Rapha Lins 26/06/2022
Tinha tudo pra ser bom... mas pisou na bola
Pra mim não existe definição melhor do que essa do título da resenha. Uma história onde duas pessoas com o mesmo nome tem destinos cruzados é no mínimo promissora. Ainda mais escrito pelo existencialista John Green e David Levithan, que teve uma das ideias mais legais que eu encontrei na minha juventude com Todo Dia. Novamente, tudo pra dar certo.
Mas começa que a história não chega perto de ser sobre o próprio título do livro, além de que ele dá a entender que vai existir uma espécie de romance ou, no mínimo, uma conexão mais relevante entre os dois Will Graysons, mas isso não acontece e nem a história dos Wills é o tema central.
Tiny é um personagem que uma hora você ama e depois odeia, mas que brilha de um jeito que os outros personagens não conseguem. Ele tem motivação, obstáculos e uma força incrível que vale à pena acompanhar e dá revolta de ver ele ser tratado como secundário e, o pior, com um descaso que vem dos autores, não (só) dos personagens.
Me incomodou muito o tanto de body shaming com o Tiny e também alguns conceitos tratados com pouco tato na questão LGBTQIA+. Enquanto lia, coloquei na cabeça que foi um livro importante para 2012, por ser uma obra jovem adulto com casais gays, mas Will & Will simplesmente não é suficiente pro nosso momento.
Enfim, o motivo das minhas três estrelas é pela melancolia típica de John Green que sempre traz filosofias e ideias que parecem esdrúxulas demais pra acontecer na vida real e isso é interessante no livro. O Will do Levithan é bem escrito e mais profundo, o arco dele também é cativante. Isso me fez "relevar" aquele estilo meio pick me de 2010, mas eu deixo uma ressalva de que falta um tiquinho de consciência social.
Por fim, se a gente pensar em uma história sobre um garoto gay que quer fazer um musical sobre sua experiência amorosa em pleno terror da adolescência e do colegial, enquanto faz seus pares entenderem seu valor e ainda alcança uma autodescoberta sensível... o que é que esse livro tinha pra dar errado?
Bom, ser escrito de uma perspectiva fraca.