Graça infinita

Graça infinita David Foster Wallace




Resenhas - Graça Infinita


28 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Marcos 17/04/2015

DFW como experiência religiosa
Ler "Graça Infinita" é tipo assumir um relacionamento sério, um compromisso bastante duradouro que, por mais que saiba que chega ao fim alguma hora, você não consegue muito bem vislumbrar esse momento nem antever quando acontecerá. Dependendo de como for sua experiência (GI, definitivamente, não é um livro pra todo mundo, ou melhor, pra todos os gostos), também gostaria de evitar o fim por mais inevitável que ele possa ser (mil e tantas páginas: pode não parecer, mas são finitas). De repente você se pega por semanas (meses, provavelmente) a fio andando por aí com um belo calhamaço pesado nas mãos (na mala, na mochila), carregando um romance que pesa como pedra. Nunca a ideia de “tijolo” para descrever um livro foi tão literal. Você ama e odeia o livro por conta disso. O peso extra na mochila nunca te deixa esquecer que ele está ali, insistindo em te puxar. Você abre mão de outras coisas pra carregá-lo, abre mão de outras leituras pra privilegiar o fluxo da narrativa. Das narrativas. Cabe muita coisa num livro desses. Os narradores se alternam, as situações, a memória e o tempo, tudo um pouco entrecortado. Há descrições pormenorizadas de como funciona uma academia de tênis construída para adolescentes de performance de alto nível, o aquecimento, os treinamentos, as táticas, os jogos; páginas e páginas sobre o funcionamento de uma casa de recuperação vinculada a um AA, a rotina, as reuniões, seus problemas práticos e relacionais. Um manual sobre medicamentos e drogas sintéticas, para todos os efeitos. Um manual sobre um jogo absurdo e aparentemente bastante sem graça chamado Eskhaton. Claro que o que interessa, no entanto, são as personagens inseridas nesses espaços - acompanhamos a história de vários deles, todos "mui sui generis", bizarros nos mais variados sentidos. "Bizarro" é uma boa palavra para descrever o enredo, com toda a certeza. Às vezes DFW parece perder a mão e a noção, e exagerar no andar (ou na lentidão) da coisa - mas claro que o faz de propósito. O incômodo e a angústia também fazem parte da experiência, com certeza. Também fazem parte da proposta, do Entretenimento (diferente do Entretenimento fílmico e homônimo do enredo, que promete ser tão arrebatadoramente prazeroso que impossibilita qualquer um que o assista de fazer qualquer outra coisa que não seja assisti-lo). Tudo aqui pode ser percebido como metafórico e proposital, como essencialmente experimental. Às vezes há a tentação de voltar pra Lá Fora, deixar o livro de lado - mas a gente tem é que Aguentar Firme. Continuar Vindo. Continuar Lendo. Porque logo nos Identificamos com muita coisa. Muita coisa. DFW fala de uma sociedade num futuro tão presente que parece sempre pronto a acontecer (isso já há 20 anos, já que o livro foi lançado em 1996). DFW fala sobre todos nós. Expõe muita coisa nossa, enquanto sociedade e também enquanto sujeito. Li o livro em pouco menos de dois meses, em três estados brasileiros, em pelo menos uma dúzia de cidades diferentes. Carregava sempre comigo. As viagens de ônibus me ajudaram a manter um bom ritmo de leitura. Mas li "Graça Infinita", principalmente, logo antes de dormir. Trocava um pouco de sono por um pouco mais de leitura. Um sacrifício nem tão sacrificante assim. Isso, porém, foi significativo na minha experiência pessoal com o livro, com toda a certeza. Tive uma porção de sonhos bizarros por conta dessa rotina de leituras pré-sono. Sonhei com partidas de tênis. Sonhei com o pequeno grande Mário. Sonhei com cadeirantes assassinos. Gately era meu chapa. Hal, meu companheiro de quarto. Sonhei com mortes bizarras, com teatros de fantoches, com pessoas que usavam um véu. Sonhei com pessoas incrivelmente altas e canhotas. Sonhei com reuniões de AA. Sonhei que dirigia um filme. Sonhei que dirigia um guincho. Sonhei com tempestades de neve. Meus sonhos ficaram muito mais sem pé nem cabeça. Vou sentir falta desses sonhos.
Ana 17/04/2015minha estante
uau, vc terminou! rs adorei a resenha!
mas quando ler, vou de kindle ... rs


Marcos 17/04/2015minha estante
Ehehehe obrigado, Ana! =] E pensei que o Kindle era mesmo uma boa "saída" pra boa parte dos problemas práticos que envolviam a leitura.. ahahaha! Mas, particularmente, como acabei por fim não me ajeitando tão bem assim ao Kindle (o meu anda abandonado talvez a mais de um ano) e perdi o costume de leituras, talvez não conseguisse encarar um livro desse tamanho por lá. Mas pra você que se familiarizou bastante, é uma mão na roda, com certeza =] depois trocamos umas ideias quando ler!


