Acontecimentos na irrealidade imediata

Acontecimentos na irrealidade imediata Max Blecher




Resenhas - Acontecimentos na Irrealidade Imediata


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Renata 29/03/2015

Vertigem
É sempre na esperança de encontrar livros como esse que eu sigo lendo.

Não vamos encontrar aqui um relato encadeado, personagens coerentes, e muito menos carismáticos, não chegamos nem a saber o nome de nosso narrador. Na verdade não sabemos muito dele, sua família, profissão ou qualquer coisa para além de seus piores e melhores e mais angustiantes pensamentos.

A editora vende o livro como uma "ficção autobiográfica", e isso tem razão de ser. Max Blecher, o autor, de origem romena, escreveu este livro durante o período em que conviveu com uma longa, debilitante, e no fim, fatal doença. Blecher morreu antes de completar 29 anos.
Para além de conviver e ler os expoentes do surrealismo ou do existencialismo, Blecher teve tempo suficiente para lidar com a ideia de morte e com o sentimento de desintegração.
É claro que muitas das obras humanas, em todos os tempos, lidam com nossa tragédia, então o que diferencia o livro de Blecher? Acredito que a resposta está no caminho que ele tomou, no lugar de partir para uma reflexão puramente racional, ou de localizar somente dentro de si seu estranhamento, ele demarca o mundo, o mundo árido, os objetos fechados, herméticos em suas significações, prontos a devora-lo em sua materialidade.

O absurdo com o qual se depara está justamente no paradoxo e na dor entre a fixidez de significado dos objetos do mundo e sua própria transitoriedade, a absoluta incapacidade de significar, de dar sentido à própria vida, isso não enquanto indivíduo, mas enquanto ser humano.

É um livro a ser lido, relido e discutido. Era esse o tipo de coisa que deveríamos ler quando estudamos psicologia.
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LidoLendo 06/04/2017

Muitas sensações por aqui...
Que livro incômodo e claustrofóbico! E cheio de significados quando entendemos o contexto, uma vez que foi escrito nos últimos anos de vida do autor, que morreu de uma doença antes de completar 29 anos de idade! Toda esperança que que senti lendo "Corações Cicatrizados" (editora Carambaia) foi enterrada aqui em "Acontecimentos da Irrealidade Imediata". Um romance autobiográfico bem fragmentado, desconexo, denso. Necessidade de solidão, necessidade de fuga! Elementos marginais que só me levavam a pensar no grotesto! Muitas sensações, gostei muito! Mas não sei se recomendo pra todo mundo! O autor é comparado a Bruno Schulz e Kafka... se apreciam estes dois autores, talvez gostem também de Max Blecher! Vale a pena conhecer.

site: www.youtube.com/user/lidolendo
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Layla 01/05/2020

Encantada!
Poucos livros me fizeram anotar tantas citações. Essa é uma daquelas leituras ?ame ou odeie?. Não há um fluxo exato na história, parece um imenso e bonito desabafo, recorte de memórias mesmo, sem fazer muita questão de ter sentido lógico, mas ao mesmo tempo tendo toda a lógica do mundo. Isso pode incomodar algumas pessoas, mas o fato é que o livro encanta pela poesia, pela profundidade e pelas reflexões. Nessa hora me bateu saudades da Cosac... É uma publicação bem na pegada da editora, mais cult e filosófica. Muitas questões existencialistas são trazidas, e de fato me lembrou um pouquinho Heidegger (é uma das influências do autor). A gente lê e se sente um grãozinho de areia perdido no mundo. Lindo primeiro contato com a literatura romena!
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Anna Carolina 14/07/2017

Max Blecher tem a qualidade invejável de narrar acontecimentos triviais como se fossem extraordinários e os extraordinários como se fossem triviais.

Que raiva.
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kiki.marino 20/02/2022

Não posso afirmar que compreendi linha por linha desta obra,pois é claramente subjetiva,fragmentada ,surrealista, uma confusão mental em que o narrador "desconhecido" se mostra em um estado de estresse e alta sensibilidade ao mundo exterior. E não se pode evitar fazer analogias a vida e doença do escritor que tem uma forte influência nesta obra, é isto que me fez quase chegar a compreender a superficie da essência da obra. Pois quem já esteve em estado de severa convalescença e isolamento social consegue se identificar com estas irrealidade de cisão do mundo e de si mesmo,que beira ao desespero, de inutilidade e enfim conformismo em ser um ponto no finito que realmente não faz diferença para o andamento da sociedade.
O início do século XX a literatura ofereceu vários modelos deste tipo de narrativa desde o introspectivo Niels Lyhne de Jens , Doctor Glas,Jakob Van Gunten, Rilke , e Karin Boye com sua excelente perspectiva feminina refletem os acontecimentos da época e catástrofes vindouros, onde homem mergulha em si mesmo e na filosofia moderna. É una obra que me faz querer me aprofundar mais neste campo ainda pouco explorado por mim.
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Alê 20/06/2013

