afeganistão estava em condições de ser guiado pelos líderes afegãos.

Mas não foi isso que ocorreu. O Talibã tomou a capital do Afeganistão e todas as conquistas que a população conquistou, principalmente as mulheres, tais como o direito ao voto, frequentar escolas, comercializar produtos importados, foi barrado. O que o mundo assistiu através do jornalismo, foi um retrocesso sem precedentes que mudaria a história do Afeganistão para sempre.

Allahu akbar – Deus é grande.

“O livreiro de Cabul” é um livro que incomoda por sua realidade nos fatos apresentados, porém, preciso ao apresentar a cultura de uma sociedade opressora recém-saída do regime Talibã.

Livro altamente recomendado!

Confira a resenha completo no blog Irmãos Livreiros:

site: bit.ly/iLPost2210
SraD 25/05/2023minha estante
A autora assume francamente que se aproveitou da convencionalidade da cultura afegã de oferecer hospitalidade e se mudou para a casa de uma família para conseguir material para o livro. Diz também que ?nunca aprendeu a falar dari?, mas ao que parece se sentiu no direito de retratar os pensamentos mais íntimos das mulheres da família, que só falavam aquela língua. As histórias resultantes disso, pelas quais os escritores são pagos (mas as pessoas retratadas e que contaram a história, não), traem a confiança dos retratados ou, no mínimo, parecem ser bastante insensíveis aos sentimentos destes. Um exemplo dessas consequências é o processo aberto pela segunda mulher do livreiro contra Seierstad por difamação e negligência jornalística. Entre outras coisas, o processo alega que a exposição de certos comportamentos sexuais feita por Seierstad obrigou algumas mulheres a sair do país para evitar uma reprimenda ou até mesmo algo pior a que podiam ser submetidas se ficassem no Afeganistão.




Felipe Albiero 31/12/2010

Torrente de uma triste realidade.
Muitos não têm paciência ou não gostam de ler sobre a cultura afegã, tampouco sobre as nuances da mesma. A partir da vida de uma família de classe média, a autora consegue percorrer as diversas sendas que tanto diferenciam a cultura afegã das demais.

Asne Seierstad teve uma incrível sensibilidade para descrever tão bem as entranhas desta cultura. Se não estiver disposto(a) a deparar-se com contrastes culturais chocantes, dificilmente gostará deste livro.

Apesar de poder ser lido como romance, não espere por uma história contínua. Na verdade, poucos são os capítulos que guardam tal característica, os demais são escritos de modo mais independente – o que, para mim, não prejudicou em nada o transcorrer da obra.

Sou um apaixonado pela cultura do Afeganistão. Esta obra é um incrível relato sobre a sofrida vida naquele país. É impressionante deparar-se com uma cultura tão empedrada e quase nunca questionada, bem como com os diversos relatos de guerra. Confrontamo-nos com o domínio soviético, passamos pelo período da guerra civil, que envolve tanto o Regime de Cabul quanto o controle dos Mujahedin e chegamos ao tenebroso regime Talibã. Do meio para o final, o livro ganha um tom menos fundamentalista e mais ‘liberal’, que é o período “pós-Talibã”.



A leitura foi fantástica, o livro é cativante e, sobretudo, ensina!
Danilo Silva 08/11/2010minha estante
Ótima resenha! Parabéns!!!


Tatiana 04/04/2014minha estante
Muito boa tua resenha! Parabéns!




Letícia 15/03/2022

Muitos aprendizados
A princípio, achei que O Livreiro de Cabul era um livro de ficção como O Caçador de Pipas. Só depois descobri que é um trabalho jornalístico de uma profissional norueguesa.

A autora acompanha a família de Sultan Khan no Afeganistão, falando sobre os comportamentos pré, durante e pós Talibã. No início, somos apresentados aos personagens e cada um tem uma história contada por capítulo. Falamos de mulheres que têm aspirações (mas não oportunidades), homens que querem descobrir a vida fora do país e todas as regras (que não são poucas) que regem o dia a dia da família.

Como já disse aqui, não gosto de julgar os costumes com o olhar ocidental. Mas não consigo achar normal uma mulher sentir medo por mandar cartas, ou o casal não ter autonomia nenhuma sobre o próprio casamento. A autora não fala sobre, mas acredito que ela também tenha sentido muito medo durante seus registros.

É um livro excelente para entender um pouco da história e dos costumes afegãos, suas rotinas e a relação das pessoas com a religião. Também é muito interessante entender as relações familiares, uma vez que os casamentos muitas vezes são arranjados entre membros de uma mesma família, sem levar o sentimento em consideração em nenhum momento.