Carol 17/04/2015minha estante
Resenha bem apaixonada, hehe. Quero ler, mas ando com um pé atrás pela expectativa que tem sido gerada em cima do lançamento. Enquanto isso fico aqui na moita do skoob :)


Marcos 17/04/2015minha estante
Ahahaha a experiência de leitura foi bacana, o livro "encaixou" no tempo que eu tinha e isso ajudou.. expectativa sempre interfere, não tem jeito, mas tem que arriscar e ver qual vai ser a da leitura. Quando pegá-lo por aí trocamos umas ideias sobre ele, Carol =]


Carol 18/04/2015minha estante
Massa!


Julyana. 18/04/2015minha estante
Você terminou! :)


Patricio 01/06/2016minha estante
Muito legal a sua resenha, Marcos! gostei muito da descrição que fluiu espontaneamente!
Vou encarar o livro ainda este ano, pois tenho algumas metas de leitura a cumprir.
Forte abraço e continue sonhando!



biancalara 05/04/2017minha estante
To no meio do livro e você descreveu EXATAMENTE como eu me sinto. Graça Infinita é um livro pra lembrar pra vida.


laloarauxo 13/10/2020minha estante
Eu pretendo adquirir o tijolo em breve.
Também não me adaptei com o Kindle. Sou da geração analógica.


GuyNB 12/02/2023minha estante
Que lindo!


EduardaMariaGG 24/02/2024minha estante
ca-ram-ba




Mariana Dal Chico 09/11/2020

4.5 estrelas

“Graça Infinita” de David Foster Wallace foi traduzido por Caetano Galindo e publicado no Brasil pela @companhiadasletras

Não falarei do enredo desse calhamaço; ou sobre suas mais de trezentas notas de rodapé e suas centenas de personagens onde os secundários têm tanta voz quanto os principais e entre os principais não existe protagonismo.

No início da leitura, li em voz alta por causa do excesso de informação que estava sendo despejada e a estrutura de construção das frases, senti que isso me ajudou na compreensão e comprei o ebook para usar o recurso de leitura feita pela Alexa (farei post sobre) e passei a acompanhar a leitura do livro físico com ouvir a Alexa e senti que minha concentração e compreensão aumentaram.

Engraçado, bizarro e triste.

O engraçado é do tipo que faz questionar “mas por que eu ri disso?” É trágico, humano, verdadeiro e palpável. O riso logo fica nervoso, perde a graça. É como se fosse alguém rindo da própria desgraça numa tentativa de amenizar a vergonha e humilhação.

A bizarrice é caprichada, imagens psicodélicas e surreais preenchem as páginas dando tons oníricos absurdos.

Puta que pariu, como esse livro é triste! Principalmente quando chega na página 708, sobre Kate Gompert, e descreve suas crises depressivas, também fala sobre suicídio e a sensação de estar encurralado em um prédio em chamas. A leitura aqui fica pesada, são aproximadamente 6 páginas que pesam muito mais que os 1,5Kg das mais de mil páginas do livro todo.

Você também vai se entediar, vai por mim, é inevitável. Esses momentos para mim foram nas descrições detalhadas do funcionamento das quadras de tênis da academia de tênis Enfield.

Gostei muito da leitura, foi uma jornada e tanto! O final é construído propositalmente para você voltar a ler o começo, já que elementos chaves estão ali para responder algumas perguntas. É um livro que exige releituras, mas não farei uma completa imediatamente, só voltei para minhas anotações do “Ano Feliz”.

Sentirei saudades de Don Gately, Joelle, Mario e Hal. Até de Marathe e suas reflexões sobre o que é liberdade.


site: https://www.instagram.com/p/CGuyZq4De1D/
Carlos 12/11/2020minha estante
Mari... esperei ansioso por sua impressão dessa obra....e, confesso, fiquei com medo de tamanho desafio.... muito bom ?




Evy 14/10/2022

Já é a quarta vez que paro essa leitura!
Não consigo continuar, não sei se não é o momento, mas vou dar mais um tempo e tentar mais para frente! Vou ler numa LC, pra ver se ajuda!
Vinicius 14/10/2022minha estante
Em um momento tive que ignorar as notas de rodapé ou abandonaria tudo tb rs




Bruninho_ 11/02/2023

Continuei lendo esse livro pela fama que ele tem. Você está na metade e não entende sobre o que o livro é. Essa sensação de estar perdido me incomoda. Isso até entender o que o autor queria, que é bater um papo maluco com você numa noite de nevasca em uma cabana onde vocês dois pararam quando seus carros quebraram.

