z..... 17/08/2017
Serões de Dona Benta (Edição publicada pela Brasiliense)
A obra foi moderna e inovadora no contexto de publicação (1937), equiparando o saber científico à uma brincadeira de descobertas e admiração para as crianças, com uma exposição informal por Dona Benta. A abordagem passa pelas áreas de física, química, astronomia e geologia. Lobato certamente estudou bastante para conceber.
Particularmente, gostei da parte de considerações sobre a água (onde a vozinha faz uma experiência de condensação, produzindo espanto e entusiasmo infantil de que a problemática da seca seria resolvida com esse processo) e sobre os planetas em um esquema ilustrativo, para ter ideia da conformação do Sistema Solar.
Por outro lado, somos da geração de imagens e interações na percepção do saber. Convenhamos, uma aula de ciências naturais só na lábia é um bocado chata. Falo por mim, pois a leitura refletiu isso. Gostei de outras obras com a mesma caracterização, mas eram na área de história, mitologia. Essa não curti. Ademais, a turminha tem uma postura muito passiva. Vemos textos e mais textos de apresentação científica e pouca interação da turminha. Visconde não dá as caras e Emília, no geral, tem uma mudez que não é legal, ainda que em bobagens. Em outros livros ocorriam discussões, interferências, opiniões, bobagens, impulsividade. Ah, qual é! Quase só a Dona Benta falando... Enfim, não foi uma aventura como imaginava.
Finalizando, observações banais. Mais uma vez Lobato dá pistas de que Emília tinha virado gente, pois é chamada de ex-boneca e há expressão como "do tempo que era de pano". Só não sei onde e como aconteceu essa transformação. É um aspecto banal, mas que me interessa como ardoroso fã do Sítio.
Outra observação, conheci a coleção da Brasiliense na infância, que a publicou por anos com as mesmas capas. A dessa edição é a única onde aparece a Tia Nastácia, que não foi mostrada nem no título que leva seu nome, onde deveria haver uma ilustração parecida a esta. Não estou querendo dizer que há alguma mensagem, só uma observação, talvez do fato da maioria dos ilustradores não conhecerem intimamente o conteúdo dos livros, às vezes, nem de forma mínima (falo da capa do livro da Tia Nastácia). Desse jeito são como placas de ruas com erros e tem muito livro por aí nessa também... Af! Já tô é escrevendo muita besteira. Fim.