Rabo de baleia

Rabo de baleia Alice Sant’Anna




Resenhas - Rabo de Baleia


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cinnamongirl612 07/02/2024

Poesias inusitadas sobre o cotidiano
Peguei o livro pra ler porque achei o título curioso. De fato, o livro em si é bastante peculiar, no sentido em que a autora escreve sobre detalhes do cotidiano e memórias (dela? não sei) de uma maneira muitas vezes peculiar e metafórico.
Contudo, de minha parte, não houve uma afinidade com a escrita da poeta, nem um afentamento de fato, que é o que geralmente considero para dizer que amei um livro de poemas, mas, um em particular me chamou a atenção e me cativou, e é justamente o poema ao qual se refere o título da obra:

"UM ENORME RABO DE BALEIA cruzaria a sala neste momento
sem barulho algum o bicho
afundaria nas tábuas corridas
e sumiria sem que percebêssemos
no sofá a falta de assunto
o que eu queria mas não te conto
era abraçar a baleia mergulhar com ela
sinto um tédio pavoroso desses dias
de água parada acumulando mosquito
apesar da agitação dos dias
da exaustão dos dias
o corpo que chega exausto em casa
com a mão esticada em busca de um copo d?água
a urgência de seguir para uma terça
ou quarta boia, e a vontade
é de abraçar um enorme rabo de baleia seguir com ela"

Dito isto, indico a leitura, é rapida, fluida e agradável.
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Anderson 18/06/2023

Há algum tempo, ouvi num programa de TV a declamação do poema que é referência para o título do livro. Me impressionei com aqueles versos meio surreais, tradutores de um estado de espírito que refletia ali, para mim, um domínio da autora na elaboração de uma escrita que percorre os subterrâneos psicológicos e emocionais. Fiquei muito interessado em ler a obra por completo e, quando isso aconteceu, me decepcionei um pouco em ver que o ponto alto da obra seja só o primeiro poema. Deve-se ressaltar que ela domina bem o ritmo do verso, mas ainda assim, a maioria dos poemas me pareceu sem vida. Claro, se o leitor se identificar com a realidade descrita pela autora, poderá ter uma impressão diferente.
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Léo 20/07/2022

A Sutileza de Alice Sant'anna
A Sutileza de Alice Sant'anna é embriagante. Dá prazer passar de poesia em poesia até a última página findar com um suspiro de leve tristeza. É reflexivo e indagador. Para os amantes de poesia...esse livro é deslumbrante!
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Carla 04/01/2022

Não consegui me conectar com a leitura
O livro é pequeno e a leitura não é tão confusa. Mas infelizmente a maioria dos poemas não fizeram sentido pra mim. Gostei apenas do poema ?Ausência? e de um trecho de outro poema.


[?]
não é bem vontade o que tenho
mas tampouco é falta de vontade
[?]
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Katia Rodrigues 25/11/2021

"Não é bem vontade o que tenho mas tampouco é falta de vontade"
Um título curioso, uma edição belíssima, porém faltou algo...

"Há aquilo que fica firme (um poste)
e não comove e há o que se mexe (uma árvore)
e faz barulho e chega a parecer um polvo com
tentáculos"
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Khadja 30/04/2021

ausência
tenho te escrito com calma
cartas em um caderno azul
arranco da espiral e não posto
por preguiça ou nem morta
tenho medo da espera
durante dias ou semanas um animal horrível
(espécie de raposa) vai me perseguir
por dentro, ou serei eu mesma
(um rato?) a me roer
enquanto a resposta não chega
perco muito tempo tentando
dar nome aos bichos
que sobem a cortina do quarto

Um livrinho curioso, de fato.
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Nina 24/06/2020

Gosto muito de poesia e estou sempre em busca de novos poetas. O livro da Alice me chamou atenção pelo título "Rabo de baleia" me identifiquei de cara e por isso comecei a ler.
Alice tem uma escrita diferente. Parece uma conversa acelerada em uma mesa de bar, uma conversa boa de ouvir, que talvez, dela, não se tire conclusão alguma depois, mas que é gostosa.
Alguns poemas foi necessário ler duas vezes. É preciso se atentar a pontuação inexistente dos versos. E as vezes vc lê de uma forma e quando termina vc testa outra e as vezes faz mais sentido, outras, só fica aquelas ideias fluindo na cabeça.
Gostei do livro, achei bom. Tem um lirismo bastante contemporâneo, em outras partes o poema te faz ver que a poeta precisava escrever.
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Mari 06/04/2020

Os primeiros poemas não me fisgaram, talvez seja porque tenho um pouco de dificuldade em gostar de poesia. Mas, mais ou menos na metade, os poemas começaram a me agradar mais, pois achei que ficaram mais intensos.