É um livro sobre a Comédia da Vida, você tem que entender isso antes de começar a ler para poder aproveitar a sua viagem.
comentários(0)comente



Daniel 19/10/2015

(Des)
19/10/2015
Um livro com 1000 páginas TEM QUE ser muuuuuito bom, caso contrário não vale a pena. Achei chato, desinteressante, pretensioso, não senti vontade nem prazer em continuar a leitura. Não me lembro de ter abandonado outro livro sem terminar, e sinto meio que um fracasso da minha parte com este ato. Mas enfim, os livros também existem para serem abandonados....


18/10/18
Tentei ler este livro exatamente três anos atrás. Não dei conta e acabei abandonando. Por uma série de coincidências (amigos em comum que comentaram sobre o livro, matérias comemorativas de 20 anos do lançamento, etc.), resolvi reiniciar a leitura. Felizmente desta vez fui até o fim. Me incomodava aquele livro abandonado na estante do skoob, rs!
Infelizmente esta leitura de GRAÇA INFINITA envolveu muito mais esforço que prazer. Há trechos realmente lindos, surpreendentes, engraçados... tristíssimos... Geniais, de fato. Mas entre estes trechos há páginas e páginas e páginas de blablablá, verdadeiros surtos psicografados que, sinceramente, davam vontade de jogar o livro longe. E as quase 400 (isso mesmo: 400 !!! ) notas? E quantas destas notas, de fato, relevantes?
A história como um todo não me entusiasmou. Há ótimas idéias, sem dúvida, mas tudo acabou diluído no meio de TANTA informação. Acabei perdido no meio de tantos personagens, e nenhum me cativou de fato.
Acho que há muito hype sobre o autor... Tenho dúvidas ele seria considerado tão genial se não tivesse tirado a própria vida. Comparando com tantos outros autores contemporâneos, acho que talvez o que falte é o mesmo reconhecimento para Jeffrey Eugenides, Ian McEwan. Michael Cunningham e tantos outros. O tempo dirá.
Daniel Assunção 19/10/2018minha estante
Parabéns pela insistência e pela resenha... Só uma coisinha, mas acho q McEwan já é mais reconhecido q DFW.


Daniel 25/10/2018minha estante
Acho que vc tem razão, Daniel... Felizmente o Ian McEwan tem o reconhecimento que merece


bardo 27/03/2023minha estante
Pretendo retomar uma hora, li outros do autor, gostei mas concordo que ele pode ser meio maçante às vezes. Agora especificamente esse livro essa tradução aí é bem problemática, da outra vez que tentei retomar, peguei uma edição portuguesa e que alívio!! Um que fluí bem melhor é o Breves entrevistas com homens hediondos.




Jadna 02/01/2016

Graça Infinita - David Foster Wallace
Acho que esse é o primeiro livro que posso afirmar com certeza que na hora em que li a última palavra,imediatamente me deu vontade de voltar pro começo.
Claro que principalmente pelos motivos óbvios: o fato da narrativa ser não-linear,a quantidade de personagens que a gente demora muito a identificar,a linguagem e a siglas que a gente só aprende a desvendar depois de um certo tempo... entre outras coisas.
Só que é claro também que eu não vou encarar mais de 1000 páginas de novo. Talvez em um futuro próximo.

E os motivos não-óbvios são que, agora que não preciso mais me preocupar em entender a trama,posso identificar mais os sub-temas,que alías,são muitos.

Quando li a sinopse,imaginei uma história completamente diferente. Imaginei que teria uma linguagem difícil,mas que a trama seria uma coisa mais política,com um toque de crítica a produção de entretenimento. E pra todos os efeitos teve isso,mas também teve muito mais.

A história gira em torno da família Incandenza, mais especificamente do filho do meio,Hal,que é nada menos que um jogador de tênis (confesso que as partes que falavam desse esporte eram de longe as mais chatas pra mim).
A academia de tênis,que era propriedade da família dele,ficava logo ao lado de uma clínica de reabilitação,que ironicamente tem tudo a ver com a história.
O que nos leva ao tema principal dela (pelo menos pra mim): os vícios.

É claro que o vício nas drogas fala mais alto,e foi também foi o que mais me chamou atenção. Nunca aprendi tanto sobre as motivações,os pensamentos e os sentimentos de quem acaba entrando nesse mundo. Tem de tudo: gente intelectual com todas as suas convicções muito bem pautadas (principalmente os usuários de maconha,que ironicamente,é a “droga” mais problemática do livro); tem gente que passou por coisas dificílimas na vida,e que consequentemente,acabaram precisando de uma forma de escapismo. Aliás,algumas partes que falam sobre abuso e depressão,são realmente aterrorizantes,assim como a descrição de como acontece uma overdose. E falando sério,esses “ensaios” sobre fatos isolados da história é a coisa mais genial do livro,e perto deles,a trama principal nem interessa tanto assim ( o que falar sobre a descrição sobre o que é a Casa Ennet?).
E tem o Hal. Um usuário convicto – e chato – de maconha,assim como a maioria dos colegas dele da academia de tênis. Isso foi uma coisa que me deu um pouco de revolta (não do livro,nem do autor,mas dos personagens). Eles eram atletas,mas nem levavam isso em consideração. Aliás, pelo contrário,eles tinham um complexo esquema pra burlarem o exame anti dopping. E acho que essa é outra grande ironia do livro,o desperdício de tanta inteligência pra uma coisa que não ia levar a nada (e isso fica bem evidente em como as coisas se desenrolam no final).