Reflexões de um jovem
A obra aponta sobre a visão de um protagonista-sem nome, coisas que cercam a juventude, seja ligadas ao sexo até questões psicológicas.
O livro começa bem, mas ao longo do seu desenrolar, Blecher acaba não decidindo qual caminho ele vai trilhar. Seja desenvolvendo a história propriamente dita, ou seja, incorporando pensamentos, que na minha opinião, foram desnecessários.
O resultado acaba sendo superficial. O alter-ego de Blecher não procura ter uma relação mais proxíma com os personagens secundários, o que até aí não teria problema nenhum, porém, não torna-se algo de fácil identificação com o leitor. Ou pelo menos, foi isso o que eu achei.
Um ponto positivo, foi essa edição feita pela Cosac. Simples, mas muito bonita. Fazendo dela uma das melhores editoras quando se fala em design.
Wesley Soares 22/07/2017minha estante
Cara, na boa... O livro é muito chato. Fico pensando se ha algo errado conosco, pois pelo visto a grande maioria dos leitores adora o livro. Confesso que pensei em abandonar várias vezes. Leitura dolorida de levar até o final.




JeffersonCevada 20/09/2016

Epifanias
Um jovem – não sabemos seu nome nem ao certo sua idade – nos conta fatos de sua vida. Em sua maioria, fatos para fora de sua casa. Sua família, nas poucas vezes que é mencionada, nos passa despercebida, quase como se fossem figurantes. Não há uma história propriamente narrada (já aviso, se seu negócio é enredo engenhoso, esqueça esse livro), mas há um “tecido” de acontecimentos, como prevê o título.
O mérito está na forma de apreender e narrar esses acontecimentos.
A estupefação, as sensações profundas, as nuances dos momentos fugazes compõem a matéria recolhida pelo narrador personagem. Com isso o livro se coloca cheio de experiências epifânicas. O personagem está sempre buscando o isolamento, a solidão, os espaços secretos do seu entorno e de si mesmo. É recorrente as situações em que ele se vê dentro de um fosso profundo de um terreno baldio, no alçapão de um teatro deserto, no subsolo de uma estação de trem e, geralmente, só – como uma metáfora ao esforço do personagem em seu mergulho ao mais profundo de si. Por outro lado esses mergulhos representam também um esforço para recuperar a realidade que se configura em seu entorno, que é sempre descrita com alta carga sensorial. As descrições são repletas de cheiros, brilhos, texturas, sons e sensações vindas da intuição ou da alucinação.
O personagem parece ter algum “desvio” psicológico embora tudo que ele narre – e há muitas situações absurdas e bizarras – é feito com naturalidade, como se aquilo fosse banal e acontecesse com qualquer um. Com qualquer um que pergunte: “Em que consta o sentido da minha realidade?”.
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Carolina 12/11/2017

Sou uma árvore
Ao término do livro, ler as notas bibliográficas me ajudou a compreender um pouco o autor e, logo, elucidar pouco mais a obra.
Blecher narra um protagonista jovem, e algumas lembranças de outrora em um tom filosófico e reflexivo, muito voltado à si próprio, numa aparente conversa com o seu eu, e numa busca por sobrevivência dentro de si mesmo.
É aquela história... muitas vezes eu o entendi, porém, não compreendi :]
Considero uma obra pra um público específico, já que é uma leitura que requer certa atenção para não se perder no raciocínio denso e confuso.
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Rafaele Albanezi 23/02/2017

Irrealidade possível e nada imediatista
Sentar para desvendar as páginas desse livro, admito, foi uma completa aventura. Um conteúdo que nos leva, efetivamente, do nada para lugar nenhum.

Acompanhamos o desenvolvimento desse personagem, sua infância e adolescência, permeada por um alto índice de sensibilidade. Em alguns momentos carregada de sexualidade, mas essa fica em segundo plano quando nos deparamos com os longos diálogos internos do protagonista.

Vemos um jovem, que em determinados momentos gostaria de se encaixar nos moldes da sociedade em que vive, e em outra ocasião aceita sua reclusão e aprende a gostar da solidão.

Veja a resenha completa no meu blog!

site: https://menupop.wordpress.com/2017/02/23/no-menu-acontecimentos-na-irrealidade-imediata/


chsmaia 24/06/2017

Maravilhoso !!!
Perdido dentro de si próprio, e ao mesmo tempo que se acha dentro de sua própria irrealidade ... Me identifiquei em várias partes... só posso dizer uma coisa desse livro: leiam, leiam, leiam é maravilhoso!
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Leonardo.Fernandes 28/08/2023

Maluco romeno
O livro é basicamente registros e reflexões do autor durante sua juventude, afinal ele morreu com apenas 28.
Alguns casos que ele conta são hilários, outros são apenas ideias malucas sem sentido mesmo.
É o tipo de pessoa que a música preferida do Beatles seria revolution 9 haha
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