Camille 24/06/2013http://beletristas.com/resenha-o-fim-de-todos-nos/Ver Leo partir não foi fácil para Kaelyn, afinal, era seu melhor amigo estava partindo e eles nem mesmo tinham feito as pazes. Escrever para ele, mesmo sem ter a certeza de que um dia ele fosse ler, foi a melhor solução que ela encontrou. Principalmente quando a situação começou a ficar estranha demais para manter-se calada.
Os assuntos iniciados de forma quase clichê logo mudaram de foco, agora este está na doença que ameaça a cidade. Começa com um espirro, uma tosse que não passa, assim como a coceira contínua que quase faz com que sangre. Depois o excesso de simpatia, unido à vontade incansável e falar sem pensar duas vezes ou mesmo filtrar o que será dito. A loucura absoluta desenhada por gritos incoerentes. Por fim, a morte.
Diferente de tudo já estudado até então, a doença questiona a ciência a todo instante, e é questão de tempo até que as mortes sejam dados tão reais que sair nas ruas se torna perigoso. Sem saber como é passada adiante, todo o cuidado é pouco. Acompanhando a morte de vizinhos, amigos e familiares, toda a cidade entra em pânico e, quando decretada a quarentena, o colapso é inevitável.
É dessa forma que Megan Crewe fala sobre problemas e reações tão atuais quanto internacionais. É acompanhando a queda de toda uma cidade estruturada e pequena que nos deparamos com as facetas dos seres humanos que não são facilmente mostradas.
Não posso afirmar que o objetivo de O Fim de Todos Nós é nos fazer pensar em como lidamos com nós mesmos e com os outros, mas é inevitável comparar a situação fictícia com a realidade. O quanto estamos dispostos a fazer por nós e pelos outros? O quanto questões humanitárias ficam de lado em favor de um controle que, se não fosse tão rígido, poderia ter salvado muitas vidas?
Vendo Kaelyn arriscar, desistir e tentar novamente passamos a ver a grande motivação de qualquer atitude. Esperança. Esperança de um futuro melhor, esperança que uma solução seja encontrada, que vidas possam ser salvas e que mortes tenham acontecido em favor de algo positivo; que não seja tudo em vão.
É começar a ler e saber que não terá como largar até a última página, querendo entender como aquilo vai acabar, se vai acabar, descobrindo mais sobre personagens que não acreditaríamos que pudessem ser interessantes. Personagens que, a princípio, nem pareciam tão estruturados assim.
Impossível tirar o crédito da autora pela escrita interessante, pelo tema original e, principalmente, pelo desenvolvimento da narrativa.