Mas voltando aos vícios,o segundo mais evidente,é o vício em entretenimento.
Em uma determinada passagem,um personagem se vicia em uma certa série policial,e a descrição de como esse vício aparentemente inocente vai progredindo é assustadora (outro dos famosos “ensaios” geniais). Pra resumir,o tal personagem,passa a acreditar que por sua vez,os personagens da série policial realmente existem,e os atores dessa série que por acaso fizeram outros trabalhos,são pra ele,a mesma pessoa,o que acaba criando dentro da mente dele uma espécie de rede de conspiração. Ele fica tão fissurado nessa teoria,que vira um verdadeiro stalker e manda até carta pros atores, mas eles é claro,nunca respondem,o que deixa o personagem ainda mais intrigado e convicto de que a conspiração é verdadeira. E no final de toda essa confusão,quando a série é cancelada,já dá pra imaginar o que aconteceu com ele.

Isso evidentemente,é uma metáfora para a trama principal e o filme do James Incandenza,que leva os seus espectadores à morte. No começo,eu imaginei que quem assistia tinha uma morte instantânea,principalmente porque o título “Graça Infinita” faz a gente ter essa impressão.Mas não,ele causa um certo efeito sim,mas o principal problema dele,é que a pessoa não consegue mais parar de ver e relembrar aquilo. É como se o filme se tornasse tudo pra ela,acima de qualquer religião ou pessoa,o que traz uma conexão direta ao conceito dos vícios.

Diferente do que imaginei,a trama não tem nada de política. Tem a caça ao filme e as convicções dos grupos separatistas,e não dá pra negar,que é isso que impulsiona tudo,mas ao mesmo tempo,a história é principalmente sobre a família Incandenza. É sobre o que levou a criação daquele filme,quem estava envolvido nele, aonde ele foi parar,e principalmente,o que ele é.

Quanto ao final,ele é compreensível,simplesmente porque ali não é o final. O fato da não-linearidade dá uma boa dica do que aconteceu,e a primeira aparição do Hal no começo do livro é bom fechamento pra o que tava sendo contado,mas a explicação mesmo tá ao longo do livro todo. Tudo tava desordenado,e as pistas estavam ali,entre os muitos ensaios e histórias isoladas.

Pra ser mais específica [SPOILER] [SPOILER] [SPOILER] os separatistas conseguiram sim ter acesso ao filme e utilizaram ele,mas se tiveram sucesso ou não,não dá pra saber. Ao meu ver,a intenção era dá início a uma guerra e não contar todo o desenrolar dela. A história de quando o Hal come mofo,não foi só um fato isolado na vida dele. Aquele foi o estopim de toda a vida dele,que o fez parar de falar e parar de ter sentimentos. James Icandenza acaba criando uma forma de consertar isso (o que remete ao tal episódio do “conversador profissional”) e no final,por algum motivo (e eu acredito fortemente que foi a abstinência da maconha),fizeram as consequências de ter ingerido mofo voltarem com força total. Isso somado a ansiedade do teste pra faculdade fizeram acontecer tudo aquilo que é contado nas primeiras páginas. [FIM DO SPOILER]

Enfim, comecei a leitura de Graça Infinita morrendo de medo de achar ele um livro pretensioso,parecido com aquele filmes cults propositalmente entendiantes que te contam uma história cheia de complexidades,que poderia ser explicada de uma forma muito mais simples. Mas graças a Deus,isso não aconteceu. Apesar da linguagem totalmente bagunçada ( e ela foi o motivo de eu não ter dado 5 estrelas,já que isso atrapalhava demais a leitura),esse foi um recurso compreensível e até posso chegar a admitir que necessário. Ela deu um toque de humor pra uma história pesada e triste,ao mesmo tempo que te deixava muito próximo dos personagens. Já disse isso e volto a repetir: nunca compreendi tão bem o que se passa cabeça de alguém com depressão, de quem sofre abuso,ou como se sente alguém na hora de uma overdose. É assustador.
Placido.Borba 03/10/2018minha estante
Li até a página 70 e estava pensando em abandonar, sua resenha me fez ter vontade de continuar!




spoiler visualizar
Itallo 18/12/2014minha estante
Gostei muito da resenha! Parabéns por ter terminado o livro tão rápido (pelo que observei no histórico do skoob). Ainda hoje me pego pensando no melancólico Hal e nos casos assombrosos contados na Ennt House, como por exemplo, quando você mesmo me fez lembrar da Êxtase de Santa Teresa. Até agora tento imaginar como deve ser a mulher do Marathe... Mas nada se compara ao meu medo de dormir logo depois de ler as descrições do filme, sério mesmo, tinha um medo pavoroso de sonhar com a Joelle e virar um bocô rsrsrs. Enfim é DFW, é denso, é divertido, é nojento é o Ulysses da nossa geração.


