Zana 09/07/2015
Uma história diferente!
Mel do Pecado é o romance histórico mais diferente que já li. A começar pelo argumento homossexualidade, muito em voga no presente, mas muito pouco versado na época em que a trama se desenrola, a era Medieval: tempo das Cruzadas, de relações de suserania e vassalagem, a terrível Peste Negra, etc.
A Peste Negra representou um dos momentos de crise da Idade Média. Na ocasião, dois terços da população da Europa morreu em decorrência de peste bubônica. É nesse contexto de doença e de guerra, que um guerreiro, pai de um casal de gêmeos, perde sua esposa. Não encontrando alternativa termina levando seus filhos para morar com ele e outros soldados num acampamento de guerra. As crianças, apesar de sexos diferentes, eram tão parecidas como “ervilhas numa vagem”, então, por causa do ambiente, ele passa a criar e vestir a menina Brianna como um menino. A então menina passa a ser chamada de Drue Duxton se vendo, sentindo e tornando-se não só um guerreiro valoroso, mas um lendário cavaleiro! Mesmo em lados opostos da guerra o destino de Connaught, outro lendário guerreiro, será ao lado de Drue Duxton.
Os personagens Brianna e Connaught vivem um amor polêmico, transgressor de todas as leis. Conflito, emoção e angustia dominam os sentimentos de ambos. O amor dos dois não tem nada de amoroso ou meloso, pois Brianna/Drue se via e se sentia como um cavaleiro do reino e não uma mulher. Enquanto Connaught se debatia contra todos os valores em que acreditava, além do fato de ser casado, ter se apaixonado por outro (suposto) homem.
A narrativa é muito interessante. Não acredito se tratar de uma história gay (como tenho observado em algumas resenhas), pois apesar da personagem se ver e se comportar como homem, ela em nenhum momento sentiu atração por mulheres. Atração sexual, ela somente sentiu por Connaught. Visualmente fiz uma analogia entre o personagem Drue Duxton e o personagem ‘jagunço Diadorim’ de Grande Sertão: Veredas, minissérie produzidas na TV Globo, baseada na obra homônima de Guimarães Rosa e interpretado por Bruna Lombardi. Talvez por isso a forma de descrição da protagonista, que poderia ter sido passada como masculinizada, não me incomodou. A história tem algumas partes inverossímeis e que não agradaram tanto assim como o irmão gêmeo se esquecer que tinha uma irmã e não irmão, a passagem do ciclo menstrual da protagonista, o desfecho singular e etc., mas nada que maculasse de maneira definitiva a natureza da trama. Mel do Pecado é uma história diferente. Li e continuo relendo. Recomendo.