"ausência

tenho te escrito com calma
cartas em um caderno azul
arranco da espiral e não posto
por preguiça ou nem morta
tenho medo da espera
durante dias ou semanas um animal horrível
(espécie de raposa) vai me perseguir
por dentro, ou serei eu mesma
(um rato?) a me roer
enquanto a resposta não chega
perco muito tempo tentando
dar nomes aos bichos
que sobem a cortina do quarto"
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Alexandre Silveira 01/09/2017

Poesia estranha
 Certa vez, vi na estante de livros de uma colega o livrinho de título curioso, Rabo de Baleia, da carioca Alice Sant'Anna. Lembro que o folheei, li um verso aqui e outro ali, e só. Por alguma estranha razão eu nunca havia me esquecido do título desse livro, mesmo sem saber da principal temática abordada pela autora nos poemas, se o uso do verso era livre ou não, se os poemas valiam a leitura ou não, etc. 
     Acabei por optar em correr o risco e comprei o livro, meses depois, e enquanto eu protelava a leitura oficial dele, lia alguns dos poemas de forma esparsa e me sentia estranho. Estranho porque os poemas são igualmente estranhos. Penso que existem diversos jeitos de estranhezas, mas no que se refere a essa sensação especificamente, o estranho, no caso, era um estranho daquele tipo que me fazia franzir a testa, fazer caretas e reler os versos pra tentar entender o motivo de os poemas serem tão estranhos.
Acho que o que me causou tal estranheza foi o fato de perceber que os poemas são secos, mas ainda assim possuem lirismo. O lirismo aqui não se manifesta em grandes explosões sentimentais, delírios apaixonantes ou obsessivas tentativas poéticas de metaforizar tudo. Ele se dá através de poemas que, à primeira leitura, chegam a ser risíveis tamanha a banalidade contida neles, mas após um olhar mais insistente, percebemos algo ali e sentimos um grande vazio e que está presente nas nossas trivialidades. Está aí a causa dessa estranheza que tentei descrever acima: o cotidiano banal do homem contemporâneo é seco. Estamos tão atolados em trabalho, precisamos mostrar a nossa rotina para o mundo pelas redes sociais e o nosso tempo nos dias é tão curto que já não conseguimos parar para amar, contar histórias,  saborear o almoço (também feito às pressas),e nem pra apreciar um poema temos tempo.
     Obviamente que as situações descritas anteriormente não dizem respeito a todas as pessoas, mas creio que muitos de nós levamos a vida assim, em completa correria, com o tédio a pairar como um espectro nas nossas rotinas. E é assim que Alice Sant'Anna monta seus poemas: de forma seca, sem enfeitar demais as palavras, deixando em evidência trivialidades vazias de grandes euforias, mas mostradas com a observação aguçada e delicada que apenas uma ótima poeta poderia perceber. 

     Há um uso insistente do verso livre nos poemas de Alice Sant'Anna, quase sem pontuação alguma. O leitor não sabe onde começa, onde acaba, onde para para respirar, ou para engolir a saliva caso a leitura se dê em voz alta. Isso faz a leitura fluir naturalmente (ou não), já que nós mesmos precisamos tentar construir um ritmo para os poemas, e além disso tal técnica acaba por ampliar a diversidade de interpretações.

site: https://paomanteigaecafeblog.wordpress.com/
Márcio_MX 02/09/2017minha estante
Excelente sua resenha, Alexandre.
Cada vez melhor diga-se de passagem, com essa evolução narrativa daqui a pouco vai se tornar um escritor.


Maiky 02/09/2017minha estante
Ótima resenha! Fiquei curioso demais, ein!


Alexandre Silveira 02/09/2017minha estante
Muito obrigado pelas palavras, Márcio! Já pensei em escrever algo futuramente mesmo. Fico feliz que tenha gostado da resenha :)


Alexandre Silveira 02/09/2017minha estante
Muito obrigado, Maiky! Leia mesmo. Penso que não vai se arrepender!


Nicole 15/03/2018minha estante
nossa ótima resenha mesmo... parabéns




Adriano.Santos 20/08/2017

Modo
Em detalhes coadjuvantes dos temas poéticos também se faz poesia.
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hanny.saraiva 14/08/2017

A acústica da cidade é a de uma almofada gigante.
Quando se escreve poesia, um estado único envolve o olhar do poeta e nos conecta com sua visão de mundo. Para ler poesia precisamos de um aplicativo compatível com esse sistema. Às vezes dá bug, às vezes temos a melhor experiência. E algumas vezes passamos por esse fato como se estivéssemos sentados no McDonald's comendo um hambúrguer. Foi essa sensação que tive, parafraseando a própria autora:
"Não é bem vontade o que tenho mas tampouco é falta de vontade"

Esse livro se resume a esse frase:
"Os dias são Outonos: choram... choram..."
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Adriana Scarpin 29/10/2016

Meu assassino
"hoje encontrei meu assassino.
dispersa, olhei para a plateia e ele estava lá

os olhos fixos em mim.

soube na mesma hora 

de quem se tratava

tentei disfarçar a chuva 

que deixou a franja bagunçada 

na frente dos olhos mas o assassino

me olhava mas eu revidava

muito dura: era um jogo.

sabia que a qualquer respiração

se eu desconcentrasse ou tropeçasse 

ele não perdoaria nunca (isso já aconteceu antes).

lembro bem quando 

o meu assassino me atirou 

pela primeira vez 

a diferença é que agora sei 

como se chama sei o formato do maxilar

e como ele me olha com esses olhos

de assassino.

pensei em chamar a polícia, os jornais 

pensei sobretudo

em mudar de cidade

e não contar para ninguém, assim 

o meu assassino me procuraria

nos mesmos lugares de sempre

mas frustrado voltaria para casa

e me escreveria longas cartas

dizendo fique avisada, seus dias estão no fim.
contudo meu assassino jamais seria

capaz de me encontrar
e por isso as longas cartas

que ele levaria ao correio muito bem

dobradas em envelopes com cheiro

de canetinhas coloridas

as cartas não chegariam em parte alguma

pois não constaria o meu nome

em nenhuma página amarela

ou conta de luz.

meu assassino bateria na porta

da minha antiga casa

no que eu o convidaria para entrar

ofereceria um café e diria

que pena! que desencontro! que perda!

ela não mora mais aqui."
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