Itallo 18/12/2014minha estante
Gostei muito da resenha! Parabéns por ter terminado o livro tão rápido (pelo que observei no histórico do skoob). Ainda hoje me pego pensando no melancólico Hal e nos casos assombrosos contados na Ennt House, como por exemplo, quando você mesmo me fez lembrar da Êxtase de Santa Teresa. Até agora tento imaginar como deve ser a mulher do Marathe... Mas nada se compara ao meu medo de dormir logo depois de ler as descrições do filme, sério mesmo, tinha um medo pavoroso de sonhar com a Joelle e virar um bocô rsrsrs. Enfim é DFW, é denso, é divertido, é nojento é o Ulysses da nossa geração.


Gustota 19/12/2014minha estante
Cara, sensacional. O lance da mulher do Marathe achei uma coisa estranhamente romântica pra alguém que tem uma cabeça de geléia. Vc chegou na parte em que ele tá na Ennet explicando como salvou ela??


Itallo 04/01/2015minha estante
Já cheguei sim a esta parte, na verdade já tinha lido o livro no final de setembro pela edição portuguesa. Achei sensacional também, Marathe realmente consegue ser um dos personagens a serem mais "estudados" pela sua "filosofia de vida" rsrsrssrs




Leila de Carvalho e Gonçalves 16/07/2018

Gigantesco e Desafiador
Gigantesco é um adjetivo que cai sob medida para "Graça Infinita", segundo romance de David Foster Wallace (1962-2008), cujo título se refere a um estranhíssimo objeto: um filme com fama de ser tão divertido quanto letal, isto é, seus espectadores ficam vidrados na tela até a morte. Trata-se da magnum opus ou o grand finale de um ex-cientista, metido a cineasta, dotado de um bizarro senso de humor.

Quanto ao livro, ele é um bom exemplo de literatura experimental e suas sequelas físicas não vão além de um torcicolo causado por 1100 páginas que exibem o dobro de palavras usualmente empregadas, afora 388 notas, imprescindíveis para o entendimento da história. Uma odisseia que requer um leitor experiente e um bom dicionário, apesar de algumas palavras serem invenções do próprio Wallace.

Por sinal, considerado um dos escritores mais talentosos de sua geração, DFW é capaz de abordar diferentes gêneros e estilos com raro virtuosismo. Infelizmente, aos 33 anos, ele se enforcou durante uma crise de abstinência provocada pela supressão de um antidepressivo que suspeitava ser a origem de um bloqueio criativo.

Publicado originalmente em 1994, esse romance levou vinte anos para ser lançado no Brasil e Caetano Galindo levou cerca de dois, para apresentar uma impecável tradução. Um trabalho hercúleo, já que se trata de um compêndio enciclopédico criado sob o parâmetro de "quanto maior, melhor". Nada mais nada menos do que uma confusão psicodélica de tudo o que surgia na cabeça de Wallace com direito a inúmeras personagens, bons casos, piadas, monólogos além de trechos desafiadores que assemelham-se a delírios alucinógenos.

Sua história é ambientada num futuro onde Estados Unidos, México e Canadá passaram a ser um único país, a Organização das Nações da América do Norte (ONAN). Dominada pelo comércio, a região apresenta até os anos patrocinados por marcas famosas, por exemplo, o "Ano da Fralda Geriátrica Depend" centraliza a maior parte da trama. A própria Estátua da Liberdade virou garota-propaganda e, ao invés de erguer a tocha, exibe produtos que vão de hambúrguer a sabão em pó.

As estranhezas não param por aí, rebanhos de hamsters selvagens cortam o país e a Nova Inglaterra foi transformada num lixão de residuos tóxicos produzidos por um novo tipo de energia, a fusão anular. Indubitavelmente, a população de Quebec não anda satisfeita com a incômoda vizinhança e um grupo separatista radical está disposto a obter a cópia mestre do tal filme para transformá-lo numa arma capaz de dizimar toda a população ianque.

