Leitora Viciada 16/12/2013Um livro que atrai pela capa simples e ao mesmo tempo bonita. O sapatinho de cristal, famoso símbolo dos contos de fadas está diretamente ligado ao título do livro, A Sociedade Cinderela. Este dá ênfase à palavra Cinderela, mais enfeitada e cor de rosa. Cor se intensifica e vai além, presente de forma viva nas orelhas do livro. Nota-se claramente o público-alvo do livro: Feminino e adolescente. Ponto positivo, pois já facilita com informações básicas logo ao primeiro contato com o leitor/comprador.
A sinopse, mais longa que a divulgada na internet está nas orelhas. Atrás do livro contém um trecho sobre o convite: "Abri o cartão, com as mãos tremendo de medo e sentindo o leve vestígio do que eu costumava chamar de esperança, quando um pequeno broche de sapato de salto alto prateado caiu em minha mão". Além disso, uma citação de Becca Fitzpatrick (autora da série Hush Hush): "Girl Power, baby! Esse é o livro perfeito se quer acreditar que você pode conseguir qualquer coisa."
Analisando as informações superficiais, ponto positivo para as da capa e orelhas e ponto negativo para as detrás do livro. A capa realmente combina com a história e o texto da orelha define bem o que esperar dela. No entanto, a citação de Fitzpatrick não me convenceu totalmente, mesmo após ler a última página. O trecho extraído do livro referente ao broche é referente ao começo - uma das melhores partes.
Embora eu não seja adolescente - ou seja, não sou o público-alvo - eu adoro histórias feitas para essa faixa etária, e falou em feminismo ou Girl Power (Bons tempos das Spice Girls) eu corro para ler. ainda mais se a história for divertida, leve e com a coragem feminina, mesmo que discreta, estampada nas páginas. Personagens femininas fortes, que se superam, não desistem de suas metas e sabem a linha do quanto devem ou não depender de um rapaz.
Imaginava que A Sociedade Cinderela fosse muito engraçado, dinâmico e divertido, um contos de fadas moderno, mostrando como as mulheres dominam o mundo de modo secreto, praticando o bem e formando uma rede internacional gigante, complexa e forte. A autora acertou bem na ideia central, a base do enredo é exatamente essa, mostrar como as mulheres são subestimadas e podem utilizar dessa máscara para disfarçarem o enorme poder que detêm.
O problema do livro está na narrativa e no desenvolvimento do enredo. Creio que os ingredientes presentes são perfeitos para uma grandiosa história chick-lit, porém a autora errou na receita.
Foi um acerto a narrativa em primeira pessoa da protagonista Jess. Ela é engraçada, gostei da linguagem simples, bastante irônica e cheia de comparações e observações engraçadas. Interessante porque como ela não sabe nada sobre a Sociedade Cinderela, o leitor acompanha o seu ponto de vista, suposições e surpresas e aos poucos vai se consumindo por uma crescente curiosidade.
O erro é que, embora seja uma história fantasiosa, a autora peca quando tenta criar um ar de autenticidade, tenta convencer o leitor de que essa grande rede feminina existe. Ela poderia ter alcançado esse objetivo, se não tivesse se perdido.
Em primeiro lugar, o livro seria mais interessante se fosse mais curto. Sem cenas desnecessárias, situações que não acrescentam nada ao desenvolvimento das personagens ou da trama. Os capítulos também deveriam ser mais curtos, porque mesmo sendo um chick-lit, creio que capítulos menores e com finais com ganchos curiosos sobre os próximos causariam mais vontade de o leitor não pausar a leitura e ficar louco por prosseguir.
O começo do livro é muito interessante, verdadeiramente me senti curiosa sobre a Sociedade Cinderela e suas integrantes, as Cindys. Fiquei morrendo de vontade de descobrir como tudo funcionava e o porquê de Jess ser uma das Escolhidas. Termos básicos como Cindys, Malvadas, Encantados, Vilões e Joviais são apresentados. Realmente são classificações ao mesmo tempo infantis e primordiais para a compreensão. Depois a autora apresenta explicações críveis do motivo desses nomes bobos e faz sentido. Depois vamos descobrindo que muito mais está escondido e outras siglas e nomes surgem, principalmente ligadas às elites envolvidas no projeto, que possui uma organização oposta e rival.
As personagens são apresentadas, os núcleos aos quais pertencem. Dentre os principais temos a paixão de Jess, Ryan; a irmã do rapaz Lexy - justamente a arqui-inimiga de Jess! - uma das mais populares da escola; Heather, uma aluna que sofre bullying constante das meninas malvadas; e Sarah, a Fada-Madrinha (ou Irmã) de Jess. (Sim, outro termo bobo, mas que se enquadra perfeitamente.)
Até este ponto tudo flui, mesmo com capítulos longos.
Passado o suspense inicial sobre como as coisas funcionam, o livro mergulha na mesmice. Grupos e tribos comuns formadas por góticos, nerds, atletas, patricinhas, intelectuais, etc são mostrados, assim como a interação entre eles. Detalhe para como Jess não se enquadra em nenhum deles. Entretanto, a autora tentou deixar boa parte das explicações do meio para o final, mas até o leitor chegar nesse ponto, a leitura torna-se cansativa e os capítulos parecem ficar cada vez mais longos.
A rivalidade entre as Cindys e as Malvadas me passou a ideia de um conflito infantil, sem ação, morno e sem importância. Depois descobri que algo maior está por trás, um conflito fantástico e que de certa forma, pode mudar sociedades e até o mundo. Grandioso demais. Seria melhor se a autora tivesse explorado mais esse ponto, em vez de basicamente focar em rixas entre adolescentes que jogam bebidas umas nas outras.
A briga entre Jess e Lexy, que é muito mais que uma implicância entre garotas, poderia ter sido o auge do livro, porém suas discussões e disputadas caíram no marasmo e não inova em nada.
O romance entre Jess e Ryan demora a engatar e a princípio pareceu divertido, e até trouxe conflitos adolescentes interessantes - já que o rapaz possui um drama no recene passado. No entanto, chega a um momento em que eu senti falta de algo além.
(Por favor leia a resenha completa no blogue. Desculpe não colocá-la aqui por completo, mas tenho sofrido incontáveis plágios. Lá no blogue o script possui proteção anti-cópia.)
site:
http://www.leitoraviciada.com/2013/12/a-sociedade-cinderela-livro-1-de-kay.html