LT 15/06/2016
Bom, hoje é dia de falar sobre "Híbrida", um livro que chegou as minhas mãos através da nossa editora parceira, a Novo Século – ele foi escrito pela autora Brasileira Mari Scotti.
O livro conta a história de alguns personagens, girando principalmente ao entorno de Ellene – a filha da Rainha e de Milosh – o companheiro da Rainha que está desaparecida e que não desiste de procurar por ela ao decorrer dos últimos 100 anos.
Existe uma forma de viver em sociedade dos vampiros e acordos feitos por eles com os lobos. Esses acordos foram feitos para que uma ordem seja mantida e para que os vampiros não se tornem "monstros" cruéis e sanguinários. Eles não podem matar humanos, caso o façam, alguns vampiros são responsáveis por lhes aplicar o castigo que, em maior parte, leva-os a morte, a condenação por não respeitar suas leis – Milosh já impôs muitas dessas penalidades. Eles alimentam-se de sangue humano? Sim, mas existe todo um meio para isso. Ah, caso cometam assassinatos perto dos lobos, esses os caçam e os matam. Os lobos são como uma espécie de protetores dos humanos – digamos assim – ainda que sejam uma raça diferente e que tenham uma longevidade enorme, eles costumam ser justos e buscam o que acreditam ser correto. Em sua maioria, os membros dos lobos veem os vampiros como uma raça a ser odiada.
O cenário da história é São Paulo e suas cidades do interior o que facilita a leitura para quem conhece SP. É mais fácil se imaginar dentro da história para acompanhá-la quando conhecemos o estado onde ela se passa – ainda que se conheça pouco (o meu caso), mas é muito bacana o fato de o enredo se passar no Brasil.
Então, nós temos uma mocinha que precisa descobrir quem é de verdade, Ellene. Temos um vampiro - Milosh, que tem pouco tempo para que a Rainha não seja substituída e que para isso vai realizar junto a – atual – inimiga da Rainha e que almeja a coroa um plano louco na tentativa de ganhar tempo e manter a ordem até conseguir encontrar sua companheira.
Quanto a minha opinião sobre o enredo? Eu gostei, foi uma leitura simples e agradável, um passatempo. Um pouco clichê talvez, mas ainda assim, bom. Confesso que em grande parte do livro senti muita raiva da nossa protagonista. Ela é realmente lenta pra compreender as coisas, mas no fim das contas entendo que o que aconteceu foi uma enorme dificuldade em aceitar a verdade que estava estampada a um bom tempo em sua face, porém isso foi condizente com a história. Afinal, ela cresceu aprendendo que pertencia a uma espécie e que deveria odiar os "monstros". Mas, posso dizer que, ela é, de longe, a personagem que menos me cativou no livro. Apesar de protagonizar algumas aventuras, ela ainda não me conquistou como deveria. Todavia minha empatia é direcionada a ela, não é fácil ver o seu mundo virar de cabeça para baixo e descobrir que as coisas nas quais você acredita podem não ser verdade e ou como você imaginava que fosse, incluindo ela mesma, sua idade e origem.
Quanto a Milosh, esse sim conquista, ele nos faz sentir bastante dó de si e também nos leva a querer socá-lo muito! Como ele pode ser tão cego? Ah... o amor! Machos, sejam de que espécie for... lentos para certas coisas e tão ingênuos para outras. Misterioso, forte, incansável e ao mesmo tempo... maleável e sem notar, manipulável. Bonito e antigo, muito antigo, Milosh é considerado por muitos um dos mais fortes de sua espécie. Ele é o companheiro da Rainha, não cansa de buscar por ela e seus sentimentos são palpáveis. Milosh, um cavalheiro que tem uma certa "dívida" de gratidão para com Heidy – e que tem carinho por ela também.
Heidy, vamos falar da Heidy! Ela que era a melhor amiga da rainha, mas o que faz o amor? Ser corrompida pela dor as vezes é pior do que ser corrompida pelo poder, e Heidy tem poder! Ela é uma híbrida, ela é forte, poderosa, sarcástica, engraçada e manipuladora! Ela “adotou” Milosh, cuidou dele e é apaixonada por ele, mas o perdeu para Elizabeth – a Rainha, o que transformou amizade em inimizade e a faz almejar o trono real. Eu gostei muito da Heidy e não vou me prolongar falando dela porque... conheça-a lendo – risos.
Tomás, é o melhor amigo da nossa mocinha, Ellene – e candidato a ser seu namorado (meio que se torna). No princípio gostei dele, ele parecia tão legal, tão fofo, tão, tão... Mas no decorrer da história e principalmente nas partes finais ele meio que me decepcionou, ainda não sei qual a posição dele na minha listinha de personagens desse livro: se no lado dos que gosto ou dos que quero matar (hahaha) – mas eu tenho uma teoria para ele que não vou contar aqui.
E eu me nego a escrever algo sobre o Conde, se quer saber quem é, leia!