Desaparecido sem deixar vestígios, o paradeiro desse cartucho acaba envolvendo a própria família do cineasta que, há poucos anos, resolveu explodir a cabeça num forno de micro-ondas. Dela, fazem parte a viúva, Avril Incandenza, proprietária da "Academia de Tênis Enfield", e seus três filhos: Orin, um ídolo do futebol americano, Mario, um jovem seriamente deformado, e Hal, candidato a futuro ídolo do tênis, se não for pego em algum exame antidoping...

Com várias subtramas, uma boa parte acontece na "Casa Ennet de Recuperação de Drogas e Álcool". Aí, quem rouba a cena é Don Gately, um ladrão viciado em narcóticos orais que frequenta os "Alcóolicos Anônimos" e tem sérias dúvidas sobre a existência de um Ser Superior.

Com uma estrutura complexa, esse livro não é indicado para o leitor tradicional, acostumado com conexões narrativas e histórias com começo, meio e fim. Se esse não for o seu caso, aceite o desafio de encarar um romance genial, laborioso e viciante. Aliás, o vício, suas causas e consequências são o fio condutor dessa jornada labiríntica que também aborda a tênis, entretenimento, publicidade, cinema, relações familiares e políticas. Boa sorte!
comentários(0)comente



T.N.T.Rock 28/02/2022

Uma relação de ódio e amor.
A leitura de um bom livro nos uma traz uma relação leitor e obra que são únicas, uma boa leitura pode lhe causar as mais diversas sensações e emoções, podemos odiar um personagem ou um livro desde o seu início ou com um final abrupto ficarmos decepcionados, ou ainda nos assustar em frases que vão nos horrorizar ou até nos fazer passar mal, é difícil saber o que um livro vai nos causar até aceitarmos viajar junto com ele. Graça Infinita vai nos trazer tamanha instabilidade nessa viagem que mesmo uma semana após a conclusão do romance ainda me sinto zonzo.

Minha relação com esse livro foi de um verdadeiro amor e ódio, empolgação e abatimento, não vou mentir, por uma meia dúzia de vezes pensei em largar esse livro e mandar tudo a merda, a tensão que o livro nos causa e a “indiferença” que o autor transmite para o leitor em determinados momentos do livro me irritavam de uma maneira única, muitas foram as vezes que após horas de leitura você percebia que não sabia o que o livro queria te dar, como não se abater com isso? Em algum momento temos que nos conformar, esse era o jogo que DFW queria jogar conosco, esse foi o objetivo dele, e quando você entende isso a leitura flui e você vai pensar em mandar esse livro a merda apenas a cada cem páginas.

A história é um misto de drama, críticas política, social, consumismo, drogas, e mais uma centena de coisas que você pode encontrar sobre camadas e neologismos, o ambiente em que tudo se desenrola é dos mais confusos e diferentes, vamos de uma casa de ajuda a dependentes químicos a uma escola de tênis para jovens atletas, e não para por aí, a entrada e saída de personagens é algo que em algum momento vai te confundir e se perguntar se em algum momento eles vão se entrelaçar realmente, mas mesmo com todo esse aparato complexo em diversos momentos nos pegamos encantados com a inocência pueril de Mário (meu personagem preferido), o intelectualismo de seu irmão Hal, os mistérios da Madame Psicose, entre muitas outras tantas tramas de fundo que vão te causar repulsa ou assombro.

Não cara amigo, não é um livro para qualquer leitor e eu não estou me colocando em nenhum pedestal, talvez eu também não tenha sido o melhor companheiro de viagem desse livro, mas fui teimoso e em vários momento compreendi (pelo menos eu acho) onde DFW queria desaguar seu texto, e como em qualquer livro é impossível você sair dele da mesma forma que entrou, então tome cuidade Graça Infinita pode te levar a lugares nunca antes pensado em sua vida.
Diego 09/07/2022minha estante
Eu tenho medo desse livro, conheço pessoas que não entenderam a obra e por isso não criei coragem ainda. É um livro difícil mesmo?


T.N.T.Rock 29/07/2022minha estante
Olá Diego desculpa a demora, vi somente hoje seu comentário, realmente é uma leitura bastante difícil e desafiadora, é um livro pra um leitor que tenha uma boa quilometragem. Abraço.




André Vedder 30/05/2020

Infinita genialidade
Graça Infinita é um mosaico de personagens e histórias sobre os mais diversos temas, escrito de forma genial pelo autor.
Não é uma leitura muito fácil, linear, daquelas que lemos com frequência, mas sim um pouco complexa, onde as coisas vão se encaixando aos poucos. Por isso exige um pouco mais de comprometimento do leitor com o livro.
Mas uma coisa é certa: você irá se viciar nele.

"Se você faz uma coisa legal para alguém em segredo, anonimamente, sem deixar a pessoa para quem você fez aquilo saber que foi você que fez e sem de maneira alguma tentar levar o crédito pela coisa feita, isso é quase um tipo novo de barato químico."

