@APassional 12/05/2013
Desejo à Meia-Noite * Resenha por: Elis Culceag * Arquivo Passional
Para dar início à leitura dos Romances de Época lançados pela Editora Arqueiro no mês de abril, escolhi "Desejo à meia-noite", ponto de partida da série "Os Hathaways", ambientada na Inglaterra Vitoriana e composta de 5 volumes, cada qual destacando como personagem principal um dos irmãos Hathaways: Leo, Amélia, Win, Poppy e Beatrix.
Neste primeiro volume, acompanhamos a mudança da família Hathaway de Londres para Hampshire, onde viverão na Ramsay House, propriedade em ruínas herdada por Leo, juntamente com o título de visconde. O problema é que o título parece carregar algum tipo de maldição, pois todos que assumem o papel de lorde Ramsay são vítimas de desgraças que os levam à morte prematura. Leo não está muito longe desse destino, já que após a morte da noiva, entregou-se à vícios que colocam sua vida e o bem estar da família em risco.
"Ramsay House era um lugar atraente, com excentricidades, cantos secretos e características singulares que só precisavam de atenção e cuidados. Não era muito diferente da família Hathaway."
Chegamos então a Amélia, nossa protagonista. Mediante o desequilíbrio do irmão mais velho Leo, Amélia assume para si a responsabilidade pelo bem estar da família, abrindo mão do que seria o caminho natural à todas as moças da época: o casamento. Seu braço direito na tarefa de cuidar dos irmãos e iniciar a recuperação da Ramsay House é o introspectivo Merripen, um Rom (cigano) que vive com os Hathaways desde criança, a quem Amélia considera como irmão. Mas esse não é o único Rom na vida de Amélia. Em Hampshire, ela reencontra Cam Rohan, aquele que lhe roubara um beijo pecaminoso e sua fita de seda vermelha, numa noite turbulenta em Londres...
Cam Rohan é a dualidade em pessoa. Mestiço, filho de mãe cigana com pai gadjo irlandês, não é considerado pelos ciganos como Rom, tampouco pelos ingleses como um cavalheiro. É desapegado em relação ao dinheiro como um Rom, mas possui a "boa sorte dos duendes irlandeses", sempre obtendo muito lucro, mesmo sem querer. Deseja viver a vida livremente nas estradas, mas ao mesmo tempo sente a necessidade de formar seu próprio clã. Como encontrar um equilíbrio nisso tudo, quando a atração pela irresistível Amélia lhe confunde ainda mais os pensamentos?
Amélia e Cam são um casal curioso, quando eu pensava que eles iriam agir de certa forma, faziam diferente, quando parecia que tudo estava caminhando para a direita, um deles se fazia de "cabeça-dura" e ia para a esquerda. Mas Cam possui todo um jogo de cintura cigano pra persuadir a controladora Amélia a "dançar em volta da fogueira"... Há cenas sensuais quentíssimas, totalmente inseridas no contexto. Não estão ali porque a autora resolveu escrever algumas cenas de sexo, mas porque a atração entre Amélia e Cam é tão inevitável que ateia fogo, as chamas crepitam e eles não conseguem deixar de fazer amor.
"Beijou-a como se ela fosse o ar que ele respirava. Beijos ferozes, duros, provocantemente planejados, suaves e sedutores, beijos para acender fogueiras, iluminar o céu e manter as estrelas em seu lugar."
Existem coisas paralelas acontecendo na trama que envolvem pequenas doses de mistério, como um detalhe que sugere uma ligação entre Merripen e Cam, pequenas manifestações fantasmagólicas que atormentam Leo, um cavalheiro conhecido, mas com atitude suspeita que ronda Ramsay House. Há também um amor "proibido" e um caso de cleptomania na família que serão explorados em outros volumes da série.
Essa leitura foi extremamente prazeirosa e surpreendente! É o primeiro livro da autora que leio e já me sinto conquistada com sua escrita humorada, sensual e viciante. A narrativa em 3ª pessoa nos revela os pontos de vista de Amélia e Cam, mas Lisa Kleypas cuida de todos os seus personagens com muito carinho, protagonistas ou não, eles tem perfis físicos e psicológicos bem delineados, conhecemos seus problemas, qualidades e defeitos, torcemos por eles e, no caso dos irmãos de Amélia, nos alegramos porque sabemos que cada irmão terá um livro todinho seu. Nos apegamos aos Hathaways e queremos mais!
"Acredito em magia e mistério, em sonhos que revelam o futuro. E acredito que algumas coisas estão escritas nas estrelas... ou mesmo na palma das mãos."
É. Muito. Romântico!
Recomendo, passionalmente!
Elis Culceag.
Resenha publicada no Blog Arquivo Passional em 12/05/2013:
http://www.arquivopassional.com/2013/05/resenha-desejo-meia-noite-lisa-kleypas.html