O Edifício Yacubian

O Edifício Yacubian Alaa Al Aswany




Resenhas - O Edifício Yacubian


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César 20/02/2021

Uma aula sobre o Egito contemporâneo
No centro do Cairo, numa antiga área nobre, encontra-se o Edifício Yacubian. Construído no início do século XX, com base na arquitetura francesa e para servir de moradia à alta classe, com o passar dos anos entrou em decadência e seus habitantes passaram a dividir o telhado do prédio com a classe pobre e trabalhadora.

O livro contará a história de alguns dos ilustres moradores do edifício: Zaki Bek, um sessentão mulherengo que tem momentos de saudosismo da antiga prosperidade do país; Taha El Chazli, filho do porteiro do prédio que sonha em ingressar na polícia para mudar de vida; Buthayna, namorada de Taha, que vive um dilema moral sobre ter que se submeter ao assédio de seu chefe para poder dar de comer para a família; Hatim Rachid, um jornalista homossexual bem sucedido que mantém um caso com um homem casado em troca de bancá-lo; Suad, uma viúva que se casa com o milionário Hagg Azzam, que a esconde de sua primeira esposa, dentre outros personagens secundários.

A história de cada um deles vai se desenvolvendo de forma intercalada, algumas se entrelaçando com o decorrer dos acontecimentos. O cenário é o mais caótico possível: vemos uma sociedade completamente defasada pela corrupção, onde manda quem tem poder, e não há a menor possibilidade de meritocracia. A desigualdade social é imensa e a injustiça é algo costumeiro. Uma hora ou outra, os personagens terão o curso de suas vidas indo em conflito com o sistema, ou sendo influenciado por ele.

Com uma escrita impecável, Alaa Al Aswany nos envolve numa trama cheia de reviravoltas, trançando um quadro da sociedade egípcia pré-islâmica. Embora tenha suas particularidades culturais e geopolíticas, em diversos momentos o leitor fará um comparativo entre os problemas sociais e políticos do Egito com os da nossa América Latina.
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El Cote 04/04/2010

Romance muito interessante
Uma vez li em algum lugar, talvez no próprio livro, que este é o maior best-seller em língua árabe. Depois de ler entende-se por quê. É uma leitura fluída e deliciosa, com personagens cativantes. No estilo de contar paralelamente diversas histórias, às vezes o livro faz o leitor se perder um pouco, mas sem qualquer prejuízo. A profundidade dos personagens e a capacidade descritiva nos faz nitidamente imaginar o Egito. Recomendado e muito. Algum cunho político de interesse aos iniciados e muito sobre costumes. Retrata muito bem a realidade daquele país. Tem um filme baseado no livro que ainda não vi.
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@buenos_livros 10/01/2021

O Edifício Yacubian - Alaa Al Aswany ??
Um retrato da desigualdade social no Egito contado atrave?s da vida de diversos moradores de um edifi?cio decadente no centro do Cairo. Diferentes vozes em capi?tulos curtos se entrelac?am formando um panorama rico para quem quer um primeiro contato com a cultura egi?pcia e sua transformac?a?o dos anos 60 aos 90.

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Trecho:
?Depois, pareceu-lhe que a dor terri?vel desaparecia aos poucos, e sentiu uma estranha paz que o evolvia e o atrai?a. Um balbucio de sons distantes chegou a seus ouvidos ? sinos e sons de recitac?a?o e murmu?rios melodiosos repetindo e se aproximando dele, como se lhe dando as boas-vindas a um novo mundo?
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:: Sofia 27/01/2021

O Cortiço na literatura egípcia
Comecei a ler este livro a fim de entender um pouco mais da sociedade egípcia e do mundo árabe. Tive o prazer de ler esta obra, que se passa nos anos 80, e é o retrato de um Egito decadente (nos moldes ocidentais e capitalistas); no mesmo ambiente, juntam-se a elite remanescente (decadente) pré-revolução islâmica no Egito, a classe média baixa comerciante e a classe pobre trabalhadora. O Edifício Yacubian, foi construído no início do século XX para servir de fina residência para políticos e ricos, é de arquitetura francesa e se localiza no centro da cidade, antiga região nobre do Cairo.

O livro me lembrou muito O Cortiço, pois, assim como a obra de Aluísio Azevedo, são narradas múltiplas histórias simultâneas, tendo em comum apenas o local em que se passam. Os personagens principais são Zaki el Bek, um advogado idoso solteirão saudosista, com vida confortável; Taha, um jovem pobre, porteiro do prédio, inteligente, com grandes aspirações; Buthayna, uma jovem mulher pobre, que vive dilemas morais sobre como alimentar sua família e trabalha de vendedora de roupas; Hatim, um jornalista homossexual à procura de um amante, herdeiro; Hagg Azzam, um idoso rico que procura um meio de satisfazer sua libido e aspirações políticas.

O cenário, então, é uma sociedade pobre, faminta, proeminentemente dividida entre saudosistas do período ocidentalista do Egito e religiosos fervorosos islâmicos, acompanhados de um regime político de transição. Transição porque o governo já se baseia na moral e bons costumes, mas ainda não é uma plena teocracia, a Constituição não é o Alcorão. Vigoram leis que proíbem o comércio de bebidas e tabaco e trata-se o homossexualismo como um crime, mas torturam-se jovens extremistas islâmicos nas cadeias sem base legal. No livro, enfatiza-se que a corrupção é um problema grave na polícia e na política do Egito, como em qualquer país subdesenvolvido, infelizmente.