"Todo mundo é idêntico na sua tácita crença secreta de que bem lá no fundo é diferente de todo mundo."

"A verdade liberta, mas só depois de acabar com você."

"Você vai ficar bem menos preocupado com o que as outras pessoas pensam de você quando perceber como elas pensam pouco em você."
comentários(0)comente



@wesleisalgado 19/05/2023

A frustração também vai ser infinita
A primeira vez em que ouvi falar de GRAÇA INFINITA e DAVID FOSTER WALLACE foi lá por 2016 ou 2017 quando assisti pela primeira vez o ótimo filme O FIM DA TURNÊ. Onde é encenada a última semana de divulgação do referido livro, com um repórter e o escritor.

A partir daí uma inundação sobre a obra em séries, livros e filmes ocorre em todo lugar, quando você passa a saber do que está sendo tratado. E lá fui eu esse ano me arriscar com esse livro, porque eu AMO calhamaços e NUNCA deixo um livro sem terminá-lo. Mas se eu conseguisse cometer tamanha heresia, com certeza teria sido aqui.

É um livro que te consome e não existe recompensa no final. Foram quase cinco meses de leitura, e eu só consegui ir adiante munido de uma infinidade de material suplementar, diagramas, podcasts. E mesmo assim eu muitas vezes me esquecia da “trama” e dos próprios personagens.

Absolutamente nada é explicado, e não de um jeito elegante, tipo não subestimando o leitor. O autor não faz questão nenhuma, é como se tivesse sido escrito só pra ele e tá tudo certo. O livro não está sequer na ordem cronológica e o final acontece fora das páginas. (Quê??) Não me acho pouco inteligente, mas realmente não consegui enxergar o brilhantismo no qual a obra é enviesada. Eu não entendi nem a referência a Hamlet na tradução do título, quem me mostrou foram os podcasts.

COMO EU LI: como me propus a consumir muito material sobre o livro durante a minha leitura, eu ignorei as 380 notas de rodapé, e as li somente no final. Se você se arriscar na leitura, NÃO FAÇA ISSO, existem linhas narrativas importantes inteiras nas notas de rodapé.

MATERIAL SUPLEMENTAR: a maioria do material está em inglês, o que é uma pena para quem não entende. Indico o podcast sobre o livro do canal OVERDUE e um canal exclusivo para quem vai se arriscar a ler o livro, que acompanha e desmistifica a história junto com você em 20 episódios, chamado JEST FRIENDS. Existe também um episódio no canal da Companhia das Letras com o Daniel Galera e o Caetano W. Galindo, o próprio tradutor do livro em português, falando sobre a importância do livro e do trabalho hercúleo que foi traduzi-lo. Todos citados acima eu encontrei no SPOTFY.

QUAL LIÇÃO EU TIREI: em tempo a deixar a leitura de O ARCO-IRIS DA GRAVIDADE para o próximo ano, um calhamaço que dizem ser incompressível perto de GRAÇA INFINITA, esse último beirando ao didatismo em comparação ao outro.

Gigante, desafiador, frustrante, cansativo, uma fonte minúscula, 1140 páginas, 380 notas de rodapé, notas de rodapé que continham notas de rodapé...Fico feliz de como leitor ter me aventurado e persistido, mas é um livro ao qual eu nunca mais pretendo retornar sequer para pensar sobre ele e o qual não vejo nenhuma razão para recomendar para alguém. Se você, como eu, é do tipo começou vai terminar, pelo amor de Deus, passe longe de se arriscar. As três estrelas são pela minha persistência.
Patricia 19/05/2023minha estante
Já sei que é um livro que nem chegarei perto rs


Helder 19/06/2023minha estante
Nossa, sou persistente igual você, mas fiquei com medo. Acho melhor passar longe mesmo. Valeu pela sinceridade.




