Lelê 03/06/2013Resenha:Quando eu li o Livro de Joaquim eu me apaixonei perdidamente pelo personagem, por sua história, pela narrativa, pela autora, por tudo que o livro representou pra mim, e fiquei na expectativa pelo lançamento do "Livro de Leah". Agora estou duplamente apaixonada.
"Ele era o Joaquim! Ele era o meu homem.
A minha metade. O único ser que poderia
me completar, semear, entender, prever,
preencher, visitar... me amar."
Pag. 45
Neste segundo e último volume da Série Tempo Perdido vamos acompanhar a história pelo ponto de vista de Leah à partir do final do primeiro livro. Porém, alternando o presente e o passado da personagem em cada capítulo, dando assim a motivação para cada ação.
Do reencontro com seu amado Joaquim até o final não se passa tanto tempo, mas são cento e oitenta e oito anos de história que Leah vai se lembrando e contando.
"Eu havia resistido a entender isso, talvez
por ter vivenciado mortes estúpidas e
violentas. Mas agora entendia que a
hora da morte é única e, independente
da forma, ela sempre chega. Para tudo
e todos. Exceto eu e Joaquim."
Pag. 314
Leah nasceu em Lisboa no ano de 1807, veio para o Brasil ainda bebê e aqui cresceu. Quando D. Pedro I declarou que não voltaria mais para Portugal, muitas famílias portuguesas resolveram ir embora, inclusive a família de Leah. Com tudo pronto para partir, todos dentro do navio no mar, Iza, a irmã mais velha de Leah, apaixonada por um escravo brasileiro, arruma uma tramóia e todos vão parar em Fernando de Noronha, e lá Joaquim conhece Leah. Logo depois do amor consumado e da queda da Estrela Mizar, ela volta para Portugal e Joaquim fica aqui no Brasil.
À partir daí vamos descobrir tudo que aconteceu à ela enquanto Joaquim a procurava.
"Apaixonar-me todas as vezes que o
coração mandasse: pelas pessoas,
pelas coisas, pelas ideias. Eu não estava
sozinha - estava livre. Não estava
presa - estava viva."
Pag. 173
E Leah viveu as experiências mais maravilhosas do mundo. Ela viveu todas as histórias que eu sempre amei ler.
Trabalhou em ateliês de Nova York, participo das reuniões na Cooper Union, que foi responsável por melhorias nas leis das trabalhadoras, esteve no incêndio da Triangle Factory. Dançou cancan em Paris. Conheceu Stalin. Viveu nos colcozes e gulags, que eram as fazendas coletivas e os campos de trabalhos forçados durante as Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Foi hippie em São Francisco. Sobreviveu a Bomba Atômica de Hiroshima. Foi à Woodstok. Teve muitas paixões, conheceu pessoas maravilhosas, brigou, lutou por uma vida sem fim e por um amor que parecia impossível.
"Se ele não se lembrasse de mim, eu o
faria recordar. Se ele houvesse esquecido
como me amar, eu o ensinaria novamente."
Pag. 15
O amor de Joaquim e Leah era tão grande que uma vida só não era suficiente, eles precisavam da eternidade para amar. A imortalidade era necessária, uma dádiva.
A narrativa da autora é de uma maturidade tão grande! Ao ler o livro da Laura Malin me sinto lendo uma obra de uma autora com pelo menos cinquenta anos de carreira. E ela é tão nova... isso só pode ser um dom vindo de outras vidas. Ou, ela também foi agraciada pela queda da Mizar, e na verdade ela é imortal e tem aí uns cento e cinquenta anos de experiência, rsrs.
Tudo é muito perfeito. A capa está linda, traduz uma Leah que encontrou seu lugar no mundo. A diagramação está impecável. A divisão dos capítulos está ótima. As páginas são levemente amareladas e a fonte usada tem um tamanho bom. Definitivamente é impossível encontrar algo negativo aqui.
Joaquim e Leah é o meu casal favorito na literatura. Arrebataram meu coração!
Vou ler essa duologia muitas vezes durante minha vida. Uma vez só é pouco!
Leia e apaixone-se!