Karini.Couto 24/08/2013O Fim de todos nós se passa em uma Ilha onde um vírus desconhecido surge devastando toda a população e isolando os moradores do restante do mundo, pois ao contactar o governo e emitir o alerta de epidemia, o mesmo temendo que o vírus se espalhe para o resto do mundo, isola a ilha, prometendo mandar toda a ajuda necessária para que descubram uma cura, bem como alimentos e demais suprimentos que possam vir a necessitar. Porém a realidade começa a mostrar-se bem mais assustadora, pois como se não bastasse o vírus, o governo simplesmente está tratando as pessoas da ilha como um risco grande, deixando de fornecer os suprimentos necessários e a assistência prometida. Com isso vem o desespero, pois aqueles que não estão infectados pelo vírus, estão divididos em grupos sobreviventes, uns querem ajudar o resto das pessoas, mesmo os doentes, e outros acham que a melhor solução é eliminar qualquer um que for contaminado.
As pessoas estão lotando o único hospital da ilha na busca por ajuda e o desespero vai crescendo. O pai de Kae, está fazendo o possível para descobrir como ajudar os moradores da ilha, como especialista em vírus e bactérias, ele é uma das apostas mais altas para a eliminação do vírus.
Os sintomas do vírus são claros, no inicio um espirro, uma tosse e uma coceira insistente.. Febre e logo em seguida a perda das inibições sociais, fazendo com que a pessoa se comporte de forma inapropriada, de forma que não faria se estivesse sã. E por fim a morte!
Tudo isso é escrito pelo ponto de vista de Kaelyn, uma adolescente de 16 anos que inicia essa história escrevendo em seu diário, como forma de acreditar em sua nova fase de vida, pois almeja ser uma pessoa mais sociável e pedir desculpas a seu ex-melhor amigo Leo, por ter terminado uma amizade de mais de 10 anos. Porém logo ela se vê relatando bem mais do que o seu dia a dia e suas perspectivas e passa a relatar o caos vivido por ela mesma e pelas pessoas que vivem na ilha.
Uma história que me pareceu muito palpável, pois não estamos livres de sofrer com um vírus desconhecido que poderia dizimar toda uma população em um curto período.
E é exatamente isso que acontece; todos ao redor de Kaelyn estão morrendo e a cada dia que passa os números só aumentam causando um desespero e uma desesperança que a faz crer em muitos momentos que chegariam ao ponto de não haver mais sobreviventes ou a questionar se saíram dessa situação.
No meio de todo esse caos, Kae, continua relatando tudo que pode e vê em seu diário, como forma de manter um registro de tudo que está acontecendo, para quem sabe Leo encontrar ou alguma outra pessoa. E ela fala também sobre suas dúvidas, medos, e sobre como ela encara toda a situação chegando a determinado momento a querer se atirar para a morte, pois acredita que não está ajudando em nada.
O cuidado e carinho que Kae tem por sua prima Mere, que foi abandonada por sua mãe e perdeu o pai por um tiro dado pelos soldados que estavam mantendo a quarentena é bonito de se ver, pois em meio ao caos ela consegue se dedicar a alguém que precisa dela e isso em muitos momentos evita que Kae desabe após as perdas lastimáveis que sofreu.
A união e começo de um sentimento que surge entre Kae e Gav, me fez perceber que mesmo em meio ao caos é possível amar alguém e se apoiar a alguém que faria tudo que pudesse para te manter segura!
Assim como uma amizade pouco provável que surge entre Kae e Tessa, namorada de Leo, pois apesar de Kae não ter nada especifico contra Tessa além de impressões tiradas do dia a dia, é perceptível uma ponta de inveja inicial, por Leo ter escolhido Tessa, por ter visto Tessa com outros olhos.. Olhos esse que não viram nada além de amizade em Kae.
Mas não pensem que Kae é má. Ela é uma jovem confusa, tímida, retraída e que não sabe bem como demonstrar seus interesses e chegar perto das pessoas.. Ela é muito observadora e percebe nas pessoas o que as faz "brilhar" ser o que são. E durante todos os seus relatos, percebemos como ela vai amadurecendo e demonstrando compreensão por atos feitos por outros personagens e até mesmo consegue compreender o que Leo viu em Tessa, já que ela mesma passa a admirar sua nova amiga!
Eu adorei Tessa por toda a sua força e maneira de seguir adiante mesmo em meio a todo o desespero e ausência dos pais que não conseguiram retornar a ilha quando a mesma entrou em quarentena. Ela é uma pessoa que faz a diferença. Com ideias consistentes e que não fica parada esperando o mundo acabar. Além de ser prática e sem "mimi mimi". Ela se concentra no que tem diante de si e tenta tornar as coisas o melhor possível mesmo com seu jeito reservado, pois não é de falar muito sobre sentimento e não é do tipo que abraça e se lamenta!
Assim como Gav, que mais do que qualquer outro, saiu e arriscou-se para poder tentar equilibrar as distribuições de comida bem como controlar o desespero que ele previa que veria quando a ilha entrou em quarentena. A todo instante ele demonstra que pode ser útil e que quer ajudar no que for necessário. Sempre em prol do coletivo e não pensando de forma egoísta como "a gangue" da ilha, que se formou após a quarentena.
Perdas, sentimentos a flor da pele, paixão, descobertas, desespero, fome, violência, amizade, solidariedade e muito mais pode ser encontrado nas páginas de O fim de todos nós!
Uma leitura fluente e interessante com uma escrita que prende e cativa o leitor. Vale a pena conferir!
Um livro impactante que me deixou ansiando por sua continuação, principalmente terminando de forma inesperada com o retorno da barca, que não se sabe que tipo de notícias ou ajuda pode estar trazendo. Com a ideia de Kae para ajudar um dos doentes infectados pelo vírus em aberto..
O que será que poderemos esperar no próximo volume? Esperança ou mais desespero?
Espero que a continuação venha logo!
site:
http://www.mixliterario.com/2013/05/resenhao-fim-de-todos-nos-megan-crewe.html