O livro conta com a presença de vários personagens e é contado intercalando os pontos de vista de Milosh e Ellene, o que me agradou bastante. Milosh nos apresenta alguns flashes do passado – o que é bem interessante e vai nos apresentando a Rainha que está desaparecida e alguns fatos questionáveis. É nítido que a Rainha manteve segredos importantes escondidos até mesmo de Milosh. É necessário ficar atento aos pequenos detalhes, pois acho que eles farão a diferença para compreensão do enredo nos livros que virão na sequência. A Rainha me causa muita desconfiança, muita mesmo, por isso, estou ansiosa para conhecer mais dela, seja ela aparecendo ou pelo ponto de vista de outros personagens que tenham convivido com ela. Ellene e Milosh tem um certo contato que os levam a desconfiar um do outro, eles sabem de suas existências, mas não sabem qual ligação tem entre si – mas se cruzam algumas vezes e por fim... Ele não sabe quem ela realmente é e ela não sabe se deve confiar nele, apenas sabe que ele é o companheiro da rainha, que é muito poderoso (Eu mencionei que os vampiros tem poderes especiais? É, eles tem!) e que pode ser um grande risco para ela aproximar-se dele. Confesso que o final me irritou bastante, pois a autora nos deixou completamente a "ver navios", ou seja: Não nos deixou pistas.
Ela literalmente nos deixou sem um desfecho, sem um indicativo do que vem por aí (claro que temos margens para teorias – já desenvolvi as minhas) e isso é um tanto quanto interessante e complicado, mas acredito que o grande intuito tenha sido nos manter as margens do que realmente está acontecendo e de onde esteja a Rainha (se é que está viva), de quem foram os culpados pelo seu sequestro (se é que foi sequestrada – tenho minhas dúvidas). Que o real intuito seja nos deixar exatamente como ficamos na última página: Sem compreender o por que e como ela teve coragem de acabar o livro em uma cena como a do desfecho e com um problema tão grande quanto um possível envenenamento de Milosh.
Esse livro é de introdução e transição e aguardo pela continuação, na qual, acredito que teremos alguns mistérios desvendados. Algumas respostas precisam ser respondidas com urgência para dar sentido a história. Estou suspeitando seriamente de alguns "amigos" do nosso mocinho e de uma grande traição, mas? Só nos próximos para descobrirmos. A autora manteve todas as nossas perguntas sem respostas, ela de fato, soube trabalhar a história para que os mistérios fossem mantidos e revelou apenas o que não podia ficar em incógnita.
Alguns pontos se destacam, como: Você ama uma pessoa por quem você quer que ela seja, ou por quem ela é? Quando a verdade aparece, você é capaz de amar aquele que é diferente? Amizade: como saber quem é de verdade e quem não é? Com quem você realmente pode contar? Como ficará a sua vida? São perguntas que tanto Ellene quanto Milosh e alguns outros personagens se fazem.
A escrita da autora é simples, tranquila e continua o que lhe faz manter um bom ritmo na leitura. O trabalho de edição realizado pela Novo Século está bacana, com uma capa legal e condizente com o livro, uma boa brochura, páginas amareladas, o livro conta com alguns errinhos que passaram pela revisão mas que em nada atrapalham o andamento da leitura.
Recomendo o livro para quem curte uma história leve, porém cheia de mistérios sobre vampiros e alguns seres, para quem curte Crepúsculo (não é igual, longe disso, mas segue a mesma linha) é uma boa pedida. Um livro sem grande intensidade mas que tem uma leitura gostosa, como disse antes, um bom passatempo e que deixa margem para autora surpreender nas continuações. E agora? Que venha o próximo livro!
[Quotes]
Desde o princípio, os filhos da noite acostumaram-se a agir em desacordo com a sociedade; eram vistos como libertinos, desonrosos, arruaceiros. Homens de baixa estirpe. Agiam assim por não temerem a morte nem a retaliação da sociedade humana, por serem infinitamente mais fortes e seus predadores.
"Você é tão bobinho! Acha mesmo que sua preciosa rainha teria conseguido escapar? Acha mesmo que sua Liss" - desdenhou - "teria pensado em um plano tão bom quanto o que contei para você? Ela é burra! Não soube permanecer no trono, muito menos viva!"
Sentia a aversão de sempre quando Tom a tocava, mas o desejo de retribuir o sentimento a fazia querer estar perto dele, mesmo sabendo que o amor que ele esperava receber ela não conseguiria lhe dar.
Ao se aproximar, sentiu um frio no estomago recordando que horas antes o vampiro de seus sonhos esteva sobre aquele mesmo telhado tentando localiza-la. Procurava entender as perguntas dele e aquela conversa estranha que tiveram. Como ele sabia que ela morava com os pais adotivos em uma espécie de fazenda?
Uma lágrima escapou e um soluço indignado também. Ouviu a voz de Jacó quando conversaram mais cedo: Eles são maus, eles fingem, enganam, traem. É da natureza deles!
Resenhista Ana Luz.
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