Recomendo muito a leitura.
A geógrafa 15/03/2022minha estante
Adorei! Quero ler




Cris Peixoto 20/03/2021

O Livreiro de Cabul

Foi uma experiência incrível, apesar de dolorosa, acompanhar a jornada da narradora.

É uma cultura muito interessante, mas muito diferente em alguns aspectos e em outros nem tanto. Quando o machismo que é travestido de religião é levado ao limite nos choca, mas tirando a burca, em alguns lugares do ocidente não é muito diferente. Ela muitas vezes está na mente.

A comida, o ritual do casamento, as festas, a pedofilia, a religião, as roupas, o fundamentalismo, a crueldade, a ignorância, a fome e o espírito rebelde de alguns me fizeram oscilar de forma pendular em meus sentimentos. Senti asco e compaixão de várias personagens e senti vontade de ler mais sobre o Afeganistão e o Paquistão.
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Marcelo 14/12/2021

Desconforto e Estranhamento.
Retrato do dia a dia de uma família do Afeganistão, com seus dramas e tradições culturais que causam um choque para nós ocidentais pois diferem muito de nossa cultura. Trata-se de uma família com certa condição financeira que difere da maior parte da população. Ainda sim transmite muito do que se passou no país com a queda do talebã em 2001 e todas as dificuldades de uma população que praticamente não conhece a paz a décadas, sempre envolvido com conflitos de forças internas ou externas. Maior parte da população sem acesso à saúde, educação, saneamento básico pois país teve sua infraestrutura destruida e onde a tradição machista reina absoluta relegando as mulheres ao níveis mais baixos da sociedade e praticamente sem direitos. Excelente leitura.
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Layla.Ribeiro 22/03/2024

Este livro foi escrito e publicado logo depois da primeira queda do regime talibã no início dos anos 2000 por uma jornalista. São compilados de histórias reais baseadas na família do homem que dá título ao livro que pelos relatos descritos ama mais a sua livraria do que a própria família. As narrações apresentadas percorrem antes, durante e depois do regime talibã, relatos muito fortes carregados de extrema misoginia, percebe-se que a autora se imergiu na cultura afegã para demonstrar o porquê e o que ocorre nesse país devastado por inúmeras guerras civis. Achei muito interessante o fato da escritora se referir as mulheres quando estão nas ruas simplesmente como “burcas”.

“Uma burca grávida vem na sua direção, ofegante. Ela precisa se esforçar para acompanhar os passos enérgicos das duas burcas à sua frente. A burca líder para no balcão de tecidos para lençóis”.

Com o uso dessa linguagem ela ressalta ao leitor como os homens viam as mulheres, objetos. Foi um livro que despertou sentimentos desconfortáveis em mim como raiva, impotência, tristeza e ficou mais acentuado dessa vez por saber que agora, quase 20 anos da publicação deste livro as coisas voltaram acontecer novamente.
Fabio909 22/03/2024minha estante
Esse livro é fantástico!!




Lista de Livros 22/12/2013

Lista de Livros: O Livreiro de Cabul, de Åsne Seierstad
“Uma manhã, enquanto tomava uma xícara de chá fumegante na livraria, ele percebeu que Cabul voltava à vida. Enquanto fazia planos de como realizar seu sonho, pensou numa citação do seu poeta favorito Firdausi. ‘Para se ter êxito, algumas vezes é preciso ser lobo, outras vezes cordeiro’. Estava na hora de ser lobo, Sultan pensou.”
*
“Mulheres de burca são como cavalos com antolhos, só podem ver numa direção. Nas laterais, a rede do véu se fecha, impedindo olhares de soslaio. É preciso virar a cabeça inteira. Outro truque dos inventores da burca: um homem deve saber quem ou o quê sua mulher persegue com os olhos.”
*
Mais do blog Lista de Livros em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com.br/2010/10/o-livreiro-de-cabul-asne-seierstad.html
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Alessandra.Adams 22/02/2022

Um livro bastante envolvente e emocionante. Nos conduz a um cenário completamente diferente da nossa realidade, que nos faz refletir sobre novas culturas e o poder que possuem nos papéis e relações humanas.
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Gilcimar 24/07/2022

Impossível sair da mesma maneira como entrou
Torcer para que tudo acabasse bem. De fato, desde o início desta leitura, essa
foi a minha expectativa e torcida durante toda a trajetória nesta maravilhosa narrativa.
Entretanto, no mundo real, as coisas nem sempre saem conforme planejamos ou pretendemos.
Impossível não se emocionar, irritar ou se revoltar diante de várias situações encontradas nesta história.
De início, minha expectativa era baixíssima nesta leitura. Porém, já nas primeiras páginas, mudei drasticamente isso.