Raony 02/12/2018

É tetra
Eu nem acredito que terminei esse livro. Foram literalmente anos de leitura. Sério, comecei ele em 2015 acho, logo depois que lançaram. Não sou um leitor tão lerdo assim, é que no meio teve meu mestrado e fui lendo outros livros, esse ficava meio abandonado, mas nunca em definitivo.
Dou glória por ter resistido à bela cópia física e ter lido pelo kindle. Se eu parasse a leitura em toda nota de rodapé, fosse lá pro final encontrar a maldita nota e tivesse um textinho tipo "pois é" ou então "supostamente" ou ainda uma nota de rodapé dentro da própria nota de rodapé eu jogaria esse tijolo pela janela perigando ferir alguém gravemente. E não dá nem pra ignorar as notas, pq tem umas enormes e importantíssimas para a história. Enfim, com o kindle em dois cliques eu tava na nota e na página certa de novo. Obviamente eu li errado. É um livro pra ler dedidacadamente. Não só pelo tamanho assustador, mas por sua estrutura. Fazer o quê? É o que deu. Mesmo lendo errado eu adorei. É exigente, mas recompensa seu esforço com muito humor e sagacidade. É um livro extremamente engraçado e melancólico. Ao mesmo tempo. Sempre. Dei gostosas e sonoras risadas. Me desesperei com descrições dolorosas de sofrimentos físicos e mentais. Dá vontade de reler. Mas não tenho mais fôlego. Não agora. Enfim, recomendo, pra quem tem tempo, perseverança e leva a vida com o sarcasmo que ela merece.
Frederico.Villela 03/03/2022minha estante
Teu comentário me representa. Estou desde 2017 tentando terminá-lo e não consigo também por uma série de fatores, entre outras leituras e o fato de primeiro tentar ler o livro físico antes de adquirir no Kindle. Carregar aquele tijolo de um lado pra outro e as quase sádicas notas de rodapé me exigiam um esforço que eu não estava preparado.
Enfim. Creio que agora estou na metade da leitura total. E ainda tentando convencer minha companheira que, mesmo sendo uma leitura no geral cansativa - e ela terminando vários outros livros enquanto travei neste - ainda assim cada capítulo traz uma recompensa.




cristinaparga 26/04/2015

Cada história uma lente de aumento para a hipersensibilidade, necessidade de fuga, vulnerabilidade, complexidade e -- por isso -- beleza sem sentido do ser humano --uma piada infinita e triste.
Acabei de ler ontem e já me sinto completamente órfã. Eu sonhava com o Hal. A cena em que o Orin descreve a interface com as cobais é das descrições homem-mulher mais perpicazes que já li. Mas também tentei render o livro, porque só tinha vontade de que aquilo não acabasse nunca -- que eu nunca acordasse daquele sonho caleidoscópico feito de drogas de todo gênero, de personagens bizarros e até cruéis -- mas tão vulneravelmente humanos que simpatizamos com eles. Além do fato de ficarmos completamente viciados numa leitura sobre adição/compulsão e dependência (entre outras coisas, claro), o que é no mínimo irônico mas acontece sutilmente: DFW entrelaça histórias do nada e nos faz cair em armadilhas e calabouços narrativos do qual simplesmente, como dependentes, sabemos que temos que sair -- mas no fundo no fundo não queremos, não antes da última dose -- que é sempre a penúltima.
Comecei a ler no tijolão, mas era inviável andar com tanto peso, então comprei a versão kindle. Foi a melhor coisa que fiz. No final a leitura virou algo tão compulsivo que eu passeava a minha cachorra lendo. Andava de ônibus lendo. Esperava táxis, amigos, garçons e muitas vezes deixei de sair pra ficar em casa com Hal e Gately. Aprendi muito sobre a linha tênue entre uso ocasional, compulsão e dependência -- seja em relação a trabalho, droga, álcool, tv ou até no vício de agradar os outros. Me identifiquei inúmeras vezes, e reconheci a maior parte das pessoas que conheço -- e nenhuma está no AA. Aprendi tanto sobre negação, abusos e consequências, sobre a complexidade e vulnerabilidade humana em geral, que acho que valeu por anos de análise. Tive pesadelos com a Joelle, com o Gately, com o Hal (que sofria com alguma coisa e eu não conseguia ajudar)...e confesso, até desses pesadelos vou ter saudade. Como disse, estou órfã. DFW era um gênio, mas o que me derrubou no livro foi o olhar inesperado, agudo, tolerante/isento e tão profundo sobre mazelas humanas de que a gente só ouve falar, de longe.
05/10/2016minha estante
Comprei logo que saiu e desde então estou ensaiando pra começar a ler. Depois de sua resenha coloquei na fila como próximo a ser lido. Parabéns pela resenha.




Bbortolotti 29/12/2017

Experiência única de leitura
Vício. Controle. Imagens. Entretenimento. Fragmentação. Depressão. Drogas. Distopia. Paroxismo do consumo.

O livro que sintetiza as vivências das gerações y e z. O que mais me afetou no livro foi a experiência da leitura. Não só pelo tamanho do livro e pelas 388 notas de pé de página. É impressionante como Foster Wallace conseguiu traduzir a experiência perceptiva dos leitores/espectadores/usuários contemporâneos para a literatura. Graça infinita é como se fosse um conjunto de hyperlinks, intertextualidades, afetos e imagens que se desenrolam simultaneamente sem seguir uma linearidade previsível. As ações e a linguagem de cada um dos personagens elaborados minuciosamente por D.F.W. fogem de qualquer descritivismo óbvio. Não há heróis. É como se você sentisse uma porrada em cada frase dita pelos personagens. Como esse livro me afetou.
Ariane 28/02/2018minha estante
undefined




28 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR