Tania 28/06/2013
As Regras da Sedução
Há tempos venho dizendo que não me considero a pessoa mais romântica do mundo. Mas ultimamente algo estranho tem acontecido comigo.
Culpa de quem ou do que? Tenho minhas teorias.
Na vida real sou muito prática, procuro separar muito bem as coisas para não haver erros de julgamento ou sofrimentos vãos.
Mas esse mundo literário tem me proporcionado uma outra dimensão. Um lugar em que os amores mais improváveis são tão possíveis que até eu, uma mulher atípica, me emociono e desejo um amor desses.
Há algumas semanas, uma comoção tomou conta de algumas amigas no mundo virtual. Foi uma verdadeira enxurrada de comentários a respeito de Romances de Época, grupos sendo criados, enfim, foi o maior alvoroço.
Claro que eu fui inserida em dois desses grupos. Ganhei até um selinho com um Eros muito fofo.
Tudo bem, coloquei no blog, que anda meio paradinho, curti algumas publicações do Facebook, mas ainda não entendia o porque de tanto furor uterino.
Até que minha chefinha, tão docemente, me perguntou se eu não gostaria de conferir um desses tão esperados livros da editora Arqueiro. Digo docemente, porque ela já conhece minhas preferências literárias, e ambas ainda estávamos escaldadas com a avalanche de livros com romances miojo (instantâneos). Mas, prontamente, aceitei o desafio e prometi encarar a fera.
O resultado: estou apaixonada! E pergunto à editora: Quando sairá o próximo?
O tal livro era As Regras da Sedução, de Madeline Hunter.
Pessoas: são 272 páginas de uma sedução literária, sem trocadilhos.
Na verdade, a ideia era ler e fazer a resenha, mas fui tão arrebatada por lorde Hayden Rothwell, que sugeri que ele se tornasse o meu próximo absinto. Ele merecia muito mais do que uma menção em resenha. Mas para dar um toque de resenha à Sexta Envenenada de hoje, trouxe a sinopse para que vocês entrem no clima.
Lorde Hayden Rothwell chega à casa de Alexia Welbourne sem aviso e sem ser convidado um homem poderoso e sedutor, movido por interesses obscuros. Sua visita anuncia a ruína financeira da família de Alexia e o fim das esperanças da jovem de um dia conseguir um bom casamento.
Para se sustentar, a moça recebe a proposta de ser dama de companhia de Lady Henrietta Wallingford e preceptora de sua filha. O problema é que a oferta vem do sobrinho de Henrietta, ninguém menos que lorde Hayden.
Morando na casa da tia de Rothwell, Alexia descobre que a proximidade com o homem que destruiu sua família pode ser perigosamente irresistível. Num gesto impensado, ela se entrega a ele, e ambos se veem obrigados a se casar.
O que Alexia não sabe é que os atos aparentemente arrogantes de seu belo e sensual marido são motivados por uma dívida de honra que pode levá-lo a sacrificar tudo.
Com tantas mágoas e segredos entre eles, o casal tem tudo para se manter afastado. Mas Hayden é um homem apaixonante e Alexia, a tentação que o faz perder a cabeça. Morando sob o mesmo teto, eles acabam se aproximando e, juntos, vão descobrir um jogo de sedução em que cada um faz as próprias regras.
Eric Belanger
Antes de mais nada, preciso dizer o que eu esperava: romance de época? Mulheres virginais, submissas, indefesas e à espera do príncipe encantado (nunca gostei muito de contos de fada); homens heroicos, poderosos que salvam as mocinhas no final felizes para sempre. Não sou hipócrita, era isso que eu esperava mesmo.
Agora faço o meu mea culpa: o livro não é nada disso.
Hayden Rothwell é um rapaz, homem de negócios, de uma das famílias mais renomadas e abastadas da Inglaterra do século XIX. Vive num lugar e época em que os meios de transportes terrestres ainda eram movidos a tração animal. E ainda era costume de um cavalheiro honrar sua palavra, ser leal aos seus princípios, familiares e amigos. Ainda era costume ser cavalheiro.
Hayden tem uma tarefa das mais penosas que poderia enfrentar: precisava anunciar a Timothy Longworth sua falência. Mas não seria por Timothy que ele lamentava, mas por suas irmãs e sua prima e, acima de tudo, por Benjamin Longworth, amigo de infância e a quem devia a própria vida.
Esse homem poderoso, lindo e misterioso só não contava que encontraria uma mulher bem diferente daquelas a que estava acostumado.
Kirsten Dunst
Durante a visita, ele conhece Alexia Welbourne, prima dos Longworth.
Alexia é a prima pobre que, depois da ruína de sua própria família, vai viver como agregada na casa Longworth e lá se apaixona pelo mais velho, o então chefe da família, Benjamin.
Diferentemente da maioria dos romances que nos são apresentados na atualidade, esses dois não caem de amor um pelo outro instantaneamente. Pelo contrário, ele a considera diferente; ela só vê o monstro destruidor de lares diante de si.
O que diferencia Alexia da maioria das mulheres de sua época é o fato de ela manter sempre seus pés no chão, principalmente depois de tantas perdas. Num período em que as meninas eram apresentadas à sociedade aos 15 ou 16 anos, e assim era aberta a temporada de caça aos casamentos arranjados, uma mulher que estivesse solteira até os 22 anos já era considerada encalhada.
O que dizer da situação dessa moça de vestidos restaurados e modos requintados, mas que dizia o que pensava de maneira bastante ousada para seu tempo?
Mas o mesmo homem que arruinou sua família é quem lhe apresenta uma das soluções para que ela viva comum mínimo de dignidade, agora que não poderia seguir vivendo à custa de seus primos.
? A senhorita vai com eles para Oxfordshire? perguntou ele.
? Não me permitiria ser um fardo para essa família agora.
A atenção dele permaneceu nos livros.
? O que vai fazer?
? Tenho tudo acertado para meu futuro. Fiz planos e listei minhas expectativas e oportunidades.
Ele recolocou um livro na estante e rapidamente passou os olhos pelo tapete, a escrivaninha e os sofás, andando na direção dela em seguida.
? Quais oportunidades está vislumbrando?
Ela o conduziu aos outros cômodos no andar.
? Minha primeira opção é ser preceptora na cidade. A segunda é ser preceptora em outro lugar.
? Muito sensato.
? A sensatez é algum bastante conveniente diante da ameaça da fome, concorda?
[...]
? A quarta opção é me tornar cortesã. Há quem diga que uma mulher deveria preferir morrer de fome a isso, mas suspeito que essas pessoas não tenham de fato se visto diante dessa necessidade, como talvez aconteça comigo.
Esse comentário lhe valeu com olhar duro. Além do desconforto por ela estar ridicularizando o fato de ele não sentir culpa, Alexia também percebeu a ousadia de um olhar masculino que avaliava suas possibilidades na quarta opção da lista.
Alexia enrubesceu. O calor percorreu sua pele, avivando-a e a atingindo bem no íntimo, afetando-a de uma forma chocante. Teve uma incontrolável e traiçoeira consciência dos muitos recantos do próprio corpo. A sensação a estarreceu ao mesmo tempo que a estimulou deliciosamente.
Já experimentaram a sensação de ser tocada (o) apenas com um olhar? Você está conversando com alguém e, de repente, uma sensação de elevação da temperatura e dos batimentos cardíacos toma conta de você, apenas com um olhar. Eu já.
Hayden tem esse poder. Mas ele não é apenas beleza, riqueza e sedução. Há outras facetas desse homem, que só o tempo e a intimidade permitirão conhecer.
Felizmente, esses dois personagens são fortes e muito envolventes. E, a partir do momento em que Alexia aceita ser a preceptora de sua prima, Hayden passa a ser visita constante na agora casa de sua tia Henrieta. Assim, ambos começam um jogo de gato e rato, que há muito eu esperava.
O prazer de ler uma história assim está na necessidade de ver uma relação que vai se construindo ao longo do livro, e não nas duas primeiras páginas. Eu gosto disso.
Hayden vem nos conquistando página por página. Eu não sei se tenho uma imaginação fértil demais, mas à medida que ele vai apresentando suas reações em relação a Alexia, eu sentia um frio na barriga.
A palma dele se fechou no seio dela e o prazer ficou ainda mais delicioso. O braço dele a arqueou na sua direção, levantando-a para que ele pudesse cobrir seu pescoço e seus ombros com beijos firmes e quentes. Um delírio de desejo e alívio a venceu. Ela não percebeu que eles tinham se mexido até que ele suavemente empurrou seus ombros e ela caiu flutuando na cama.
Ele arrancou o restante de suas próprias roupas sem fazer nenhuma pausa nem se afastar de Alexia [...]
Ele começou a abrir a calça, mas parou.
? Quão ousada se sente?
? Ousada o bastante.
Não sei se sou antiquada, mas acho que as pessoas estão apressadas demais, não aproveitam a paquera, não saboreiam o flerte. Está tudo rápido demais; dizem eu te amo, rápido demais. Os amores estão descartáveis demais, as mulheres (muitas) estão disponíveis demais.
Quem não gosta de ser seduzida, não apenas em relação ao sexo, mas uma boa conversa, uma música, uma dança, beijos nos ombros, no pescoço... É legal conquistar também, não digo que não possamos fazer isso (eu já fiz e curti), mas também é legal ser alvo da atenção do outro.
Imagem do filme All Good Things
Outra coisa que me surpreendeu em Hayden e Alexia foi sua sexualidade revelada. Ele experiente, mas tão surpreendido quanto eu; ela totalmente imaculada e descobrindo-se extremamente ousada. Numa época em que os casais dormiam em quartos separados, cada momento deles era ímpar, cheio de sedução um do outro e de nós.
O tempero dessa relação será a constante incerteza dos sentimentos de cada um, pois Hayden vive à sombra de seu melhor amigo, acreditando jamais despertar em Alexia o amor que ela devota a Benjamin. Já Alexia, acredita que apenas as horas noturnas deverão preencher seu casamento, já que viu-se obrigada a desposar o homem que destruiu sua família. Viva o paradoxo!
Além disso tudo, a rotina do casal estará sempre alinhavada pelos acontecimentos familiares, sociais e econômicos. Adoro histórias com finais improváveis, daquelas que nos deixam com o coração na mão o tempo inteiro e torcendo para que tudo dê certo.
Prendam-me, mas adoro histórias cheias de complicações.
Estou deveras apaixonada por esse casal; pela força e fibra de Alexia; pela honra, sensualidade e pela presença de Hayden em todos os sentidos e, mais ainda, como ele vai descobrindo o que realmente sente por ela.
As feministas que me perdoem, mas cavalheirismo jamais deveria sair de moda. O macho alfa pode ser muito sedutor: Hayden Rothwell é a prova disso.
O defeito de Hayden??? Não estar na minha vida.
Eu vou ficando, mais uma vez por aqui, na depressão pós-leitura que tenho sempre que termino de ler um livro que me absorve e torcendo para que o próximo volume não tarde a ser lançado!
site: http://asenvenenadaspelamaca.blogspot.com.br/2013/05/sexta-envenenada-as-regras-da-seducao.html