Recomendo muito o livro! O Edifício Yacubian conta, a partir de uma boa literatura, do movimento jihadista, do casamento islâmico, de bares clandestinos, da insatisfação do povo e de sua incapacidade de mudar o país e da dificuldade de ser mulher (pobre, ainda mais) num país conservador. São temáticas muito interessantes desenvolvidas de forma interessante pelo autor.
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Diego Vertu @outro_livro_lido 21/02/2021

No Cairo, no início do século XX foi construído o Edificio Yacubian que abrigava a elite da sociedade egípcia. Com o passar dos anos, ao entrar em decadência, várias pessoas da classe baixa passam a dominar o teto do edifício. O livro passa a acompanhar a história de várias pessoas ligadas ao edifício, entre eles:
Taha el Shazli: filho do porteiro do prédio, estuda para entrar na academia de Polícia, porém tudo da errado em sua vida e passa a seguir uma vida religiosa influenciado por um xeiqui.
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Buthaynia el Sayed: Trabalha para ajudar os pais, mas seus empregadores pedem favores sexuais para se manter no emprego.
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Zaki Bey: rico com um escritório no Yacubian, mulherengo, tem conflitos com a irmã devido a sua vida libertinosa.
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Hatim Rasheed: Abertamente homossexual se envolve com Abdu um homem casado.
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Hagg Azzum: pobre que se torna milionário fazendo coisas ilícitas. Tem uma vida escondida com Suad.
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Malak: comerciante que quer abrir uma loja no teto do edifício mas terá percalços no caminho.
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O livro demora um pouco a te fisgar, mas quando você começa a entender as personagens e seus dramas você fica submerso na história. O autor escreve muito bom, tece a história com maestria, gostei como o autor muda de foco de personagem de um parágrafo a outro. O livro representa bem a sociedade egípcia moderna e também nos faz lembrar do atual Brasil. Explora muito bem temas como homossexualidade e opressão a mulheres. Recomendo a leitura.
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Victoria 30/04/2021

Um ótimo panorama cultural do Egito
O Edifício Yacubian foi o décimo primeiro livro que li para meu projeto pessoal de ler um livro de cada país do mundo, escolhido para representar o Egito.

Os personagens desse livro são bastante diversos, de ricos a pobres, políticos a rebeldes, idosos e jovens... Contando a história de cada um deles, o autor aborda inúmeros problemas presentes na sociedade egípcia contemporânea sob variados pontos de vista. Com esse painel diverso de personalidades, a narrativa escancara dilemas que devem ser discutidos: a opressão sexual de mulheres e homossexuais, o fundamentalismo religioso, a corrupção e a repressão políticas, a desigualdade social, a violência... Por esses motivos, pra quem quer conhecer um pouco mais sobre o Egito, esse é um excelente livro.

O romance de Alaa Al Aswany me lembrou muito um outro romance muito conhecido por boa parte dos brasileiros: O Cortiço. Em ambos somos apresentados a diversos personagens distintos e em ambos a história gira em torno de um determinado local. Eu, particularmente, gostei bem mais do romance egípcio.

A única crítica negativa que tenho a fazer sobre esse livro é sobre seu final. Achei um pouco corrido e fiquei com a impressão de que a história de alguns personagens não foi devidamente finalizada, o autor poderia ter aumentado um pouquinho a quantidade de páginas pra que tudo fosse resolvido com um pouco mais de calma.

Ainda assim, é um livro muito bom e que me possibilitou conhecer bem mais da cultura egípcia. Recomendo muito a leitura!

Resenhas de outros livros do meu projeto de ler o mundo no instagram @livrajar
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rajlahutsulka 09/10/2017

Uma galeria de personagens que retrata a sociedade egípcia atual, me lembrou O Cortiço do nosso Aluísio de Azevedo, ainda que o Edifício (que realmente existe) não "influencia" as pessoas, na minha percepção, claro, um dos personagens mais interessante é o próprio Edifício, sua história no decorrer dos anos.
O início do livro, achei bem arrastado pois o autor está nos apresentando os diversos personagens, no meio do livro a história engrena e é impossível largar. O que não gostei foi que achei algumas partes bem clichês, por exemplo as partes sobre a homossexualidade; o final achei sem graça comparado com o meio do livro, acontece uma reviravolta interessante com o Zaki Bek quase no final e senti que foi para nada, só pra dar uma emoção e deu.
Gostei muito que retrata a sociedade egípcia: corrução política (qualquer sensação de 'eu já vi isso' em algum país latino-americano não é casualidade), injustiças sociais, abuso, pobreza, homossexualidade (que é crime, interessante como os homossexuais "sobrevivem" nessa sociedade), opressão e fundamentalismo religioso. Com todos esses assuntos brutos é difícil não entrar no clichê e no coitadismo (aquela história puramente para arrancar lágrimas) mas devo dizer que o autor passa muito bem pela maioria desses assuntos sem ser piegas.
Fernanda1943 24/10/2019minha estante
Eu gosto desse final para o Zaki Bek. Ele não era uma pessoa ruim, foi apenas um mulherengo e a mulher com quem ele se casou merecia um amor e ser cuidada.




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