Leitura mais que super recomendada!!!!
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Ceci Anselmi 12/04/2023

Difícil e necessário
Leituras baseadas em fatos, como ler sem perder-se na história?
Um livro cru, verdadeiro e tocante sobre a realidade feminina no Afeganistão, onde o machismo e o fanatismo religioso regem tanto a política quanto as morais de um país dominado pelo Talibã.
Aborda temas sensíveis do ponto de vista de uma jornalista norueguesa que conviveu com tal realidade durante três meses.
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Vidal 10/04/2023

Sociedade totalmente diferente
Eu como ocidental vendo como a sociedade afegã é fico chocado!
Tratamento a mulheres de forma desrespeitosa, costumes tribais e como a vida é difícil por la!
Um fato chamou minha atenção a mulher é tao segregada que o homossexualismo écrescente pois a mulher é tao isolada que os homens tem mais contato com outros homens
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Antonio Maluco 14/05/2020

História
O livro conta histórias de vários personagens do mundo árabe e além do protagonista do livro em questão
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Sander.Garcia 09/12/2023

Esperei do início ao fim
Essa foi a sensação durante a leitura do livro.

Ouvi tantos elogios que acabei criando muita expectativa. O tempo todo eu esperei algum acontecimento marcante. Mas, o livro é um relato de realidades do Afeganistão nos anos 2000, incluindo o impacto do 11 de Setembro de 2001.

Sultan, o livreiro de Cabul, é um homem dividido entre o desejo de ver seu país livre de regras arbitrárias, e ser um chefe de família altamente tradicional e machista.

Boa parte do livro não trata de seu amor pelos livros e pelo seu negócio ilegal (como cópias clandestinas).

São várias histórias contando, além dos acontecimentos históricos da época, dramas e confusões dentro de sua família, a família Khan.

Não me prendeu, apesar de todo o aprendizado histórico. Como eu disse, passei boa parte do tempo esperando por algo que eu nem sabia o que era, mas que não aconteceu.

O fim foi um desfecho em poucas linhas, condenando finais tristes para os personagens.

Talvez eu goste quando reler um dia.
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Ana Tambara 13/04/2020

Bom demais.
Posterguei ANOS pra ler esse livro. Ele é chocante do início ao fim, te prende logo no primeiro capítulo. Recomendo muito! É importante entender a aprender sobre culturas totalmente distintas da nossa. Åsne nunca me decepcionou.
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Juliana @4livreira 08/04/2021

Relato de uma denuncia
Final de 2001, o ano conhecido como o ataque das Torres Gêmeas pela Al-Qaeda, comandada pelo mais procurado terrorista do mundo, Osama Bin Laden. É numa terra sofrida, no Afeganistão que a jornalista norueguesa Asne, conhece o famoso livreiro Sultan Khan (nome fictício), dono do maior acervo literário do país, em Cabul.

Com maestria, em forma de romance, ela relata como conseguiu relatos e histórias a partir da família de Sultan, que a aceita na sua casa, para escrever uma reportagem sobre a vida afegã e a cultura que ele, patriota, tanto adora. Só que não é isso que acontece. Temos exatamente o que aconteceu durante aquela época com a sociedade, com as mulheres e a cultura que, se não era pelo poder do Talibã, era atacada por bombas e guerras num caos generalizado. A família se refugia no Paquistão, sofre repressão, onde o próprio livreiro é torturado e exilado por anos, e no meio disso tudo, as barbaridades que a autora denuncia dessa cultura e religião mulçumana.

Não foi fácil concluir esse livro, diversas vezes eu parei pra pesquisar e até pensei em desistir, mas a curiosidade foi maior. ? É muito pesado, mesmo, tem todo tipo de crimes, bizarrices, cenas que enojam e revoltam qualquer pessoa de fora. Da pra ver a crítica da autora sobre tudo que assiste, e também conhecemos o lado da vida das mulheres reprimidas, e das crianças. Pra citar algumas: estupro, assassinato em família, escravidão, trabalho infantil, pedofilia, prostituição infantil, tortura e todo tipo de violência contra crianças, mulheres e adolescentes. Tudo normalizado, naturalizado e velado sob uma burca. E a religião.
Eu não consigo relatar nem uma história pois todas, durante os 20 capítulos, são extremamente fortes e pesadas.

Após o livro ser lançado e a autora deixado o país, o dono da coleção de mais de 20 mil livros, todos pirateados, aliás, processou a autora e inclusive lançou um livro que é, se não pior, o cúmulo do absurdo.Quem quiser saber mais, pesquisa pela autora ou livro que aparece imagens do livreiro e da fachada da livraria em que ele ficava.
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