Amanda 02/12/2015Este livro foi cedido por parceria pelo Grupo Editorial Record.
“Quem sabe isso não sacode a consciência do mundo?” Pág. 19
Eu não sei vocês, mas, para mim, livros sobre a Segunda Guerra Mundial nunca são demais. É um assunto pelo qual realmente me interesso, e este livro foi uma ótima pedida.
Nele conhecemos Jan Karski, um polonês católico que fazia parte do exército, e que acabou virando membro da resistência polonesa quando Hitler tomou posso de seu país no início da guerra.
Este livro é um pouco diferente. Ele é dividido em três partes. A primeira, é uma narração do filme Shoah, que é um documentário da Segunda Guerra, onde Karski deu uma entrevista. Nela o narrador descreve cenas do filme e da entrevista, transcrevendo o que ele disse. A segunda, é um resumo do livro que o próprio Jan escreveu e publicou em 1942, onde ele narra tudo pelo o que ele passou. A terceira, é o livro ‘em si’ onde Yannick romanceia a vida do personagem. Nesta parte não acontece nada propriamente dito, pois começa onde a segunda parte termina – depois da guerra. Em primeira pessoa, ele pega a voz do personagem e fala sobre como conheceu a mulher, sobre as angústias da guerra e como é ser um sobrevivente e uma testemunha.
Jan Karski era professor quando foi chamado para servir na guerra. Deram-lhe roupas e o jogaram em um trem, mas ele nunca chegou a disparar sua arma. Seu comboio é bombardeado e, perdidos andando a pé, eles se deparam com o exército Russo que adentrou a fronteira. Ninguém sabe se eles são aliados ou inimigos – mas acabam decidindo que são a segunda opção. Ele fica um tempo como prisioneiro da URSS até ser mandado para a Alemanha em uma troca.
“Jan Karski escreve isso discretamente, apenas sugerindo, mas, aos seus olhos e aos olhos do povo polonês, a Polônia está abandonada e continuará assim,” Pág. 71
E é ai que começa a dura realidade da guerra, onde ele será torturado e quase morto, até que consegue fugir e se junta à Resistência, servindo de mensageiro entre os líderes dos Guetos de Judeus na Cracóvia e o Governo Polonês que se encontra exilado no Exterior. Jan Karski, então, precisa atravessar milhares de quilômetros para a França e a Inglaterra levando planos de resistência e, o mais importante, para abrir os olhos do mundo sobre o que Hitler está fazendo com os judeus da Polônia.
Este é um livro bem tocante, que mostra uma realidade que não deve ser tão conhecida: como o extermínio dos judeus não foi culpa apenas de Hitler, mas do mundo todo. Porque eles foram avisados do que estava acontecendo desde o início, mas decidiram apenas não acreditar, deixando milhares de pessoas morrerem em condições que não são humanas.
A única coisa que não gostei muito neste livro foi esses esquemas de partes. Acredito que o autor podia ter feito um livro romanceado, baseado na história de Karski ao invés de fazer um resumo do que ele passou na guerra (o livro que ele escreveu), e depois romancear o resto de sua vida. E a terceira parte é um textão corrido sem parágrafos, o que também não me agradou muito na leitura.
“Para nós poloneses, escreve ele, era a guerra e a ocupação. Para eles, judeus poloneses, era o fim do mundo.” Pág. 77
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