Todos que acompanham o blog nesses quase dois anos devem saber que sou grande, na falta de uma palavra melhor, fã de contos. E todos já devem ter lido por aqui o quanto é complicado sair boas antologias de contos no Brasil, principalmente de fantasia e ficção-científica, dois gêneros de que gosto muito. Por isso quando conheci os livros que formam a trilogia Firebirds mal acreditei que ainda não tinha visto os livros por ai. Afinal já fazia bastante tempo que a Farol havia lançado o primeiro deles. Pouco tempo atrás recebi o segundo da trilogia de antologias e o resultado é uma das melhores leituras deste ano. Conheça Firebirds Rising.
A história por trás dos três livros que formam a trilogia Firebirds por si já renderia um conto. A ideia de criar algo representativo para um selo de fantasia e ficção-científica que estava surgindo. Apesar de ser uma pena eu ter começado pelo segundo livro saiba que isso não influencia na leitura já que são contos, individuais e por isso podem ser lidos separadamente. Lembrando que neste o foco maior são os contos de ficção-científica. Dentre os autores que compõem o livro se destacam Diana Wynne Jones, Tamora Pierce, Alison Goodman e diversos grandes nomes da ficção-científica que não conhecia antes. Sei que são grandes nomes porque suas obras são destaque no gênero. Pena que o Brasil não tem uma editora volta para a ficção-científica contemporânea. Voltando aos contos.
Entre os contos que mais se destacam e que mais gostei está "Na Casa das Sete Bibliotecárias" da autora Ellen Klages, que fala sobre uma peculiar biblioteca esquecida pela cidade diante das modernidades onde sete bibliotecárias cuidavam de suas vidas e afazeres na antiga biblioteca imersa em livros quando numa noite a campainha toca deixando uma bebê no cesto como pagamento por um livro há muito sem entregar. Como se a biblioteca atendesse algum pedido íntimo das sete mulheres. E as mudanças e lições que a menina traz, assim como a vida que a biblioteca ganha.
Outro conto que é de uma riqueza espantosa, desenrolado nas entrelinhas e com um fim, uma mensagem surpreendente é o conto da autora Diana Wynne Jones, "Dou-lhe A Minha Palavra", que é interessante desde sua origem. A forma como a autora utiliza a estranha mania do protagonista de usar palavras estranhas e expressões desconhecidas para responder a simples perguntas e tocar simples conversas para desenvolver a trama central do conto é fascinante. A história se revela pouco a pouco e é uma das mais marcantes.
Já o conto "Colmeias" da autora Kara Dalkey é o mais forte e bem elaborado, com uma premissa que renderia um ótimo livro, até trilogia ou série. O mundo futurista é realista, repleto de possibilidades e curiosidades. Fiquei impressionada com a trama, e o tanto que ela marca. O uso vicioso de uma tecnologia que invadiu o planeta e causa mais danos do que benefícios. Um daqueles contos que torcemos para virar algo mais, criativo e engenhoso.
Todos os contos possuem seu encanto e riqueza particular, mas em minha opinião "Os Magos de Perfil" da autora Kelly Link, "Pedidos de Solstício" de Sharon Shinn e "Pequenina Perdida" de Charles de Lint junto com os citados acima também merecem uma atenção especial. Leitura rápida, gostosa e instigante, que surpreende pela gama de variedades encontradas nos contos, desde os temas e mundos explorados até os personagens. A edição da Farol está ótima, fonte boa e capa bonita. Uma antologia forte, bem amarrada que conquistará não apenas fãs do gênero. Perfeita para os (...)
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Contos:
A Caçadora, por Tamora Pierce
Desembrulhando, por Nina Kiriki Hoffman
A Coisa Real, por Alison Goodman
Pequenina Perdida, por Charles de Lint
Dou-lhe A Minha Palavra, por Diana Wynne Jones
Na Casa das Sete Bibliotecárias, por Ellen Klages
Pedidos de Solstício, por Sharon Shinn
Os Magos de Perfil, por Kelly Link
Jack da Lanterna, por Patricia A. McKillip
Quill, por Carol Emshwiller
Rosas de Sangue, por Francesca Lia Block
Colmeias, por Kara Dalkey
Percepção, por Alan Dean Foster
A Casa no Planeta, por Tanith Lee
Primos, por Pamela Dean
O Que Era Bom Sempre Será, por Emma Bull
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